Lágrimas de Sol escrita por Anastacia B, Kah Correia


Capítulo 6
Capítulo 6 - Roda Gigante


Notas iniciais do capítulo

Olá gente!
Primeiramente FELIZ NATAL PARA TODOS! MUITA SAÚDE E SUCESSO.
Me desculpem pela demora da postagem.
De qualquer forma, segue mais um capítulo e espero que gostem.
Infelizmente a fic não tem tido muito retorno (comentários e recomendações) e isso acaba me deixando um pouco desanimada com as postagem.
Mas de qualquer forma, estou postando sim, para as pessoas que mesmo poucas acompanham e comentam =)
Um beijo



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Dimitri tentava se manter ausente, mas eu sentia seus olhos atentos em mim, enquanto ele folheava sem interesse, o jornal local. Era como se mesmo inconscientemente, ele analisasse todos os meus movimentos com cuidado. Sua posição no sofá do outro lado da sala, frequentemente mudava um pouco, conforme ele se mexia no lugar. Hoje era minha estreia como instrutora de culinária, para os alunos e como prometido, ele estava me supervisionado e cuidando, para que nada desse errado nesse dia.

Como minha ajudante, contei com a ajuda de uma de minhas enfermeiras favoritas, Madalena. Ela se voluntariou de livre e espontânea vontade, alegando precisar de técnicas de sobrevivência na cozinha, para agradar seu marido. Não consegui disfarçar um sorriso involuntário, quando ela me procurou pela manhã. Já se passavam das duas da tarde e logo, meus primeiros alunos estariam ali. Meu coração palpitava com força no peito em expectativa. Eu jamais imaginei conseguir algo assim, ainda mais naquele lugar. Lavei e sequei as mãos cuidadosamente, usando os recém-inaugurados, panos de prato que ganhei de Dimitri.

-Pronta? – Eu mal senti a presença masculina ao meu lado, enquanto colocava as espátulas coloridas, em cima do balcão improvisado.

-Que susto – Respondi, deixando escapar algumas delas, sob meus dedos trêmulos. Dimitri apenas sorriu sem jeito, me deixando ainda mais encabulada, quando resolveu sentar próximo de mim, em um dos bancos de madeira da bancada.

-Me desculpe – Ele comentou, enquanto começava a alinhar as espátulas na mesa, se sentindo culpado.

-O que está fazendo? – Perguntei franzindo o cenho.

-Deixando arrumado pra você – A forma perdida como ele havia dito aquilo, me fez questionar severamente sua posição ali. Assim, longe do seu habitual uniforme branco, ele quase mesmo, parecia alcançável e um humano normal.

-Por que está me olhando assim? – Dimitri perguntou sorrindo inesperadamente pra mim e logo, me forcei a desviar o olhar. –Me faz sentir alguém do outro mundo.

Corei desenfreadamente com aquilo.

-Eu... é... – Busquei por alguma coisa coerente, quando ele mesmo, voltou a falar.

-Sei que não entendo nada de culinária, mas também gostaria de aprender algo – Ele então piscou para mim e minha ansiedade se dissipou um pouco.

-Mas é claro que ele está falando de culinária – Me reprendi mentalmente, por se quer me permitir pensar, qualquer outra coisa sobre aquilo. Antes que eu voltasse a falar, fomos interrompidos por Madalena, que entrava entusiasmada na pequena sala.

-Já estou aqui com o queijo, como me pediu – Ela se aproximou de nós e eu, levantei em um salto do lugar.

-Obrigada – Me apressei a falar e logo, pegar o pacote de queijo de sua mão. – Para hoje temos panquecas de bacon e frango, com molho de quatro queijos. – Forcei um sorriso na direção de Dimitri, na esperança que ele não desconfiasse, de nenhum lapso mental meu. O que eu menos precisava agora é estar atraída pelo meu médico quase casado.

-Adoro panquecas – Ele abriu um novo sorriso tímido e eu, percebi que ele havia corado um pouco.

-É coisa da sua cabeça Rose – Me forcei a acreditar em minha mente, enquanto depositava o queijo no balcão improvisado. – Agora vamos lá vocês dois, me deem algum espaço. – Fiz sinal para que Dimitri e minha ajudante se afastassem um pouco.

Aos poucos, as pessoas foram chegando. Como para mim, muitas delas tinham olhares surpresos e até um pouco receosos. Com alguma paciência, consegui coordenar tudo corretamente e fazer a receita. Tentei ao máximo enquanto falava, não olhar de forma alguma, na direção de Dimitri, que observava tudo.

-Então é isso – Sorri para as pessoas quando terminei, recebendo um olhar de aprovação de Dimitri.

As pessoas foram formando fila ao redor da mesa, enquanto Madalena servia um a um, para experimentar minha nova receita. Eram um pouco mais dez pessoas.

