My Happy Pill escrita por Gabby


Capítulo 35
Consolando II


Notas iniciais do capítulo

Booom diiiia, povo! Eu queria agradecer á

SILVAN
Ingryd Phantonhive Kuchiki
Kevyn Valdez
Lord das sombras
DragoNebbia Narumy

que deixaram review no último capítulo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/275779/chapter/35

Orihime lembrou-se dos dias com Rangiku, tanto os dias de agora quanto os do passado. Sempre foram melhores amigas, embora não se vissem tanto. Sempre conversavam nas festas familiares, e, quando possível, visitavam a casa uma da outra para contar segredos. Inoue lembrou-se das várias brincadeiras, das risadas altas e das lágrimas também, menos abundantes.

Foi por isso que, quando Rangiku anunciou que iria embora, Orihime ficou bastante ofendida. Pensou que as duas estavam se divertindo, afinal de contas. E, no estado debilitado que estava, nem quis saber das desculpas e explicações de Matsumoto —já estava farta de tudo, quase farta da vida.

Saiu no meio da noite, se dirigiu a praça, e seus pés percorreram o caminho quase involuntariamente. As ruas, as luzes dos postes, as casas e os carros estacionados —eles não passavam de borrões, em meio ao seus olhos cheios de lágrimas.

Lembrou-se que, quando ela correra para o seu quarto mais cedo, Rangiku não a seguiu. Assim como Ichigo não virara para trás quando a dispensou e foi embora, ouvir as notas bonitas de um maldito gringo.

Mesmo os sentimentos não serem nada familiares para Orihime, ela os reconheceu. Raiva. Frustração. Tudo dentro do seu coração, que estranhava os sentimentos nocivos e já se envenenava, sangrando por meio de seus olhos.

Já estava cansada quando chegou a pracinha tão familiar, com suas diversas flores irritantemente lindas e coloridas. Sentou no seu lugar de sempre, junto á fonte. Ficou olhando para as moedinhas, para as ofertas dirigidas ao filho de Afrodite...

Sentiu um barulho familiar. Nem precisou virar-se para saber que era Ulquiorra. O moreno vinha sempre, e pensava que ela nunca o via —estranhou uma pessoa tão inteligente não saber que seus coturnos faziam tanto barulho. Orihime sempre fingia que não o via, pois ela não gostaria de ferir o orgulho do Shiffer —e tampouco tinha alguma coisa para dizer-lhe.

Enfiou o braço na água parada e já suja de flores e alguns insetos mortos, e buscou as moedas lá embaixo. Sentiu uma movimentação de Ulquiorra, talvez se aproximando para confirmar o que havia visto: uma ruiva de pijamas, no meio da noite, tirando as moedas da Fonte de Desejos. Ela virou para Ulquiorra, que de fato estava se aproximando —mas que congelou no meio de um passo quando a ruiva virou para ele —e lhe dirigiu um olhar instigante, como que o desafiando continuar.

Ela olhou novamente para o fundo da fonte, se concentrando em catar as moedas e as colocar todas em seu lado —dezenas de desejos e pedidos, todos dependendo de Orihime, como se ela fosse uma deusa. Parou subitamente quando ouviu os coturnos se aproximarem, e ouviu a voz de Ulquiorra.

—Posso sentar-me ao seu lado?

Ela assentiu com a cabeça, concentrada em sua tarefa de retirar as moedas, e Ulquiorra sentou-se de frente para ela. Ele observou com seus orbes fantasmagóricos e irreverentes —olhos de feiticeiro— as moedas já retiradas por Orihime, e observou também as mãos delicadas da ruiva, bastante molhadas.

—O que está fazendo?

—Retirando as moedas daqui.

—Por quê?

—Não sei.

Ele assentiu com a cabeça e fez um ruído de compreensão, muito embora não tenha entendido nada.

—Você sabia que eu estava aqui o tempo todo, não sabia?

—Desde a primeira noite. —ela respondeu, com sinceridade. Ulquiorra soltou um ruído que parecia uma risada.

Ela acabou, finalmente, de tirar todas as moedas que via naquele brume. Endireitou-se e olhou para Ulquiorra.

—Você estava certo, afinal de contas.

—Eu sempre estou certo. —ele sorriu, mas logo ficou sério. —Mas certo sobre o quê?

—Kurosaki-kun e Kuchiki-san. Eles estão namorando.

Inoue esperava um “Eu te avisei”, mas em vez disso só recebeu um sem-graça:

—Ah.

Ulquiorra recolheu uma moeda prateada que ela não havia visto, e a juntou ao montinho de Inoue.

—O que você vai fazer com essas moedas? —ele perguntou.

—Ainda não sei.

—Podíamos jogá-las. —Ulquiorra sugeriu, com um sorriso travesso nos lábios. Não iriam jogá-las de volta na fonte.

Inoue pegou um punhado de moedas e se levantou. Ulquiorra fez o mesmo. Ela foi a primeira a arremessar a moeda, que passou voando pela fonte e aterrissou no canteiro de flores. Os dois riram. Depois foi Ulquiorra. Ela aterrissou no chão da praça, lá do outro lado. E assim foram, jogando as moedas de forma ordenada, mas sem um destino específico.

—Imagine se alguém nos ver assim: dois adolescentes, de pijama, jogando moedas roubadas. —ela riu, sendo seguida por ele.

—Oh, dane-se. —os dois riram. —"Pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam e jamais dizem coisas comuns, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício".

—Oh, nossa, que bonito!

