Destinos Entrelaçados escrita por teffy-chan


Capítulo 20
Capítulo 20 - Beijo




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– Muito bem, vamos continuar com o jogo então! - Utau exclamou, ignorando por completo o estado de embaraço em que Yaya e Kukai se encontravam depois de terem sido obrigados a se beijar na frente de tantas pessoas. Ela girou a garrafa com força de novo, que rodopiou até parar apontando para Rima e Kairi
– Ora que interessante... é, vocês terão que fazer isso de novo! Parece que esse é mesmo o destino de vocês hahahahahahaha! - Shiori caiu na gargalhada
– Ehhhh???!! - berraram Rima e Kairi ao mesmo tempo, ambos incrédulos
_ N-N-Nada disso, não posso fazer uma coisa dessas, não mesmo!!! - Kairi exclamou, perdendo a compostura
– Ora, então por acaso você preferia fazer isso com a outra Rainha? - insinuou Shiori, sorrindo maliciosamente
– Ei, eu já disse que não sou mais Rainha! - Nagihiko reclamou
– Pior ainda!! - Kairi gritou indignado - Eu quero dizer que não posso fazer isso com nenhuma delas!!
– Sabe, falando assim, dá a impressão de que você preferia fazer isso com algum garoto huhuhuhu... - riu-se Ikuto
– Ohh tem razão! Não tinha notado isso, que incrível percepção a sua, Ikuto-kun! - Shiori pareceu se empolgar ainda mais - É isso mesmo, menino-samurai??
– Mas é claro que não!!! - Kairi gritou extremamente ofendido - O fato é que não vou fazer isso de novo com ela e pronto!
– Sabe, na verdade não é "de novo"... quando tudo aquilo aconteceu, vocês estavam no mundo de ilusões, era como se tudo aquilo fosse um sonho, então, tecnicamente, nada daquilo acontceu de verdade - Shiori explicou
– E você só nos diz isso agora?! Bem que podia ter nos contado isso antes, hein - Rima reclamou
– Ora, eu não contei? - Shiori perguntou meio confusa
– Você só contou pra mim... mas na época eu estava tão mergulhado em problemas que não dei atenção à esse fato, muito menos lembrei de contar aos outros - Nagi falou
– Ah, é verdade... bom, de qualquer forma, é assim que funciona! Vocês nunca se beijaram de verdade, então essa pode ser a primeira vez de vocês, então caprichem! - Shiori exclamou, estendendo a caixa de pocky para Kairi
– Urgh... n-não acredito que vou ter que passar por tudo isso de novo - o Ex-Valete deixou escapar.


Ainda hesitante, Kairi retirou um palito da caixa que Shiori segurava, colocou-o na boca, e encarou Rima, ainda bastante embaraçado. Sem outra opção, a Rainha aproximou-se temerosa, e abocanhou a outra ponta do palito. Muito relutantes e evitando ao máximo se encarar, eles foram devorando o palito o mais lentamente possível. Os outros observavam a cena com atenção, prendendo a respiração de tanta ansiedade. Todos observavam em silêncio, sentindo a tensão no ar, e o único som que se escutava eram uns gritinhos ocasionais dados por Shiori, Utau e Yaya, que não conseguiam conter sua ansiedade. Logo o palito passou da metade e seus narizes se encostaram. Rima podia sentir a respiração descompassada do garoto batendo em seu rosto, e fechou os olhos com força para não ver o pior acontecer, o que não ajudou muito na verdade. Em questão de segundos, o palito chegou ao fim e seus lábios se tocaram. Kairi apoiou uma das mãos no ombro da garota, aproximando ainda mais seu corpo do dela, e Rima sentiu um arrepio percorrer todo seu diminuto corpo com a proximidade do Ex-Valete. Os demais obseravavam a cena atentos, sem piscar uma única vez: Utau, Yaya e Amu gritaram eufóricas, fazendo coro com os gritinhos histéricos de Shiori, que voltara a pular alegremente; Ikuto soltou uma risada pervertida, enquanto que Kukai teve uma séria crise de gargalhadass; E Tadase e Nagihiko acabaram por desviar os olhos, constrangidos demais com a cena diante deles.
Alguns segundos depois, Rima e Kairi se afastaram, envergonhados demais para falar alguma coisa, não conseguindo nem olhar um para o outro.


