Second Chance escrita por Lady Salvatore


Capítulo 12
Capítulo 12 - A última joia da família, parte 2


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Estou um pouco atrasada, mas cheguei!
Eis aí a parte final do capítulo sobre a Sophie.
Espero que curtam a viagem e as surpresinhas!



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* Sophie *


Acordei perto do horário de almoço, pois havia chegado à cidade durante a madrugada. Levantei me sentindo a pior das criaturas, pois o cansaço ainda me dominava. Após um longo e revigorante banho de banheira, me vesti e desci para almoçar. Ao passar pela recepção, o rapaz me entregou um recado da equipe de limpeza, avisando que o trabalho havia sido concluído e que a casa já estava habitável.

Empolgada com a boa notícia, fui às compras logo depois do almoço. Precisava providenciar lanternas, pilhas, velas, fósforos, pães, biscoitos, frutas, manteiga, queijo, presunto, geléia, leite, água potável, café e tudo o mais que fosse necessário para um jantar e um café da manhã decentes, além de artigos de higiene pessoal.

Após arranjar tudo o necessário, voltei ao hotel para pegar algumas roupas. Aproveitei e tomei um banho rápido, afinal, na casa da fazenda não havia chuveiro, e para o caso de eu e a tina de banho não nos entendermos, eu não estaria assim tão suja.

Pouco mais de 1 hora depois, eu já estacionava em frente aos velhos portões da propriedade Salvatore. Desembarquei para abri-los, voltei para o carro e o conduzi alguns metros além dos portões, desembarcando novamente para fechá-los e trancá-los. Minutos depois, estava em frente a casa. A equipe que contratei fez um excelente trabalho, o jardim estava impecável e a parte externa da casa incrível.

Desembarquei novamente do carro e entrei na casa, e o que vi me surpreendeu. Me senti voltando no tempo, era como cair de pára-quedas no século XVI. Nada mais de poeira e teias de aranha. Os móveis e objetos estavam impecáveis, os vidros das janelas, agora limpos, revelavam belos vitrais, e o grande candelabro parecia novo, de tão reluzente. Passei pela cozinha, sala de jantar e despensa, me admirando com cada novo detalhe que havia sido revelado após a faxina. Meu queixo caiu ao entrar na biblioteca, pois estava impecavelmente limpa e organizada, me permitindo perceber a grande quantidade de diários da fazenda, maior do que eu havia suposto. Após alguns minutos, subi para verificar os quartos, e todos estavam tão impecáveis quanto os demais cômodos. Até mesmo os colchões das camas haviam sido trocados, e as cortinas e roupas de cama novas eram do jeito que eu havia pedido.

Voltei até o carro para buscar minhas compras e minha mochila. Após deixar a caixa com os mantimentos na cozinha, subi para guardar a mochila num dos quartos, e automaticamente, meus pés me levaram até aquele primeiro quarto que visitei no primeiro dia. Deixei a mochila sobre a cama e me dirigi à janela, a fim de admirar a vista, que, diga-se de passagem, era linda. Após alguns minutos, e uma rápida olhada no espelho, em que vi apenas meu reflexo, desci ao primeiro andar e me dirigi à cozinha para buscar velas e um pacote de biscoitos, e dali fui para a biblioteca.

Após correr os olhos pelos vários volumes, um deles me chamou a atenção. Puxei uma cadeira e subi nela para poder alcançar o livro. A capa era de couro, num tom bem escuro de vermelho, as letras floreadas eram douradas e o título, bastante sugestivo: “La Bibbia Salvatore”. Comecei a folheá-lo e pude ver a história da família descrita ali, desde meados de 1300. Ali estavam anotados as datas de nascimento, de casamento, de morte, os nomes dos descendentes e qualquer outra coisa relevante sobre algum membro da família. Após um punhado de páginas, li uma anotação que me chamou a atenção: “Sofia Salvatore – nascida a 19 de janeiro de 1425.” Seria apenas uma estranha coincidência a menina que assombrou os sonhos de minha mãe ter o mesmo nome de um de nossos antepassados, ou teria algum outro significado? Curiosa, corri os olhos pela página, e logo abaixo uma nota sobre um noivado, pude ler o seguinte: “Sofia Salvatore – falecida a 20 de agosto de 1442, vítima de ataque animal.” Estremeci ao constatar que ela havia morrido tão jovem, afinal, ela tinha a minha idade, deveria ter sonhos, planos, amigos, amor... e tudo lhe foi arrancado de forma tão drástica.

Cerca de uma hora depois, fechei o livro e me dirigi ao quarto. Estava exausta e precisava dormir. Coloquei um pijama confortável e caí feito uma pedra na cama.

