My Happy Pill escrita por Gabby


Capítulo 44
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Olá! Desculpe a demora, mas é que tive alguns problemas pessoais (só pra n perder o costume). Os leitores que deixaram review no último capítulo foram: Nana, Narumy, Suco e Alessandra. Desculpem-me se houver algum erro no texto, mas eu fiz o meu melhor! XD Enjoy!



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Rangiku traçou as costas de Gin com a ponta de uma unha vermelha, seguindo sua espinha. Ele era muito magro — magro até demais —, porém, ás vezes, Matsumoto se pegava achando charmosa sua espinha saliente, as veias nos braços brancos, a omoplata.

Rangiku suspirou, enquanto Gin se virava cuidadosamente. O namorado sorriu para ela, lábios finos e brincalhões. Os olhos azuis claríssimos estavam sonolentos.

— Bom-dia, Rangiku — disse ele, ajeitando-se meio sentado meio deitado.

Matsumoto estava sentada na cama, usando apenas suas roupas íntimas. Já havia tomado banho e se secado com uma toalha que tinha na casa de Gin — por isso, seus cabelos estavam molhados e embaraçados.

— Quer que eu faça o café? — ela perguntou, baixinho.

Gin negou com a cabeça.

— Vou tomar um capuccino lá no Yamada — explicou. Yamada era um café que tinha perto do prédio onde Gin morava, que servia um ótimo expresso. — Não que eu não goste do seu café — ele apressou-se a acrescentar, levantando as mãos.

Rangiku ergueu uma sobrancelha, fingindo irritação.

— Aliás, belo cabelo, Ran — elogiou o namorado, tentando proteger a própria pele.

Matsumoto se levantou.

— Não está bom. Preciso pintar as raízes.

Ichimaru revirou os olhos.

Rangiku abriu uma gaveta do guarda-roupa de Gin e de lá tirou uma muda de roupa. Tinha duas gavetas do guarda-roupa do namorado, uma escova de dente, um pente e até mesmo maquiagem.

Uau, aquilo estava ficando realmente sério.

Matsumoto passou anos de sua vida repugnando relacionamentos sérios ou casamentos. Via centenas de filmes com esses temas, mas nunca, de fato, quisera se ligar ou ficar tão apaixonada por alguém. Ficava receosa de entregar seu coração e ele acabar partido.

No entanto, a ideia de Gin a magoar parecia surreal.

Ela virou para ele e demorou-se a olhar para seus olhos azuis cristalinos, para sua pele pálida, para seus ossos salientes.

De repente, a ideia de amar alguém já não lhe parecia tão horrorosa.

///

Byakuya tinha uma namorada. Ele ficara receoso de contar isso à Rukia, pois pensava que ela reprovaria.

— Rukia, por favor, tenha em mente que ela não é uma substituta de Hisana — dissera Byakuya, tentando enfatizar cada palavra, a olhando fixamente nos olhos, sem piscar. — Eu amo Hisana.

Rukia, na verdade, ficara bem feliz pelo irmão. Hisana já falecera há mais de cinco anos e desde então Byakuya não se relacionara com nenhuma mulher. Ficara até bem preocupada com o irmão por causa disso. Já fazia muito tempo. Era hora de ele seguir em frente. Rukia sabia que Byakuya nunca se esqueceria de Hisana e isto, por si só, já era reconfortante. Byakuya sempre visitaria o túmulo de Hisana com Rukia e sempre poria os lírios que ele sabia que a esposa gostava.

Rukia bateu as unhas pretas e curtas na mesa uma vez, enquanto esperava uma mensagem de Ichigo. Haviam combinado um jantar de família, um encontro de dois casais — Ichigo e Rukia, Byakuya e sua namorada — na casa dos Kuchiki.

“Onde você está?” Rukia tinha perguntado para Ichigo.

Seu celular vibrou.