– Kyaaaa finalmente vocês fizeram até o final!! E se beijaram de verdade dessa vez!!! - Shiori ainda pulava animada, gritando euforicamente - E aí, como foi? Gostaram? A sensação foi boa? Contem tudo!!
– Acho que eles estão chocados demais pra falar alguma coisa... talvez não estejam nem te escutando - Ikuto deu uma risadinha, apontando para Rima e Kairi, que haviam se afastado o máximo possível um do outro, ainda vermelhos até as orelhas
– Ahh bem, fazer o que... acho que isso é exigir demais deles afinal - Shiori conformou-se, voltando a se sentar em seu lugar - Bom, vamos ao próximo! - ela girou a garrafa outra vez, que rodopiou por alguns segundos, até parar com a boca apontada para si mesma, e o outro lado apontado para Nagihiko
– O que?! Ahh não!! É brincadeira isso né?! Eu não vou jogar com essa lunática, não vou mesmo!! - Nagihiko levantou-se, berrando indignado
– Ahahahahaha... quem diria, hein Ex-Rainha, parece que você vai terque jgoar comigo no fim das contas - Shiori comentou com uma calma impressionante, ainda olhando pra garrafa um tanto surpresa
– É Valete!! - Nagi corrigiu pela enésima vez - E eu não vou jogar com você, não vou mesmo!! Me recuso!!
– Ei, Nagihiko... você não quer jogar com ela porque detesta a Shiori-chan ou por causa do Tadase? - Utau perguntou
– Por caus... err... p-pelos dois motivos, é claro!! - Nagihiko exclamou, atrapalhando-se um pouco para responder
– Ah, verdade? Pois pra mim parece que é só por causa do primeiro motivo - alfinetou a cantora
– Fujisaki-kun - Tadase chamou, e Nagi voltou a se sentar, se aproximando dele para ouvir melhor o que o Rei dizia - Você vai... v-vai mesmo fazer isso? Vai jogar... com a Tennousu-san?
– Mas é claro que ele vai! São as regras afinal! - Yaya respondeu pelo garoto
– Será que dá pra você não se meter?! - Nagi exclamou cansado - Olha, Hotori-kun... e-eu não quero fazer isso, não quero mesmo... você sabe a aversão que eu tenho por essa garota! E sabe também... o q-quanto eu te amo... mas...
– ... mas você vai ter que fazer, não é? - Shiori completou, sorrindo perversamente para ele
– Urgh... é, fazer o que... g-gomen nee, Hotori-kun... vou tentar acabar com isso o mais rápido possível - o Valete forçou-se a parar de encarar os olhos suplicantes de Tadase, e se aproximou da garota, ainda inconformado com o resultado do jogo
– Huhuhuhu... sinta-se honrado, Valete... se jogarmos até o final, você terá a honra de roubar meu primeiro beijo, sabia? - Shiori sorriu, dando uma piscadela para ele, e colocando um palito na própria boca em seguida
– Urgh... eu não quero ser responsável por cometer uma calamidade dessa proporção - Nagi resmungou - E você não se sente envergonhada ou desconfortável com isso não, é??
– Nem um pouco! Afinal... eu não amo você - ela respondeu simplesmente - Bem, chega de conversa, vamos começar! - Shiori inclinou a cabeça para a frente, e Nagihiko mordeu a outra ponta do palito, ainda relutante.


Nagihiko deu uma última olhada para Tadase. Ele não falou mais nada, mas ainda olhava fixamente para a garrafa, agora parada, e de lá para o palito entre os lábios dos dois, como se não conseguisse acreditar que isso estava acontecendo. O Valete viu o loiro fechar os olhos com força e desviá-los da cena, parecendo estar realmente aflito. Shiori percebeu que Nagihiko ainda estava preocupado demais com o Rei, e colocou as duas mãos nas bochechas do Valete, forçando-o à encará-la.


– Ei, esqueça o Chibi King por enquanto e concentre-se aqui, Valete - ela falou entre os dentes, com cuidado para não quebrar o palito.


