Aurora Boreal escrita por Rapousa


Capítulo 1
Prólogo




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E me atirei do penhasco.

Gritei ao cair pelo espaço aberto como um meteoro, mas foi um grito de alegria, não de medo. O vento impunha resistência, tentando em vão lutar com a gravidade indomável, empurrando-me e me fazendo girar em espiral como um foguete atingindo a terra.

Sim! A palavra ecoou em minha cabeça enquanto eu cortava a superfície da água.

Por que eu lutaria se estava tão feliz ali? Felicidade. Isso tornava toda a história de morrer bastante suportável.

A correnteza me venceu nesse momento.

Adeus, eu te amo, foi meu último pensamento.

 

-x-

 

Ele olhou para mim numa surpresa muda.

- Incrível – disse ele, a linda voz cheia de admiração, um um tanto divertida. - Carlisle tinha razão.

- Edward – tentei dizer – Você tem de voltar para a sombra. Tem de sair daqui!
Ele parecia bestificado. Sua mão afagou meu rosto com delicadeza. Ele não pareceu perceber que eu tentava obrigá-lo a voltar. O relógio soou, mas ele não reagiu.
- O que é isso? - perguntou ele educadamente
.
- Eu não quero que você morra. Quero que você continue vivendo e espere por mim. Eu vou voltar, prometo.

- Ele pareceu hesitar por um momento, como se fosse ignorar o meu pedido e dar o passo fatal na direção do sol, no entanto olhou profundamente nos meus olhos, como se estudasse as opções.
- Por favor – eu implorei, desesperada. - Eu prometo que vou voltar assim que puder. Espere por mim, Edward. Por favor... - me senti esvaecendo, sem poder ficar mais nenhum minuto. Eu havia extrapolado o meu tempo de materialização.

Edward tentou me segurar, era como tentar agarrar o ar. Eu pude ver a dor naqueles olhos cor de topázio.
- Por favor... - disse com minhas últimas forças. Ele deu um passo para trás. Eu sorri e senti que estava deixando de existir novamente, o outro plano estava me chamando. Minha missão estava cumprida.

 

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Não importava quantos séculos passassem, quantas eras mudassem ou o quanto os humanos ficassem deslumbrados com os avanços. O mundo era sempre o mesmo. Edward já vivera tempo o suficiente para notar que tudo era simplesmente cíclico, o mundo não parava e tudo continuava a se repetir. As novidades, para ele eram banais. Quando era humano falavam sobre o futuro, especulavam como seria e Edward agora não poderia deixar de pensar que todos estavam redondamente enganados. O futuro era ainda mais fantástico do que poderiam ter figurado em 1918, ainda assim, era tudo muito igual. Humanos viviam, morriam, nasciam, ele se mudava e mudava e mudava.

A cada período de tempo, quando a memória das pessoas já havia se esvaecido, ele voltava para Forks com sua família. Eram sempre idas dolorosas, idas nas quais ele ficava ansioso, olhava para cada rosto, cada pessoa e dentro delas procurava desesperado por Bella. Ela havia prometido voltar, havia prometido que se ele a esperasse seria recompensado com sua volta. Mas Bella nunca aparecera, e ele continuava procurando. E se ele só a encontrasse na hora errada? Muito cedo... ou muito tarde? Não importava. Dessa vez ele faria as coisas certas, jamais a deixaria por um momento se quer. Não cometeria os mesmos erros do passado, ficaria ao lado dela para o que quer que precisasse, na idade que fosse, esperaria até que ela crescesse, se fosse o caso. Também a acompanharia até seus últimos dias, se já a encontrasse velha, e então, finalmente daria fim a sua própria vida. Só precisava redimir com ela os erros do passado, então, poderia ir em paz para onde quer que fosse. Inferno, céu? O que importaria quando tivesse quitado suas dívidas com Bella?

Mas ela nunca apareceu. Em todos aqueles anos ele jamais fora capaz de encontrá-la, mantivera os sentidos ligados, atrás de uma mente que não pudesse ler, pois ele tinha certeza que aquele era o sinal. A mente impossível de ler e o cheiro luxuriante. Alice não era capaz de ajudar, não podia prever o futuro de uma pessoa que não existia no plano físico e muitas vezes Edward achava que havia sido apenas uma ilusão. Aquela Bella materializada em um tom etéreo fora apenas um fruto de sua cabeça covarde, incapaz de se matar. Quando pensava nisso seu desejo de suicídio voltava, mas Carlisle sempre estava por perto, ele lembrava-o de que existia sim um mundo além, que a aparição de Bella havia sido a prova derradeira disso. Então ele fazia a pergunta fatal: "Você arriscaria nunca mais encontrá-la? E se ela realmente voltar e você não estiver aqui?" E ele ficava, cotinuava a contragosto e ansioso acompanhando a humanindade evoluir, seguir em frente, enquanto ele se sentia preso em um passado cada vez mais distante.

Por séculos e séculos ele assistiu a ascensão e a queda, assistiu aos grandes eventos do mundo, às grandes mudanças, às descobertas e ela jamais voltou. Ninguém com aquele rosto, aquele cheiro, aquela mente, aquela alma. E enquanto ela não ressurgia, ele se sentia uma casca vazia acompanhando apaticamente mudança após mudança, era após era.

Estava vivendo em Akureyri quando algo finalmente aconteceu. Akureyri era uma das maiores cidades da Islândia, o que significava que era do tamanho de uma cidade do interior dos Estados Unidos. Haviam se mudado para lá pelo mesmo motivo de sempre, o sol quase nunca ultrapassava as espessas nuvens, a população naturalmente pálida e a as montanhas que rodeavam o local, uma rota de fuga caso fizesse sol. Aquele era o lugar perfeito. Não chamavam quase atenção alguma, aquele tom de pele era comum, eles poderiam ser maiores e mais altos do que a média dos habitantes locais mas isso não importava, não era alarmante. Akureyri proporcionava a eles a vida da qual precisavam, uma vida simples e pacata, sem jamais especularem sobre eles. Edward estava em um lugar tão isolado no mundo, tão conformado com o tempo que havia passado, que inicialmente não percebeu os sinais.

Como aquele sorriso conseguiu passar despercebido por ele durante tanto tempo? Ele não sabia explicar, mas foi aquela doce brisa dos dias mais escuros do ano que o trouxeram a mensagem gritante e chocante: Bella voltara.


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Notas finais do capítulo

* Os dois trechos foram retirados do livro Lua Nova e sofreram as modificações necessárias para se adaptarem ao plot desta fanfic.

OBS: Akureyri é uma cidade litorânea do norte da Islândia que realmente existe.

N/A: Muita coisa ainda vem por aí. Comente e faça uma criança feliz! Plus, um incentivo para continuar a hist vai bem, néam :D



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