____Coma é? Indagou minha tia assim que o senhor Betone acabou.

_____Exatamente. Afirmou convicto em resposta e falava de uma forma tão convincente que até mesmo eu acreditaria se não soube se, que mentia.

____Deixa ver se entendi...Começou meu tio parecendo confuso ____Seu filho e Rachel cairão no rio, Lucas viu e conseguiu salvar Rachel, mas Victor foi levado pela correnteza que o jogou para margem depois de alguns metros onde  alguém o achou ele e o levou ao hospital, onde ele ficou em coma por alguns meses devido a colisão com as rochas, depois acordou sem memoria e só agora conseguirão encontrar vocês e avisa-los que ele ainda estava vivo... Repetiu a anterior historia do senhor Betone, mas podia  notar a desconfiança em sua voz.___ ...isso parece só acontecer em filmes. Completou

____Joaquim esta claro que foi isso, afinal porque alguém mentiria sobre algo assim? Começou minha tia dirigindo se a meu tio pousando a mão sobre sua perna ____Toda essa situação só pode ser denominada como milagre. Disse por fim agora sorrindo para mim e para o senhor Betone, e particularmente fiquei feliz por minha tia ter aceito a historia pois sabia que ela convenceria meu tio a acreditar também.

___Bom agora tenho que ir, mas espero que vá nos visitar como te pedi... Começou o senhor Betone pondo se de pé dirigindo se a mim ____...e os senhores também, Lisandra ficará muito feliz em revê-los. Completou amigável apertando a mão do meu tio e apesar de tentar não pode escapar de ganhar um abraço da minha tia.

_____Levo o senhor até a porta. Disse ficando de pé me dirigindo a mesma a seu lado.

____Como consegui fazer isso? Indaguei baixo para que apenas ele pudesse ouvir, mas apenas sorriu triunfante erguendo uma das sobrancelhas, antes de cruzar a porta dando um leve aceno de despedida, com certeza ele tinha muita pratica em mentir.

____Que coisa mais incrível um verdadeiro milagre, mas querida como você se sente a respeito.  Perguntou minha tia, vindo em minha direção.

____Estou bem... Respondi apenas, em parte feliz pela excentricidade dos meus tios ser útil para algo. Depois de ouvir algumas repreensões por tê-los preocupado, responder á perguntas, conversar sobre as novidades passei um sábado agradável com meus tios, era bom tê-los por perto, e só ai pude notar a falta que me faziam, eles decidiram ficar pra o final de semana, aproveitando para aceitar o convite do senhor Betone e visitá-los.

O domingo amanheceu ensolarado, meus tios já se preparavam  animados para ir a casa dos Betone, mas não pude deixar de me sentir apreensiva.

(...)

___Lisandra....Exclamou minha tia a abraçando, quando a mesma abriu a porta após o segundo toque de campainha.

___Olá é muito bom velos. Cumprimentou dirigindo um olhar estranho para mim, algo parecido com empatia, mas não durou tempo suficiente para que pudesse ter certeza. Adentramos a casa que não era ostensiva, mas ainda sim totalmente confortável e atraente aos olhos e alguns segundos depois de nos acomodarmos no  sofá de uma sala de estar aconchegante e bem decorada, senhor Betone e Hugo surgiram para nos cumprimentar e por algum motivo senti o mesmo olhar da senhora Betone ser dirigido a mim por eles.

___Então onde esta seu filho. Perguntou minha tia, após alguns minutos de cumprimentos e conversas triviais e não pude deixar de notar que Hugo e senhor Betone se entreolharam depois da pergunta enquanto a senhora Betone se prontificava em responde-la.

____Ele esta no jardim com uma visita. Explicou apenas, mas pelo seu tom hesitante já pude deduzir quem era esse “visitante”.

___Podemos velo? estou certa que Rachel também esta ansiosa por isso. Alegou minha tia a senhora Betone assentindo antes de nos guiar até uma grande porta balcão com enormes vidros de acesso ao jardim.

Assim que cruzamos a porta nos deparamos com uma pequena varanda  que dava para o jardim dos fundos, Victor estava sentado em uma  pequena mesa branca com Elisa a seu lado, ambos sustentando uma conversa animada demorando alguns segundos para notar a nossa presença. Victor estava sorridente e parecia animado, mas apesar de querelo bem, não gostava do fato dele apreciar tanto a presença de Elisa.

___Olá rapaz vejo que já está bem...Comentou minha tia, eu ao ouvir sua voz retornando de meus pensamentos perdidos

___Olá...eu conheço a senhora? Victor perguntou confuso a encarrando

___Como assim? Não faz tanto tempo e eu sou praticamente sua sogra. Respondeu brincalhona eu segurando seu braço para que para se.

____Tia eu já te disse que ele ainda não recuperou a memória... Expliquei um tanto envergonhada, mas antes que pudesse continuar Elisa entrou na conversa interrompendo.

____Exatamente Victor não se lembra da sua sobrinha, e não pode ser chamado de seu genro, pois não são namorados. Afirmou pondo se de pé.

____Quem é essa garota? Perguntou minha tia dando um passo a frente demonstrando com o tom de voz e expressão que não gostara da postura de Elisa.

____Tudo bem tia... é verdade...Confirmei segurando seu braço para acalma-la pois sabia que Elisa era impertinente o suficiente para continuar com sua atitude arrogante, e que minha tia para me defender não permaneceria parada.

____Que tal deixarmos os meninos conversarem entre eles e entramos, afinal temos muito assunto para por em dia... Intercedeu a senhora Betone, notando tenção no ar e fiquei aliviado quando todos entram na casa junto dela, apenas Victor, Elisa Hugo e eu ficando.