Shiori deslizou suas mãos do rosto para os ombros do Valete, apoiando-as ali. Nagihiko arfou, surpreso, e corando um pouco. Para alguém que nunca tinha jogado pocky game, e que nunca tinha sido beijada, ela até que estava se saindo muito bem, e se é que alguma dessas coisas era verdade. O palito chegou na metade e, quando seus narizes se encostaram, Nagihiko se viu obrigado a desistir da esperença de que o palito quebrasse antes que o pior acontecesse. Os demais observavam a cena com ávido interesse, as garotas dando pequenos gritinhos histéricos, Rima filmando a cena e Yaya tirando fotos, enquanto que os garotos começavam a ficar com pena de Nagihiko, com exceção de Ikuto, que havia desviado o rosto da cena desde que essa rodada começara, e recusava-se à encarar os dois até que ela terminasse. Ninguém havia percebido, mas o neko parecia realmente incomodado com aquilo. Shiori imitou o gesto anterior de Nagi e também deu uma rápida olhada em Tadase com o canto dos olhos e, percebendo que ele ainda observava a cena, enlaçou o pescoço do garoto, abraçando-o, só para provocar o jovem Rei. Nagihiko corou ainda mais intensamente, podendo sentir a respiração da menina batendo em seu rosto agora e, quando faltava pouco mais de cinco centímetros para o palito chegar ao fim, e Nagi já tinha cerrado os olhos com força, apenas aguardando o pior, ouviu-se um "crec!" e Nagihiko sentiu a respiração da garota se afastando. Abriu os olhos de novo, e viu um pedacinho do palito quebrado na boca da garota à sua frente, sendo devidamente devorado logo depois.


– Que pena... eu não me importaria de perder meu primeiro beijo pra alguém bonitinho como você - Shiori falou depois de engolir sua metade do palito - Ah bem, mas acho que foi melhor assim
– Pensei que você não gostasse de pirralhos como eu - Nagi observou, erguendo uma sombrancelha
– É, não gosto mesmo, pirralhos não fazem o meu tipo. Mas tenho que admitir que você é uma gracinha de pirralho! - ela exclamou, sorrindo, e voltando ao seu lugar em seguida. Nagihiko fez o mesmo, sendo tomado por um imenso alívio em seu peito
– Que bom... que o palito quebrou, Fujisaki-kun - Tadase falou, tão baixo que apenas o Valete pôde ouvir, e compartilhando o mesmo alívio que o maior sentia. Sentiu Nagihiko segurar sua mão e sorrir timidamente, e entrelaçou seus dedos nos dele, retribuindo o sorriso
– Muito bem, vamos à próxima rodada! - Shiori exclamou, voltando a girar a garrafa, aparentemente nem um pouco abalada por ter sido obrigada a quase perder seu primeiro beijo para alguém de quem ela não gostava. A garrafa rodopiou até parar apontando para Utau e Tadase
– Ehh?! Eu?? - Utau apontou para si mesma, como se esperasse que alguém lhe dissesse que era algum tipo de piada e ela não precisaria fazer isso
– Ora, vamos, Utau-chan! Isso pode ser interessante de certa forma... talvez possa causar ciúmes em um certo alguém, quem sabe? - Yaya tentou animar a amiga, olhando de um jeito nada disfarçado para Tadase, e dele para Nagihiko
– E-Ei, espera aí! Não acho uma boa idéa o Hotori-kun fazer isso! Ou melhor, ele não pode fazer isso, não mesmo!! - Nagihiko gritou, sendo tomado por uma nova onda de despero
– Mas Nagihiko, se você teve que jogar, então por que o Tadase-kun não jogaria, hein? - Amu perguntou, erguendo uma sombrancelha
– Porque... bem... etto... p-porque não e pronto!! - Nagi exclamou meio incoerente, incapaz de encontrar um bom argumento
– "Porque não" não é motivo - Rima rebateu - Se não tem nenhuma boa razão pra isso, então eles terão que jogar e pronto
– Mas... m-mas é que eu... e-eu não quero fazer isso... v-você também não quer, não é, Utau-chan?? - Tadase indagou, meio desesperado
– Ehh?! Ah, bem... n-não, não quero - ela confessou sinceramente, sorrindo meio sem graça
– Pois vocês vão fazer, querendo ou não! - Shiori exclamou, como se estivesse dando uma ordem - Se não conseguem achar um bom motivo pra impedir essa rodada, então joguem de uma vez!
– Ahh céus... odeio admitir, mas a Shiori-chan tem razão - Utau admitiu meio inconformada - Lamento, mas nós teremos que jogar, Tadase
– Urgh... e-está bem - o loiro respondeu,tentando se conformar - Gomen nee Fujisaki-kun...
– Argh... está bem, vocês têm razão afinal - Nagi respondeu à contragosto - Apenas... acabe com isso logo - ele virou o rosto para o outro lado aborrecido
– Olhe aqui, eu quero fazer isso tanto quanto você, então vamos acabar logo com isso, ok? - Utau falou quando o Rei se aproximou dela e, pegando um palito que Shiori lhe entregava, colocou-o na boca, e Tadase mordeu a outra ponta, meio vacilante.


