Estava sentado esperando Frank voltar quando senti uma forte dor no peito. Meus pensamentos não saiam da imagem de Frank. Eu não deveria ter deixado ele sair, eu estava sentindo que ele não estava bem, então que tipo de amigo eu sou, como eu deixei ele sair naquele estado?

Fiquei por uns minutos remoendo esse sentimento de culpa que crescia cada vez mais em meu peito, até que meu celular começa a tocar.

-Alô. Por favor, eu gostaria de falar com Gerard Way, ele se encontra?

-É ele, quem gostaria?

-Boa tarde, Gerard. Eu sou o doutor Smith do hospital da 5ª Avenida e gostaria de saber se o senhor conhece uma pessoa chamada Frank Anthony Iero.

-Conheço, é lógico que eu conheço...! O que... O que aconteceu com ele? Como você sabe o nome dele?! – começo a perguntar sem conseguir me controlar, o desespero já havia tomado conta de mim.

-Calma senhor, mantenha a calma. Já que conhece ele, por favor, queira vir até aqui para podermos conversar melhor, e...

-Não! Eu não quero “conversar melhor”. Eu quero que você me fale o que está acontecendo, e...

-Bom senhor...

-Não me chama de ‘senhor’, por favor. – respondi quase sem voz, no pico da minha crise de desespero.

-Tudo bem então. Só se acalme, Gerard. Por favor... Bom, se você não pode vir para cá, então por favor comunique alguém próximo ao senhor Iero que eu gostaria de ter uma conversa. Desculpe o incômodo, é que o seu foi o único telefone que achamos na carteira dele. Boa tarde.

-Acharam na carteira dele?! COMO ASSIM? – gritei assustado ao ouvir essas palavras, mas já era tarde, o médico já havia desligado o telefone.

Não sabia o que fazer, minhas idéias e pensamentos não estavam fazendo uma ligação entre si. Sem pensar duas vezes, peguei o carro e fui correndo para o hospital.

Adentrei o local correndo, literalmente. Perguntei para várias pessoas pelo Doutor Smith e me informaram que ele estava no quarto andar, tentando localizar os parentes de um paciente.

Subi rápido as escadas, ignorando os avisos dos seguranças para não correr. Quase sem ar, localizei um médico de costas e resolvi perguntar pelo tal doutor que eu procurava.

-Erm, Boa tarde... Estou procurando o Doutor Smith e... – disse tocando nas costas do médico de leve para que ele olhasse para mim.

O médico virou-se e me encarou.

-Gerard?

-É... Mas ahn, como você sabe?

O médico parecia ser jovem. Tinha cabelos castanhos jogados um pouco no rosto e uma barba por fazer. Ele deu um sorriso de canto, suspirou e disse finalmente:

-Eu vi as fotos, Gerard.

-Ah mas que fotos, er...

-Calma, eu já vou explicar tudo, vamos nos sentar aqui. – e indicou uma poltrona.

Sentei pesado e não conseguia olhar para outra coisa além daquele que sabia algo sobre Frank e estava demorando para me contar.

-Bom, primeiro eu preciso saber qual é a sua relação com ele e dependendo da qual for eu não posso falar muito.

Tive que pensar rápido afinal, eu não podia falar ‘amigo’ pois ele não iria me falar quase nada. Mas eu também não podia deixar que ele percebesse que eu estava mentindo. Irmãos? Não... Ele perceberia pelo sobrenome. Mas eu poderia ser adotado, ou sei lá...

-Gerard? – ele acordou-me do meu transe e perguntou novamente com uma cara desconfiada – E então, qual a sua relação com Frank Anthony Iero?

-Namorados. – respondi sem pensar – É, nós somos namorados, por isso que você encontrou meu telefone. Nós moramos juntos.

O médico apenas me encarou por mais alguns segundos e suspirou.

-Bom, então você pode saber de toda a verdade. Eu sinto te informar, Gerard... Mas o seu namorado, o Frank... Está em coma.