“Estou chegando”

Rukia olhou para a comprida mesa dos Kuchiki. Estava vazia, porém os talheres e pratos já estavam perfeitamente arrumados à mesa. Toalha de mesa vermelha, todos os tipos de talheres e pratos adequados à ocasião, guardanapos com o emblema da empresa da família Kuchiki.

“Aonde? Na banheira?” escreveu.

Não, idiota rs já to no carro do pai” Ichigo respondeu. “Todo mundo já chegou?

Byakuya estava esperando a namorada perto da porta do hall de entrada, tomando um copo de whisky para disfarçar o nervosismo. Estava maravilhosamente vestido, com a nova coleção de Outono/Inverno, que chegara a poucos dias nas lojas, porém usava um estilo mais despojado. Um suéter cinza leve para o sereno da noite e uma calça jeans.

“Falta a namorada do Nii-sama” respondeu Rukia.

Rukia ouviu o interfone tocar. Esperou na cadeira, ansiosa, tentando adivinhar se seria Ichigo ou a namorada de Byakuya. Ela ficaria muito feliz em ver o namorado, claro, porém estava curiosíssima sobre a mulher. Byakuya só a contara o básico: chamava-se Ingryd.

Foi Ichigo quem chegou, mas pelo menos estava bonito e vestido consideravelmente bem. O namorado tinha uma daquelas belezas brutas: cabelo embaraçado, traços fortes, corpo bonito. Tudo isso combinado com uma calça jeans um pouco larga e uma camisa xadrez aberta o fazia parecer um hipster bem bonito ou um delinquente.

Ele sentou-se a mesa, o mais próximo de Rukia possível. A cumprimentou com um selinho.

— Eu não gostei muito da cara do seu irmão quando me viu — Ichigo fez uma careta. — Pensei que havíamos passado da fase em que ele me odiava.

Rukia riu, depois bateu em Ichigo com as costas das mãos. O suficiente para ele sentir, porém não o suficiente para ele gritar.

— Nii-sama nunca te odiou! Ele até me aconselhou a ficar com você, certa vez, naquela festa fantasia.

Ichigo ergueu as sobrancelhas.

— Ei, não faça essa cara de debochado! Estou falando sério — Rukia ralhou. — Além disso, acho que a cara do Nii-sama é por causa da namorada dele. Ele está meio preocupado com isso tudo.

Ichigo apoiou o cotovelo na mesa, em seguida apoiou a cabeça nas mãos.

— Byakuya acha que ela vai furar?

— Sei lá. — Rukia estralou os dedos, um por um. — Meu irmão é meio neurótico, você sabe.

Ichigo ergueu as mãos.

— E olha como eu sei. E você não é muito diferente, não.

Rukia beliscou a barriga de Ichigo.

— Ai! O temperamento dos dois é ruim também! — disse Ichigo, tentando se livrar dos dedos de Rukia torcendo sua barriga. — Se não fosse pela aparência contrastante, diria que eram irmãos biológicos.

Rukia a largou.

— Você chamou meu irmão de bonito e à mim de feia, ou por a caso foi o contrário?

Ichigo a olhou fixamente, com um sorriso sacana nos lábios. Percorria rapidamente o corpo dela com os olhos: o pingente do colar que ela usava, o vestido preto sem mangas, as pernas finas envoltas em uma meia calça. Mas talvez a roupa fosse a última coisa com que ele se importasse.

Byakuya chegou, trazendo consigo uma companhia. Rukia estava tão distraída conversando com Ichigo que não ouvira o som do interfone.

Ingryd era uma morena de estatura mediana — tinha olhos puxados e enigmáticos. Usava um blaiser e uma saia violeta. O seu pequeno salto fez barulho quando ela tomou a iniciativa de cumprimentar Rukia e Ichigo com um beijo na bochecha, o que não era tão comum na Ásia. A Kuchiki gostou da ação e do cheiro do cabelo dela: shampoo de jasmim.

— Ingryd, essa é Rukia e o namorado dela, Ichigo — apresentou Byakuya, logo depois. Ela sorriu cordialmente para os dois — Venha, pode se sentar aqui. Vou pedir para que sirvam a entrada e já volto.

