Into Your Arms escrita por AnaSabel


Capítulo 35
Capítulo 34




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Acordei com o barulho estridente de meu despertador no criado mudo me indicando o começo de mais uma semana.

Resmunguei embaixo das cobertas e estiquei o braço, estapeando o despertador e desligando-o. O silêncio retornou ao quarto e a respiração de Andrew ressonou baixinho como o vento. Virei-me em sua direção, ajustando o lençol ao meu redor e encarando suas costas nuas. Deslizei minha perna na dele, sorrindo.

– Precisamos levantar. – sussurrei, me inclinando perto de seu ouvido.

Andrew se ajeitou no travesseiro e abriu um olho, meio grogue. Suas mãos agarraram minha cintura subitamente e soltei uma gargalhada, enquanto ele me colocava para cima dele.

– Bom dia. – disse.

Abaixei meu rosto até o dele e beijei seus lábios.

– Você quase quebrou minha cabeceira noite passada e acho que tem marca de seus dedos nela.

Andrew abriu um sorriso malicioso.

– Acho que era a intenção. – murmurou. – E você gostou.

Ele ergueu seu corpo, me beijando e sentando na cama, comigo em seu colo. Seus lábios se apressaram nos meus e Andrew apertou os braços ao redor de minha cintura, pressionando meu corpo contra o seu. Apenas minha colcha nos separava.

– Temos que ir pra escola. – arfei entre beijos.

– O que é escola?

Andrew voltou a me beijar, porém empurrei seu peito, negando com a cabeça e mordi o lábio, rindo.

– Não. – falei. – Preciso me arrumar. Agora.

Andrew continuou me segurando firme em seus braços, sem indicar nenhuma brecha. Seu cabelo estava todo bagunçando, espetando para vários ângulos diferentes. Ele me fitou por alguns segundos.

– Você está nua na minha frente. Acha que irei deixar você escapar assim fácil?

Soltei uma risada e o beijei novamente, entrelaçando meus dedos em seus cabelos desarrumados. Quando ele estava distraído o suficiente, pulei da cama rapidamente com o cobertor apertado ao redor de meu corpo, porém Andrew foi mais rápido. Antes que eu pudesse me afastar da cama, ele agarrou a barra da coberta, me puxando de volta e caí em seus braços.

– Andrew. – protestei. – Preciso tomar banho.

– Parece uma ótima ideia. Vou com você.

Revirei os olhos, enquanto o sorriso não deixava seus lábios.

– É sério. – ergui as sobrancelhas e ri.

Finalmente, quando dei um último beijo em seus lábios, consegui sair da cama, apesar de um lado de minha mente – e todo meu corpo – gritassem para que eu voltasse a ele.

Tomei um banho rápido que pareceu gélido em minha pele ardente. Vesti o uniforme das líderes de torcida com um casaco azul marinho e quando cheguei à cozinha, Andrew ainda estava lá.

– Você vai se atrasar. – falei.

– Aposto que consigo chegar antes que você.

Ele abriu um sorriso e me observou, enquanto eu tomava café da manhã. Depois, peguei a pequena caixa de remédios e coloquei um comprimido em minha mão.

– Isso é pílula? – perguntou.

– Para que você está tomando isso?

– Não usamos proteção. – lembrei-o - Então, a não ser que você me queira ver grávida, preciso tomá-la.

Andrew riu.

– Até que não seria tão ruim ver isso, mas vampiros não procriam.

– E híbridos? – perguntei, apesar de já deduzir a resposta.

– Também não... Porém adoramos tentar.

Andrew se aproximou de mim, perto da bancada e depositou um beijo em meu pescoço.

– Nos vemos na escola? – murmurei, virando em sua direção.

Andrew assentiu.

– Quando você chegar, já estarei lá. – disse.

Sorri para ele e o beijei, para depois embarcar em meu Mini Cooper e seguir em direção da escola.


– Lissa! – gritou Ashley, quando atravessei o corredor até meu armário. – Não acredito que você voltou com Andrew, isso é ótimo!

– Finalmente não precisarei mais escutar você choramingando por ele – disse Sarah, vindo atrás de mim.

