Lua Cheia escrita por Ania lupin


Capítulo 11
Capítulo 11 - Aulas.




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BPOV

Uma mão gelada me cutucando que me fez sair do mundo dos sonhos. Maldito seja o vampiro que me tirou do meu sono, o que queriam agora? Ainda era tão cedo... ainda estava escuro no quarto!

"Alice, deixe-a dormir!" Consegui ouvir a repreensão baixa vinda de Edward. Alice. Devia ter adivinhado que era ela. Voltei a fechar os olhos, na esperança de não ouvir mais nenhuma voz ao meu redor e poder voltar a dormir. "Você o que??" Vã esperança.

"É em Seattle, e começa as nove da manhã, Bella vai gostar Eddie, vamos-"

"Quando você vai começar a pedir permissão para as pessoas antes de fazer o que lhe dá na cabeça?" Só fechei os olhos mais forte. Inútil.

"Mas vocês precisam disso, não fazem a menor idéia-"

"Ela vai ficar irritada, outra vez! Seus caprichos não estão me ajudando em nada." Abri os olhos a tempo de ver minha cunhada mostrar a língua para seu irmão. "Bella?"

"Nunca ninguém falou para vocês que sábado é um dia sagrado para o descanso?"

"Bella, o dia do descanso é domingo." Alice perigosamente me contrariou.

"E sábado é o dia do pré-descanso! Aí quando chegar domingo, você já vai ter descansado o suficiente, para então aproveitar seu descanso." Praticamente sussurrei o final, enterrando minha cabeça no travesseiro. Não conseguiria voltar a dormir, eu sabia, e a mão de Edward mexendo no meu cabelo não me acalmou daquela vez.

"Isso não fez sentido nenhum."

"Talvez porque ainda são seis da manhã!!" Meu mau humor matinal era quase palpável. Por que diabos eu estava sendo acordada aquela hora mesmo? "Alice-"

"Bells, não fique brava." A vampira disse, gesticulando com as mãos como se quisesse me acalmar.

"Eu deveria?"

"Não. Eu acho que não." Vi Edward revirar os olhos, e não consegui evitar uma pequena risada. Era estranho Alice incerta sobre algo, incomum. Terrivelmente engraçado. "Você grávida é um pouco incostante... além de borrada. Mas o caso, é que eu matriculei vocês dois em aulas pré-natais, e acredite, uma coisa que eu tenho certeza é que ambos precisam fazer isso. Agora."

Aulas pré-natais. Com Edward. Com meu noivo.

"Eu gostei." Confessei ao olhar para o vampiro mais velho, e pude vê-lo suspirar aliviado. "Tenho tempo para tomar um banho primeiro?"

"Para tomar um banho e conversar com Carlisle. Ele acha que seria bom fazer uma consulta pré natal, para ver se está tudo bem." Na confusão que estes dois últimos dias foram, me esqueci completamente disso. "Ele trouxe algumas vitaminas, e praticamente montou um mini consultório num dos quartos, com um ultra-som e tudo mais."

"Ah, eu poderia ir até o hospital, não iria me importar." Eu não perdi o olhar apreensivo de Alice para meu noivo, mas a vampira, adivinhando possivelmente o que eu iria falar atropelou minhas palavras.

"Você está noiva! Eu quero saber de tudo!" E a tagarelice de minha cunhada conseguiu fazer qualquer preocupação ir embora.

A maior parte das mulheres dentro daquela sala estavam simplesmente... enormes.

Achamos que chegaríamos cedo na aula – apesar da habitual velocidade acima de 100km/h que Edward estava acostumado a dirigir ter diminuído drasticamente –, saímos da casa dos Cullen eram sete e meia da manhã. Mas as vezes que precisei parar para ir ao banheiro talvez tivessem nos atrasado um pouco – nota mental: cortar qualquer suco diurético de meu cardápio. Desse modo, quando entramos na sala esta já estava repleta de um bom número de seres muito, muito grávidos. Eu iria ficar assim?

Nos sentamos perto da janela, nas únicas duas poltronas restantes, azuis e extremamente confortáveis. Era melhor nem pensar o quando Alice havia pagado para termos estas aulas, classes em um prédio extremamente luxuoso, numa sala com grávidas que claramente esbanjavam dinheiro não devia ser uma das coisas mais baratas – não que dinheiro alguma vez tenha sido problema para qualquer um dos Cullen.

"Bom dia a todas as futuras mamães e papais," Era uma mulher morena que começava a falar na frente da sala, provavelmente a professora. "Para os que estão vindo pela primeira vez, meu nome é Tracy Watters, mas por favor me chamem de Tracy. Não tenham vergonha de me interromper em nenhum momento se tiverem alguma dúvida." Tracy era uma mulher que parecia ter seus quase cinqüenta anos, um pouco mais gordinha, e aparentemente muito simpática. Simpatizei com ela na hora.