Acordei cedo na manhã seguinte me sentindo revigorada. Desci para o andar inferior ainda de pijama, pois precisava de um banho. Fui até a cozinha e agradeci mentalmente por ver que o caixote de lenha estava abastecido. Após alguns minutos para acender o fogo do fogão à lenha, me concentrei em buscar água no poço para o banho. Depois de algumas viagens entre o poço e a cozinha, e de esperar que a água estivesse aquecida, pude enfim relaxar com aquele banho morno.

Uma hora e meia depois, eu já me encontrava a caminho do Jardim Botânico da Universidade de Torino. Fui muito bem recebida ao chegar, mesmo não tendo agendado a visita com antecedência. Um dos professores, um charmoso senhor de mais ou menos 40 anos chamado Giancarlo, se ofereceu para me acompanhar em minha visita, e fez questão de contar um pouquinho da história do lugar. O Jardim Botânico foi fundado em 1792, resultado de um decreto de Vittorio Emanuelle II, e financiado com o apoio de algumas das famílias mais tradicionais da cidade, inclusive os Salvatore. Saber disso me encheu de orgulho, era bom saber que algumas pessoas dessa família eram seres de visão! Giancarlo me levou para conhecer a biblioteca e as estufas, almoçamos juntos na cantina da universidade, e depois me conduziu por um tour pelos herbários. Ele me explicou que, originalmente, contavam com 40 mil exemplares nos herbários, e que atualmente, ultrapassavam os 700 mil, sendo considerado o segundo maior herbário da Itália, ficando atrás apenas do de Florença.

Quando dei por mim, a tarde já estava chegando ao fim. Me despedi de Giancarlo e me dirigi para casa, passando antes no mercado para comprar pizza e refrigerante.

Cheguei com o Sol quase posto. Larguei as compras na cozinha e corri para buscar água no poço antes que a escuridão ganhasse o céu, afinal, precisava de um banho. Após alguns minutos de correria, e de mais alguns esperando a água aquecer, me esparramei na tina e relaxei, só saindo depois de estar com os dedinhos murchos.

Após meu delicioso jantar, voltei à biblioteca. Depois de muito olhar e remexer nas estantes, encontrei um exemplar de “I viaggi di Gulliver” datado de 1756. Eu nem fazia ideia de que “As viagens de Gulliver” havia ganhado tradução para a língua italiana até encontrar o tal livro. Mergulhei na história e nem vi o tempo passar. Só me dei conta da hora avançada quando meus olhos se tornaram tão pesados que mal podia mantê-los abertos. Larguei o livro e me arrastei escada acima até meu quarto.

Nos dias que se seguiram, repeti o ritual de banho – café – passeios – banho – jantar – biblioteca - cama. Visitei os diversos castelos que pertenceram à monarquia Savoy, hoje listados como patrimônio da humanidade pela UNESCO: “La Viçarei Reale”, a antiga residência de verão dos Sabóia, o “Castello di Rivoli”, um imponente edifício barroco desenvolvido em 1718, a “Pallazzina di CAccia di Stupinigi”, que abriga o Museu de Arte e Decoração, o “Castello di Moncalieri”, que remonta ao século XIII, o “Castello Ducale de Angliè”, desenhado por Amadeo di Castellamonte, o “Castelo de Racconigi” e o “Castelo de Cavour Santena”. Também aproveitei para visitar o Castelo Medieval no Parque Valentino e a vila onde ele está instalado.

Após mais um dia cansativo, tudo o que eu mais desejava era uma boa noite de descanso, mas mesmo depois do banho e do jantar, eu ainda não tinha sono. Recorri à biblioteca mais uma vez, e como já havia terminado de ler “As viagens de Gulliver”, fui à caça de algo interessante. Depois de subir e descer mais de uma dúzia de vezes pela escada (que pertencia à despensa, mas que me era mais útil na biblioteca), encontrei um velho livro que chamou minha atenção. Sentei-me confortavelmente no sofá e analisei a capa. O título original era em latim e dizia “Lemegeton Clavívula Salomonis”, e logo abaixo dele aparecia o título em italiano: “La chiave minore di Salomone” (A chave menor de Salomão). Tratava-se de um livro antigo, datado do século XVII, que continha descrições detalhadas de demônios e as conjurações necessárias para invocá-los e obrigá-los a obedecer ao conjurador. Após ler algumas páginas e me impressionar com certos detalhes e gravuras, resolvi ir para a cama.