Soltei uma risada e me virei para elas, ao mesmo tempo em que Andrew atravessou a porta.

– Você se atrasou. – disse e agarrei a lateral de seu moletom cinza entre os dedos.

– Steven me atrasou, na verdade.

A cabeça de Ashley girou em direção a Andrew, assim que ela escutou suas palavras.

– Você falou com ele? – perguntou ela.

– Sim, mas brevemente.

– Ele achou o baile muito ruim? Quer dizer, Steve não parece gostar muito de baile de colégios...

– Pode ter certeza que ele adorou. – respondeu Andrew.

Ashley suspirou aliviada e sorriu.

– Lissa... – murmurou Sarah. – Você parece diferente.

– Eu vou indo. – disse Andrew. – Acho que vocês tem muito que conversarem.

Abri um sorriso forçado para Sarah e arregalei os olhos para Andrew. Ele soltou uma risada e me beijou. Andrew saiu pelo corredor, deixando Ashley e Sarah olhando para mim com olhos afiados como espadas, loucas por respostas.

Ashley cruzou os braços e me observou, inclinando a cabeça para o lado.

– Pois é, seu quadril parece ligeiramente mais largo. Sei bem o que é isso...

Sarah olhou de mim para Ashley e depois para mim novamente, tapando a boca com a mão.

– Lissa, eu não acredito! – Sarah quase gritou.

– Shhh. – murmurei e as puxei pelo braço, forçando-as a se afastarem das pessoas que caminhavam pelo corredor. – Falem baixo!

– Quando você ia nos contar? – sussurrou Sarah.

– Não sei. – admiti e abri um sorriso tímido.

– Você transou com Andrew! Você...

– Sarah se controle, por favor. – falei rindo.

– Vocês foram bem rápidos, hein? – disse Ashley, sorrindo. – E como foi? Conte logo!

– Foi perfeito, mas... – hesitei. - Quero guardar os detalhes só para mim, pelo menos por enquanto, se não se importarem.

Sarah assentiu e as duas se entreolharam, rindo novamente.

O sinal tocou e seguimos direto para nossa aula que se passou arrastando. Eu simplesmente não conseguia parar de sorrir. Por um momento, pensei que as pessoas pudessem acabar deduzindo o que estava acontecendo, entretanto não me importei. Eu me sentia livre e inteira novamente, tornando obsoleta qualquer pensamento anterior de ser feliz. Eu vi Dave e pareceu tão normal quanto antes. Suspirei de alívio quando ele me abraçou apertado e fez alguma piada sem graça que, mesmo assim, me fez rir.

Na última aula, antes do intervalo, terminei o teste de história e sai da sala mais cedo. O corredor estava estranhamente vazio e silencioso. Coloquei meus cadernos no armário, que já estava entulhado, e fechei a porta com um barulho ensurdecedor. Virei-me, esbarrando em Andrew. Dei um pulo, colocando a mão na testa.

– Andrew! Você quase me matou de susto.

Um sorriso preguiçoso contornou seus lábios.

– Você está matando aula? – perguntei.

– Digamos que já frequentei bastantes aulas sobre química quântica. Estava entediado e resolvi sair da aula.

Eu ri.

– Deveria saber que você era um mau exemplo. – murmurei.

– Pensei que talvez pudesse achar algo mais interessante aqui fora, e olha o que encontrei...

Andrew se aproximou em minha direção até fazer minhas costas baterem contra os armários. Ele colocou uma mão em cada lado de minha cabeça e seus olhos me fitaram por longos segundos. Andrew estava perto demais e eu não confiava em mim quando ele se aproximava daquele jeito, pressionando meu corpo, enquanto meu peito subia e descia de forma instável, e meu coração batia descompassado. E seus olhos; encaravam-me com tanta ternura e desejo que não pude evitar agarrar sua cintura.

– No que está pensando? – perguntei.

Andrew mordeu o lábio lentamente.

– Só sei que, agora, quero tirar toda sua roupa no meio desse corredor, te jogar em uma dessas salas vazias e beijar todo seu corpo, enquanto os outros alunos ouçam, desejando ser a gente.

A cada palavra, Andrew se aproximava mais de meu rosto, os olhos grudados nos meus e arquejei apenas por ouvir suas palavras que me causaram calafrios por todo o corpo.