Os outros observavam atentamente, alguns prestando mais atenção do que outros. A câmera de Yaya voltou a entrar em ação, e agora ela apertava o botão freneticamente, tirando fotos do Rei e da cantora. Utau encarava o garoto de olhos arregalados, mal acreditando que isso estava mesmo acontecendo, ainda um tanto inconformada, e agora também embaraçada. Ao ver que o palito estava chegando na metade, ela passou a temer cada vez mais o resultado do jogo. Tadase, por sua vez, além do enorme constrangimento, também sentia uma boa dose de culpa, temendo que isso pudesse estragar sua relação com Nagihiko caso o palito chegasse até o final. O Valete, por sua vez, tentava desviar o olhar da cena, mas era em vão. Ele fechara as duas mãos com força, numa tentativa de se controlar e não arrancar aquela garota de perto do seu precioso Rei agora mesmo. Por um instante fugaz, Nagi foi invadido por uma vontade enorme de afastar Tadase daquela garota dissimulada e fazer coisas muito indecorosas com ele ali mesmo, só para lembrar á todos à quem Tadase pertencia, mas por sorte, caiu em si segundos depois, dando-se conta do enorme absurdo que acabara de pensar, afinal, se fizesse algo assim, além de criar uma enorme e constrangedora confusão, Tadase também poderia ser obrigado a jogar de novo por ele ter interrompido a rodada na metade. O Valete sacudiu a cabeça, tentando organizar seus pensamentos, e decidiu por fim virar o rosto para não ver a cena que muito provavelmente acabaria obrigando-o a fazer uma besteira.

Por sorte, nada daquilo aconteceu, pois, quando o palito mal completou seus cinco centímetros de tamanho, ele se partiu em dois. Utau engoliu sua metade feliz, e disse:


– Que bom que terminou assim, não é, Tadase? Afinal, não sou eu quem você deveria beijar! - Utau exclamou, dando uma piscadela para o garoto, e ainda sorrindo
– Eh? Ah... acho... q-que tem razão - Tadase concordou, voltando para o seu lugar também. Ele olhou de esguelha para Nagi, sorrindo sem graça, ainda sentindo-se culpado e temeroso que o Valete pudesse estar zangado com ele, mas o maior apenas sorriu de volta, um tanto desconcertado também
– Muito bem, vamos ao próximo! - Amu exclamou, agora visivelmente empolgada com o jogo, e girando a garrafa em seguida. Ela rodopiou com força, até que parou alguns instantes depois, um lado apontando para Shiori e o outro para Ikuto.


O neko olhou para a garrafa por alguns segundos, incrédulo, mas logo voltou a sorrir pervertidamente como sempre fazia. Mas a garota estava de longe bem mais perplexa do que ele. Shiori encarava a garrafa sem piscar e com a boca entreaberta, completamente chocada. Não conseguiu nem sequer corar, tamanho foi o susto. Depois de vários segundos, ela piscou, lentamente voltando à realidade, encarou Ikuto, sorrindo sem graça, e falou:


– Ano... n-não acha melhor pularmos essa rodada? Quero dizer... Ikuto-kun é meu irmão, então... isso não seria certo
– Nem vem que isso não é desculpa! Vocês não são irmãos de sangue afinal, e nem de criação, já que não cresceram juntos! - Yaya exclamou
– M-Mas... Ikuto-kun é meu irmão de consideração, assim como a Utau-chan, então... seria estranho...
– Mas o que essa Às tampinha falou está certo. Nós não temos os mesmos pais, e nem sequer fomos criados juntos. Não é um motivo razoável para não fazer isso - Ikuto rebateu - Mesmo porque, se até a Utau, que é minha irmã de sangue, já me beijou, então isso não serve como motivo
– O que??? U-Utau-chan já b-be-beijou você?! Como assim, quando foi isso?! I-Isso não estava nos relatórios da Easter!!! - Shiori gritou, completamente chocada
– Bem, isso foi há muito tempo... na época eu meio que tinha uma queda pelo Ikuto, mas isso era irrelevante para o pessoal da Easter, por isso não estava nos relatórios - Utau contou, rindo e coçando a cabeça sem graça
– Ei, você não está tentando fugir, está? Foi você quem inventou esse jogo afinal, não pode fugir da sua vez agora - Nagihiko falou - Além do mais... você não se importou nem um pouco quando teve que jogar comigo. Por que está se recusando tanto agora?
– Ah... bem... é, você tem razão. Não posso me recusar a jogar.. e se até a Utau-chan já... b-beijou o Ikuto-kun, eu não posso me recusar a fazer isso - Shiori cedeu, ainda tentando assimilar a avalanche de informações jogadas sobre ela. Ela retirou um dos palitos da caixa, colocou-o na própria boca, e encarou Ikuto, um tanto temerosa - Tudo bem, Ikuto-kun... p-pode fazer
– Então... com sua licença - Ikuto falou sarcasticamente e, sem hesitar, mordeu a outra ponta do palito.