Para minha total infelicidade, meu sono foi repleto de pesadelos, com seres estranhos tentando me capturar e me oferecer em sacrifício. Acordei me sentindo um trapo e resolvi deixar a s visitas que faria hoje para depois do almoço.

Como estava sem a menor vontade de ficar enfurnada dentro de casa, resolvi dar umas voltas pela propriedade. Cerca de 1 hora depois resolvi retornar para casa,e ao me aproximar, vi algo brilhando através da janela de um dos quartos. Curiosa, corri escada acima para descobrir do que se tratava. Entrei no segundo quarto e logo vi o que estava brilhando ao Sol: a moldura de um quadro. Me aproximei e notei que ele estava torto. Ao tentar endireitá-lo, ele caiu da parede comum estrondo. Imaginem minha surpresa ao descobrir um cofre na parede! Como não possuía nenhum tipo de tranca, eu o abri. Ali, apenas uma folha de papel bastante antiga e amarelada, e desenhada nela, um casal de adolescentes e um garotinho de mais ou menos 4 anos. Eles eram muito parecidos um com o outro, e todos estampavam belos sorrisos. No verso da folha, uma identificação: “Il bambini Salvatore: Alfredo, Sofia e il piccolo Giuseppe” (As crianças Salvatore: Alfredo, Sofia e o pequeno Giuseppe). Eles eram irmãos, por isso eram tão parecidos! Mas o que mais me surpreendeu foi o fato de Sofia e eu sermos muito parecidas. A única diferença que eu podia notar era a expressão facial. Ela parecia tão doce e delicada... Muito diferente de mim.

Permaneci sentada no chão com o desenho em mãos por longos minutos, tentando absorver o fato de ser parecida com alguém que morou nesta casa há mais de 500 anos. Passado o choque inicial, me levantei e cambaleei até a cama, me jogando sobre ela. Estava me sentindo tão desnorteada com aquilo que nem percebi em que momento adormeci.

Acordei horas mais tarde com a brisa batendo em meus cabelos. Me levantei devagar, deixando o desenho sobre a cama, e fui até o cofre, a fim de recolocar o quadro em seu devido lugar. Mas ao olhar para dentro do cofre, algo me chamou a atenção, a cor da madeira do fundo do cofre era diferente da madeira das laterais. Ao colocar minhas mãos lá dentro, descobri pequenas frestas no fundo, e só então percebi que aquilo não era o fundo do cofre, mas uma caixa de madeira.

Tirei-a cuidadosamente de seu abrigo e fui sentar-me na cama. Me deparei com um veludo negro ao abri-la, e escondida sob o tecido, uma bela pulseira. Peguei-a com cuidado para poder analisá-la melhor e me admirei com sua beleza. Mas havia mais alguma coisa dentro da tal caixa: uma carta. Coloquei a caixa e a pulseira sobre a cama e abria afolha amarelada com muito cuidado. Nela, perfeitas letras floreadas formavam a seguinte mensagem:

“Tenho aqui as últimas e mais preciosas lembranças de meus irmãos, Alfredo e Sofia. O desenho em que estamos os três juntos é da época em que ainda vivíamos em Roma, e foi o único que consegui salvar da fúria de meu pai, os outros viraram cinzas. Ele retrata a época em que ainda éramos unidos, antes de Alfredo ser influenciado por pessoas sem caráter e se tornar um rapaz de atitudes duvidosas. A pulseira foi o presente que Sofia ganhou de seu noivo no dia em que se conheceram. Ela desfilava com a jóia orgulhosa, e fazia questão de mostrá-la a qualquer pessoa que fosse, como que para provar que a sorte lhe sorrira. Ela estava tão feliz, e tudo lhe foi arrancado de maneira repentina. Minha mãe nem faz ideia que estou de posse dessa jóia, pois para ela, a pulseira foi enterrada junto com minha irmã. E tem menos ideia ainda de que mantive esse retrato à salvo. Se soubesse, já teria tirado-o de mim. Por isso os mantenho em segredo. Para alguém que já perdeu tanto, as lembranças são o que te mantém são. São elas que te impedem de partir em mil pedaços e te fazem seguir em frente.”

Estava com os olhos marejados ao terminar de ler a carta de Giuseppe. Era difícil acreditar que o garotinho sorridente do retrato pudesse ter sofrido dessa maneira. Coloquei suas preciosas lembranças dentro da caixa de madeira e a lavei até meu quarto, deixando-a sobre o criado-mudo. Depois voltei ao quarto que um dia pertenceu àquele garotinho e fechei o cofre, ocultando-o sob o quadro logo em seguida.

