Palavras Ao Vento escrita por Giuliana Murakami


Capítulo 1
Palavras não valem nada...


Notas iniciais do capítulo

Ok, essa shortfic é para Contadora de Histórias^^
E aviso, é repleta de digressões (ação em que um autor remete ao leitor sua opinião e explicação à história, isto é, é quase uma N/A, nota de autor).
Ah e outra coisa:tem algumas coisinhas de Leo/Reyna, então aguentem aí!



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Leo Valdez tinha plena consciência de que a relação entre Piper e Jason não duraria tanto quanto a amiga desejava. Na realidade, ele é quem almejava que fosse efêmero. Era um sentimento egoísta, ele tinha que admitir. Mas o egoísmo remetia ao amor que sentia pela filha de Afrodite. Leo não gostava de dizer a todos o que realmente sentia. Quando o fazia, era porque o que falava não era importante. Ninguém sabia o que o filho de Hefesto verdadeiramente sentia.

Sentado sozinho na colina esverdeada do Acampamento Romano, Leo começou a sentir-se enjoado. O amor mexe com todo o organismo humano, levando-nos às sensações mais desagradáveis e sentimentos de perdições, pessimismos e incertezas. Contraindo o maxilar inferior, Leo se permitiu fazer uma careta ridícula.

-Parece que alguém acordou enjoado - ouviu a voz que começou a desprezar. Jason se aproximou dele sorridente.

-Oi... - murmurou a contragosto.

-Aconteceu alguma coisa, Leo?

O Garoto dos Metais sacudiu a cabeça, irritado. Era o que todos perguntavam. "Aconteceu alguma coisa, Leo?", sempre com uma preocupação expressa no rosto, algo que ele acreditava ser fingido, afinal todos estavam tão felizes. Annabeth com o tal Percy Jackson, Jason com Piper, Hazel com Frank, Reyna com...

Leo parou. Reyna estava sozinha. Só de pensar na raiva que a menina demonstrara ao ver Jason com Piper, Leo percebeu que o mesmo sentimento que sentia, a moça também vivia, embora demonstrasse nitidamente.

-Estou bem - respondeu e como sempre o amigo acreditou e afastou-se.

Naquela tarde, ele ficou a observar Piper sentada ao lado de Annabeth perto do lago, provavelmente falando sobre os namorados. Leo desejou no íntimo ser o assunto principal delas, mas sabia que era impossível.

Quando o pôr-do-sol caiu, Leo saiu de cima da árvore em que se escondera e caminhou em direção ao dormitório. Entretanto, foi abordado por um vulto. Aterrorisado e com os sentidos de semideus, Leo desembainhou uma espada de sua polchete de ferramentas e se preparou para lutar, os olhos semicerrados, a boca arreganhada em uma careta ameaçadora. Porém, o vulto se aproximou dele lentamente, como se pedindo uma trégua. Ele percebeu que a pessoa usava um capuz. Seja lá quem estivesse debaixo daquele manto negro, ele se afastou um pouco até que uma mão saiu pelo pano e o puxou, pedindo silêncio e guiando-o para uma floresta de moitas próxima.

Como filho de um deus, Leo sabia que não deveria se arriscar andando sozinho com um estranho, mas não achou que fosse algo perigoso, pois ele não se sentiu inseguro. A pessoa parou de caminhar e tirou o capuz e qual não foi o susto de Leo ao ver Reyna à sua frente.

-Rey... O que está fazendo? - indagou e percebeu que ela estava com olheiras e os olhos inchados, como se tivesse chorado a noite inteira. Temendo que ela estivesse em estado de depressão, Leo se aproximou dela e lhe deu um confortável abraço.

Os dois não precisavam falar o que estavam sentindo, pois era óbvio pelo que ambos sofriam. Não queriam jogar palavras ao vento enquanto podiam tentar refazer suas vidas. Reyna começou a chorar no ombro de Leo e o garoto se viu sendo o acolhedor daquela menina que mal conhecia.