– É uma péssima ideia, não é? – sussurrou.

Abri a boca para responder, porém nenhuma palavra saiu. Andrew molhou os lábios com a língua, deixando a boca entreaberta e aumentando ainda mais a tensão que havia entre nós. Então, o sinal tocou, tirando-nos de nosso torpor. Andrew afastou-se somente o suficiente para que eu pudesse escutá-lo.

– Salva pelo sinal.

Seus lábios se abriram em um sorriso e ele saiu pelo corredor. Repousei a cabeça no armário, tentando colocar oxigênio o suficiente em meus pulmões, mas parecia impossível.

Ele só podia estar querendo me matar.

– Você está bem? – perguntou Ashley.

Assenti, ainda desorientada.

– Vamos comer. – murmurei.

Depois do intervalo, as aulas conseguiram passar ainda mais lentamente e meus dedos tamborilavam na mesa em sincronia com o barulho do relógio. Assim que o sinal bateu, fui para casa. Arrumei a louça que havia deixado do café, troquei a roupa de cama e organizei meu quarto. O quarto de tia Rose permanecia intacto e apenas abri uma pequena fresta da janela para deixar o ar circular. Joguei algumas peças de roupa dentro de uma bolsa e antes de sair, liguei para minha tia informando-a que estava tudo bem e que estava com saudades. Ela respondeu animada, como sempre, contando as pequenas novidades. Desliguei o telefone rapidamente e saí, trilhando o caminho de ruas que já me era conhecido.

O sol de primavera brilhava forte sobre minha pele, enquanto eu atravessava o jardim da frente da casa de Andrew. Dei pequenas batidas na porta, porém ninguém atendeu. Testei a maçaneta e a porta abriu facilmente. Adentrei a casa que me pareceu ainda mais bonita de dia, com a luz de fora iluminando toda a sala através dos vidros.

– Andrew?

Não houve respostas.

Deixei minha bolsa no sofá e parei em frente às portas, observando o labirinto verde e extenso que se seguia diante de mim. Uma leve brisa entrava pela janela e banhava meu rosto como se estivesse me acariciando. Fechei os olhos contemplando o momento, me lembrando em como os dias frios havia me feito sentir falta daquilo.

Mãos quentes deslizaram por meus braços e pairaram na base de minha cintura. Seus dedos afastaram o cabelo de meu ombro direito e beijaram meu pescoço, delicadamente.

– Você chegou. – Andrew murmurou e beijou perto de minha orelha.

Me virei em sua direção para fitar seus olhos e segurei seu rosto entre as mãos.

– Seria errado dizer que senti sua falta? – perguntei.

Andrew sorriu e sua cabeça negou.

– Eu também senti a sua.

Seus lábios tocaram os meus leves e provocantes, e seus olhos me observaram atentamente.

– Eu gosto desse uniforme.

– É mesmo? – ergui as sobrancelhas.

– Só não gosto do fato de você chamar além da minha atenção com ele.

– Ainda bem que só você pode tirá-lo. – sussurrei.

– É, - ele inclinou-se em minha direção. – acho que isso me conforta um pouco.

Sua boca encontrou a minha, primeiro de uma forma suave, porém isso não durou muito tempo. Não tínhamos mais controle sobre nossos corpos quando estávamos juntos. Tudo parecia explodir e se desintegrar quando suas mãos passeavam por meu corpo. Os sentimentos caóticos se misturavam e a única coisa que eu conseguia pensar era em como seu corpo era quente, sólido e em como nos completávamos de uma maneira quase impossível. Não havia outra saída, somente me entregar.

Andrew me empurrou levemente contra o sofá e ele caiu sobre mim no pequeno espaço que tínhamos.

– Acha que deveríamos terminar o que começamos hoje de manhã? – perguntou.

Tirei a blusa vermelha do uniforme e seus lábios desceram por meu pescoço, atravessando meu peito, minha barriga, até o cós de minha saia, beijando cada centímetro de pele que conseguia, lembrando-me do que havia falado hoje mais cedo.

– Aham. – foi a única coisa que consegui murmurar, minha voz saindo como súplica.

