P.O.V Freddie

Dei uma rápida ajeitada nas almofadas do sofá. Minha mãe tinha ido ao médico, e tinha me deixado com meu avô, mas ele estava dormindo no quarto dos fundos, e Sam nem iria saber que ele estaria aqui.

As perguntas estavam prontas, tudo estava ocorrendo como o planejado... Então... Por que eu estava tão nervoso? Minhas mãos suavam, meu estômago se contraia, e eu tinha um bolo na garganta, sem falar do friozinho na barriga caso minha mãe me pegue...

E o som da campainha foi produzido. Sam chegou. Respirei fundo e abri a porta. Ela usava uma blusa com listras brancas e azuis na horizontal, a calça jeans básica de sempre e um sapato preto qualquer. Ela estava simplesmente perfeita.

- Oi Freddonio. – ela falou, me empurrou, e entrou.

- Oi, Sam. Não quer entrar? – eu disse ironicamente.

- Ah, deixa de bobeira, perdedor.

- Vamos para o meu quarto, ou prefere fazer a entrevista aqui mesmo? – perguntei. Estava torcendo para que ela preferisse o quarto, porque, se minha mãe chegasse, nós não precisaríamos correr.

- Vamos ver o quarto do tapado. – ela disse, e me puxou. – qual a porta?!

- A segunda da esquerda. – eu disse.

- Isso aqui é um interfone? No seu quarto? – Sam perguntou.

- Minha mãe gosta de segurança, mas basta digitar a senha – eu disse, digitando rapidamente – e TA-DA! Seja bem vinda ao meu mundo.

Nós entramos no meu quarto, e, imediatamente a porta se fechou atrás de nós. Sam analisou cuidadosamente meu quarto Hy-tech, cheio de equipamentos e computadores.

- Não podia esperar mais de um quarto de Nerd. Era algo como isso que eu tinha imaginado. – ela falou. Eu não falei nada, apenas a encarei. – então... Vamos começar?

- O QUÊ? – eu perguntei. Será que eu tinha entendido certo?

- A entrevista, o que mais seria, Mané? – ela retrucou. Então, Sam começou a xeretar o bolso da parte de trás da calça, pegando seu celular e verificando a hora. Ela deu um longo suspiro. – vamos logo com essa porcaria.

- AAAh, tá. Tudo bem. – eu falei, e ela se sentou na minha cama.

- Certo, eu preparei dez perguntas. – eu disse, pegando meu Pera-Ped.

- Manda ver.

- 1. Como surgiu o nome iCarly?

- O Chuck que sugeriu,isso foi na época ele gostava da Carly. Tipo, i de internet, etc, e Carly do nome da Carly, mesmo. Ela topou, eu topei, e a gente começou.

- 2. E como vocês tiveram a ideia do que por no programa?

- Web Show, seu noob. Estávamos com raiva de uma professora, porque, ela tinha nos dado um castigo de avaliar pessoas para o show de talentos da escola, e, nós ficamos quase que o dia inteiro ouvindo e vendo pessoas, e, selecionamos algumas que se destacaram. Ela reprovou todas as pessoas que nós tínhamos escolhido. E resolvemos botar todos esses talentos, “bizarros”, vamos dizer assim, no programa. E daí nós começamos a fazer todos os episódios doidos e sem sentido. – ela disse.

- 3. Você e Carly se dão bem na vida real?

- Sim, você já devia ter percebido perdedor! Ela é minha melhor amiga.

- 4. Como você conheceu os integrantes que fazem parte do prog... Do Web Show?

- Eu conheci os dois na escola.

- 5. Quem escreve os roteiros do iCarly?

- Eu e a Carly, mas, de vez em quando, nós improvisamos, sabe, para ficar mais engraçado.

- 6. Muitos fãs do iCarly mandaram perguntas ao Nevelocidade quando nós dissemos que íamos entrevistar vocês. Uma das mais pedidas foi: “Você ou a Carly tem namorado?”

- Bom, como a maioria das pessoas que leem o Nevelocidade são nerds, vamos dizer que sim. E eu estou noiva. Eu e meu presuntinho defumado iremos marcar o casamento em breve. Já Carly... Não tenho permissão para falar sobre isso.

- 7. Qual seu animal favorito?

- Galinha. Na minha barriga.

- 8. Sua altura?

- Alta demais para namorar nerds baixinhos que estão na puberdade.

- 9. Comida favorita?

- Tudo, todas.

- 10. Banda favorita?

- Os Roncos. Esses são meus amigões, e eles tem um som super potente!

- Tudo bem pessoal. Encerramos por... Aqui. Essa foi a entrevista com Samantha Puckett, a Sam, de iCarly. – eu li o que eu escrevi em voz alta.

