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Algum lugar de uma floresta – PR

Quinta, 29 de Outubro de 2014 02:18 A.M

Vinicius

Achei! Já fazia um bom tempo que eu estava procurando os gêmeos, e finalmente, os encontrei. Eles estavam perto de uma fogueira, conversando e rindo, enquanto comiam algo. Senti cheiro de peixe. Estava com fome. Sai das árvores e andei até eles.

- Olá para vocês.

Eles olharam para mim e trocaram olhares, rindo por dentro, e agora eu sabia o motivo.

- Ei, Vinicius. Como está?

- Com fome.

- Senta ai cara, come com a gente.

Assenti e me sentei num tronco.

- Achou mais alguém por ai?

- Só a Natália.

Eles olharam para as árvores, procurando algo.

- Ela não ficou comigo, parece que foi atrás do Dan.

- Também, doidinha por ele como ela é.

- Ai, Danzinho, por favor, me pegue de jeito e me deixe toda acabada. – imitou Ricardo... Ou foi Bruno? Ah, dane-se, um dos gêmeos.

- Tipo isso Bruno.

É, era o Ricardo. Olhei para ele.

- O que vocês têm ai?

- Peixes. Não sei quais são, mas o gosto é delicioso. Quer? Pegue esse, já está pronto.

Aceitei. Acabamos comendo, em silêncio, só o barulho do mastigar e engolir. Eu estava pensando se devia ou não matá-los, afinal, eles são legais e podem ser uteis no futuro. Decidi escolher isso depois da soneca. Deitamos encostados numa árvore, sem vigília. Tínhamos sono bem leve, não era necessário. Decidi dar mais algum tempo de vida para eles.

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Natália

Já fazia algum tempo que eu estava procurando o Daniel por essa maldita floresta. Não o encontrei em lugar algum. Estava até pensando em gritar, mas poderia atrair aquela serpente, e isso eu não quero. Andei mais alguns metros e comecei a escutar um barulho... Algo como... Cavalos trotando, e vindo em minha direção. Subi rapidamente em uma árvore, até onde os galhos sustentassem meu peso. Fiquei observando, e alguns cavalos apareceram, rodeando a árvore. Eles não pareciam normais... Pareciam mutantes! Prendi a respiração. Fiquei apenas observando. Notei alguém cavalgando um deles, mas não deu para ver por causa do capuz.

- Kettei, tem certeza de que foi por aqui que farejou uma mutante?

O cavalo relinchou em resposta. Ele, alias, ela falava com cavalos? Ela olhou para cima. Encolhi-me num canto. Tinha que despita-los. Apontei um dedo para uma direção qualquer e arremessei um espinho, fazendo-o explodir a distância. Imediatamente, ao ouvir o barulho, a cavaleira misteriosa começou a trotar naquela direção. Respirei aliviada. Escapei de uma fria... E pelo que parecia, a serpente não era o único perigo que estávamos enfrentando.

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Daniel

- Ei, Petroska.

Ela parou de andar e olhou para mim.

- Sim?

- Ah, nada... É que eu fiquei curioso. O que fazia antes de vir para cá? No Brasil?

Seu sorriso sumiu na hora e ela encarou o chão, os olhos visivelmente tristes.

- É uma longa história...

- Ah, desculpe-me... Por ter te constrangido.

- Não tem problema Danzinho. É só que, aquilo me envergonha...

- Entendo...

Sentamos-nos ali mesmo, olhando um para o outro.

- Bem, não gosto muito de me lembrar da Rússia...

Fiquei em silêncio. Ia deixar ela falar.

- Eu era constantemente estuprada por todos os homens da família... E bem, quando fiz 14 anos, arranjaram um casamento com um primo meu, pois ele acabou me engravidando.

Continuei em silêncio. Não sabia o que dizer.

- Bem, ele me batia tanto que acabei perdendo a criança. E parece que ele me causou danos graves, tanto que não posso mais ter filhos...

Ela sorriu para mim.

- E foi por isso que fugi para o Brasil.

Ficamos um pouco em silêncio, olhando para o nada. Ambos com vergonha. De repente, senti alguém se aproximando. Virei-me tarde demais. Tarde demais para defender o soco que me acertou em cheio no rosto e me fez ir parar longe, só por causa de uma árvore. Desmaiei, não sem antes escutar:

- Vim te buscar querrida... Senti sua falta.

E desmaiei.

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João Pedro

Eu estava quase cochilando, quando uma garota sentou ao meu lado. Loira, olhos azuis... Devia ter uns 16 anos.

- Oi – disse ela. Que bela forma de começar uma conversa.

- Olá.

- Você é João certo? Um dos nossos lideres.

Ri do comentário dela.

- Quando foi decidido que eu seria o líder? E quem seria os outros?

- Daniel, Vinicius... Natasha?

- Natália.

- Isso! Todos estão dizendo que vocês são nossos lideres.

Olhei para o céu.

- Não sei se mereço... Mal consigo cuidar de mim mesmo.

- Não? E o que fez ali com aquela chapa de aço para impedir os zumbis? Foi incrível.

Ri novamente. Ultimamente tenho rido de muitas coisas.

- Não foi nada.

- Tem certeza?

Não respondi. Continuei olhando para a floresta. Estava preocupado com Petroska. Onde será que ela estaria agora? Como estaria? Viva? Com quem? Será que ela conseguiu salvar o pessoal? Vinicius... Quando eu o vir, eu irei lhe dar uma surra. Graças à ideia de gênio dele, Daniel, Carol, Natália e os gêmeos foram parar no meio dessa floresta. Mas também, não teríamos como saber que essa quantidade de zumbis estaria aqui. Se estivéssemos em um grupo menor, talvez pudéssemos ter escapado, mas o Dan é metido a herói demais... E Petroska o fez seu xodó... Foi direto salvar ele. Minha vida ultimamente estava uma bagunça. Suspirei, colando a mão na cabeça. Eu estava muito tenso. Precisava de algo para relaxar.

- Ei... – a garota me chamou. Quando olhei para ela, ela me beijou.

- O que?

- Não reclame, só me beije.

Acabei beijando-a também. Ela começou a abrir o zíper da minha calça.

- Ei.

- Sim?

- Não sei nem seu nome.

- É Melissa – disse se levantando – agora venha, vamos para outro lugar.

Ela me arrastou para uma sala de aula e nos trancamos lá. Finalmente ia relaxar.

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