-Eu queria que ele me amasse... Na verdade, ele me amava até aquela vaca...

-Não xingue Piper!

Ele ouviu um grunhido de Reyna e deu um meio sorriso.

-Tanto faz, até aquela garota aparecer...

Escondidos, os dois passaram horas a fio sentados sob uma árvore e Leo se sentiu bem com a moça. De repente, ela começou a rir de algo que ele falou e ele começou a sorrir cada vez que ouviu os risos dela.

O que estava acontecendo com ele? Por que algo dentro de si havia mudado? Leo não soube responder, mas se viu tocando a mão de Reyna com uma delicadez garbosa e a garota se aproximou dele lentamente.

Caro leitor Liper, saiba que existem situações na vida incompreensíveis e que nos levam a rumos diferentes em nosso destino. Leo e Reyna não sabiam o que os guiava a fazer o que faziam, mas estavam dispostos a aceitar de braços abertos o consolo de dois amantes apaixonados e renegados, que encontram um no outro um baluarte seguro. E é como William Shakespeare dissera: "Um fogo devora outro fogo. Uma dor de angústia  cura-se com outra...". Leo e Reyna se entregaram ao Beijo do Destino. Aquele que mudou completamente suas vidas.

XXX

Quando acordou na manhã seguinte, Jason não esperava ouvir a fofoca do dia com tanto espanto. Nem ele, nem Piper.

-O QUE? - o garoto não se conteve e Piper escancarou a boca de maneira tenebrosa.

Leo e Reyna estava namorando. Certo! Não era algo comum de se ouvir. Na realidade, não era algo comum saber que Leo estava com alguém. Quem iria querer o garoto com cara de elfo, enquanto Jason estava por perto? Ao ouvir isso da boca do namorado, Piper brigou com ele, afinal era amiga de Leo e por mais que amasse Jason, não podia deixá-lo falar mal de Leo.

Foi a primeira briga dos dois!

XXX

A sensação de amar e ser correspondido era gratificante e Leo descobriu isso da melhor forma. Reyna era, indubitavelmente, a pessoa mais maravilhosa que ele já conhecera. Ela era bonita, imponente, amorosa, inteligente e jogava com as palavras de forma divertida.

Reyna por toda vez, adorava o jeito como Leo a observava. Ele ficava muito fofo com aquele sorriso bobo e os olhos brilhantes. Ele a respeitava e quase chegava a idolatrá-la e isso é o que mais gostava nele. Sem contar nos beijos calorosos que ambos trocavam.

Apesar disso, os dois sabiam que seus corações estavam apenas dando um tempo, pois ainda pensavam naqueles que destruíram seus sonhos por tantas noites.

Reyna lhe sugeriu caminhar depois que ele saíra das forjas completamente cansado e suado. Ela não se importava com isso, embora preferisse que o namorado fosse mais limpinho. Com as mãos dadas, eles nem sequer notaram os curiosos olhares dos que estavam ao seu redor.

Ao longe, Jason olhava para o casal com um misto de raiva e desespero. Havia se esquecido do quanto amava Reyna e vê-la nas mãos do melhor amigo o fez desabar na tristeza.

-“Como me arrependo de tê-la deixado” – pensou, deixando uma lágrima escorrer dos olhos azuis elétricos.

Enquanto isso, Leo carregava Reyna para cima de uma pedra e se posicionava em frente à ela. Com carinho, Reyna arrepiou os cabelos cacheados dele e o beijou delicadamente, para depois aprofundar o beijo com ardor. Entre suspiros e paixões devastadoras, Leo sentiu um arrepio nas costas e se afastou de Reyna, olhando para trás. Piper estava encostada em uma árvore, mas como estava longe, ele não podia ver a expressão dela. Porém, ao perceber que ele olhava, ela escondeu-se atrás da árvore ligeiramente.

