- Outro? Quem é esse outro?

         - O Chester. Aquele cara que eu te falei que havia me trago em casa.

         - Ah, o vocalista do Linkin Park?

         - Que seja. Eu estava pensando em como ele é um idiota e em como ele conseguia me fazer esquecer do Filipe tão rápido.

         - É Mogie, as coisas estão ficando mais complicadas. Até ontem você amava o Filipe e estava sofrendo por ele, agora você o esqueceu e está pensando em outro.

         - Mas...

         Não tinha explicação. Eu estava me esquecendo do Filipe e não poderia deixar isso acontecer. Tenho que resgatar o nosso amor, custe o que custar!

                                            ***

         Acordei com sono. Bem, não podia dizer que acordei, já que não havia dormido. Foi estranho porque mais uma vez eu não encontrei Filipe lá, um mistério a ser descoberto. Olhei no relógio e vi que eram 06h10min, então, tomei banho com calma e escolhi uma roupa mais quente, já que os termômetros marcavam 16°. 

         - Bom dia mãe, bom dia Valen!

         - Bom dia Mogie!- Respoderam em uníssono.

         Me sentei a mesa e comi algumas das panquecas que Rita havia preparado. Ela podia trabalhar em uma lanchonete, mas era péssima para cozinhar. Quem é tão “inteligente” a ponto de deixar simples panquecas queimarem? Rita!

         - Amor, da próxima vez deixe que eu faça o café da manhã.- Disse Valen, manhoso.

         - Tá dizendo que o meu café é ruim?

         - Tô dizendo que é magnífico! Só que, você não precisa ficar gastando suas lindas mãos fazendo o café.

         - Ok, da próxima vez você faz.- Respondeu dando um beijinho em Valen.

         - Vou indo antes que vomite meu café aqui. Beijos!

         - Beijo Mogie!- Disseram mais uma vez em uníssono.

         Sai pela porta (não, sai pela chaminé), peguei minha Ferrari e fui para escola. Chegando lá, coloquei meus fones de ouvido e caminhei para a sala 11B já que a minha primeira aula era de matemática com a Srta. Calmon. Estava muito frio lá fora, então minha vontade de sentar embaixo das árvores do jardim foi por água abaixo. Ao entrar, vi que somente a Srta. Calmon estava ali.

         - Bom dia Srta. Calmon.

         - Bom dia Morgana.

         Me sentei na penúltima mesa da primeira fileira. O lugar de trás era para Filipe. Coloquei minha mochila na mesa de trás e encostei a cabeça na mesa até que ouvi um barulho. Era a minha mochila que havia caído e quem fez isso? Chester.

         - Esse lugar é para o Filipe.- Tentei ser natural.

         - Ah, tem o nome aqui? Acho que não.

         - Idiota.- Disse baixinho.

         Me virei para frente e vi que Mike já estava ali. O que eles estavam fazendo? Conspirando contra mim?!

         - E ai Mike!- Disse Chester

         - Fala Chester!

         Fuzilei os dois com os olhos e depois olhei para a porta esperando que Filipe chegasse. A aula começou e ele não havia chegado. Será que ele dormiu de mais? Ou será que ainda não chegou? Bom, ainda há tempo. As três mosqueteiras entraram na sala, cochixaram no ouvido da Srta. Calmon e escolheram lugares para se sentar. Theresa se sentou em frente Mike, Courtney se sentou do outro lado da sala e Jessica se sentou ao lado do Chester. Olhei disfarçadamente para Jessica, que dizia “oi” para Chester. Será que eles já se conhecem? Tanto faz, tudo que diz respeito a Chester não me interessa. Cutuquei Mike para que chamasse Theresa e ela se virou para mim.

         - Oi Morg!- Disse animada

         - Onde está o Filipe?

         - Ele não veio hoje.

         - Por quê?

         - Ele está doente.

         Ah meu Deus, meu anjo está passando mal! Eu tenho que vê-lo.

         - Será que ele aceita minha visita?

         - Claro! Isso irá fazer com que ele se sinta melhor.

         - Srtas, façam silencio.- Era a voz irritante do Chester.

         Me virei para Chester e mostrei meu dedo do meio. Ele retribuiu mostrando a língua. Sorte que a Srta. Calmon não viu. Me virei de novo para Theresa e assenti. Durante toda a aula, fiquei pensando em Filipe e porque ele ficou doente de uma hora para outra. Será que ele está sentindo minha falta? Será que ele está pensando em mim? 

         - Ei Mogie, a aula já acabou!- Vi um mão branca demais tocando meu ombro. Era o Bennington.

         - Percebi.- Peguei minhas coisas e segui para a quadra. Para minha alegria, hoje a aula seria uma explicação sobre “A origem do golfe”, mas para minha tristesa Jessica e Chester estariam lá.

