Eu não podia respirar.

            Debatia-me e sugava o ar com todas as forças, mas tudo o que vinha era algo líquido, quente, mas eu não podia identificar o que era.

            O espaço ao meu redor também estava estranho, mas eu não podia ver onde estava. Eu não podia ver nada. Tudo à minha frente era um breu quase palpável.

            Algo me puxou para cima, como uma força invisível, sem braços ou pernas, e eu senti a atmosfera mudar, como se uma pressão desconhecida tivesse sido retirada de repente.

            Puxei o ar com força, dessa vez conseguindo respirar. Tossi e esfreguei a mão no rosto, tentando clarear minha mente e percebendo que eu estava debaixo d’água só agora.

            Abri os olhos e senti algo pegajoso sobre meus cílios. Levei minhas mãos até meu rosto novamente, mas a sensação só pareceu piorar e ficar mais incomoda. Não tão incomoda quanto minha garganta, pulmões e narinas, que ardiam em brasa.

            Algo na água me chamou atenção. Sua cor, para ser mais específica. Não era transparente, como água normal, ou mesmo azulada ou esverdeada por conta de agentes externos. Essa água era vermelha. Vermelha como sangue. E sua consistência era viscosa, como sangue. Isso é sangue, uma voz gritou em minha cabeça e eu entrei em pânico.

            Eu estava em uma piscina de sangue, literalmente.

            Comecei a me debater, tentando girar ao redor de meu corpo e encontrar a borda daquela piscina, mas eu não conseguia ver nada além do líquido viscoso escarlate.

            Senti uma mão agarrar meu pé e me puxar para baixo. Sufoquei com o sangue que entrou em minha boca e em meu nariz quando eu tentei tardiamente respirar fundo antes de submergir.

            A escuridão me atacou tão acolhedora e tão assustadora ao mesmo tempo. Bati meus pés, percebendo que não havia nada os segurando, mas mesmo assim eu continuava afundando e afundando e afundando...