BORN TO KILL - versão Clove escrita por Mrs Delacour
Notas iniciais do capítulo
EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEAE TRIBUTADA.
Bom, eu estava viajando e me mudei pra praia ~ eba ~
E é por isso que eu não postei o cap. até agora.
Em relação ao Peeta e a Clove...
[One More Night – Maroon 5]
O sol quente no meu rosto. O mormaço. O calor. Não há água para se beber a não ser a do mar. Sem água. Com sede. Com calor. Sem chuva. Sem comida. IMPOSSÍVEL.
- Bom dia – diz Peeta com seu tom de voz adocicado.
E eu me estresso de novo. Sinto pena do Peeta por ser tão gentil e eu dar uns foras nele.
- Porque não me acordou? Eu podia ficar de vigia! – estou brava sem motivos.
- É que é meio impossível dormir aqui – diz ele – Você tem o sono profundo.
- Eu durmo tão pouco que quando finalmente consigo dormir pareço estar morta – digo. Baixa essa bola, menina!
- Eu percebi – diz ele – Vamos levantar acampamento e seguir o nosso destino, temos muito chão até chegarmos aos outros.
Levanto num pulo e pego tudo o que tenho de útil. Arco e flecha, facas, barraca – que já está completamente destruída, garrafa de água – sem um pingo de água, furador, lança...
Caminhamos pela areia normalmente. Sem ao menos nos preocupar com os Carreirista do 1 e os vitoriosos do 11.
- Já foi no Distrito 4? – pergunto a Peeta.
- Não, nunca sai do 12 – diz ele – Como é lá?
- É lindo, com exceção da água... Bom, ela não é tão limpa como a daqui – digo – Mais é bonito.
- Deve ser mesmo – diz ele.
Estamos á uma distância a grande de onde estão os outros. Sobre o que devo conversar com Peeta? Não faço a mínima ideia. Até porque convivi pouco tempo com ele e não somos lá o que pode se chamar de amigos. Somos aliados. Conversar sobre a Katniss não é uma escolha. E sobre como é o Distrito 12?
- Peeta?
- O que? – ele responde
- Como é o 12? – pergunto
- Além de ser o distrito mais pobre e não termos comida, nós somos um povo alegre. Gostamos de festas e danças. Não são bem “festas” são mais cerimônias do 12. Um por um lado é triste e por outro...
- Continua – digo.
- É triste – ele diz.
Eu sinto a água ir até os meus olhos, tocar os meus cílios e tomar conta da minha visão. Demonstrar fraqueza é o que eu menos quero. Não posso chorar. Porque toda essa sensibilidade?
- Vocês não tem nenhuma ajuda da Capital? – pergunto
- Nada - ele diz – Nós não temos nada.
Mude de assunto, penso.
- Então você gosta de fazer pães? – pergunto
- Eu amo fazer pães – ele responde com um sorriso – Pães são deliciosos.
- Nunca tive a oportunidade de comer pães feitos pelo Conquistador – digo.
Ele sorri.
- Eu sei fazer pães muito bem – ele diz.
- Nossos patrocinadores bem que podia mandar os ingredientes para você fazer os seus pães, quem sabe – digo.
- E você gosta de fazer o que? – ele pergunta.
- Não sei, nunca tive tempo para fazer o que eu gosto. Na verdade não sei do que eu gosto. – respondo – Treino, treino, treino todos os dias. Era meio impossível ter tempo livre.
- Deve ser chato não poder fazer nada do que gosta – ele diz.
- É, é sim.
Se essa droga de Jogos Vorazes não existisse eu seria uma pessoa normal. Fazendo o que gosta, sem se preocupar em saber atirar facas, ou sem se preocupar em como sobreviver num lugar onde a morte te espera. Onde a morte é a única alternativa para vinte e três crianças.
Há quanto estamos andando pela praia? Não há ninguém aqui. Nem ao menos algum sinal de vida, a não ser eu e Peeta. Nem ao menos bestantes, como aqueles tubarões horríveis, que só pude ver quando me encostei á beira d’água para lavar o rosto. Juro, são feios demais. Estranhamente brancos. O calor é insuportável.
- Peeta, há quanto tempo estamos andando e não encontramos os outros? – pergunto. Onde está Cato, Finnick e Mags? Eles não seriam idiotas de entrar na selva. NÃO.