Desci até a cozinha e fiz um lanche rápido. Após lavar a pouca louça que havia sujado, voltei ao meu quarto com uma nova ideia em mente. Troquei de roupa, peguei a caixa de Giuseppe, as chaves do carro e saí.

Minutos mais tarde, após algumas paradas para pedir informações, cheguei ao meu destino. Expliquei para a moça que me atendeu o que eu queria, e pouco tempo depois, ela entregou meu pedido. Sai dali e fui em busca de uma loja de molduras. Demorei algum tempo até encontrá-la. Fui atendida por um senhor muito simpático, e após explicar-lhe o que eu queria, ele me deu um prazo de 1 hora para que eu viesse buscar minha encomenda.

Resolvi visitar uma igreja para passar o tempo, afinal ainda me sentia um pouco atordoada, e talvez conseguisse me aquietar num lugar tranquilo. Curiosamente, a primeira igreja que encontrei foi a “Chiesa di San Giuseppe”. Entrei e me sentei em um dos bancos do fundo da igreja, analisando as pinturas, esculturas e vitrais. Passado algum tempo, senti alguém sentar-se ao meu lado. Ao verificar de quem se tratava, vi um par de doces olhos castanhos me encarando. A freira me olhava com um leve sorriso nos lábios, e estendeu uma vela azul em minha direção. Ela deve ter notado minha confusão, pois se explicou dizendo que me viu entrar na igreja e que percebeu que eu não estava muito bem, por isso havia se aproximado. Aceitei a vela que ela me ofereceu e aproveitei para contar-lhe o porquê de estar me sentindo triste e confusa. Mostrei-lhe também os “tesouros” do pequeno Giuseppe, e depois de analisar tudo com carinho, ela disse-me que talvez eu devesse usar a pulseira, que talvez eu tê-la achado não tenha sido mera coincidência. E sem ao menos me dar chance de pensar, ela pegou a jóia e a fechou em torno de meu pulso. Depois me puxou pela mão e me levou até o altar, onde me fez ajoelhar ao seu lado a acender a vela. Permanecemos em silêncio por alguns minutos observando as chamas dançarem, e então, sem dizer nada, ela beijou minha testa e saiu, indo em direção a uma porta nos fundos do altar.

Levantei-me dali um tempo depois, deixando a sensação estranha para trás. Me dirigi novamente à loja de molduras, onde peguei e paguei pela minha encomenda, e depois de um rápido lanche, voltei pra casa.

Cheguei na fazenda com o Sol já posto. Corri escada acima e me dirigi ao antigo quarto de Giuseppe. Retirei o quadro que escondia o cofre da parede e coloquei em seu lugar um dos quadros que eu havia mandado fazer hoje mais cedo. Pedi para que ampliassem o retrato dos irmãos Salvatore e imprimissem em papel especial, e depois levei à loja de molduras para que fossem emoldurados. Um desses quadros ficaria aqui, nesta casa, e o outro eu levaria para meu avô. Após ajeitar o quadro novo e pendurar o antigo em outra parede do quarto, me dirigi aos meus aposentos e me atirei na cama, adormecendo rapidamente.

Acordei cedo na manhã seguinte, antes mesmo de o Sol raiar. Após o banho e o café da manhã, saí com o carro sem destino certo. Minutos mais tarde, estacionava em frente ao antigo cemitério de Torino. E pelo que pude notar, eu não era a única pessoa a estar tão cedo por aqui. Havia um sedã preto, um Kia K9, se não estou enganada, estacionado a alguns metros do meu carro. Depois de analisar demoradamente aquele monumento de 4 rodas, atravessei os portões do cemitério.

Caminhava devagar entre as antigas lápides enquanto uma brisa suave batia em meus cabelos. Olhava atentamente para cada nome escrito nas pedras, a procura de algum de meus antepassados. E então, eu o vi. Ele me encarava com uma mistura de incredulidade e dor em seus profundos olhos escuros. Olhando naqueles olhos, pude me sentir em casa. E então, num estalar dedos, ele desapareceu, deixando-me sozinha naquele lugar. Ainda olhei em volta, procurando-o, mas não o encontrei. Só ouvi o ronco poderoso do motor do sedã rugindo para a vida e o cantar dos pneus. Sem outras opções, já que eu não sairia em perseguição a um estranho que podia muito bem ser fruto de minha louca imaginação, continuei com minha busca. Surpreendentemente, encontrei o túmulo de Sofia Salvatore onde o tal estranho estivera parado há poucos minutos atrás. Apesar de ser muito antigo, o túmulo estava em bom estado de conservação. Ao lado da lápide havia um majestoso pé de azaléias e outro bem pequeno, com suas primeiras flores. Pude ver, ao lado do túmulo de Sofia, os de Genaro, Alfredo (que pelo que entendi, também havia falecido muito jovem), Marieta e Giuseppe. Sentei-me de frente para os túmulos da família e ali permaneci por longas horas.