A aula daquele sábado seria mais voltada para os pais, e eu pude ver meu futuro marido claramente mais empolgado do que quando entrara. Foram quase sessenta minutos ininterruptos de um discurso sobre hormônios e como eles afetavam as gestantes de uma maneira geralmente negativa. Mas nos últimos vinte minutos um homem alto, um pouco grisalho, se fez presente e começou a dar seu depoimento. Tenho que admitir que vê-lo contar o que acontecera na gravidez de sua mulher – a professora – fora engraçado.

"Algumas vezes durante a gravidez eu me via de pé, depois de minha hora de dormir, numa caçada a uma barra específica de algum doce, ou de macarrão com queijo. Eu não me incomodava – muito – mas ainda assim era uma mudança na rotina, o que pode acabar sendo um pouco estressante, e nada saudável, porque no final eu acabava comendo metade do que comprava. O que nos leva ao tópico da mudança da dieta, tanto da mamãe, quanto nossa."

"Isso não vai ser um problema, meu amor." Edward sussurrou para mim, inclinando de leve a cabeça para meu lado, os olhos não deixando o novo professor.

"O quarto do bebê também não é algo fácil para os pais. Para mim, foi praticamente um teste de energia e sanidade que levou aproximadamente nove meses para terminar, e que no final me deixou muito, muito cansado."

"Pelo visto, você não vai ter problema nenhum, e isso é bem injusto." Foi minha vez de sussurrar.

"As grávidas gritam, e gritam com você." Ok, talvez ele tivesse algum problema no final de tudo. "Claro que isso não aconteceu comigo, minha esposa é uma santa." A sala, incluindo a mim, caiu na gargalhada com a pequena ironia. "Mas com os que não tem a minha sorte, a gritaria e as queixas freqüentes sobre qualquer coisa pode ser emocionalmente exaustivo no fim do dia. Assim como o choro por qualquer – eu disse qualquer – coisa. Ela vai querer te bater no fim do dia, então mantenham os tacos de beisebol longe, por favor. O melhor a fazer é esconder qualquer coisa que possa ser arremessada contra você, e morder a língua enquanto a escuta."

"Um pouco assustador." Meu vampiro observava um casal mais a frente. "Não fique zangada Bella, mas estou agradecendo por não poder ler seus pensamentos agora. Essa mulher aí na frente está praticamente gritando que seu marido deveria ser mais compreensivo, enquanto aquela outra," Ele me apontou com a cabeça uma ruiva. "Quer jogá-lo escada abaixo."

"Juro que ainda não tive nenhuma dessas vontades." Fui sincera. Afinal, como poderia?

"Juro que vou me esforçar muito para que você nunca tenha." Ele sorriu para mim enquanto apertou de leve minha mão, e no instante seguinte a atenção de ambos voltara para o professor.

"Resumindo, se sua companheira quiser usar o banheiro, ela precisa usar o banheiro, nesse instante. O humor dela pode mudar num instante, e então voltar ao normal no outro, e mudar no outro, novamente. Enjôos matinais não acontecem só pela manhã, acreditem, e mostrem alguma simpatia. Ela o olha de um jeito diferente agora, se você se importar com o bem estar dela e do bebê vinte e quatro horas por dia ela com certeza vai te amar mais, se não, você será taxado de uma pobre desculpa para pai. E se ela tiver que usar o banheiro outra vez... é sério. Ela precisa. E é isso, futuros papais e mamães." A sala estourou em aplausos.

Edward colocou uma mão na frente da boca, e fechou os olhos, como se estivesse tentando se concentrar. Mais alguns momentos e eu pude ver que ele estava segurando o riso. Quando ele me contou o motivo, eu mesma mal consegui evitar uma risada a tempo.

"Já imaginou Jasper aqui?"

Naquela tarde Carlisle não estava de plantão no hospital, o que significava a primeira de minhas com certeza muitas consultas pré-natais. Edward praticamente expulsou toda a família do consultório improvisado, dando a Esme um olhar que implorava para manter todos longe da porta. Tinha que admitir que não ter Emmett e Alice pulando ao meu redor durante os exames seria bem mais confortável.

Uma vez que só restávamos nós três na sala, Carlisle gesticulou para a maca e abriu uma maleta que descansava sobre a mesa.

"Ok, agora deite-se querida, que nós vamos começar aferindo sua pressão, freqüência cardíaca e respiratória." Não demorei para fazer o que foi pedido, e uma vez que Edward estava ao lado oposto de Carlisle, segurando minha mão, o médico começou com os exames. "Seis semanas exatas agora?"

"Não, seis semanas e quatro dias." Foi Edward que respondeu. Sorri por ele se lembrar da data tão bem quanto eu.

"Seus sinais estão ótimos, Bella. Posso levantar um pouco sua blusa?" E eu levantei a blusa que usava, revelando minha barriga ainda murcha. "Não se assuste, só vou checar alguns órgãos para ter certeza de que tudo está bem." Mas quando a mão fria tocou meu abdome, não consegui controlar o instinto de me afastar, e o médico recuou um pouco a mão.