-Teve bastante público, para a sua aula de inauguração – Dimitri me surpreendeu se aproximando, sem que eu o tivesse visto.

-Ah, com certeza – Respondi vagamente, limpando minhas mãos no pano de prato, para sumir o mais rápido possível dali.

-Já vai? – Dimitri me perguntou, quando percebeu minha ansiedade em buscar com os olhos, a saída.

-Preciso tomar um banho – Apontei para a manga da minha blusa suja. –Nem sempre ficamos livres de sujeira, usando apenas os aventais.  – Dimitri correu seus olhos para a minha blusa.

-É verdade- Ele voltou a sorrir. –De qualquer forma, gostaria de lhe dar os parabéns. Você foi fantástica hoje e muitas pessoas gostaram.

-Obrigada – Olhei no fundo de seus olhos escuros e acenei com apreciação.

Depois que me tranquei no quarto e tirei minhas roupas, memórias do que haviam acontecido a pouco, vieram com força em minha mente. Sim, eu finalmente havia conseguido provar para mim mesma, que era capaz de dar um passo em minha monótona vida, naquele hospital.

Já era noite, quando resolvi sair do quarto, para comer alguma coisa. O refeitório principal, já havia fechado há algum tempo e minha única opção agora, era um “ataque surpresa” a geladeira da cozinha. Não era comum o acesso de pacientes a este tipo de ala, mas como eu havia de certa forma sido promovida graças a Dimitri, eu havia conseguido alguns bônus também. Assaltar a geladeira anoite, era um hábito que eu adquiri, logo que fui morar sozinha e pretendia não ter que abrir mão dele.

Coloquei um pouco de leite fresco em uma caneta branca e liguei o micro-ondas, torcendo para que não chamasse a atenção demais. Assim que peguei a caneca, abria lata de bolachas de chocolate e peguei três, começando a devora-las, no mesmo segundo.

-Não deveria estar aqui mocinha – Uma voz masculina e bastante grave, me fez quase derrubar a caneca no chão, enquanto virava em direção a voz. Parado na porta da cozinha, um homem vestido com uniforme da segurança, me observava seriamente. Seus olhos rapidamente foram do meu rosto, para o meu braço direito, onde a minha pulseira amarela de identificação, parecia ainda maior e mais chamativa, do que de costume. Tentei tampa-la com a blusa do pijama, mas era notavelmente impossível, ainda mais, quando se está com as duas mãos ocupadas com comida.

-Senhor eu só vim comer um lanche – Tentei não tremer minha voz, mas era impossível.

-Não pode estar aqui – O homem então deu um passo a frente e eu apertei tão forte meus dedos na xícara, que tive medo, de romper uma ligação.

-Na verdade ela pode – Uma voz doce e aveludada, fez com que todo os pelos do meu corpo, se eriçassem ao mesmo tempo.

Dimitri estava logo atrás do guarda e embora seu aspecto fosse claramente de alguém que acabara de acordar, ele parecia aborrecido. O homem então deu as costas para mim, se voltando para Dimitri.

-Sinto muito Dr. Belikov, mas nossas ordens são expressas, sobre nenhum paciente em alas como esta desacompanhados, ainda mais, a essa hora da noite. – Engoli seco, enquanto observava Dimitri entrar de vez na cozinha.

-Caso não tenha notado, estou fazendo companhia para ela. – Dimitri respondeu sem nos olhar. Ele seguiu até a pia e abriu um dos armários em busca de um copo. Voltei-me para o segurança, que parecia um tanto desconfiado, mas resolveu não argumentar mais.

-Se o Senhor se responsabiliza, estou me retirando – Ele disse por fim, fechando a porta dupla da cozinha, atrás de si.

-Agora pode se sentar – Dimitri voltou a falar e eu observei, que ele já estava sentado e beliscando uma das bolachas que eu havia pegado, há pouco. Em seu copo, havia leite também.

-Eu não queria causar problemas – Respondi antes sequer, de minhas pernas começarem a trabalhar. – Eu acho que vou ir para o meu quarto. – Depositei a xícara na pia e também as bolachas.

-Não me force a fechar a porta com nós dois aqui dentro – Dimitri comentou indiferente. Minhas costas se tornaram rígidas, me impossibilitando de me mexer no lugar. -Não te vi no jantar e você claramente está faminta.

-Na verdade a fome passou – Engoli seco. Dimitri estava usando uma camiseta branca semi justa e também, calças cinza clara, lembrando bastante um pijama. Seu cabelo diferente do habitual, estava solto nos ombros, lhe dando um aspecto muito bonito e juvenil.

-Sente-se Rose – Ele respondeu sem ao menos me olhar, enquanto bebia seu leite, com aspecto tranquilo.

Soltei um longo suspiro e logo sentei de frente para ele na mesa. Um silêncio desconfortável, pairou enquanto comíamos. Ao menos para mim é claro.

-Por que não desceu para jantar? – Dimitri me interrompeu.