Quando Byakuya voltou, o grupo conversou bastante. Enquanto comiam, contavam histórias e falavam de sua vida e de suas expectativas para o futuro.

Ingryd contou que sua mãe era japonesa, porém seu pai era estadunidense. Ela nascera na América, porém era fluente em japonês — além de espanhol, pois crescera em Miami e seu avô era nicaraguense. Ingryd era formada em Economia. Quando encontrara com Byakuya por acaso, em um bar, e começara a puxar conversa com ele já que percebera que ele era japonês, notou que esta era a oportunidade perfeita para visitar o país de origem de sua mãe e passar um tempo por lá, aprendendo os costumes orientais. Contou algumas histórias, também, de quando era pequena e fizera “molecagens” e dos pequenos micos que passara no Japão.

Ingryd e Byakuya não se conheciam há tanto tempo, mas Rukia percebeu — algo em como olhavam um por outro — que aquilo era o começo de algo importante.

///

Havia algo de muito interessante nas lutas, pensou o pai de Tatsuki. Algo nas cores, nos movimentos, nos sons. Ou talvez fosse só porque era a sua filha que estava lá no tatami, ganhando.

Yoruichi permitiu que Tatsuki treinasse em sua academia, porém, para não incentivar a tendência à competitividade e violência da menina, a sensei só deixou-a lutar em amistosos até que saísse de “observação”. Tatsuki ficou feliz e aliviada com isso. Reconhecia seu erro e gostaria de concertá-lo. O karatê era praticamente tudo para ela, e a menina ficaria realmente sem rumo se não fizesse o que amasse.

Tatsuki ganhou a luta — palmas e empolgação vinham de seus amigos na platéia. Ela sorriu para eles — um sorriso meio torto, mas feliz — em meio ao cabelo revolto que lembrava o de sua mãe.

Tatsuki, depois de um tempo, veio até o pai. Os dois se abraçaram. Algo meio desajeitado, sem-jeito, mas muito melhor do que nada. Pai e filha evoluíam aos poucos, porém juntos.

— Eu te amo — disse o pai, fazendo carinho nas costas de Tatsuki.

Ela pensou que não se sentia assim tão feliz há muito tempo. Porque, apesar de tudo, agora Tatsuki sentia seu pai ao seu lado.

///

— Tenho tomado todos os remédios como você indicou, mas eles não adiantaram droga nenhuma! — Loly berrou, irada. — Vocês me convenceram de que estou doente, mas não conseguem me curar.

O psiquiatra ergueu as sobrancelhas. Estava sentado confortavelmente em sua poltrona de couro, a observando com calma. Loly queria bater nele até que seu rosto se desfigurasse.

— Eu nunca lhe prometi cura alguma. Os remédios servem apenas para amenizar os sintomas e ajudar você a controlar suas atitudes destrutivas.

Loly rosnou. Havia, no calor do momento, se levantado de sua poltrona para gritar com o médico. No entanto, ele não se intimidara nem levantara a voz.

— Loly, sente-se, por favor — pediu. — Talvez devamos falar sobre esse seu ódio constante.

Loly sentou-se, um pouco contrariada.

— O que você acha que é, doutor? — Loly sorriu, sarcástica. — Acha que peguei raiva de algum bicho?

O psiquiatra sorriu, quase enigmático.

— Acho que foi de seus pais.

Loly rosnou.

— Filha de psicopata, psicopata é — disse.

O psiquiatra ergueu minimamente as sobrancelhas.

— Acho que é bem mais profundo que isso. Pessoas que não recebem amor, dificilmente sabem transmitir amor.

— Precisam de doze anos na universidade para saberem disso? — retrucou ela, revirando os olhos.

O psiquiatra se inclinou para mais perto.

— Loly, sua mãe se matou. Seu pai matou meninas que substituíam você.

