Era aula de biologia, estávamos estudando de novo os decompositores e a mudança que causam nos alimentos na decomposição. Era uma aula prática e meu professor mandou fazermos um experimento para lição de casa, o experimento era assim: você pegava 4 copos e os enchia de mingau. O primeiro copo você não colocava na geladeira, mas tampava o pote; o segundo você colocava na geladeira, mas não tampava; o terceiro você colocava na geladeira e tampava; e o quarto você não colocava na geladeira e não tampava.

O professor mandou trazermos os quatro recipientes para a sala de aula e tínhamos que escrever quais copos tinham mais fungos. Eu escrevi na apostila:

Copo 1 = 2° copo que tinha mais fungos;

Copo 2 = 3° copo que tinha mais fungos;

Copo 3 = copo que tinha menos fungos;

Copo 4 = copo que tinha mais fungos.

O professor também mandou desenharmos os copos e cheirá-los: primeiro copo, segundo copo, terceiro copo, quarto copo... Só ouvi o professor falar pra alguém me levar a enfermaria, depois... desmaiei.

Acordei quando estava em uma maca da enfermaria, vi Victor e a enfermeira esperando eu acordar, a enfermeira disse:

– Você está bem?

– Estou... mas posso ir pra casa?

– Pode sim.

Quando parei de conversar com a enfermeira, Victor disse:

– Oi. Se você quiser eu poderia te levar pra casa.

– Eu adoraria, se não tiver problema.

– Imagina, não tem problema nenhum.

– Obrigada.

Assinamos um papel para sermos dispensados da aula, saímos da enfermaria e fomos até o carro dele, não trocamos palavras, foi uma viagem bem silenciosa.

Quando chegamos na minha casa, ele disse:

– Tchau, procure repousar.

– Tchau, vou repousar sim.

Entrei em casa, peguei meu Diário, e simplesmente escrevi:

Hoje é dia 16 de março de 2013.

“Querido Diário,

Hoje, na aula de biologia, eu desmaiei e Victor me levou para a enfermaria, fomos dispensados da aula, ele me ofereceu uma carona até em casa e eu aceitei, não conversamos, ele estava estranho... sei lá. Agora estou aqui, na sala, sozinha em casa - porque meu pai e minha mãe estão no trabalho -, sem nada pra fazer. Não vou tirar uma soneca, não estou com sono; não vou assistir TV, não tá passando nada de interessante; rádio, a programação tá uma droga; Internet, não tenho nada de legal pra fazer; ligar pro Victor pra irmos sair, fora de cogitação, tenho que repousar. Estou no tédio supremo... quando vem uma ideia a minha cabeça, vou escrever um livro.

Então querido Diário, tchau. Até meu próximo relato.”

Fecho o Diário, coloco-o em cima do criado-mudo, sem me dar a preocupação de escondê-lo.

Ligo o computador, abro o Microsoft World e começo a escrever umas histórias que vem da minha cabeça. Quando acabo o 1° capítulo, desligo o computador, tomo um comprimido pra gripe – sem estar com gripe -, ligo o rádio, coloco os fones de ouvido e ponho um CD de Heavy Metal no volume máximo – isso vai me derrubar por umas belas horas. Enquanto espero ser nocauteada pelo remédio, deito na minha cama, vou pensando em coisas banais que aconteceram hoje, até que... sou levada a nocaute.