Freax escrita por Shinigami Andrade


Capítulo 4
O Leito Escarlate




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Um dos SAG’s cai com um corte nas costas que faz o sangue jorrar pelo chão. Andrade sai correndo novamente para a rua, aparece como uma sombra e desaparece no meio das tendas. O ambiente escuro que a fenda oferece é perfeito para as técnicas de Andrade. A escuridão também beneficia os SAG’s.

Os SAG’s são meio lerdos perto do raciocínio rápido e reflexos de Serj. Ele não precisa acompanhar com os olhos os movimentos deles, ele apenas olha por onde um passou e já sabe como vai ser o próximo movimento. E sempre acerta o alvo. Mesmo assim tem de desviar dos ataques furiosos dos seus inimigos. Acertando cabeças e coração com perfeição, tem de usar uma das armas para parar um ataque muito próximo. Ter mais de um inimigo atacando ao mesmo tempo diminui seu tempo de reação, mesmo assim ele não perde o foco e consegue recarregar enquanto atira e desvia.

Al’majid simplesmente caminha pela cidade enquanto deixa os corpos dos inimigos para trás.

Shock arranca uma cabeça de SAG. “Aquele Al’majid disse que não são shinigamis de verdade, então posso matá-los apenas esmagando mesmo.” Mas seus movimentos são desajeitados, então acaba sofrendo alguns golpes. Por sua pele ser muito dura nessa forma não leva nem arranhões, mas isso ainda é perigoso. Vê um jovem escravo com a coleira explosiva e correntes nos pés, o pega e enrola a corrente no pescoço de um inimigo e arremessa-os ao ar. Os dois explodem enquanto Shock solta uma risada, que faz os escravos tremerem por ser tão rouca e grave, ou talvez por parecer insanamente grotesco.

Em outro canto da cidade uma licantropa leonina se esconde de toda essa agitação. Era uma das escravas de Greco. Apesar de ser uma licantropa não se parecia tanto com um animal, porém era mais parecida com um ser humano, exceto por suas orelhas pontudas e com coloração diferente e sua cauda de leão. Também suas pupilas eram mais parecidas com as de um felino. Preocupada com sua coleira, agora não tinha como alguém tira-la de lá. Repentinamente aparece uma figura com os olhos brilhantes e manto negro sobre ela. Em um átimo ela crava suas garras nas costelas dessa criatura, prevendo a morte certa ela apenas fecha os olhos.

Andrade – Vejo que tem garra, gosto de pessoas assim. Por sua ousadia vou lhe dar um presente.

Com a sua adaga acerta a coleira, abrindo-a. Esta começa a fazer um som agudo e intermitente. Ele se vira e joga-a para uma esquina, onde um SAG acaba explodindo com a coleira.

Andrade – Adeus! – e se vai.

As lutas seguem com os resultados favoráveis aos quatro companheiros de jornada. Al’majid vai se preparando no caminhão para poder sair dali. Calmamente caminhando pela cidade. Serj não encontra dificuldade em derrotar seus oponentes uma vez que não precisava nem acertar os cinco pontos fracos dos SAG’s. Após massacre grotesco que Shock infligiu aos seus inimigos ele caminha em direção da entrada da cidade. Andrade é o único que ainda não havia terminado seu trabalho. Tentando minimizar mortes inúteis acaba por tentar ser mais estratégico em seus atos. Atraindo um por um para a morte. Mas cumpre com maestria sua tarefa e volta ofegante para o caminhão. Mas percebe ser seguido no caminho. Chegando ao caminhão não tarda em tirar a moto que estava dentro do mesmo.

Shock – Você tinha menos inimigos e ainda assim demorou mais que a gente.

Andrade – Sou estrategista meu caro. Não causo mortes desnecessárias.

Al’majid – com olhar desconfiado olhando para trás de Andrade – Quem é sua amiga?

Andrade – fingindo espanto – Quem? – olha para trás – Ela? Sei lá, apenas tirei a coleira dela. Não esperava que me seguisse.

Al’majid – Não temos espaço para animais de estimação.

Andrade – E você acha que eu iria levar ela comigo?

Al’majid – Não me importo com o que você faz só não me atrapalhe. Tenho problemas demais com o caminhão.

Shock – O que ta acontecendo?

Al’majid – Não sei exatamente, mas o motor está com problemas.

Shock – Posso olhar?

Al’majid – Á vontade. –dando de ombros.

Enquanto Shock tentava consertar o caminhão Andrade foi conversar com a leonina á sós.

