Parte 2
Fui até a secretária que ficava no primeiro corredor do colégio. Lá eu me apresentei como Morgana Gallego: a novata do colégio. Logo me assustei com a resposta da secretaria:

- Morgana Gallego, você é a enteada de Valentim Breslin? Porque não usa o sobrenome Breslin?

- Sim eu sou a enteada dele. Mas prefiro ser chamada de Morgana Gallego. Gallego é o sobrenome do meu pai.

- Ah sim. Bom, aqui estão os seus horários de aula. Boa sorte!        - Obrigada. Segui diretamente a sala 14 que por coincidência era a segunda sala a esquerda.

- Oi. Meu nome é Morgana Gallego e eu sou novata aqui.

- Muito bem, seja bem-vinda ao colégio e pode se sentar ali na primeira carteira.

Logo atrás de mim estava a “criatura perfeitamente linda”, mas ele não olhou pra mim e seus olhos pareciam perdidos. Meu pai disse que eu tenho um dom de percepção, então poderia compreender o que uma pessoa estivesse sentindo mesmo se estivesse calada. Resolvi me sentar senão ficaria durante toda a aula fitando aquele ser.
            A aula terminou e eu demorei muito para arrumar meus materiais tudo para poder ficar olhando para a “criatura...”. Ele organizou suas coisas e não olhou para mim. Naquele momento eu comecei a pensar que ele não tivesse gostado da minha presença no seu território então sai da escola as pressas até que uma mão macia encostou-se a mim.

- Oi Mogie! Vim te buscar no colégio.

Não podia acreditar que Valentim estava me buscando no colégio. Ele tinha um carro invejável, um Volvo preto que brilhava como o cabelo do... Preferi esquecer o desconhecido que era incrivelmente diferente de tudo aquilo que eu já tinha conhecido. Não demorou muito para Valentim começar as perguntas.

- Como foram as aulas? Eu queria dizer que haviam sido horríveis, que eu não tinha feito amigos e que queria voltar pra casa, mas preferi mentir para não magoar os sentimentos daquele homem.

- Legais.

- Aprendeu algo novo?

- Não.

- Está gostando daqui?

Não.

- Sim.

- Eu e a sua mãe estávamos pensando em te presentear com algo que pudesse te ajudar.

- Que bom.

- Nós queríamos te dar um carro.

- Que bom.

- Você sabe dirigir não é?

- Meu pai me ensinou.

- Ótimo.

- Obrigada.

- Não há de quê.

Chegamos à casa e percebi que ela estava completamente arrumada. Na minha casa as coisas não eram acostumadas a ficar arrumadas por muito tempo já que minha mãe era muito bagunceira e meu pai apesar de ser isolado tinha um quarto completamente anormal. Naquele momento eu queria dizer: “Que bom Valen! A casa está perfeita! Você é o melhor padastro do mundo!”. Mas o que eu consegui dizer foi: - Uau.