Sara jogou a cabeça pra trás, apoiando no carro, olhando o céu sem estrelas, sem lua. Um céu vazio e vasto. Um deserto negro e gélido.

Ela coçou a cabeça, olhando de novo a hora. Ela não poderia aguentar aquilo. Era surreal o que estava acontecendo. Mas também ela não tinha certeza se ele estava traindo-a. Ele sempre foi bem intimo de Lady Heather e poderia estar ali por algum motivo amigável.

Não!

Essa resposta não desce, Sara não consegue engolir esse nó, essa resposta que se embola na garganta.

Respira fundo e olha novamente pra mansão disposta a esperar.

Seu olhar esta triste e cheio de magoa, não consegue pensar no que possa estar acontecendo lá dentro.

Mas enquanto ela olha para o céu, pensando em como a vida tem seus altos e baixos, Grissom esta dentro da casa ainda olhando pra a mulher de batom escuro.

- Você veio por causa da Sara. – ela se aproximou dele, depositando quase seu peso todo em cima de Grissom. Sussurrou em seu ouvido, o fazendo sentir o calor de seu halito – Mas ainda estou curiosa. – ela se afasta um pouco, voltando à antiga posição sedutora.

Ele abaixa o olhar, e repara em sua aliança. Fica observando-a e acaba por se lembrar de seu grande propósito de estar ali.

- Ela não sabe que a vejo, mas ela se sente infeliz. Sabe que estou fazendo algo errado. – ele desvia o olhar da aliança e olha pros olhos famintos de Heather.

- Você não sabe o que quer! – ela sussurra.

- Como? – Grissom franze o cenho sem entender.

Heather solta um suspiro alto e acaricia o rosto de Grissom.

- Você não tem certeza se realmente me ama ou se estou apenas brincando com você. – na mesma hora ele fica enrubescido, ele gosta do jeito que ela consegue ver as coisas assim, e acaba por acertar.

- E você acha...

- Sara é melhor que eu com certeza. – ela pisca lentamente com suas pálpebras preguiçosas – Grissom – ela sorri -, você sabe que não sou uma mulher ideal pra você.

- Shii! – a mão de Grissom automaticamente fica sobre a boca dela, como se o que ela acabou de falar fosse errado – Você é uma mulher maravilhosa e encantadora. Ideal.

- Então por que de tanta indecisão?

Grissom tomba a cabeça para o lado, triste. Morde os lábios, esta enfeitiçado por ela, por tudo que a complementa, por tudo que a faz.

Com delicadeza ele puxa o rosto dela, deixando bem próximo do dele. Os dois sentem a respiração um do outro, enquanto se olham nos olhos.

- Deixe-me tocar seus lábios? – ele sussurra, enquanto ela fecha os olhos, sentindo os lábios dele roçarem nos dela.

- Apenas me pare quando ficarmos sintonizados demais. – ela sorriu.

- Vai me parar? – ela abre os olhos vendo o olhar dele brilhar.

Os lábios deles se juntaram de forma única. É engraçado como o beijo deles podem ser tão lento e calmo, como se quisessem aproveitar ou então provar cada canto de suas bocas sem deixar nenhum pedaço sem o toque um do outro.

Grissom puxa o corpo dela pra próximo dele, deixando-a em seu colo, enquanto ela passa levemente a unha em sua barriga até as costas.

Eles ficam assim por longos minutos. Até que ele sente que estar por cima dela no sofá, que está passando muito dos limites, que esta muito além de um beijo.

Seus lábios deixam os delas, mesmo não querendo e ele se levanta.

- Eu sabia que me pararia. – ela respira fundo, mantendo-se deitada.

- Preciso ir. – ele franze a testa sem a olhar, parece um tanto frio. Mas na verdade está elétrico por dentro. O beijo dela fazia com que ele se sentisse em outro mundo, um menos pior.

- Já? – ela olha para o teto. Ela não é o tipo de pessoa que tenta render conversa.

- Prometi não voltar tarde. – aquela frase faz com ele sinta uma dor no coração.

- Então vá. – ela o olha.

- Voltarei. – ele sussurra, ao se levantar.

- Não demore. – o olhar dela está perdido. Ele assente, mesmo sabendo que ela não esta o vendo. Com ternura ele dá um beijo em sua testa e se vai.

Sara esta tão nervosa que ela mexe as mãos freneticamente. Principalmente quando vê um movimento na porta. E logo avista Grissom saindo. A respiração dela fica mais pesada, Sara procura a maçaneta da porta do carro, mas em vão continua parada encarando, mais assustada do que com uma expressão de raiva.

Grissom para, todo seu corpo trava, cada músculo, cada articulação. Só seu peito se movimenta por causa da respiração. Seu olhar se prende no dela, enquanto Sara franze a testa balançando a cabeça em negação.

- Droga! – ele murmura baixo, mas ela ver seus lábios se mexendo e vira um pouco a fim de sair, sem ter forças para brigar, ou discutir ou qualquer outra coisa.

Ela começa a andar, desviando-se dele, querendo chegar a seu carro, ele não precisou falar ou pedir desculpas. Seu olhar o condenou.

- Sara! – ele correu atrás dela – Espere-me. Sara! – ele a puxou pelo cotovelo a girando, deixando-a de frente pra ele.

- Seu desgraçado. – seus soluços a deixa incapaz de gritar.

- Sara! – ele a abraçou com tanta força, com tanto amor que agora podia entender o que Heather queria dizer com tais indecisões.

- Logo com ela?! – ela desabava no choro, que tirava todas as forças dela.

Grissom ficou segurando-a, e lentamente caia no chão, até que os dois se encontravam sentados, abraçados. Sara aos prantos e Grissom desesperado, magoado, e simplesmente se sentindo culpado e um monstro, por sempre achar traição uma humilhação e agora... Ele aperta os olhos e acaba chorando junto com ela.

- Desculpa meu amor. Desculpa. – ele passa a mão em seus cabelos.

- Eu te odeio. – ela tenta dar um soco nele, mesmo enfraquecida – Te odeio. – seus soluços aumentam.

- Eu posso explicar. Eu sei que fiz algo errado, eu sei o quanto desprezível eu sou. Mas Sara precisamos conversar. – ele fecha os olhos – Deixe-me tentar explicar tudo!

Ela o olha ainda chorando.

- Vamos, invente uma desculpa pra eu ir logo embora. – ela grita.

- Calma. – ele sussurra – Vamos conversar em um lugar mais quente.