A garota ofegou assim que ele mordeu a outra ponta, e seus lábios começaram a tremer levemente, enquanto Ikuto se aproximava cada vez mais e mais, comendo com vontade. Mal o palito chegou na metade e Shiori já tinha cerrado os olhos, apertando-os com força, como se isso pudesse impedir que o pior acontecesse. Sentiu Ikuto apoiar as mãos em seus ombros, puxando-a mais para perto, e arquejou novamente, seu rosto esquentando enquanto o coração dava cambalhotas cada vez mais violentas. Ikuto sentiu a respiração dela batendo e seu rosto e, sem titubear, acabou de vez com o que restava do palito, investindo contra ela, e selando seus lábios. Ela parou de respirar, apertando os olhos com cada vez mais força, completamente pasma, e sentindo o coração acelerando perigosamente. Ikuto deslizou as mãos pelo corpo dela, a direita enlaçando-a pela cintura, enquanto a esquerda segurava sua cabeça para o alto. Shiori deixou escapar um gemido rouco ao sentir a língua do rapaz penetrando seus lábios e invadindo sua cavidade bucal sem nenhuma hesitação. Os demais os observavam com atenção, alguns temerosos, e outros visivelmente empolgados, chegando a babar com a cena. Yaya e Utau eram algumas das que babavam, observando tudo com interesse evidente, e Rima tinha deixado sua câmera cair, tampando os olhos com as mãos em seguida, tamanho foi o choque que levou. Aparentemente isso ainda era forte demais para ela. Tadase corou furiosamente e também desistiu de tentar olhar, escondendo sua face rubra nas costas de Nagihiko, que por sua vez, tentava não desviar os olhos da cena, ainda que também estivesse visivelmente embaraçado. Vendo Ikuto fazendo essas coisas ele percebia o quanto ainda era inexperiente, e se surpreendeu ao se dar conta de como ainda era imaturo e talvez até inocente, ao contrário do que ele imaginava. Não queria admitir, mas realmente ainda tinha muito o que aprender, e pegou-se imaginando se algum dia seria capaz de fazer algo assim na frente de outras pessoas, sem nenhum pudor, como Ikuto estava fazendo agora, e também corou furiosamente ao se imaginar fazendo essas coisas com Tadase.
O oxigênio parecia estar em falta no corpo de Shiori há muito tempo, mas Ikuto parecia longe de querer encerrar aquele beijo. A mão que antes estava na cintura dela agora esgueirava-se até debaixo da saia, tocando suas pernas, e fazendo-a deixar escapar mais gemidos involuntários. Ela moveu as mãos vacilantes e agarrou-se à camisa de Ikuto com força, as mãos coladas no peito dele. Depois de explorar por completo o interior da boca da garota, Ikuto finalmente à soltou, afastando-se devagar. Ela deixou-se cair de joelhos no chão, arfando, de cabeça baixa, de modo que a franja lhe cobrisse o rosto enrubescido.


– Meu Deus, Ikuto, o que foi que você fez com a menina?! Precisava roubar o primeiro beijo dela desse jeito?! Que violência!! - Utau gritou, se aproximando de Shiori pra ver se ela ainda estava viva
– Ah, não exagera, eu só me empolguei um pouquinho - Ikuto deu de ombros, limpando um filete de saliva que escorria da boca com a mão
– "Um pouquinho"?! Você acabou com ela, seu bruto!! - a cantora exclamou, sacudindo uma mão na frente do rosto de Shiori, que não demonstrou reação alguma
– Uau, ela está acabada mesmo... não duvido nada que fique traumatizada depois dessa - Rima comentou, também observando a garota com atenção.


Ikuto observou a garota caída com mais atenção também. Pelo que dava para ver de seu rosto, ele ainda estava muito vermelho, o peito subindo e descendo rapidamente devido à respiração descompassada. Além de uma imensa felicidade e satisfação, Ikuto também sentiu uma estranha preocupação, misturada com algum outro sentimento que ele não sabia definir, nem jamais tinha sentido por nenhuma outra garota antes, mas que assemelhava-se à culpa que sentia quando era obrigado a destruir Batsu Tamas por ordens da Easter, ainda que não fizesse muito sentido para ele estar se sentindo culpado por ter arrebatado o primeiro beijo de Shiori tão brutalmente.


