Nos despedimos de Simila e vamos até a vila dos vitoriosos, logo chegamos em minha casa, pego meu arco e a aljava,no caminho passamos por minha antiga casa, onde geralmente fica minhas roupas de caça. Porem, hoje já estou com elas, então vamos direto para a cerca que como sempre esta desativada.

–Passe pelo buraco. –peço a Peeta que me obedece obediente.

–Você sempre faz esse caminho?- ele pergunta.

Aceno com a cabeça em confirmação

–Na época em que você vendia esquilos para meu pai -ele diz essa parte com o que imagino ser uma pontada de tristeza em sua voz em lembrar da época antes dos jogos -não sabe quantas vezes imaginei como você conseguia passar pela cerca desapercebida pelos pacificadores.

Ele fala com sua voz de volta ao tom gentil carinhoso de sempre.

–Eu já lhe disse que ela fica quase sempre desativada devido a falta de energia do distrito, e são os pacificadores que compram minha carne, lembra?

–Eu sei. Mas não imaginei que fosse tão simples. -ele conclui -mas mesmo assim continua sendo ilegal não é?

–Da mesma maneira que é ilegal dois tributos ganharem os jogos depois de darem uma de Romeu e Julieta com amoras cadeado -as palavras saíram de minha boca antes que eu pudesse conte-las. Mas de algum modo tal comentário nos fez gargalhar.

–Você é realmente uma figura, Kat. -ele fala rindo. Mas seu sorriso logo morre deixando uma expressão seria em seu rosto.-me diga uma coisa, você realmente planejava comer aquelas amoras?

–Eles nunca iriam deixar que nos matássemos, precisavam de um vitorioso. –vi que sua expressão continuava seria. Eu ainda não havia respondido a pergunta. –Mas sim. Se eles não permitissem que nós dois ganhassemos eu estaria disposta a comer aquelas amoras. Prefiro morrer ao viver sem você .

A expressão seria de seu rosto desaparece como mágica, dando lugar a um lindo e enorme sorriso. Ele me abraça pela cintura.

–Você tem idéia do quanto eu te amo Kat? -ele diz sorrindo, passo meus braços pelo seu pescoço. Então nos beijamos.

–Eu também te amo Peeta, e muito. –eu adoro dizer isso, Peeta definitivamente amoleceu meu coração que antes era frio como uma pedra.

–Você não sabe quando eu amo ouvir isso. -ele diz e nós rimos, Peeta é a única pessoa no mundo que consegue me fazer rir com tanta frequência.

–Então vamos começar -digo terminando o beijo –não vai conseguir acertar olhos de esquilos me beijando.

–Tudo bem. Por onde começamos?- ele pergunta

– Hum... Vamos ver. –penso um pouco –com um alvo simples, nada em movimento.

Procuro pela floresta algo que possa usar para pintar um alvo, avisto algumas frutinhas vermelhas, as amasso e com o seu líquido vermelho desenho três círculos no tronco de uma arvore, um dentro do outro, com um ponto no centro. Ate que tenho um alvo .

–Ótimo! -digo caminhando ate ele, que até agora apenas me observava. – deixe-me ensinar você a usar o arco.

–Nem ao menos sei como pegar essa coisa. –ele diz com uma careta

–Não é tão difícil. -ensino como manusear o arco e encaixar corretamente a flecha nele. - agora tente acertar o alvo - digo apontando para o alvo. Mando que ele se afaste um pouco e ele obedece.

–Tudo bem.- ele fecha um dos olhos tentando mirar e enruga a testa em concentração, assim como fazia ao decorar o bolo que eu arruinei . Então ele atira a flecha que voa alguns metros de distância da árvore com o alvo. Ele me lança um olhar que diz “eu te disse que não conseguiria”.

–Isso é apenas pratica Peeta, apenas prática. -Ele pega outra flecha e tenta novamente, dessa vez noto que no está segurando o arco corretamente.

–Espera ai! Esta segurando errado –pego meu próprio arco de dentro de uma árvore oca próxima à nós e lhe mostro como se faz

–Entendeu? –ele acena com a cabeça. Então eu solto a corda e vejo a ponta de minha flecha cravar no ponto vermelho do alvo.

–Me comparar a você também é covardia Katniss. -ele diz fingindo aborrecimento.

–Anos e anos de pratica - digo

–Se for você a me dar as aulas, não me importo em passar anos e anos aprendendo com você. -ele me diz com um sorriso.

Ficamos um tempo assim. Peeta tentando acertar flechas que passam longe de acertar o alvo, e eu fazendo varias demonstrações e lhe dando dicas.

–Estou morto de fome – ele diz

–Eu também estou. - concordo – quer voltar para a padaria comer algo ou voltar pra casa?

–Não, acho que podemos comer algo por aqui. –eu concordo- tudo bem. Procure frutinhas iguais a essas. –digo apontando para as frutas vermelhas usadas para desenhar o alvo que Peeta mal chegou a encostar.

Certo.A boa noticia, é que aqui não corremos o risco de morremos envenenados caso você confunda as frutas. Penso rindo me lembrando dos jogos, isso sim é estranho, eu rir com uma lembrança da arena.

Tal lembrança só poderia mesmo estar relacionada com Peeta, ele não leva o menor jeito com plantas comestíveis. Mas não corremos perigo aqui, não há frutas venenosas que nos matam em minutos ou bestantes enormes prontos para atacar. Afinal estamos no distrito 12, finalmente em casa.

Colho algumas raízes, quando me lembro dos morangos que costumava colher para vender para a filha do prefeito e minha amiga, Madge. Devem estar maduros nessa época do ano . O lugar não é longe, chego em pouco tempo.

Como não está mais frio, tiro meu casaco de caça e o uso como bolsa para levar os morangos. Já colhi cerca de meia dúzia deles quando sinto uma mão em meu ombro. Tal gesto não é violento, mas a pessoa é silenciosa e sorrateira, jamais poderia ser Peeta, ele nunca foi bom nisso, muito menos agora com sua perna mecânica.

Me assusto e ainda com os reflexos violentos que fui forçada a usar na arena, passo uma rasteira na pessoa, que cai no chão com um estrondo e sem nem ao menos ver quem é, pego o arco e flecha e aponto para a pessoa.

Apenas agora noto quem é. E imediatamente largo minhas armas, ainda pasma como se acabace de ver um fantasma.

–G-Gale? – digo me lembrando da ultima vez que eu o vi. Á 10 meses atrás.