- Não sei – ele passa a blusa em sua têmpora para secar o suor. Bom, esse traje colado não está ajudando muito. Ele foi feito especialmente para a Arena desse ano. Para a praia – Mas não era para demorar tanto assim! Já não vimos àquela mesma árvore?
É ela sim! A mesma árvore com uma única flor vermelha. Não deve ser coincidência.
- Peeta! Estamos dando voltas na praia! – digo. Solto imediatamente a faca no chão e me jogo na faixa areia quente. Estou morta de cansada e morrendo de sede.
- Está tudo bem? – ele diz.
- Sim, só preciso descansar – digo.
Ele se senta ao meu lado e sei que ele também está quase implorando para que o tempo mude e a chuva caia do céu. Não ficamos muito tempo parados, descansamos o suficiente para repor as energias, mas sem água. Água não.
Quantas voltas nós demos? Umas trinta? Cinquenta? E nada. Não ousamos entrar na selva. Somos dois e nada mais. Morreríamos sem ao menos dar tempo para piscar. Ah, não somos tão ignorantes assim!
Peeta desaba no chão assim que vê a lua. Não conseguimos nem ao menos achar comida, muito menos água.
- Preciso dormir – ele solta.
- Tudo bem, não me importo de ficar de vigia. Não estou com sono – mentira.
- Quando quiser descansar, me chame. Fico de vigia – ele diz. Ele estende seu casaco no chão e praticamente desmaia. Dormiu tão rápido. Uma ideia me vem á cabeça. Arriscado, mas preciso ir. Tenho que deixar Peeta na praia e sair em busca de comida. Eu volto, é claro. Não vou ficar sozinha por aí, com outros vitoriosos me caçando por aí com sede de sangue da Garota das Facas.
Minha busca é inútil. Parece que alguém quer me ajudar ou me matar, sim, estou falando dos Idealizadores. Obrigado pelo esquilo grande e gordo. Por algumas vezes dou de cara com alguns galhos e eles se chocam contra o meu rosto. Não notei uma árvore com galhos cheios de espinhos e sinto um deles fazer um corte na minha têmpora, assim como o que fiz em Katniss nos Jogos do ano passado. Passo a mão pelo corte e vejo o sangue. Ótimo, machucados, eu adoro isso! – eu também sei ser irônica.
As pancadas contra os galhos me fizeram ficar sem sentido, mas consigo, de alguma maneira, voltar á praia. Peeta ainda está dormindo. Coloco o esquilo perto da minha mochila. Novamente minhas mãos vão até a minha cabeça e depois caem em meu colo, pegajosas de sangue.
A última coisa de que me lembro é de sentir a areia e me deitar nela. Bem ao lado de Peeta.
O sopro do vento adentrando a janela do meu quarto. A cortina voando de um lado para o outro. O ar gelado me conduz delicadamente de volta á consciência. Luto para voltar a dormir, enrolada em mil cobertores aconchegantes, a salvo em casa. Estou vagamente ciente das dores em minha cabeça. Isso é possivelmente uma gripe e estou em casa, persisto em dormir. Será que isso é errado? Não, estou doente, então me permito permanecer na cama, mesmo sabendo que já dormi demais. A mão da minha mãe acaricia o meu rosto delicadamente; o quanto sinto sua falta. Então ouço uma voz, a voz errada, não a voz da minha mãe, e fico com medo.
- Clove – diz a voz – Clove, consegue me ouvir?
Meus olhos se abrem numa lentidão extrema e aquela sensação de segurança desaparece. Não estou em casa, não estou com a minha mãe. Estou numa praia calorenta e cheia de mosquitos, com um fedor de esquilo morte, meu corpo ardendo como fogo, o ar está contaminado com o que parece ser o cheiro de sangue. Aquele rosto pálido e os fios de cabelo loiro de um garoto surge em meu campo de visão, e após um susto, me sinto melhor. Por um momento penso em um pessoa pelo qual procuro, mas...
- Peeta.
- Oi – responde – Bom poder ver seus olhos novamente, eu acho.
- Quanto tempo fiquei apagada?
- Não tenho certeza. Acordei ontem á noite e percebi que você não havia me acordado para ficar de vigia, quando eu te vi deitada ao meu lado numa assustadora poça de sangue – ele analisa o corte com os olhos estreitos. Eu o observo olhar para a minha ferida e quando ele está prestes á tocar o machucado, eu antecipo a dor e abro a boca para gritar, ele hesita e se afasta, mas continua inclinado perto sobre mim – Acho que finalmente parou, mas eu não mexeria se fosse você.
