My Happy Pill escrita por Gabby


Capítulo 33
Incompleta/ Completo


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos á: Narumy, Lord das Sombras e Silvan. Não tenho muito para falar, mas obrigada.



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Era o terceiro e último dia em que eles ficariam na praia. A última chance de Inoue declarar seu amor para com Ichigo em um lugar tão belo como aquele lugar. Ela queria dizer que não tivera oportunidade para ficar sozinha com o ruivo, mas isso seria uma mentira descarada — ela podia, a qualquer hora, chamar-lhe para uma conversa a sós. No entanto, ela admitia que deixava tudo para a última hora; sempre fora assim, e, sinceramente, Orihime achava que sempre seria.

No entanto, uma força sobrenatural lhe invadiu, e ela viu que precisava fazer isso agora, pois se não nunca mais faria. O grupo de jovens estava na praia, e Grimmjow tocava, com o violão de um recém-conhecido que ele havia pego amizade e que estava lá agora, uma música caribenha bonita. Estavam todos lá sentados na areia branca, em um semicírculo.O amigo de Grimmjow era um nativo com ombros bronzeados e cabelo preto. Não era exatamente bonito, mas suas feições eram agudas e impressionantes. Ele comentava algo sobre a música com Grimmjow, que assentia, volta e meia passava seu violão para o dono dele, que tocava um pouco, e maravilhosamente bem. O céu estava amarelo claro, pois eles haviam acordado cedinho para não mais perder tempo —iriam embora depois do almoço, e queriam aproveitar até o último segundo.

Orihime arrastou-se na areia até Ichigo, que conversava com Grimmjow. O nativo tocava um som melodioso quase sendo visível no ar. Era incrível, pois sua música acompanhava as ondas.

—Uh, então você é caribenho. —constatou Ichigo, finalmente encontrando explicação para o nome hispânico do amigo. —Você vem de que país? Bahamas?

Grimmjow fez uma cara que praticamente chamava o ruivo de retardado.

—Japão. —ele respondeu, levantando uma sobrancelha. —Mi padre que es de Puerto Rico.

Ichigo franziu o cenho, e fingiu entender o que Grimmjow dissera. Isso era claro porque ele ficava balançando a cabeça para cima e para baixo, o que fez com que Grimmjow risse.

—Tú no entiendes nada de español, no es? —ele indagou, o que fez com que Ichigo risse sem graça, porque realmente não entendera nada e não sabia como responder aquilo.

—Kurosaki-kun, —chamou Orihime, temendo ter interrompido um belo momento. —Pode vir comigo, por favor?

—Por quê?

—Quero falar-lhe algo, em particular. —o simples fato de ela falar essa frase fez com que ficasse toda vermelha. Imagina como iria dizer que tem uma queda por Ichigo!

Ichigo dirigiu um olhar para Grimmjow, que fez uma cara esquisita para o Kurosaki, e começou a conversar com o amigo do violão. Com certa relutância, Ichigo se levantou e começou a seguir Inoue. Ela, sinceramente, não fazia ideia de onde ir, por isso continuou andando e andando até subir uma duna toda. De lá, eles tinham uma bela visão do mar e da linha do horizonte. Orihime procurou lembrar-se bem dessa imagem, para descrevê-la em um futuro encontro de casais. O sol refletia seu esplendor nas águas azuis escuras, e ondas espumosas traziam caramujos até a praia. Por um momento infinito, ela ficou acompanhando o movimento das ondas: o puxo e repuxo, o ir e o voltar. Era muito harmonioso e viciante para deixar de observar.

—Inoue? —chamou Ichigo. —Disse que precisa falar-me algo

—Ah, sim, Kurosaki-kun. —Orihime assentiu, um tanto envergonhada. —É que... bom, eu gosto de você, Kurosaki-kun. —Ela sentiu um peso sair de seus ombros; no entanto, a expectativa ainda sufocava o seu âmago.

Ichigo piscou um monte de vezes.

—Eu também gosto de você, Inoue.

As palavras pairaram no ar... No entanto, Orihime sabia que não eram as certas. Aquela opressão a empurrou para baixo, e ela sentia-se deitada e presa no chão.

—Não desse jeito, Kurosaki-kun. —ela disse, muito suavemente; sua voz vacilou um pouco, baixinha, mas foi o suficiente para Ichigo ouvir. Orihime sabia —lá no fundo, sempre soube —que Ichigo não gostava dela daquele jeito. O tom de voz dele o denunciava. Inoue era apenas uma amiga para ele. —É que, quando olho para você, e vejo seus olhos... Você é muito corajoso, sabia Kurosaki-kun? É forte de um jeito que eu nunca conseguiria ser. E tem um coração tão bom... Eu amo você, Kurosaki-kun, e queria que pudéssemos juntar nossos corações, sabe, como se fosse um, uma só alma.

Ichigo ficou olhando para ela em tom de alerta —se ela o tivesse estapeado, ele agora teria se recuperado muito mais rápido. Em seguida, ficou constrangido; tentou colocar a mão nos bolsos, mas desistiu depois de algumas tentativas, lembrando-se que não tinha nenhum bolso. As bochechas estavam mais vermelhas do que as dela, e então ele virou para a cabeça para o lado, escondendo um dos lados do rosto.

—Desculpa, Inoue. —ele disse, com uma voz rouca, baixa e um pouco triste. —Eu tô com a Rukia agora; lamento muito mesmo, você é uma menina incrível.