"- Talvez... fosse mesmo muito cedo pra isso afinal."


– Ei Ikuto, está me ouvindo?! Você praticamente abusou da garota e fica aí com essa cara de "tô nem aí", é?? - Utau gritou mais alto, despertando o irmão de seus pensamentos
– Ihh esse daí não deve estar ligando a mínima mesmo, aposto que não se sente nem um pouco culpado por ter deixado ela nesse estado - Rima acrescentou
– Ora, vamos, não é pra tanto, vocês é que são umas exageradas! - Ikuto exclamou, um tanto incomodado com o comentário da Rainha, empurrando as duas para o lado e voltando a se aproximar de Shiori - Ei, você tá viva?? Fala alguma coisa, vamos! - ele à sacudiu pelos ombros.


Depois de arquejar mais algumas vezes, Shiori finalmente se deu conta de que estava muito perto de Ikuto outra vez, e levantou-se mecanicamente, se afastando alguns passos dele. Ela o encarou assustada, o rosto inteiramente rubro, e falou:

– Ahn... etto... o chá acabou né? E-Eu preciso fazer mais... i-isso mesmo, eu vou fazer mais chá! Eu já volto! - ela recolheu a bandeja e correu para a cozinha o mais depressa que suas pernas bambas conseguiam
– Ei, o que foi isso? Ainda tinha muito chá aqui - Amu comentou
– Não é óbvio? Ela está claramente tentando fugir de uma situação constrangedora, e fingindo que está tudo bem - Nagihiko explicou - Agora ela vai se refugiar na cozinha até que consiga se acalmar, e que tenha coragem para volt...


Antes que o Valete terminasse a frase, ouviu-se um barulho de alguma coisa quebrando vindo da cozinha. Utau correu até lá para ver o que era, e viu que Shiori encarava cacos do que devia ser uma xícara, agora espatifada e em pedaços no chão, suas mãos e pernas tremendo compulsivamente, e ainda com uma expressão que misturava choque e vergonha no rosto.


– Ei, Shiori-chan, está tudo bem??
– Utau... chan. Gomen... a xícara quebr...
– Pouco me importa a droga da xícara! - a cantora interrompeu - Perguntei se você está bem! Quero dizer, não apenas se você não se cortou com os cacos, mas... pelo que aconteceu com o Ikuto... você parece bem abalada
– Você é mesmo incrível, Utau-chan... mesmo que você tivesse uma queda pelo Ikuto-kun no passado, e tenha chegado até a beijá-lo, você consegue manter uma relação normal com ele agora, sem passar por constrangimentos por causa disso. Mas... eu não sou tão incrível assim. Mesmo sabendo que não somos irmãos de verdade, eu considerei você e o Ikuto-kun como meus irmãos, e quis acreditar que vocês poderiam ser minha nova família... mas o que eu fiz agora destruiu completamente essa ilusão. Eu perdi a minha família de verdade, e resolvi me apoiar e me consolar com a de mentira... mas eu acabo de perdê-la também. E o pior... é que, mesmo estando indignada comigo mesma por ter destruído a minha nova família com minhas próprias mãos... ainda assim, tem uma parte de mim que... q-que se sentiu tão feliz e completa quando beijei o Ikuto-kun... tão feliz que... s-só me faz ficar com ainda mais raiva de mim mesma! Aquele Valete tinha razão no fim das contas. Eu... não presto mesmo, não é, Utau-chan...?


Shiori ergueu o rosto, escarando Utau e sorrindo tristemente, enquanto desistia de impedir que as lágrimas transbordassem de seus olhos, deixando-as rolar livremente pelo seu rosto. Antes que Utau respondesse, ela esfregou os olhos com força e, antes que as lágrimas voltassem a cair, ela saiu correndo dali, não só da cozinha, mas também do apartamento, desaparecendo rua àfora.













*** Próximo Capítulo: Entendimento ***



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Notas finais do capítulo

Konnichiwa minna!
Finalmente chegamos à parte pela qual todo mundo estava esperando! Mas... é claro que as coisas não podiam ser tão simples assim nee... vamos ver como é que a nossa ex-vilã preferida vai sair dessa agora =P
Deixem reviews onegai e façam de mim uma autora feliz!!! *o*



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