I Wont Give Up escrita por seaweedbrain


Capítulo 1
Parte I




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Letícia esperava já sem esperança alguma, sentada a uma das cadeiras de sua pequena sala de jantar improvisada. Vivia em um apartamento pequeno em um dos bairros mais populares de São Paulo, tinha somente três cômodos; Uma sala, uma cozinha e um quarto. Ela estava rígida na cadeira com o telefone fixo e o celular em sua frente, verificando de segundo a segundo se não havia perdido nem uma chamada sem querer, e a cada vez que ela olhava a foto do papel de parede de seu celular ficava ainda mais agoniada. Ela e Lucas na praia no mais perfeito pôr do sol que ela já virá em sua vida, e melhor ainda, pois ele tinha o beijo mais doce de que uma pessoa precisava. 2h15. Era o horário que batia o relógio de seu celular. Lucas estava atrasado a mais de cinco horas, o que lhe deixava mais agoniada ainda não era o pensamento do que ele podia estar ou não fazendo e sim se tinha acontecido algo grave com o mesmo, mas como dizem notícias ruins chegam rápido. Dantas cobriu o rosto com as duas mãos e uma lágrima desesperada caiu em suas bochechas. Odiava isso, odiava o que o seu relacionamento com Oliveira tinha se tornado, odiava essa vida de casada que mal tinha começado e já estava indo a falência. Eles estavam a quase cinco anos juntos, e Lucas nunca fora tão desleixado como estava agora. Ele havia mudado e a única resposta para isso era: Outra mulher.

Dantas já se desesperava quando pensava nisso, sempre fora perfeita para Lucas, sempre o agradou, sempre o deixou livre para fazer o que bem entender. Eles eram de certa forma um bom casal, com brigas de vez em quando, mas qual bom casal que não briga só para se reconciliar depois? Mas mesmo assim Letícia odiava essas brigas, e isso já estava se tornando cordial, era toda noite, e Oliveira sempre acabava dormindo no sofá. Está noite, ele prometerá vir jantar com a esposa depois do trabalho na gravadora de sua família. Mas é claro; Lucas não deu as caras em casa e deixou que novamente Letícia jantasse sozinha, sem sua companhia e sim com a solidão ao seu lado. Ela simplesmente queria se libertar desse sentimento de culpa, porque ela se sentia culpada por Lucas estar do jeito que está. Letícia pegou o prato sujo da mesa e o carregou em passos firmes e curtos até a cozinha ao lado do quarto e o colocou na pia silenciosamente quando ouviu o trinco da porta ser destravado e ela ser aberta. Lucas pareceu entrar em silencio e tomou um susto quando a avistou parado no batente da passagem que dava ao corredor do quarto.

- Ainda acordada? – ele perguntou quase que sarcasticamente, Lucas tinha a aparência cansada, como se tivesse trabalho o dia todo; e acredite Letícia queria muito acreditar que era isso mesmo que ele estava fazendo. Oliveira olhou para a mesa ainda posta, Strogonoff de Frango ainda estava posto e o seu lugar estava intocado. – Let, eu...

- Estava trabalhando até agora na gravadora? – Dantas perguntou com os braços cruzados e série. Lucas pode observar bem que já tinha começado uma briga sem ao menos querer ela. Mas na verdade as coisas estavam estranhas com Letícia desde que ela entrou para a nova revista onde estava trabalhando, e ele nem queria pensar no pior porque ainda amava aquela garota; mas algo dentro dele dizia que ele amava a garota que ele conheceu com 17 anos, não 24. – Quando você vai... Parar com as suas mentiras?

- Eu não...

- Ah não? Então me diz por que eu liguei para a Catarina e ela me disse que você já havia saído da gravadora? Diz-me porque nenhum dos teus amigos me atende mais, ou quando atende é o Thomas que não sabe tanto quanto eu? – Letícia suspirou tentando conter as lágrimas, mas era quase impossível. Ela sentiu algo dentro dela se quebrando; pensou em todas as possibilidades da dor ser real, de ter acontecido mesmo, mas só de pensar seu coração se partindo já sentia o amor por Lucas diminuir. – Você chega tarde. Você mente. Você não para em casa finais de semana. Você está sempre cansado. Você nunca mais me deu atenção. Você foi para uma festa com os seus amigos, e antes você me levava, agora eu não sei nem onde você está. E principalmente Lucas; você não me ama mais. – Dantas queria gritar, mas nem para isso ela conseguia reunir forças. – Eu já arrumei minhas coisas, vou ir... Ficar um tempo com Giovanna no seu apartamento. – Letícia se virou e pareceu caminhar até o quarto. Lucas se encontrava sem palavras, não sabia o que fazer, muito menos o que dizer, só de pensar na possibilidade de Letícia realmente longe já o cortava de fora a fora como se tivesse sendo esfaqueado.