—Diga isso para Jack Kerouac, eu só decorei.

Riram de novo, e pegaram mais um punhado de moedas para jogar.

—Rangiku vai voltar para Tókio. —ela anunciou, de modo casual.

—Sinto muito.

—Oh, dane-se. —ela jogou uma moeda com força, que bateu de forma certeira em uma árvore. —Dane-se! Dane-se! Dane-se!

A palavra não estava sendo proferida com raiva, mas mais como um hino inflamado.

—Dane-se! Dane-se! —proclamavam os dois jovens de pijama, em coro, jogando moedas no rosto do Cupido.

///

—Inoue está estranha. —Rukia disse, enrolando um cacho dos cabelos do namorado com os dedos.

Ichigo tremeu. Ele estava deitado, com a cabeça apoiada no colo de Rukia.Os dois estavam em sua aula livre, tomando um banho de sol no terraço.

—Por que você acha isso?

—Você vê algum “acho” na frase: “Inoue está estranha”, Ichigo? Não vê. E não vê, porque simplesmente não há.

Ichigo olhou para o rosto sério —e um pouco irritado— de Rukia.

—E como você sabe, então?

—Porque eu não sou burra, Ichigo. E Orihime mente mal. Mente mais mal do que você.

Ele soltou um ruído de engasgo, surpreso. Rapidamente, levantou-se e se distanciou um tanto de Rukia, para que ela não mais visse a mentira em seus olhos. Ficou, então, olhando para o pátio, onde a maioria dos alunos se reunia. O sol pegava diretamente em seu rosto, fazendo ele semicerrar os olhos, e o cabelo tinha um brilho especial mais amarelado.

—O que você está me escondendo, Ichigo?

Ele sentiu a aproximação de Rukia, os seus passos leves e silenciosos. Sem mais poder se conter, contou a Rukia tudo.

///

A noite estava linda. O céu estava preto como piche, porém as estrelas pareciam mais brilhantes. Ele reconheceu algumas constelações, entre elas o cinturão de Órion. Halibel percebeu que ele olhava para a constelação.

—Você sabe a historia de Órion, Hitsugaya-dono? —perguntou Halibel. Ela estava sentada na beira da piscina, os pés já dentro da água, se mexendo como se tivessem vida própria. Usava um biquíni amarelo que combinava com sua pele morena, que estava ainda mais bonita iluminada pela luz da lua.

Toushiro negou com a cabeça.

—Me conte.

—Gaia, a deusa-mãe da Terra, na cultura greco-romana, deu a luz aos gigantes. Eles tinham o objetivo de destruir os deuses, e cada um era a oposição de um. —sua voz era calma, suave, acalentadora. Parecia delicada e forte ao mesmo tempo. —Então ela deu á luz a Órion, o gigante que se oporia a deusa Ártemis, deusa da caça e da lua. E também a Apolo, deus das artes e do sol. —Ela até então olhava para seus pés, mas virou-se a Hitsugaya. —Mas Órion não queria isso. E, por ironia do destino, ficou amigo de Ártemis. Foi o primeiro homem que se juntou a caçada, já que Ártemis era virgem e não permitia homens junto com suas meninas. No entanto, ela abriu uma exceção para Órion, que talvez fosse tão habilidoso quanto ela no arco e flecha. Mas Órion cometeu o erro de se apaixonar por Ártemis. Após a rejeição da deusa, ele fugiu. Nunca mais foi visto.

—Uau.

Halibel sorriu.

—É.

Halibel pulou na água, fazendo ondas na piscina crescerem em volta dela. Quando emergiu novamente, seu cabelo loiro estava mais escuro e grudado em sua testa.

—Mas Ártemis não o matou, eu sei. Ela apenas ficou decepcionada com ele, pois o apenas enxergava como um amigo —o melhor amigo dela— e achou uma espécie de traição ele querer a tornar sua esposa. Ártemis era, e sempre será, um espírito livre.

Toushiro sorriu para ela, e também pulou na piscina. Sentiu a água fria tocar sua pele, e pode contemplar a clareza que Halibel falava, a que sentia de quando surfava. A clareza gelada que Poseidon trazia com suas marés.

—Como sabe tanto sobre Ártemis, Halibel?

—Não sei apenas sobre Ártemis, Hitsugaya-dono. Sei sobre a mitologia greco-romana, pois ela está repleta de força. E poder. E sabedoria. Qualidades para ambos os sexos. —Halibel sorriu. —Mas Ártemis é minha deusa favorita.

Ela mergulhou. Esses encontros já eram comuns, e faziam bem para ambos. Os dois haviam virados grandes amigos. Hitsugaya se sentia claro perto dela, como se seu reflexo na água não estivesse tremulado pelas ondas.

Halibel emergiu, bem aonde o reflexo da lua se fazia presente. Foi fácil imaginar Halibel com um arco e sua aljava, caçando com suas caçadoras.

—Lady Ártemis. —Hitsugaya disse. —Deusa da caça, da floresta, da lua e das mulheres.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, esse capítulo não ficou um dos melhoooores que já escrevi, mas tive que enrolar na maior parte do capítulo, pois estava prevista mais uma "baixa" de personagens, e já que a Rangiku já vazou nesse capítulo, ficaria duro para vocês se despedirem de outro.
Fiquei feliz porque recebi esses meus cinco reviews (*-*) mas daí olhei que mais de 60 pessoas estão acompanhando a fanfic, e fiquei me perguntando se eu estou fazendo algo errado, porque a maioria desse povo não comenta.
Bye!