-Eu estava indisposta – Respondi encarando minhas unhas

-Sente algo? – Quase que imediatamente, a postura de Dimitri mudou para algo preocupado.

-Estou bem – O encorajei. – Eu apenas me senti cansada – Dei de ombros, forçando um sorriso. A verdade era que não queria encara-lo. Havia passado grande parte da minha tarde, me lembrando de seus olhos castanhos me observando, enquanto eu lutava com toda a força, para não derrubar nenhum dos ingredientes.

-Está um pouco pálida – Dimitri murmurou pensativamente. – Vamos dar uma passada no consultório.

-Mas eu estou bem. – Tentei argumentar tarde demais, enquanto observava Dimitri se levantar e erguer uma mão em minha direção.

Quando finalmente chegamos ao consultório, ele me sentou na maca, enquanto pegava seus pertences. O lugar estava assustadoramente vazio e escuro, mas eu me sentia bem e de certa forma, protegida. Enquanto eu estava sentada balançando minhas pernas, notei que Dimitri tinha o dorso levemente abaixado em minha direção, mostrando parte de seu peito musculoso, enquanto ele baixava as mãos, nas gavetas do armário. Forcei-me a desviar o olhar principalmente quando, ele seguiu meu olhar e sorriu.

-Abra a boca – Dimitri se posicionou com cuidado entre minhas pernas, para observar minhas amidalas. – Saudável – Ele murmurou para si mesmo, antes de examinar meus olhos. –Tem sentido fraqueza Rose? – Seus dois dedos indicadores, foram para um pouco acima das minhas canelas. Dimitri fez uma leve pressão ali. Um nó no meu estomago se formava em antecipação, conforme seus dedos quentes pressionavam. –Rose? – Dimitri então levantou um pouco a cabeça, enquanto buscava meus olhos. Suas duas mãos, logo foram para trás dos meus ouvidos, enquanto ele buscava algo eu supunha. – Falei com você – Ele então sorriu e eu me senti corar como uma louca.

-Eu acho que estou bem mesmo. – Engoli saliva. Nossos rostos agora estavam quase que no mesmo nível graças a maca. Dimitri era muito mais alto do que eu, mas agora, estávamos muito próximos um do outro. Em um instante que eu não soube dizer qual ao certo, seus dedos pararam seus movimentos e agora, ele apenas me olhava.

-Doutor Belikov? – Como um balde de agra fria, me curvei para trás, enquanto Dimitri se distanciava ao mesmo tempo. Senti-me ruborizar violentamente naquele momento. Alguém havia entrado ali e só Deus sabia o que poderia acontecer agora.

-Boa noite Iara – Dimitri se virou graciosamente na direção da voz. Era uma jovem enfermeira com aspecto sonolento e de cabelos pretos, que segurava uma xícara grande de chá, com uma das mãos.

-Precisa de ajuda? – A mulher pareceu surpresa por um momento, mas logo se voltou para as perguntas habituais.

-Estou bem obrigado – Dimitri tirou então do pescoço seu estetoscópio e lavou as mãos com água corrente. Continuei sentada ali, sem saber ao certo se era melhor eu me fingir de estátua, ou arriscar dizer alguma coisa. – Estou atendendo uma paciente com problemas para dormir. – Ele respondeu a pergunta não feita da enfermeira, quando seus olhos pousaram em mim.

-Ah sim Okay. – Ela sorriu para Dimitri. – Se precisar de qualquer coisa, basta chamar. – E foi ai que notei algo totalmente coberto antes, pela minha vergonha. A mulher estava totalmente ruborizada. Dimitri notavelmente percebeu aquilo, mas resolveu ignorar.

-Boa noite Iara – Ele respondeu por fim, fechando a porta do escritório , logo que ela passou.

-Quero que faça exames de sangue amanhã cedo – Dimitri me encarou. – Está com sintomas de anemia e acredito que esteja no começo ainda. – Sua voz era grave.

-Mas são duas e meia da manhã – Respondi observando seu grande relógio na parede.

-Não tem importância – Ele respondeu. – Agora pode ir dormir. – E com uma voz bastante gélida, ele se dirigiu a mim. Um frio na espinha me fez tremer involuntariamente. Era como se uma barreira invisível houvesse se formado entre nós.

POV Dimitri.

Rose me encarava de uma forma perdida. Era como se ela não esperasse minha atitude. O pior daquilo tudo, era que eu não sabia o que exatamente fazer.

-Se é só isso, vou dormir – Ela então, meio sem jeito se levantou da maca e ajeitou seu pijama. Seu tom era severo e me fez questionar se eu realmente havia a ofendido. Ao contrário de minutos atrás quando ela estava sem jeito e tímida, Rose agora estava distante e bastante aborrecida.

Sem que eu tivesse chance de falar qualquer outra coisa, ela simplesmente deu as costas e foi embora. 


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