Seu coração saltou ao ver a menina por quem dera a alma, mas lutou contra esse sentimento. Reyna o ajudou quando pegou sua cabeça para mais um beijo.

XXX

Piper correu dali o quanto pôde, sentindo um aperto estranho no coração. Arquejando, ajoelhou-se perto do lago, apertando com força o estômago. Estava enjoada e sentiu náuseas ao se curvar para a água.

O amor mexe com todo o organismo humano, levando-nos às sensações mais desagradáveis e sentimentos de perdições, pessimismos e incertezas. Piper trincou os dentes, sentindo lágrimas percorrerem o rosto. Por que se sentia assim? Não estava feliz com Jason? Devia ficar maravilhada ao ver Leo com Reyna.

Ei, leitor, já deve imaginar: que confusão de sentimentos. É normal que isso ocorra com jovens, afinal o que seria dito como aborrecência se não existisse essa miscelânea de sensações.

Piper ergueu o corpo, tentando buscar ar, mas só conseguiu soltar um gemido. Queria enfiar os dedos nos olhos de Reyna e depois arrancar cada osso deu sistema esquelético. A raiva, o arrependimento, a dor e a tristeza vieram tão subitamente se apossar de seu corpo, que Piper sentiu uma vertigem.

-Piper – chamou Jason correndo até ela – Você está bem?

Os dois se olharam e descobriram que a resposta, para ambos, era única e verdadeira: não. E, obviamente, leitor eles sabiam do que se tratava.

XXX

-Agora você me quer? – indagou Reyna com satisfação mórbida. Ela e Jason estavam perto das forjas.

-Eu sempre te quis, Reyna! Eu te amo – falar em voz alta era humilhante, mas por ela, Jason se humilharia mil vezes.

Reyna sempre quisera ouvir aquelas palavras da boca de Jason, mas como Leo dissera:palavras não valem nada e o que prova são as atitudes. Reyna sacudiu a cabeça.

-Também amo você, Jason, mas não posso negar que sou muito mais feliz com o Valdez do que seria com você.

Jason riu e balançou a cabeça negativamente.

-Experimente então – e agarrou-lhe pela cintura, plantando um beijo apaixonado em sua boca. Irremediavelmente, ela correspondeu.

XXX

-Não gosto de vê-la assim – disse Leo, olhando as costas de Piper, enquanto a garota se recusava a olhá-lo.

-Então teria pensado duas vezes em ficar com Reyna...

-Não entendo... – disse Leo confuso. Um vento perpassou pelos dois, enquanto a água cristalina do lago do acampamento dava ao momento um cenário romanticamente irritante – Não acho que Reyna tenha culpa no cartório.

-Se eu não tivesse ficado cega, teria descoberto mais cedo que meu coração sempre esteve com você – Piper virou-se para ele e se aproximou do garoto estupefato – Leo, por favor, me perdoe. Sei que não devia ter me envolvido com Jason. O que aconteceu entre nós foi um caso bobo de jovens apaixonados, mas não posso negar a mim mesma que eu quero estar com você. Não gosto de Reyna não por simplesmente não gostar, mas porque preferia infinitamente estar no lugar dela no que de qualquer outra pessoa na face da Terra.

Leo foi acometido de um sentimento de êxtase e, pedindo perdão mentalmente a Reyna, ele segurou a garota que amava nos braços e a beijou com todo o amor que sentia. Piper envolveu o pescoço de Leo e se entregou à melhor de todas as sensações: a verdadeira arte de amar e ser retribuído.

XXX

Do alto do Monte Olimpo, uma deusa do amor assistia aos desfechos dos dois casais com um pequeno sorriso no rosto.

É, leitor, podemos até não ver, mas tudo é obra de um ser superior, até mesmo quando não chegamos a pedir-lhe intercessão.

Ah, se não fosse Afrodite.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem!^^