         - E ai Mogie, sentindo falta do Fêh?- Era a bruxa da Jessica.

         - Sim.

         - Pois é, ele faz muita falta, ainda mais pra você que já tem uma vida chata, sem ele fica pior ainda. Ele te traz popularidade, sem ele você não é ninguem.

         Quem ela pensa que é para falar assim comigo? Estava prestes a lhe dar umas bofetadas quando alguém me interrompeu.

         - Está enganada se acha que a Mogie está sozinha.- Disse Chester, colocando seu braço em volta do meu ombro.

         - É, ela tem a gente!- Completou Mike me envolvendo do lado oposto a Chester.

         - Até parece que vocês são muita coisa.- Disse Jessica gargalhando e nos deixando ali, com a maior cara de poker face.

         - Idiota.- Disse Chester, ainda com os braços a minha volta.

         - Obrigada por me defenderem. Ah, já podem me soltar agora.

         - Ah sim.- Disse Mike, me soltando.- Vou indo, a gente se vê no intervalo.

         - Tambem vou indo.- Me soltei de Chester, já que percebi que ele não queria fazer isso.

         - Ei Mogie! Vamos sentar ali.- Chester me puxou e me levou um lado da arquibancada que ficava distante do resto do pessoal.

         Chester podia ser um chato, idiota, babaca, frio, grosso, bipolar... Mas as vezes sabia como ser legal. Sentamos e eu juro que me esforcei para prestar atenção na aula mas não foi possível. Eu sentia uma vontade incontrolável de conversar com ele e lhe fazer perguntas.

         - Chester?

         - Sim.

         - Porque seu nome é Chester Bennington?

         - Porque seu nome é Morgana Gallego?

         - Não sei.

         - Eu também não.

         - Idiota.

         Chester deu um sorriso de lado, mas mesmo assim não virou para me olhar. Me virei para frente, mas depois lhe fiz outra pergunta.

         - Você já notou que tem o mesmo nome do vocalista do Linkin Park?

         - Já.

         - Louco né?

         - Nem tanto, não curto Linkin Park muito menos o Chester.

         - Ah, eles são bons.

         - Pra você.

         - Hum, grosso.

         Ele continuava olhando para o professor. Acho que ele não estava a fim de conversar ou estava me evitando. Que garoto louco! Já citei que ele é bipolar?

         - Então você curte rock?

         Me virei para ele e vi que ele estava olhando para mim. 

          - Digamos que sim.

          - Então sua alma de rockeira está oculta?

          - Er... Sim.

          Chester deu uma gargalhada e todos olharam para nós. Inclusive Jessica, que estava com aquela cara de Olá-Eu-Sou-Uma-Garota-Idiota-Que-Finge-Gostar-Da-Namorada-Da-Minha-Paixonite-Só-Para-Se-Chegar-Até-Ele.

         - Seu namorado também curte rock?

         Me espantei com a pergunta do Chester. Eu sou namorada de um cara e nem sei o gosto musical dele!

         - Pra falar a verdade, eu não sei.

         - Ah é claro, esqueci que você é uma completa tapada.

         - Tapada? Você que é um garoto idiota que tem o mesmo nome do vocalista de uma banda de rock famosa e mesmo assim não tem nada a ver com o cara.- Ele não entendeu nada do que eu disse.

         - Que língua você fala?

         - Acho que tapadês.

         - Ah tá. Ainda bem que eu não entendo.

         Ficamos em silencio até a aula acabar, mas isso não significa que eu prestei atenção na aula. Fiquei pensando em Filipe e tentando controlar minha vontade de estar perto dele. Decidi que antes de visitá-lo iria comprar algo para ele.

          - Mogie, a aula acabou.

          - Ok.

          Me levantei da arquibancada e segui com Chester até a sala 12C.

          - Chester?

          - Sim.

          - Você é meu amigo?

          - Sim, por quê?

          - É porque eu nunca tive amigos. Agora, tenho o Filipe, a Theresa (eu acho que ela é minha amiga), o Mike e você.

          - Que bom. Mas saiba que mesmo se todos esses te deixarem, eu estarei com você, sempre.

          - Valeu!- Disse dando um abraço em Chester. O que? Eu dei um abraço no Chazy?

          - Desculpe.

          - Ok, vamos entrar.

          Entramos na sala 12C para a aula de Quimica com a Srta. Roses. Chester se sentou no fundão e eu, que estava envergonhada por causa do abraço, me sentei na frente. Nem me preocupei com a aula (minha vida escolar está um caos), só queria que acabasse logo para que eu não tivesse que ver o Chester e me lembrar do abraço, apesar dele ter dito que estaria sempre comigo. Filipe também havia dito isso e não cumpriu. Debrucei na mesa e tentei esquecer.