Andrade – Por que veio atrás de mim?

Carol – Meu senhor está morto, você me tirou a coleira, acho que agora pertenço á você.

Andrade – E como se chama?

Carol – Carol Leão meu senhor, mas pode me chamar como quiser.

Andrade – Então senhorita Leão – se aproxima dela chegando perto do rosto – está livre agora.

Carol muda totalmente sua expressão, antes triste e abatida, por uma expressão de alegria incontida e radiante. Abre um sorriso enorme e pula em Andrade abraçando-o fortemente.

Carol – Então, agora que sou livre, quero viajar com você.

Andrade – Como assim? Pensei que iria voltar para sua família e parentes. E minha “viagem” é uma missão de vingança. É perigoso demais ter alguém como você pra eu cuidar.

Carol – Mas eu não dou trabalho. E... er... minha família não gosta muito de mim. – volta ao semblante triste – a gente não se dá muito bem sabe.

Andrade – coçando a cabeça – Hunf! Odeio quando não consigo falar não para uma garota.

Carol começa a gritar e correr de alegria. Shock sai debaixo do caminhão.

Shock – Pronto! Podemos ir agora, mas ae. O problema era elétrico, provavelmente um mal funcionamento da interface digital do computador de bordo, precisamos passar em uma cidade grande pra poder atualizar.

Al’majid – Fora de cogitação. A maioria das cidades já está sob o controle dos SAG’s. Não tem como passar por uma com nossas cabeças a premio, temos que encontrar outro jeito.

Andrade – Não se preocupem em Schlamblut os SAG’s não têm influência.

Serj – Vocês têm certeza que vamos pra lá? E, vamos levá-la também?

Andrade – Eu vou levá-la, o que vocês fazem é problema de vocês. E, além disso, vocês não têm escolha, ou vão conosco ou se entendam com os SAG’s sozinhos.

Todos, então entram no caminhão. Logo chegam a um local com mais vida. Árvores, não muito altas, porém de um verde exuberante. Eles decidem parar para comer e falar mais sobre os planos.

Andrade – Ouvi barulho de água aqui perto, vou tomar banho. Espero que ninguém queira me acompanhar.

Todos se entreolham e fazem sinal de negativo. Não demora muito para que Carol saia e vá espiar o banho do Shinigami. Se esgueirando por trás de arbustos ela o espia. Sua expressão se torna de um espanto enorme quando vê o corpo do seu herói. A ferida causada por suas garras ainda sangrava, também a de seu ombro.

Andrade – Pensei ter dito que não queria a presença de ninguém aqui!

Carol – Ah! É... er... Dói?

Andrade – Já que está aqui me ajude com as ataduras.

Carol – Você não deveria estar curado?

Andrade – Sou diferente, não me regenero como a maioria dos shinigamis. Não tenho quase nada de um shinigami.

Carol – Nem os olhos. – abaixa a cabeça e esboça um sorriso.

Andrade - ...

Carol – Você tem olhos de uma boa pessoa. Sei que não é tão mal quanto aparenta.

Andrade – Obrigado. Eu acho.

Carol – O que eram aqueles no mercado? Não eram shinigamis.

No acampamento...

Al’majid – Eram homúnculos, seres criados á partir da Alquimia.

Serj – E como eles ganharam os poderes de shinigamis?

Na fonte de água...

Andrade – Provavelmente estão usando uma transfusão de sangue, como são seres gerados artificialmente podem ser imunes ao sangue letal dos shinigamis.

Voltando para o acampamento todos estão com olhares desconfiados. Mas Andrade não esboça nenhuma reação. Carol senta-se perto dele enquanto os outros falam sobre como será a missão dali por diante.

Andrade – Você disse que sua família não gosta muito de você, poderia explicar melhor?

Carol – Não é exatamente que eles não gostem de mim. Mas eu não concordo com a maneira de viver deles. São feras que simplesmente abraçaram a vida selvagem e não agem como seres racionais.

Al’majid – Explica o fato de você se parecer mais com um ser humano que com um animal. Creio que o fator psicológico influiu bastante para que as mudanças no seu corpo ocorresse de maneira mais leve.

Shock – Me parece ser mais fraca que uma licantropa “formada”, aposto que não dura um segundo contra um falso SAG.

Serj – E como vamos poder perceber quem é SAG e quem é homúnculo?

Andrade – Eu posso avisar e creio que seu amigo ai também sabe reconhecer um homúnculo.

Al’majid – Sim. Não tenho certeza de nosso suprimento de balas especiais, precisamos economizar ao máximo para não desperdiçar em alvos comuns.