Loly se levantou, pronta para gritar para que ele calasse a boca. Em vez disso, olhou para o consultório desorientada — os livros de Psiquiatria, as paredes pintadas de branco, os móveis de madeira, os vasos de plantas. Ela lutou para conter as lágrimas.

— Loly, você se odeia.

A sala inteira rodava. Loly não sabia se quem falava era o psiquiatra ou uma voz dentro de sua cabeça. Começou a soluçar; lágrimas amargas caíam de seus olhos.

— E, enquanto não aprender a se amar, nunca poderá fazer isso com outro ser humano.

///

Orihime e Ulquiorra se balançavam calmamente. Estavam na praça perto do teatro, naquele playground semi-abandonado. O sol transmitia uma sensação agradável ao tocar seus rostos; esquentava seus corpos, mas não os queimava. Um leve roçar de luz.

— Obrigado, Orihime — disse Ulquiorra, sem pensar.

A ruiva segurava as cordas do balanço com força; a saia longa e os cabelos voando atrás dela, como uma bandeira, enquanto ela se sentia livre.

— Pelo quê?

Ulquiorra mal pode acreditar que realmente falara aquilo. Agora, teria que explicar uma coisa muito pessoal dele. No entanto, pensou, Orihime era a sua namorada. Deveria desnudar sua alma para ela.

— Quando vim para cá, eu estava tão triste. E me apaixonar por você... Foi como uma salvação. Preencheu meu vazio.

Orihime parou de se balançar, freando o impulso com os pés na areia. Lenta e delicadamente, ela alcançou a mão de Ulquiorra e a segurou. Um toque aparentemente simples, mas cheio de significado.

— Obrigada a você também — falou Orihime, suavemente. — De certa forma, abriu meus olhos.

Ulquiorra sabia que ela falava de sua antiga paixão por Kurosaki Ichigo. Fechou os olhos. Concentrou-se na maciez da mão de sua namorada, na textura da corda do balanço, na luz do sol. Lembrou-se que, na primeira vez que eles estiveram brincando naquele playground, era madrugada e a única luz era a das estrelas.

Nem poderia acreditar que aquilo era real. Aquele menino órfão, de saúde frágil, que se dava melhor com livros do que com pessoas, não o deixava acreditar.

— Você acha que “Romeu e Julieta” ainda está em cartaz? — perguntou Ulquiorra, baixinho.

Orihime sorriu. Lembrava-se de quando deixara de ir com Ulquiorra a peça porque Loly a ameaçara. Agora, esta ameaça estava erradicada de sua vida para sempre.

— Nós podemos ver se ainda está.

Ulquiorra se levantou e ajudou Inoue a fazer o mesmo. Os dois se envolveram com os braços, como se fossem novelos de lã, como se fossem um só.

— Eu acho que parecemos Romeu e Julieta — murmurou Orihime, a voz doce abafada.

— Só que sem veneno, por favor.

Orihime riu. Lembrou daquela madrugada; os dois com livros nos braços, brincando no playground, nos balanços e no escorregador. A primeira vez em que ela se sentira infinita.

— Como Romeu e Julieta, nós vamos viver para sempre — esclareceu Orihime. — Vamos ser infinitos, entende?

Aquela frase não fazia nenhum sentido. Mas Ulquiorra entendeu.


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Notas finais do capítulo

... Bom, gente, é isso... rs. Três anos de fic e isso é o melhor que consigo falar? Não, acho que não hehehe Vou falar algo mais decente: Muitíssimo obrigada por todos as pessoas que já leram e comentaram. Vocês foram importantíssimos para o meu crescimento como escritora e até mesmo como pessoa. Não chegaria até aqui se não fosse por vocês, me dando apoio por meio de suas palavras. Vocês são show. Beijo :*
Ah, se alguém quiser ler algo meu (se vcs não estiverem traumatizados o bastante haha), eu tenho uma fanfic de Bleach em andamento e ainda vários futuros projetos, listados lá no meu perfil. Se vcs se interessarem por algo, manifestem-se aí pelas reviews. Muito obrigada, novamente, a todos, e que tenham uma boa vida!