Envolvi seus quadris com minhas pernas, o puxando com força e fazendo sua boca esbarrar na minha. Não havia uma parte de meu corpo que não o tocava. Eu sentia sua respiração pesada e instável em ritmo com a minha, soprar em minha clavícula, enquanto meus dedos se envolviam com força nas mechas de seu cabelo.

– Você ficou sabendo que... – a voz desconhecida falhou por alguns segundos. – Acho que estamos interrompendo algo.

– Ora, ora. – a voz de Steven soou alta na sala. – Que sorte a minha interromper uma cena de tórrido sexo.

Andrew parou de me beijar automaticamente e me encolhi embaixo de seu corpo, tapando o rosto com as mãos, as bochechas fervendo. Ele ergueu a cabeça para olhar em direção a porta.

– Ahm. – murmurou. – Me desculpe Lincoln, só estávamos...

Meus olhos se arregalam.

Lincoln.

– Sei muito bem o que estavam fazendo. – ele soltou uma risada breve. – Vou dar alguns minutos para vocês.

Ouço os passos deixarem o cômodo e encarei Andrew.

– Aquele era seu tio? Meu Deus, aquele era seu tio! O que ele vai pensar de mim? Eu nunca o conheci e ele logo me vê desse jeito.

Andrew soltou uma risada.

– Não tem graça! – falei.

Empurrei sua barriga com os pés e vesti minha blusa jogada no chão. Passei os dedos entre os cabelos, tentando mantê-los alinhados e me levantei rapidamente.

– Ei, - murmurou Andrew. – está tudo bem. Não há nada de errado nisso.

– Está querendo dizer que não sou a primeira que seu tio vê você beijando no sofá? – minha voz saindo irritada.

– Não estou dizendo isso, apenas que não precisa se preocupar.

Respirei fundo.

– Certo. – concordei.

Andrew beijou minha bochecha e a porta se abriu novamente.

– Entrando...

O homem que entrou seguido por Steven usava uma calça jeans surrada e uma camiseta marrom. Seu cabelo era castanho escuro um pouco grisalho nas laterais e seus olhos eram igualmente castanhos. Uma barba rala contornava seu rosto e a princípio não percebi nenhuma característica parecida com Andrew, além do maxilar levemente acentuado. Ele podia ter uns 40 anos e observei alguns pés de galinha surgirem perto de seus olhos quando ele sorriu para mim e Andrew.

Andrew pegou minha mão e me guiou até perto da porta.

– Lincoln, essa é Lissa. – disse Andrew.

Eu abri um sorriso acanhado para ele, enquanto Lincoln me oferecia sua mão e a apertei.

– É um prazer finalmente conhecer a Lissa que colocou Andrew nos eixos. Na verdade, estava com medo de você ser qualquer outra e no fim eu ter que cuidar da bagunça, enfim...

Eu ri.

– O prazer é meu.

– Esse é o tipo de comentário desnecessário. – murmurou Andrew.

Lincoln foi para a cozinha, carregando algumas sacolas de mercado e o seguimos. Ele deixou as sacolas na bancada e começou a retirar o que havia dentro delas.

– Vocês estão com fome? Steven me obrigou a comprar waffle. – Lincoln parou o que estava fazendo por alguns segundos e franziu as sobrancelhas - Por que diabos eu tenho que ficar alimentando dois marmanjos?

Eu, Andrew e Steven soltamos uma risada e Lincoln continuou a pegar os ingredientes. Nós três sentamos nas banquetas da bancada, enquanto observávamos ele fazer os waffles.

Steven se aproximou de mim e cutucou meu braço.

– Já quebraram quantas camas? – sussurrou.

Revirei os olhos, tentando manter a expressão séria, entretanto era quase impossível com os olhos escuros me encarando sarcasticamente e o sorriso presunçoso em seus lábios.

– Não é da sua conta. – retruquei.

– Isso quer dizer que já quebraram alguma?

Meus lábios se curvaram.

– Suas bochechas coradas podem tentar me enganar, mas você sabe que tive razão quando disse que não conseguiria se separar de Andrew depois de... Você sabe.

– Steve... – Andrew tentou reprender Steven, mas acabou rindo. – Você não deveria sair por ai falando esse tipo de coisa.