Andrade – Essas balas. São feitas de metal marciano não é?

Serj – “Marciano”, poucas pessoas chamam o novo planeta de marte. Mais difícil ainda encontrar alguém que nasceu depois do cataclismo conhecendo essa nomenclatura.

Andrade – Apenas gosto de uma linguagem mais culta, meu caro. E mais difícil ainda é encontrar alguém que comercialize esse material. Não é como ir à loja da esquina.

Al’majid – Conseguimos de algumas das criaturas que capturamos. Alguns tinham influencia externa.

Shock – Vem cá, to curioso com uma coisa até agora. O modo como você me tirou do Greco, você compra escravos?

Andrade – Bom, eu era senhor de um pequeno reino. O “Leito Escarlate”, uma grande propriedade. Precisava de trabalhadores, mão de obra barata. Então abri meu bordel. As garotas eram escravas, mas tinham a opção de serem livres.

Serj – Bordel? – com um belo sorriso no rosto – Como se constrói um reino tendo-se um bordel?

Andrade – Digamos que de repente eu tinha dinheiro. Comprei uma quantidade de terra e lá construí uma mansão, comprei escravas e fiz mais dinheiro. Assim comprei as terras em volta, onde fiz uma vila. Pessoas vieram e começaram a trabalhar para se sustentar e assim a vila cresceu e se tornou meu reino. Bem simples, não é?

Shock – Simples. Mas é uma bela de uma história mal contada.

Andrade – E como um ser tão poderoso se torna um escravo?

Shock – Contas a pagar. O plano era simples, eu seria capturado, acabava com o senhor dos escravos e pegava a grana. Mas acabou meio errado, fui vendido antes de descobrir como tirar aquela coleira maldita. O novo senhor era meio pobre e fiquei sem dinheiro nenhum no final. Ai pra ferrar com tudo encontrei esses dois quando voltava pra casa.

Serj – Mas você é o berserker mais estranho que já vimos. Não tem como não ter curiosidade em estudar você.

Shock – Continua com esse papinho que logo você vai precisar de um estudo da face. Pois a sua vai virar um quebra cabeças.

Carol – Hahahahahahahahahaha! Vocês são bem engraçados. Pensei que eram amigos.

Todos – AMIGOS?!

Todos se entreolham e começam a rir também. Entre os arbustos alguém observa a cena.

Andrade – Entendo sua paixão pela biologia. Vendo-o dessa maneira, não é censurável sua postura em relação ás outras criaturas.

Shock – E que papo é aquele de matar um deus da morte?

Andrade – Esse é apenas o nome que deram pra nossa espécie, mas somos mortais como qualquer criatura. Claro, demoramos muito mais que vocês para morrer de velhice, mas acontece.

Al’majid – Mas sabemos que vocês existem desde sempre. E há mais de um relato na história. Ament, deusa egípcia da morte, Tanatos, deus grego da morte, Azrael, anjo mulçumano da morte, Cizin, deus maia da morte, Erishkigal, Itonde, Kala, Mors, Yama, entre muitos outros.

Andrade – Eu sei, a maioria mostrada com mantos negros e com foices nas mãos. Mas como vocês puderam ver somos mortais. Existem três formas de ver um shinigami morrendo. Primeira, velhice, mas é pouco provável. Alguém acaba assassinando ele primeiro. Segunda, poro outro shinigami, disputas de poder são comuns entre nossos membros. Terceira, os cinco pontos fracos e mortais de um shinigami, como você viu meu caro berserker, nos ombros, joelhos e um na base do pescoço.

Andrade – Nós não temos muito tempo, como vimos os SAG’s (Shinigamis de Antiga Geração) estão aumentando território muito rapidamente, inclusive em cidades pequenas. Eu já tenho minha cabeça á premio faz um bom tempo e, graças á ação de ontem, agora, vocês também.

Shock – Então qual é o próximo passo?

Andrade – Próxima parada é Schlamblut.

Serj – Essa não é a cidade dos Vampiros?

Andrade – É sim, é onde encontramos os melhores vinhos do mundo. Preciso encontrar com uma amiga.

Serj – Uma amiga? Na terra dos vampiros? VOCÊ TÁ MALUCO?!... Ir lá é o mesmo que cometer suicídio, até onde sei os vampiros não gostam muito de visitas.

Andrade – Isso é um fato, e infelizmente não tenho como avisar minha chegada. Creio que vamos ter que brigar com alguns vampiros no meio do caminho.


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