- Letícia... O que você... – Lucas viu Dantas procurando algo no guarda roupas e engoliu o choro preso na garganta. – Porque isso agora? Nós sempre...

- Nós? Lucas... Nós? Onde isto aqui é um casal? Deixamos de ser um casal a um bom tempo, e as pessoas já estão comentando.

- Então é pelas pessoas?

- Não! – Letícia gritou dessa vez. – E por mim! E pela mulher que está ao seu lado por cinco anos, que se dedicou a você e agora está sendo largada. – Dantas se aproximou de Oliveira que queria recuar, não queria escutar e definitivamente não queria ser deixado. – E por mais idiota que eu seja; e por mais sínica que eu esteja sendo por fazer isso; E porque depois de tudo eu ainda te amo, eu ainda preciso de você E por isso nós precisamos dar um tempo.

- Mas Letícia... – Lucas puxou o braço da garota fazendo ela se virar por completo para ele. – Nós éramos... Éramos felizes! Éramos uma família, lembra?

- Você falou muito bem, no verbo passado. – Dantas pegou sua bolsa de mão e sua mala pequena, ela não queria sair, não queria deixar aquilo e inexplicavelmente ela ainda queria ouvir a desculpa que ele tinha que dar, mas ela mesma se decidiu que aquilo parava ali e agora. Ela não iria mais ser vítima de seu próprio amor.

- Se você sair por aquela porta...

- Não precisa terminar. – Dantas fez um gesto que não devia. Colou seus lábios nos de Lucas simplesmente, sem movimento algum e por alguns segundo eles ficaram assim, somente com o gosto das lágrimas em suas bocas encostadas, gosto de amargura, saudade e até mesmo de solidão de ambas as partes. Um casamento de três anos, um relacionamento de cinco anos indo por água abaixo e naquele momento como se as mentes trabalhassem juntas eles podiam ouvir “Mas vocês são tão jovens para se envolver tão seriamente” diziam as pessoas mais velhas e amigos dos dois. Eles riam delas, debochavam porque se amavam. E ainda se amam, mas nem o amor mais puro consegue sofrer por muito tempo. Letícia se afastou com os olhos cheios de água e o rosto todo molhado já, Lucas permanecia imóvel com os olhos fechados. – Se cuida bebê.

- Letícia... – Lucas sussurrou, mas ela já estava um pouco longe para ouvir. Oliveira correu para a sala vazia e viu que não tinha nada ali, além de que em cima da mesa estava a aliança que ele dera para Letícia quando eles se comprometeram no casamento.

Lucas puxou Letícia de onde a garota conversava com suas amigas perto da mesa dos doces do casamento. Ela estava simplesmente linda com aquele vestido branco e com aquele arco dourado na cabeça, parecia realmente uma princesa, mas mesmo estando perfeita ele não via a hora de poder tirar aquele pano todo dela e ver ela ainda mais perfeita que era despida de todos os tecidos possíveis.

- Lucas! – ela o repreendeu, mas a mesma gargalhava. – Temos que ser sociáveis bebê. – Letícia passou as mãos pela nuca do rapaz que somente se arrepiou com o toque, eles giraram na pista de dança e colaram os corpos, e a música I Won’t Give Up começou a tocar suavemente. A pista de dança não esvaziou, mas os dois estavam tão submersos em si que mal prestavam atenção ao redor. – Isso só pode ser obra sua, senhor Oliveira.

- Culpado, senhora Oliveira. – os dois riram juntos e deram mais um rodopio em volta deles mesmos. Lucas segurava firme a cintura de Letícia que sorria com os olhos para ele. Ele nunca pensou no mundo que poderia achar uma garota tão perfeita quanto ela, nunca pensou que o destino seria tão bom assim com ele, Dantas era o que ele mais queria na vida, o que mais ele pediu durante um bom período de sua vida e ali estava ela. Sendo sua mulher. Fazendo ele fez, somente por respirar e por estar perto dele. – Você está linda hoje.

- Como sempre. – ela se gabou.

- A pretensiosa mais linda do mundo. – eles colaram suas testas olhando dentro dos olhos um do outro. – Letícia será que...