– O que falei de errado? – perguntou. – Você sabe que estou certo.

Steven levantou as sobrancelhas, sorrindo e seus olhos pairaram em mim novamente.

– Sim, Steven, eu transei com ele. – minha voz saiu alta demais no cômodo. - É isso que quer ouvir?

Andrew olhou em minha direção com a testa franzida. A risada de Steven ecoou pela cozinha.

– Na verdade, isso eu já sei. Só queria ver você baixando a guarda de menina certinha e admitir de uma vez.

– Não sou “certinha”. – protestei.

– Talvez eu esteja começando a me convencer disso com a cena de vocês dois juntos hoje.

– Duvido que você pega Ashley daquele jeito. – disse Andrew. Olhei de cara feia para ele, porém um sorriso bobo e irritante contornava seus lábios.

Steven pigarreou.

– Não esqueça quem ensinou você.

– Vocês poderiam, por favor, parar de falar nisso? – perguntei.

– Não está mais aqui quem falou. – Steven ergueu as mãos na defensiva. - Só vou me desculpar por ter interrompido, já que você parecia tão eufórica...

Uma nova gargalhada saiu por sua garganta e o empurrei com força da banqueta, fazendo-a sacudir. Lincoln se aproximou e colocou o prato com waffles sobre a bancada.

– Vocês poderiam ser mais discretos? – perguntou Lincoln.

– Ninguém resiste ao charme Ashford e Whittemore. - as sobrancelhas de Steven se ergueram e ele mexeu na gola da camisa.

– Ah meu Deus, feche isso!

Steven e Andrew riram, enquanto Lincoln despejava um waffle em meu prato.

– Obrigada. – murmurei, sorrindo.

Cada um se serviu e comemos apressadamente, sem espaço para risadas ou qualquer conversa prolongada. Por fim, Andrew e Steven saíram da cozinha e ajudei Lincoln com a louça. Ele as retirou da bancada, enquanto eu seguia para a pia. Lincoln não protestou e quase pude ver o alívio em seu rosto por não ter que agir como uma mãe, cuidando da cozinha.

– Estou feliz que esteja aqui. E não é só por causa da louça, apesar de isso ser muito bom também. – ele confessou e soltei uma risada baixa. – Mas Andrew está estável novamente.

As palavras me pegaram um pouco de surpresa e meu sorriso se desmanchou.

– O que exatamente aconteceu quando eu... quando terminei com ele? – perguntei insegura.

Ele encostou-se a pia, fitando o chão, parecendo medir suas palavras e hesitou, antes de responder.

– Pode me dizer. – encorajei-o.

– Digamos que o estoque de bolsa de sangue dele estava terminando mais rápido. Ele bebia mais do que o normal por dia, a raiva era maior. Andrew não se tornou um monstro, ele nunca deixaria chegar a esse ponto, mas aquele sentimento obscuro era visível em seus olhos, como se um demônio estivesse ao lado de sua mente, cutucando, apenas esperando ele vacilar mais uma vez. Nesses momentos, Andrew se torna fechado demais. É disso que tenho medo. – Lincoln soltou um suspiro pesado. – Vê-lo com os nós dos dedos sangrando, depois de socar uma árvore até derrubá-la ou ter que limpar cacos de vidros na varanda, me fazia sentir inútil, não havia nada que eu pudesse fazer. Andrew é meu sobrinho, porém eu o criei como um filho. É bom saber que ele está vivo novamente.

Assenti, sem ter nada para falar. Lincoln ofereceu um pequeno sorriso para mim e retribui.

– Terminei. – disse depois de alguns minutos, apesar de que minha garganta estar fechada e um bolo tivesse se formado em meu estômago.

Caminhei até a sala com as pernas um pouco bambas pelas palavras de Lincoln e me joguei no sofá ao lado de Andrew. Encarei seus olhos por alguns segundos, engolindo em seco.

“É onde meus demônios se escondem”

Desviei os olhos e encostei a cabeça no sofá, fitando o teto de madeira. A sensação de culpa que tomava meu corpo era tão pesada sobre mim, que quase consegui vê-la me comprimindo.