E porque você ia mexer?, penso. Eu não resisto e levo a mão até a minha cabeça e percebo que ela está enfaixada. Esse gesto me deixa tonta e fraca. Peeta encosta uma garrafa em meus lábios e bebo o líquido por completo. Finalmente água.
- Conseguiu descasar? – minha voz sai fraca e trêmula. Ele sorri.
- E como – ele responde.
Ele não parece estar zangado por eu tê-lo deixado sozinho e saído sem mais nem menos, óbvio que ela sabe que eu saí, só pelo fato de um esquilo estar com as pernas amarradas e um corte imenso na minha testa. Talvez eu esteja arrasada demais para levar sermões agora e quem sabe eu serei obrigada a ouvir tudo depois, quando eu estiver melhor. Mas, por enquanto, ele é só gentileza.
- Você pelo menos comeu o esquilo? – pergunto ainda fraca.
- Desculpe, mas botei pra dentro praticamente o esquilo inteiro – um sorriso desajeitado e sem jeito – Eu deixei um pouco pra você. E eu consegui água também, tem um córrego bem ali – ele aponta para a selva.
- Você fez bem. Não se preocupe. Logo, logo vou dar um jeito e caçar alguma coisa – digo.
- Ah, creio que vai mesmo. Você sempre dá um jeito – ele diz – Mas por enquanto, deixa eu cuidar de você.
O QUE? COMO? HÃN? ESPERA! CUIDAR DE MIM? MAS O QUE? EU ESTOU FICANDO MALUCA? OBVIAMENTE QUE SIM! AH, CLARO, A MINHA CABEÇA. EU AINDA ESTOU TONTA. OU NÃO?
Eu recuo. E ele diz:
- O que? Você já cuidou de mim uma vez, eu não posso?
Bom, nada indica que eu tenha uma escolha. Peeta me alimenta com o que faltou do esquilo e me obriga a beber bastante água. Ele retira delicadamente a faixa da minha cabeça e limpa a ferida. O sangue na ponta de seus dedos indica que o corte ainda não está fechado e nem mesmo melhor. Mas novamente enfaixa a minha cabeça, ajeita o meu cabelo e me ajuda a sentar. Me obriga a beber mais água.
- Precisamos procurá-los – digo.
- Clove – ele sorri – Já rodamos tudo isso aqui e nem sinal deles. Acho que estão dentro da selva.
- Impossível – me esforço para levantar, mas minha cabeça parece explodir de dor. O que indica que aqueles galhos não eram tão inofensivos assim – Eles não são idiotas a ponto de se meterem na selva. Uma velha, um garoto que acha que perdeu seu amor... Eu estou falando de mim – sorrio – E um garoto pervertido que só pensa em... Na Johanna... Eu acho...
Peeta caí na gargalhada e se joga areia, morrendo de rir.
- Poxa como você sabe tudo sobre as pessoas – ele diz.
- É eu sei – digo, dou de ombros – É sério, precisamos ir.
- Não até o seu ferimento se curar por completo. Você possivelmente deve ter encontrado as gotas-de-sangue – ele diz.
- As o que? – estou confusa. O que é isso?
- São árvores repletas de espinhos venenos que em contato com a pele liberam um líquido que provocam sérios danos como o veneno das teleguiadas, mas a diferença é que não causa a morte. E como você topou com várias delas, os espinhos de deixaram feridas. Como essa aí – ele aponta para o meu corte.
- Ta – digo.
- Acho que devemos ficar aqui por mais um tempo – ele diz.
Penso em Cato solto por aí. Sozinho. Magoado. Com o maluco do Finnick. Procurando sobreviver. Apesar de meus esforços. Sinto lágrimas começando a encharcar os meus olhos.
Peeta olha para mim preocupado.
- O que é isso? A dor está mais forte?
Dou outra resposta a ele, não só porque é verdadeira mas porque também pode ser encarada como um simples momento de fraqueza e não como uma preocupação e desespero.
- Não gosto daqui – digo, melancolicamente, como uma criançinha. Ou simplesmente para mudar de assusto.
Ele me olha.
- Gostaria de poder ir pra casa – digo.
- Vou te dizer uma coisa. Você volta a dormir e sonha com sua casa. E você vai poder voltar pra lá de verdade antes mesmo de saber. Certo? – ele diz, calmamente.
- Certo – sussurro – Pode me acordar quando quiser que eu monte guarda.
- Estou bem descasado. Não se preocupe.
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Esta aí, beijos