Inoue achou que seus tímpanos haviam estourado; foi horrível. As lágrimas já estavam em seus olhos, mas ela se esforçou para que não caíssem.

—Você gosta dela mesmo, Kurosaki-kun?

—Gosto muito. —ele respondeu, de um jeito gentil. —Ela é a mulher da minha vida. —ficou olhando para Orihime. —Inoue, você também vai arrumar alguém que te considere a mulher da vida. Não vai ser muito difícil, porque você é maravilhosa, só espere mais um pouquinho, está bem? —Ichigo apertou as mãos mornas de Orihime, que pareciam, agora, um peso morto para ela. —Eu lamento muito, de verdade.

Ele largou suas mãos dela e desceu a duna, meio andando meio escorregando pela areia. Inoue esperou Ichigo estar bem longe para que não visse as lágrimas escorrendo por seu belo rosto, se por um acaso ele virasse para trás —ele não virou.

[...]

Ulquiorra poderia ir à praia naquela manhã. Mas ele não foi. Primeiro porque acordara muito tarde (acordar cedo realmente não era a dele) e também porque iria passear mais um pouco com Neliel —que também não conseguia acordar antes das 9 horas.

Sua irmã saiu do quarto, levantando os cabelos compridos para fazer um coque. Estava com uma regata que ela mesma havia tingido, e um short curto. Sentou-se no sofá, ao lado de Ulquiorra; o moreno encarava a parede, fingindo que havia uma TV ali.

—O que você está fazendo? —Nell perguntou.

—Vendo TV. —respondeu Ulquiorra, e isso fez com que Nell risse um pouquinho, e Ulquiorra também riu, de felicidade. Ficou com vergonha de sua risada, afinal ela parecia uma tosse ou alguém se engasgando. Parou de rir, e tampou os lábios com a mão.

—Sua risada é legal, Ulquiorra! —protestou Neliel, que pegou a mão do irmão e a baixou até o colo dele.

—Uma vez ri assim no refeitório e um garoto pensou que eu estivesse me engasgando. Até berrou por socorro. —Não havia mágoa em sua voz, apenas divertimento. Ele olhava para Nell com um brilho nos olhos.

—Você está mais feliz. —observou Neliel, olhando para o irmão de um jeito centrado e afetuoso. —Comparando com antes, sua risada é fácil.

—Que merda. —Ulquiorra virou a cabeça de novo para a parede, e inspirou fundo o ar de praia. Em seguida, soltou o ar de forma deliciosa. Havia algo de puro e rejuvenescedor naquela praia; ela era linda.

—Eu também estou mais feliz. Karakura me fez bem á beça, Ulquiorra. Grimmjow também se sente assim. Nós melhoramos, meu irmão; Karakura é milagrosa.

—Inoue Orihime é milagrosa. —Ulquiorra soltou sem querer; mas não se sentiu envergonhado, porque a irmã não o deixou assim. Ele apenas continuou olhando para a parede, dessa vez não imaginando uma televisão; dessa vez, imaginando a praia onde seus amigos estavam.

Nell apoiou a cabeça no seu ombro. E então veio a sensação de novo —sentia-se infinito. E, dessa vez, também sentia a imortalidade correr por suas veias. Ah, era algo realmente maravilhoso! Respirou as madeixas verde-água de Nell, e se sentiu completo como nunca se sentira antes.

[...]

Orihime tinha um semblante muito diferente da viagem de ida para a praia. E o único que sabia o porquê dessa tristeza era Ichigo, que não contara nada para ninguém, e se sentia envergonhado demais para mover uma palha para ajudar Inoue.

Não dava mais para colocar a mão para fora da janela, sentir o vento da estrada penetrar sua pele e fazer ondinhas com a mão. Ela não estava mais com ânimo para isso.

Na verdade, não tinha mais ânimo para nada.

Sua vida amorosa inteira fora baseada em Ichigo, e então ele o dispensara. Dispensara porque estava namorando com sua amiga, que nunca demonstrou nenhuma gentileza ou nenhum interesse genuíno por ele. Era mais que injusto.

Mas, claro, ela nunca conseguiria odiar Rukia nem Ichigo. Continuava amando os dois.

Mas estava tão oca, porque a expectativa do sentimento que nutria por Ichigo ser recíproco havia sido pisada e jogada no lixo. Não tinha mais esperança —e, veja bem, esperança era algo muito natural na vida de Orihime —e isso a deixava incompleta.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo tá meio melancólico; não sei se é por isso, ou porque eu não escrevi legal (por isso que preciso de uma beta), mas acho que não é um dos melhores que escrevi não. Mas eu quero saber se VOCÊS gostaram, então me digam nos comentários.
Eu estou lendo um livro muito legal chamado "O Apanhador No Campo de Centeio". É um clássico norte-americano, e foi dali que nasceu a cultura das histórias terem como protagonistas adolescentes. Eu adoro esse livro porque o cara critica e fala palavrão pra caramba. Curiosamente, é o livro favorito dos psicopatas (agradecimentos á essa informação ao Spencer Reid, do Criminal Minds).
Vcs vêem a mini-série da globo Dupla Identidade? É muito legal, vale a pena conferir. Passa toda sexta as 23:00 e pouquinho. Se vocês quiserem ver, me falem nas review para mim fazer uma espécie de resenha para vocês. É sobre um serial killer psicopata chamado Eduardo, e a Vera, uma psicóloga forensce que quer pegá-lo.
Bye!