Prelude To Death escrita por Higor M Quinto


Capítulo 21
Coisas de uma Floresta - Parte 5


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo da Saga Petroska...

Muitas coisas tristes... Muitas...



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*Inicio da Gravação*

Algum lugar de uma floresta – PR

Quinta, 29 de Outubro de 2014 12:08 P.M

Daniel

Escutamos a voz da Petroska. Corremos feito loucos seguindo a direção da voz, mas era muito vago, muito distante. Não tinhamos certeza de onde ela estaria exatamente.Eu estava desesperado, pois não queria perder mais ninguém. Meus amigos eram muito importantes.

— Droga.... Onde????

Outro grito, só que dessa vez mais perto.

— PETROSKA! — gritei em resposta, correndo na direção da voz.

Os outros apenas me acompanharam, tentando acompanhar-me. Os gêmeos já estavam ofegantes, mas eles não pararam de correr. Obrigado, era tudo o que eu queria dizer. Chegamos a uma clareira e ali estava ela, Petroska, a nossa Petroska, amarrada e tendo os cabelos puxados por um homem. Ele era muito alto. Mais alto do que mesmo eu... E era forte. Seus musculos provavam isso.

— Você, solte-a agora! — corri para cima dele e o soquei.

Ele apenas esticou o braço, fazendo meu soco acertar seu punho fechado. O braço dele nem se mexeu, mas o meu tremeu inteiro, fazendo uma pequena onda de impacto que me arremessou alguns metros para trás.

— Ora, ora... Se não é a menina que eu soquei a algumas horas... — seu sotaque russo era forte.

— Cale a sua boca, seu imbecil. O que quer com Petroska?

— Com ela? Nada demais. É só que ela é minha mulher, e vim buscá-la.

Notamos Petroska chorando e fazendo um sinal negativo com a cabeça. Era a primeira vez que a vimos chorar.

— Dan... — disse Natália andando alguns passos, até parar ao meu lado.

— Sim?

— Vamos salvar Petroska, mas... deixe o grandalhão para mim.

— Natália?

— Ninguém faz uma companheira minha chorar na minha frente.

Natália tinha algo de diferente. Ela estava séria, seus olhos frios e... assassinos.

— Ótimo. Eu irei pegar a Petroska e correr para longe.

Ela não disse nada. Apenas correu, pulando sobre o russo desferindo um soco. Ele tentou socá-la, mas no lugar onde ele ia acertar, ela fez crescer espinhos tão duros, que penetrou-lhe levemente a mão. Com isso, ela acertou em cheio o seu rosto, fazendo recuar alguns metros.

— Agora! — ela cortou as cordas de Petroska e ela correu.

— Petroska! — o russo se recuperou do golpe — Sua vadiazinha! — e avançou contra a Natália.

Eu, Vinicius e os Gêmeos pegamos a Petroska e corremos, ignorando a luta. A Natália iria ficar bem, disso tinhamos certeza. Corremos por um bom tempo, até não escutarmos mais sons de batalha. Até não escutarmos nada. Paramos e nos sentamos. Petroska ainda chorava um pouco.

— Petroska, querida... O que foi? Que é ele?

Ela desviou o olhar. Parecia ter sido algo muito ruim.

— Não precisa contar se não quiser.

— Não... Eu vou, mas não contem para o João...

Não dissemos nada, apenas ficamos em silêncio, aguardando-a.

— Bem... Há alguns anos, antes desse Apocalipse começar, eu era prometida como mulher a ele. Somos de famílias tradicionalmente importantes da Rússia, por isso que nossos casamentos são todos escolhidos a dedo. O meu foi com ele, Pietro. No começo, ele era amável, mas depois se tornou violento. Quebrou a promessa e antes do casamento, me levou a cama, a força. Me estuprou. Muitas vezes ele o fez. Um dia, acabei fugindo. Não aguentei aquela vida. Não sabia que ele iria me encontrar aqui.

Ficamos todos em silêncio, com as cabeças abaixadas. Não sabiamos o que dizer nesse momento. Não sei por quanto tempo ficamos assim, quietos.

— Ora, ora.

Tomamos um susto. Olhamos para trilha. Havia uma garota muito bonita ali, montada em um cavalo. Seus olhos eram diferentes, mas não dava para indentifica-los com clareza.