Já de volta à fazenda, encontrei a imagem de um antigo castelo perdida em minha bolsa. Não sei como havia me esquecido daquilo! Após um lanche rápido, embarquei no carro e fui em busca da tal propriedade da família inglesa.

Minutos mais tarde, estacionei em frente à magníficos portões. Além deles, um grande jardim estendia-se até o castelo. Desembarquei do carro e me aproximei dos portões. Estavam destrancados. Olhei em volta, procurando por algum ser vivente, mas não encontrei ninguém. Mesmo achando que não era uma atitude muito correta, cruzei os portões e me pus a caminho do castelo, admirando a sofisticação do jardim. Subi os degraus da escada da frente sem nenhuma pressa, e então parei em frente às portas da entrada. Dei um leve empurrão e, para minha surpresa, as portas se abriram. Quem, em sã consciência, deixa uma propriedade deste porte à mercê de estranhos e curiosos, como eu? Espantei essa dúvida e entrei no castelo, parando depois de três passos, assombrada por uma espécie de visão:

“– Boa noite senhorita. Como se chama?

– Boa noite, milorde. Sou Sofia. Sofia Salvatore.”

Voltei ao presente ofegante, sem entender o que havia de fato acontecido. Após o choque inicial, pude admirar o grande salão de festas, adornado com ricos e sofisticados objetos. Arrisquei dar mais dois passos e chamei por alguém, buscando algum sinal de vida. Ouvi minha voz ecoar pelas paredes, mas não obtive nenhuma resposta ao meu chamado. Mais dois passos e me vi encarando aqueles olhos escuros novamente:

“Me concederia a honra desta dança?”

Voltei a mim assustada, será que este lugar era mal-assombrado? Balancei a cabeça em negativa, repetindo para mim mesma que fantasmas não existem. Voltei-me para a porta e saí, fechando-a logo em seguida. Dei uma última olhada para o castelo e desci as escadas, correndo pelo jardim até alcançar meu carro, e saí dali sem olhar para trás.

Cheguei à fazenda ao anoitecer, após contratar uma equipe para cuidar da propriedade e de dar um último passeio pelo centro de Torino. Mal podia acreditar que pela manhã já estaria embarcando de volta para casa. Após tomar um longo banho e jantar, me pus a arrumar as malas, já sentindo saudades daqui. Corri até a biblioteca e apanhei “La Bibbia Salvatore”, pois a levaria comigo. Meu avô ficará encantado em conhecer um pouco mais sobre a história da família. Após tudo estar arrumado, ajeitei o despertador e fui me deitar.


*******

Após longas horas de viagem, cheguei à Providence, Rhode Island, também conhecida por mim como lar. Depois de pegar minhas malas na esteira, fui ao encontro de meu avô. Ele me esperava no saguão do aeroporto, e quando me viu abriu um largo sorriso. Corri até ele e fui envolvida por um forte abraço. Minutos depois, nos dirigimos para casa.

Depois de uma longa conversa, onde contei a Francesco todos os detalhes sobre minha viagem à Itália, os pontos turísticos, a fazenda, os passeios, as pessoas e etc, resolvi iniciar um novo assunto, pois algo que li na Bíblia da família havia chamado minha atenção. Perguntei se ele sabia que seu tetravô, Lorenzo Salvatore, tinha um irmão mais novo chamado Giuseppe. (Sim, outro Giuseppe!) Ele disse desconhecer tal fato, então pedi que contratasse um investigador que pudesse nos dar respostas, afinal, se houvessem familiares vindos dessa linhagem, eu não seria a “última joia da família”, como Francesco gostava de dizer, e eu gostaria de conhecê-los.

Após 5 longas semanas de angustiante espera, o investigador Mick St’John trouxe-me os resultados de sua investigação. O último registro que ele havia encontrado era de um rapaz chamado Zachary Salvatore, nascido em uma cidadezinha chamada Mystic Falls, na Virgínia.

Com essa informação em mãos, foram necessários mais alguns dias para convencer Francesco a financiar e me liberar para uma nova viagem. Mas depois de muitos choramingos, eu consegui. Eu iria para Mystic Falls.



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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Contem-me aí nos coments, por favor!
No próximo capítulo, voltamos ao esquema normal da fic, em terceira pessoa. E acho que teremos um dos Salvatore na área! =)
Bjokas... :*
e até o próximo capítulo.