Ouvia a voz de Yuki ao longe, me chamando, e aquela voz era perfurante, a vontade de ir ao seu encontro era cada vez maior, porém eu já havia me decidido, não iria, não deixaria ele ver meu rosto inchado de choro, ficaria ali, uma hora ele pararia de me procurar e iria embora.

Começara a chover eu as finas gotas de chuva escorriam por entre a árvore e terminavam pingando em minha roupa, encharcando-a, e juntamente com as lágrimas incessantes, faziam com que o vento frio me fize-se tremer, então eu, menina, mulher, chorava e tremia  dentro de um pequeno espaço de uma árvore por um alguém que ao longe me chamava, porém derepente os chamados cessaram, mas eu ainda não estava pronta para sair dali, e enquanto tentava me concentrar inutilmente, as mesma vozes vinham a minha mente, repetindo várias vezes que eu deveria ir falar com ele, porém eu como teimosa que sou apenas chorava revendo a cena dele abraçado com a suposta, suposta não, a namorada, até porque Yuki não aquele tipo de amigo carinhoso, ainda mais com as mulheres, sim, aquela era sua namorada e eu estou aqui chorando por um menino que tem namorada e que nunca olharia para uma pessoa “apagada” como eu, estava tão entorpecida em meus pensamentos que nem notei que Yuki me achara

-Você quer me matar do coração?Ou é suicida?Vamos saia daí ou vai acabar se resfriando com essa chuva-não respondi a nenhuma de suas perguntas e não demonstrei ação nenhuma-Toruh?Você está bem?-falou tocando em meu braço-Você está congelando!Vamos saia daí-ainda não demonstrava nenhuma reação, o que fez com que ele me retirasse da árvore e me carregasse

-O que você esta fazendo?

-Te tirando da chuva

-Me largue, me deixe aqui-esperneava para que ele me soltasse, porém foi um esforço em vão, as lágrimas novamente banhavam meu rosto

-Tohru o que aconteceu?Porque você está chorando?-disse Yuki colocando-me sobre um dos bancos do parque, que estava bem abrigado abaixo de uma árvore

-Nada, não é nada-mas as lágrimas não cessavam, e a dor em meu peito por estar tão perto de Yuki e não poder falar nada do que sentia me corroia, fazendo com que eu chorasse mais ainda

-Nada não te deixaria assim, você é sorridente de mais para chorar por nada

-Agora é crime chorar, as pessoas também choram as vezes sabia?

-Então tá, você não quer falar, eu não vou te forçar

-É vamos esquecer esse assunto-disse enxugando as lágrimas do meu rosto

-Mas, eu achei estranho eu estava falando com a Kagura, aí eu te vi e depois você saiu correndo do nada e sumiu, eu fiquei preocupado, podia ter acontecido algo com você, nunca mais faça isso!

-Tá eu prometo pai-rimos muito

Ficamos ali mais algum tempo, a chuva cessara e um silêncio mortal pairava sobre nós, derepente eu ouvi um barulho parecia um sapo, dei um pulo e fui parar no colo de Yuki, ele riu muito da minha cara e eu fiquei vermelha de vergonha, passado o surto de risos o silêncio pairava mais uma vez sobre nós, mas desta vez era diferente, nós estávamos muito próximos e Yuki estava se aproximando cada vez mais, em pouco tempo eu já podia sentir a sua respiração em minha pele fazendo-me arrepiar, uma das mãos de Yuki subira para minha nuca enquanto a outra parara em minha lombar, dando-me algum apoio sobre seu colo, em poucos segundos Yuki já havia chegado aos meus lábios e como eram frios, frios e macios, enquanto Yuki me beijava eu estava “presa” em seus braços, mas no momento em que seus lábios tocaram os meus eu entrei em frenesi, uma de minhas mãos foi para sua nuca, eu entranhava minhas mãos em seus lisos cabelos pratas, enquanto minha outra mão estava em suas costas

Com algum tempo ficamos sem fôlego e Yuki deixara meus lábios com delicadeza e eu ficara extremamente emocionada, pois aquele fora meu 1º beijo, meio tardio, pois eu já tenho 16, mas foi o 1º!Depois de algum tempo em silêncio Yuki disse:

-Porque você me deixou fazer isso?

-Hã?Porque eu deixei?Bem...-aquela era uma pergunta complicada, pois eu teria de dizer que eu gostava dele e era meio difícil dizer isso assim, na lata-bem...eu...sabe...eu...eu...é....tipo assim...eu gosto de você-corei dos pés a cabeça e tinha certeza de que ele tinha entendido os meus sentimentos até

-Sim, eu sei que você gosta de mim, eu também gosto muito de você, mas isso não é motivo pra deixar eu te beijar imagina se todos os seus amigos resolvessem te beijar porque você gosta deles

-Mas, eu não gosto de você assim como você tá pensando...

-Então é o que eu pensava, você tem pena de mim, é sempre assim que você me olha com pena, sempre me observando, me analisando, se você só sente pena de mim, não precisava deixar que te beijasse, só por pena, beijos são coisas importantes, não são para ser dados assim, e eu aqui discursando de novo, você deve me achar um chato..-empurrei-lhe no banco, ficando sobre ele, bejei-lhe a boca e disse:

-Não sou bobo, eu te amo

-Ama?-ele corou levemente-como assim ama?Você me conhece a pouco tempo, não pode me amar, é impossível!Não vulgarize esse verbo, ele é importante para mim

-Não, não o vulgarizo, pois assim como para você esse verbo é importante, e eu só o disse a duas pessoas:meu pai e minha mãe, e agora você é o 3º, eu te amo desde o momento que o vi, você não sai mais da minha cabeça, eu só consigo pensar em você a todo momento, meu mundo se resume a você!

-Não, isto esta errado, nunca deveria ter acontecido-a dor da rejeição fazia as lágrimas rolarem novamente pela minha face-não que esse amor não seja recíproco, mas eu não posso levar isso adiante, vai machucar nós dois, entenda Tohru, por favor, não chore, isso fará eu me sentir pior do que já me sinto, Tohru, passe uma borracha, finja que isso nunca aconteceu, finja que você mal me conhece, esqueça esse amor que você sente por mim, isso só vai te machucar, me esqueça para o seu próprio bem.

Ao ouvir isso saiu correndo e Yuki entendeu que eu não queria que ele viesse atrás de mim, pois não senti seus passos, corri, corri muito, ao chegar em casa e abrir a porta, corri mais ainda, para o meu quarto bati a porta, aquele quarto mau pequeno refugio de mágoas e lamentos, novamente eu recorrera a ele, chorei, chorei muito, chorei até não ter mais forças pra chorar e dormi, dormi um sono conturbado, cheio de pesadelos e foi desse sono que não queria mais acordar, queria ficar ali, dormindo eternamente, antes a morte do que a minha vida sem Yuki, sem ele eu não era nada, mas eu tinha que esquecê-lo, porém isso é impossível e cansada, parei de pensar e adormeci num sono pesado e tranqüilo.