– Qual o problema? – Andrew perguntou com a voz suave e se ergueu em minha direção.

Apertei os olhos.

– Eu sinto muito. – sussurrei.

– O que...

Ergui-me subitamente em sua direção e suas palavras se perderam.

– Eu fui egoísta. Egoísta o suficiente para achar que apenas eu estava sofrendo com toda essa bagunça. Eu estava tão ferida, mas tão enganada ao mesmo tempo. – engatei meus dedos nos cabelos e repousei a testa na palma de minha mão. Fechei os olhos, vacilante. – Você me amou porque sou frágil, quando eu pensei que era forte.

– Lissa. – Andrew me repreendeu.

– Não. – olhei para seus olhos que me acariciavam em silêncio. - Não diga como se a culpa não fosse minha. Eu sei que você ouviu o que Lincoln disse.

Peguei sua mão entre as minhas e acariciei os nós de seus dedos como se seus ferimentos ainda estivessem ali.

– Ele estava certo. – sussurrei. - E eu sinto muito.

As pontas de seus dedos roçaram meu maxilar, segurando meu queixo e levantaram meu rosto. Andrew fitou meus olhos marejados e um pequeno sorriso brotou em seus lábios.

– Liss, - ele murmurou, se aproximando. - Lincoln não disse aquilo para fazer você se sentir culpada, e sim, pra você saber o quanto eu preciso de você. – Andrew suspirou. - Eu não sabia que estava perdido até você me encontrar. Você é a única coisa certa na minha vida e minha única cura. Eu posso ter te salvado da morte, mas você me salvou de uma vida de arrependimentos, uma vida vazia e tenebrosa. Você me salvou.

Eu somente o fitei por alguns momentos, pensando em como um dia fora capaz de abandoná-lo. Eu o fitei; o eterno mistério da veemência em seu olhar.

Ele me mudou.

Inclinei-me lentamente em sua direção e saboreei seus lábios, sentindo a delicada pressão deles em minha boca entreaberta. Suas mãos se fecharam ao redor de meu rosto e não havia nada além de eu, ele e nosso amor intenso e frágil. Repousei a cabeça na curva de seu pescoço e seus braços apertaram-se ao redor de meu corpo, acalentando-me.

– Só não se atreva ir para longe de mim. Fique em meus braços.

– Eu te amo. - sussurrei.

Aninhei-me contra o peito de Andrew como se ele fosse algo que pudesse sumir a qualquer instante. Ele era como um sonho, muito além das minhas expectativas.


A tarde se seguiu lentamente e silenciosa, somente com algumas risadas provindas dos comentários de Steven e da TV ligada. Não larguei Andrew por um minuto. Éramos como imãs; ele se movia, eu me movia. Escutei Steven conversar com Ashley no celular e Lincoln procurar incansavelmente algo bom para assistir.

Quando o sol já estava desaparecendo no horizonte por entre as árvores do jardim, a porta bateu. Olhamos-nos por alguns instantes, percebendo como aquele fato era estranho e improvável. Lincoln não se demorou em levantar do sofá e abrir a porta. Mesmo esticando o pescoço, não consegui identificar quem era, porém o corpo de Lincoln era rígido e seus dedos seguravam a porta com força.

– Andrew... – murmurou. – Talvez você vá ficar interessando em quem é.

Andrew se levantou e segui seus movimentos, com os braços embaraçados ao redor do seu. Ao chegar à porta meus pés travaram. Por um momento meus olhos não conseguiram acreditar, entretanto as semelhanças eram óbvias.

Um pequeno sorriso moldava seu rosto fino, enquanto os cabelos castanhos desordenados caiam sobre seu rosto, pela brisa, e seus olhos verdes – idênticos aos meus – encaravam Andrew, como se ele fosse apenas o que enxergasse e não houvesse mais nada que pudesse ver.

Impossível.

Uma garota que saiu de um sonho; de outra vida.

Brooke.


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Notas finais do capítulo

Acho que demorei um pouco, me desculpem!
Esses momentos Lisdrew abalaram minhas estruturas e sim, Brooke voltou, ressurgiu das cinzas hahaha
Espero que tenham gostado do capítulo e comentem, por favor. ♥



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