"Desculpe." Corei, me sentindo estúpida. Eu sentia aquele toque frio todos os dias, não tinha sentido ele parecer mais frio agora.

"Tudo bem. As mãos de Edward devem ser um pouco mais quentes do que as minhas, ele fica com elas em você todo o tempo." É, fazia um pouco de sentido. "Posso tentar outra vez?"

"Juro que vou ficar quietinha agora."

E agüentei as mãos frias no meu abdome sem mais reclamar. Ao menos não era inverno, ao menos não era inverno...

"Isso é um bom sinal." Um 'o que' saiu de mim e de Edward ao mesmo tempo. "Seu útero já enrijeceu. É um sinal de gravidez." Foi então que ele disse as palavras erradas para mim. "Agora eu só preciso de uma amostra de sangue para alguns exames."

Sangue. Agulhas. As duas coisas que eu mais odiava nesse mundo. Tentei desviar meu olhar, mas não conseguia tirar os olhos de Carlisle, e da enorme agulha que ele tirava de sua maleta. Da seringa. E do maldito elástico. Eu provavelmente estava ficando pálida na maca, e senti minhas mãos começarem a suar frio. Quando o médico amarrou o elástico no meu braço, me senti tonta, e completamente estúpida.

"Posso levantar?" Fechava os olhos tarde demais.

"Ela odeia agulhas." Edward apontou o óbvio, e tudo piorou ainda mais quando senti o frio do álcool passado com algodão. Não percebi que estava hiperventilando até que meu vampiro me pegou pelos braços, e me colocou sentada na maca. "Bella, querida, fique de olhos fechados. Respire comigo, respire mais devagar meu amor." Obedeci sem contestar, enterrando meu rosto no peito do meu noivo enquanto mantinha meu braço direito esticado. Fechei os olhos com mais força quando senti algo frio cutucar meu braço, me preparando para dor que não veio. "Pronto, acabou."

"Sério?"

"Sério." Carlisle disse, mal segurando uma risada. Quando abri os olhos, Edward me colocava mais uma vez deitada e Carlisle ligava uma máquina que só agora eu percebia estar no quarto. "Agora, sem mais agulhas, mas com um pouco mais de frio, ok?"

E segundos depois minha blusa fora mais uma vez levantada, e o gel frio fez contato com minha pele. Não sabia o que poderia ser visto pelo ultra-som, ainda era tão cedo para ver alguma coisa, não era? Mas isso não fez com que Edward e eu afastássemos os olhos do monitor por nenhum segundo.

No entanto, o monitor só mostrou uma imagem branca ao redor do que eu imaginava ser meu útero. Os dois vampiros olharam para a imagem, desapontados, e isso não foi muito bem interpretado pela minha pessoa, que já começava a se desesperar.

"O que tem de errado com o meu bebê?" Eu já estava quase pegando o cabeçote do ultra-som da mão do médico e apertando mais fundo em meu abdome para ver se algo mais aparecia, quando Carlisle o colocou em sua própria pele. "O que tem de errado?"

"Nada de errado, Bella. Acho que só esqueci que seu bebê é meio vampiro." Ele apontou para o monitor. "Vê? Nossa pele torna o ultra-som um pouco impenetrável."

"E isso quer dizer que?"

"Que vamos ter que esperar o nascimento para descobrir se é uma menininha ou um menininho." Foi Edward que falou agora, me dando um beijo na testa. "Está tudo bem, meu amor. Você está bem, nosso filho está bem." Ele olhou para o médico. "Quando os resultados do exame de sangue saem?"

"Uma semana." Mas meu noivo parecia um pouco nervoso, contudo, não consegui me preocupar com isso. Estava ficando tão cansada outra vez, daria minha vida por um café, um café não faria mal para o bebê, faria? "Vou pedir um exame de sangue mais específico. Está tudo bem, vocês dois, não se preocupem."

E eu não me preocupei com aquilo. Naquele momento, eu só me preocupava em não pegar no sono na maca. Tão cansada...

"Uma última coisa, Bella, tente ficar o mais parada que conseguir. Prenda a respiração quando eu pedir, ok?" Vi Edward aproximar-se com uma cara um tanto quanto boba de minha barriga, e então ele transformou-se numa estátua de tão imóvel. "Prenda, Bella."

Então, do que aquilo se tratava? Prendi a respiração durante quinze tortuosos segundos, até Carlisle me dizer para relaxar, nós dois observando o sorriso enorme nos lábios de meu noivo.

"Ouviu?" O vi assentir.

"Nunca achei que fosse escutar isso, nunca." Os olhos amarelos se viraram para mim. "Bella, queria que você pudesse escutar. O coração dele batendo é um som tão lindo quanto o do seu." E se naquele momento ele pudesse chorar, ele choraria. Quando Edward me abraçou, eu já estava as lágrimas.


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