- Shh! – Dantas selou os lábios dos dois e depois sorriu se afastando centímetros. – Sem perguntas agora. Sem questões, por favor. Eu sei que vou ser feliz com você Lucas, e sei que seremos felizes juntos para sempre.

- Eu amo tanto você. Eu nunca desistirei de você, nem mesmo que me peça isto.

- Não mais do que eu amo você. – eles deram um beijo apaixonante, e uma salva de aplausos rugiu ao fundo.

Lucas não podia a deixar ir assim, não podia deixar o amor de sua vida ir embora fácil demais. Ele precisava dela, ele não funcionaria sem Letícia por perto. Percebeu que não chegaria no hall a tempo pelo elevador e desceu correndo os degraus das escadas, vendo sua amada pronta para entrar num táxi.

- Letícia! – ele gritou, a garota se virou para olhá-lo com um meio sorriso no rosto, talvez nem tudo estivesse perdido. – Você esqueceu... Esqueceu isto lá em cima. – ele lhe entregou a aliança de casamento, ela ainda chorava.

- Fique com isto Lucas, prova-te o quanto eu fui fiel todo esse tempo. O quanto eu te amei, e ainda amo! – Letícia fechou a mão de Lucas com um aperto no peito, pedindo para todos os deuses possíveis para que o seu amor por ele tenha ficado preso no pequeno diamante daquele anel. – Eu espero que... Que você seja feliz.

- Eu espero sinceramente que você volte para mim. – o motorista do táxi buzinou acordando Dantas de seu transe psicótico e sorriu triste para Lucas batendo em sua mão fechada com o anel.

- Até logo, senhor Oliveira. – ela queria rir da piada interna, mas nem isso ela conseguiu entrando de pressa no táxi e dando logo o endereço do apartamento de sua amiga. Olhou para trás uma única vez e viu Lucas ainda lá em pé do mesmo jeito que ela o deixara, mas ele parecia agora estar fitando o anel em sua mão, ela se perguntou se ele pensava na mesma coisa que ela agora.

- Acho que todo mundo na rua tem inveja desse anel. – Letícia falou observando o anel no dedo em algumas manhãs após o casamento, ela estava deitada no peito de Lucas e o garoto acariciava seus cabelos. Definitivamente ela ficava bem melhor com as blusas dele do que o próprio.

- E porque ele pertence à Senhora Oliveira. – Lucas riu baixo.

- Está rindo do que? – Letícia se virou para o mesmo e o encarou, mas queria rir também. Ficava boba assim quase sempre quando ficava perto de Lucas.

- Senhora é tão forte pra você. – Lucas explicou e mordeu o lábio.

- Sim, mas nós somos o casal Oliveira. Aceite! – Letícia se levantou prendendo o cabelo em um coque frouxo e Lucas tapou os olhos e virou de cabeça para baixo na cama, abafando seu riso com o rosto enfiado no travesseiro de Letícia. – Lucas o que você tem hoje? Ah não, por favor, não babe meu travesseiro! – Ela pulou ao lado do mesmo o puxando com força, mas o mesmo não se virava e ria muito mais. – Lucas pare de besteira, vamos você está me assustando. – Lucas virou der repente e os dois rodaram na cama ficando por cima de Let que riu olhando o rosto do mesmo em um tom avermelhado.

- Me sinto um adolescente precoce. – Lucas mordeu o lábio inferior de Letícia, mas logo voltou a rir. – Não posso nem olhar para você que...

- Ah meu Deus! Senhor Oliveira, terá que começar a conter isso. – Letícia tirou onda com a cara do namorando tentando fazer uma careta o mais sexy que podia, Lucas riu tanto que ela acreditou ter funcionado.

- Vou fazer o possível senhora Oliveira, só tenta, por favor... Parar de ser sexy. – depois daquele dia, em todas as manhãs que correram eles sempre se chamava de senhor e senhora Oliveira.

- Senhora Oliveira. – Letícia grudou a testa na janela do táxi enquanto fitava o lado de fora e sussurrou para si mesma. Sorriu por um segundo lembrando-se de como ela era feliz com Lucas, de como os dois pareciam ser indestrutíveis juntos e agora isso... Abalando toda a estrutura emocional que ela não teve durante anos. “Tivemos que aprender a ceder, sem deixar o mundo ceder a pressão”, ela pensou e logo em seguida mordeu o lábio contento o choro que embargava sua garganta seca pelas lágrimas e agonia do coração partido.


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