— Parece que encontramos mais pessoas sujas.

Notamos vários cavalos com ela. Todos eram mutantes... Natália nos havia informado sobre ela. Ela desmontou do cavalo e estalou um chicote.

— Ei, o que você quer? — perguntara Vinicius já de pé e recuando aos poucos.

— Nada demais. Só quero matá-los.

— E por quê? — perguntaram os gêmeos.

— Porque eu odeio homens... — respondeu com um sorriso franco.

Vinicius e os gêmeos correram e ela fez o chicote estalar no ar, pronta para pega-los. Pulei na frente do chicote. Ele se enrolou em meu braço e cortou fundo a minha carne.

— Você não vai acerta-los... Não enquanto eu estiver vivo.

Ela sorriu para mim e fez um sinal para os cavalos que recuaram. Correu para cima de mim, soltando o chicote e me chutando no peito. Enquanto eu caia, ela arremessou o chicote de novo, fazendo o enrolar no meu pescoço. Ela andou até mim, apertando o chicote a cada passo e quando chegou, pisou em meu peito e puxou o chicote com força, asfixiando-me. Comecei aos poucos a sufocar. Minha visão estava embaçada... eu estava desmaiando.


Petroska

Quem essa menininha pensa que é para sufocar o Danzinho na minha frente? Corri para ela e lhe desferi um chute na garganta, fazendo-a soltar o chicote do pescoço dele e voar para longe.

— Esqueceu que estou aqui?

Olhei para Dan. Ele já desmaiara. Fora demais para um dia só. Encostei-o numa árvore e arrumei seus lindos cabelos. Levantei-me e olhei para a garotinha.

— Sua pequena vadiazinha. Lute comigo e eu irei matá-la como a vaquinha que você é.

A garota ficou mais fria ainda, e de repente, aquele seu sorrisinho sumiu. Ela estava extremamente séria.

— Sabe... normalmente não mato mulheres, mas... vou fazer uma exceção! — e chicoteou o ar.

Petroska desviou do golpe e correu para cima da “amazonas”. Chegou a ela tão rapido que a outra até se surpreendeu, mas em reação, socou Petroska que errou o seu soco. Petroska recuou um pouco e esfregou o rosto.

— Você até que bate bem, para uma vadia.

— Obrigada.

As duas avançaram uma contra as outras. Um raio cortou os céus, fazendo-os escurecer de repente. O que aconteceu naquela luta ficaria guardada para todo o sempre nos olhos das pequenas criaturas, pois mais ninguém o assistiu.


Daniel

Estava chovendo. Minha cabeça doía e minha visão estava embaçada. Meu tapa-olho estava quase fora do lugar, mas meu olho não reclamou. Estava escuro. As nuvens eram grossas demais para luz do sol passar direito. Olhei para o meio da clareira. A moça misteriosa estava pisando em algo. Um raio caiu e por uns instantes iluminou algo... o corpo de Petroska!

— NÃO! PETROSKA! — corri até ela e abracei seu corpo.

A moça estava se afastando. Não queria mais lutar. Parecia muito machucada para isso. Estava coberta de sangue e cortes, e seu braço esquerdo estava imóvel. Parecia quebrado.

— POR QUÊ? PETROSKA!

Comecei a chorar. Apoei sua cabeça em meu peito, tentando esquentar seu corpo frio. Fiquei por um tempo assim. Escutei barulho de cascos, mas não olhei. Eu sei que ela estava se afastando. Escutei outro barulho e vi alguns homens saindo da clareira.

— Dan? Petroska? — era João — Mas o que... — ele ficou sem palavras ao ver o corpo de Petroska.

Não foram necessárias palavras. Ele já sabia o que acontecera. Caiu de joelhos, urrando de fúria e tristesa. Vinicius e os gêmeos estavam de cabeças baixas, em silêncio. Natália também chegou, toda machucada e mancando, e quando viu o corpo de Petroska, caiu sentada, abraçando as pernas e chorando. Era tarde... não podiamos fazer nada. Nossa Petroska havia partido. E por que será que sempre chove quando tudo dá errado...?

*Término de Transmissão*


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Notas finais do capítulo

Até eu chorei......

Nos vemos no próximo....

#VivaPetroska