- Acabou? Achei que ia demorar mais. Hm, bem, então eu vou embora... – Sam ia dizendo, mas, ai, a porta da sala fez barulho e uma voz preocupada veio de lá:

- Oi, Freddinho! Cadê você, querido? Mamãe voltou! Que saudades! E o vovô Benson? – minha mãe começou. Droga, Sam estava rindo. – Cadê você, meu amorzinho? Temos que passar a sua pomadinha de...

- Mãe, espera, eu estou... Trocando de... Roupa! – berrei nervoso. Em seguida, olhei para Sam e sussurrei: - Sam, minha mãe não sabe que você está aqui, e ela tem pânico de pessoas. Se ela souber que você veio, ela me mata e pendura sua cabeça na sala de estar junto. Temos que dar um jeito de sair daqui, sem que ela nos veja.

- Tá... Mas que história é essa de pomadinha e vovô Benson? – ela riu, e confesso que eu tive que segurar o riso para me manter sério. Acho que eu faria o mesmo se fosse ela, afinal, a situação era hilária.

- Esquece isso. Vamos! – eu disse, e um plano começava a se formar na minha cabeça. Falei para Sam e ela assentiu, captando cada palavra.

- Mãe, o Vovô está dormindo no quarto de hospedes, ele disse que lá é mais escuro... Está na hora de acordá-lo para o remédio de hipertensão. – eu disse, sem sair do quarto.

- OOOwn, meu bebê preocupado com a saúde do vovô! Muito bem, Freddinho! Vou lá... – minha mãe falou. Eu ouvi o barulho da porta do quarto de hospedes de fechar, abri a do meu quarto e chamei Sam. Fomos para a cozinha e saímos pelos fundos. Quando estávamos perto do elevador, minha mãe chamou:

- Freddie, meu bem, ele já estava acordado e disse que você o levou para lá porque disse que tinha um inseto gigante na sala... Cadê...?! Fre... Cadê você, querido? Oh, Céus, a porta da cozinha... MEU DEUS! SEQUESTRARAM MEU MENINO!

Ouvi passos vindos em direção ao corredor, exatamente onde eu e Sam estávamos. Apertei o botão do elevador pelo menos umas trezentas vezes, e quando eu já tinha visto a ponta do cabelo da minha mãe o elevador chegou. Sam e eu entramos tão rápido que o elevador chegou a balançar. Apertamos “P”, de portaria e quase de imediato começamos a descer. Comecei a rir de nervoso, e, quando percebi, Sam também. Que loucura.

- Aonde vão desordeiros? – Lewbert perguntou, mas eu não respondi, e Sam nem olhou para trás. Nós só paramos de correr quando estávamos na calçada.

- Então... Será que nós conseguimos, senhor inseto gigante? – ela perguntou, olhando para a porta do prédio.

- Eu entrei em pânico com a desculpa, tá bem? Não sou bom com mentiras... Mas acho que conseguimos, sim. – eu disse respirando com alívio.

- Então... Tchau... – ela disse meio confusa do que fazer. Então eu abri os braços e a abracei. Foi bom, tão bom. O melhor foi saber que ela me abraçou de volta. Nós nos afastamos devagar, mas, tinha alguma coisa faltando... Algo estava errado... Foi ai que eu descobri o que era. Enquanto nos afastávamos, fitei seus olhos. Tão perfeitos, tão profundos... Eu tinha tanta certeza que eu não tinha conhecido Sam ontem... Nós éramos amigos há mais tempo, há muito mais tempo... Meu rosto parou de se afastar. Eu queria ficar ali. Não queria que ela fosse. Queria que ela ficasse também. O calor dela era tão bom... E então meu rosto recomeçou a se mover, mas não para se afastar e sim para se aproximar de Sam. Mas não era na direção de seu ombro, como em um abraço. Era na direção de seu próprio rosto. Não sei o que eu pretendia. Estávamos tão perto que eu sentia a respiração dela... E nós selamos nossos lábios com um beijo. Não sei se ela queria tanto quanto eu, mas, sei que o beijo foi recíproco. Nossos corpos se encaixavam. Ela havia sido feita para mim. Não sei se tinha sido só na minha cabeça, mas, em algum lugar, um relógio batia, me informando que era meia noite. Também não sei quanto tempo ficamos assim, mas sei que não foi o suficiente. Nunca seria. Enfim nos afastamos e ela me olhou na dúvida. Meu Deus, o que eu tinha feito? Olhei na mesma duvida para ela.

- Tenho... Que... Ir... – Sam disse, com a voz tremula. E se foi. Eu não sei como não a impedi, mas, ela não estava mais lá. Será que isso tinha mesmo acontecido?