Sentamos junto a eles, Elisa ainda falava me excluindo a maior parte do tempo se dirigindo apenas a Hugo e Victor, mas a animação que o ultimo demonstrava antes parecia ter desaparecido, até tentei conversar com ele, mas sempre que tentava puxar conversa Elisa me cortava e Victor também não ajudava muito dando me apenas respostas curtas  e olhares rápidos o mesmo quase todo tempo estando apontado para baixo. Não sabia se ficava triste ou com raiva da situação, como ele podia ficar tão á vontade e descontraído perto de Elisa, e mal olhar para meu rosto?

____Vou ao banheiro. Disse apenas antes de me levantar indo até a sala onde a senhora Betone me indicou onde ficava. Lavei meu rosto, a agua fria da torneira ajudando a clarear meus pensamentos, e após me encarrar por alguns segundos em frente ao espelho sai ao corredor, onde Hugo me esperava.

____Tudo bem? Perguntou com um meio sorriso.

____Porque a pergunta? Indaguei

____Nada... só que você esta com expressão de quem quer se jogar na frente de um trem. Alegou antes de sorrir, numa tentativa um tanto sombria de me animar.

____Nunca faria isso... Pular de um prédio tem mais glamour... Explique irônica começando a caminhar ele pondo se a meu lado.

____Não se abata, vai dar tudo certo você só precisa se esforçar mais. Disse animador.

____Eu sei, mas pode me dizer porque deixam aquela garota entrar aqui? Perguntei interessada, afinal os Betone disseram que preferiam a mim, ou será que mentiam?

_____Bem... não podemos negar que ela ajudou a salvar Victor e também...ele gosta da companhia dela. Respondeu hesitante.

____Era desnecessário me contar a ultima parte. Afirmei dando um suspiro desanimada, antes de empurrar seu ombro de leve quando chegávamos a varanda, mas Victor se dirigia ao jardim espreguiçando se ao alcançar a área atingida pelo sol, Elisa o seguindo antes dele se abaixar sentando sobre a grama, gestuando para que ela fizesse o mesmo.

____Meu vestido é branco não acho uma boa ideia me sentar ai. Recusou___....que tal voltar a varanda. Sugeriu por fim.

____Não prefiro ficar aqui sinto como se a meses não tomasse sol, e realmente gosto de sol...Respondeu Victor parecendo pensativo.

_____Eu fico na varanda com você... Interveio Hugo enganchando no braço de Elias a puxando mesmo que contra a vontade a afastando de Victor do qual me aproximei.

____É acho que algumas coisas nunca mudam... Comentei me sentando ao seu lado sem me preocupar com a grama úmida sobre meus jeans, e Victor me lançou um olhar interrogativo como se quisesse uma explicação ao comentário.______... Antes você sempre gostou de sol e calor, e me deixa feliz saber que algumas coisas não se alteram Expliquei pensativa, e não pude deixar de  sorrir ao ter memorias felizes suscitadas em minha mente, mas quando ergui os olhos pude ver que ele me encarrava de uma forma estranha.

____O-oque foi... Perguntei minha voz falhando contra minha vontade.

____Seu sorriso... é... aquecedor. Respondeu pensativo antes de desviar o olhar abaixando levemente o rosto, e pude sentir meu coração comprimir se de uma maneira que a muito tempo não sentia, mas antes que eu pudesse dizer alguma coisa Elisa “escapou” de Hugo vindo então até nos, convencendo Victor a segui- la o afastando de mim, porém mesmo que curta essa conversa com Victor já havia me deixado bem mais animada.

A visita aos Betone acabou mais rápido do que gostaria principalmente pelo fato de Elisa permanecer por lá, mas acho que Hugo cuidaria das coisas para mim e não pude deixar de agradece-lo pela ajuda de mais cedo. Meus tios voltaram para casa levando minha promessa de que aproveitaria minhas férias na faculdade para visita-los.

Ia á casa dos Betone quase todas as manhãs antes do trabalho, porém Elisa como um carrapato sempre estava por lá, mas mesmo Victor não agindo comigo tão descontraidamente comigo do que com ela, parecia mais feliz com minhas visitas e até mesmo Elisa notava isso a julgar pela expressão com a qual me encarrava e tenho certeza que se ela não quisesse parecer tão boazinha e gentil na frente dele já teria me feito algo.

Começava a me acostumar com muitas das novas atitudes de Victor que de uma forma estranha pareciam se misturar, entre as que, tinha quando estávamos juntos com as que, tinha quando estava com Amhom, hora tímidas hora ousadas.

O final de semana chegara depressa oque me possibilitou passar o sábado todo com os Betone, mesmo minhas amigas á dias estarem me interrogando, na tentativa de descobrir onde andava ocupando meu tempo livre. Já me despedira de todos se cruzava o jardim da frente rumo à rua quando Victor saio atrás de mi me chamando.

____Rachel, espere um pouco... Pediu ao cruzar a porta.

____Sim? Indaguei ao me virar para encara-lo que agora estava a apenas alguns centímetros de mim.

____Você vem amanhã? Perguntou passando a mão sobre os cabelos da nuca.

____Talvez, minhas amigas querem que eu passe algum tempo com elas... mas se quiser posso vir  a tard... Comecei, mas me interrompeu.

____Não!... Afirmou de forma um tanto afoita, oque me assustou um pouco, afinal minha companhia era tão ruim assim?, como ele podia me recusar dessa maneira e justo quando pensava que começava a gostar das minhas visitas?____ ...Será ...que eu posso ir a tua casa? Perguntou após alguns segundos de silencio assim me tirando de meus pensamentos.

____Quer ir a minha casa? Indaguei confusa quando ergui os olhos para encara-lo mas desviou o olhar gaguejando um pouco antes de me responder.

____Bem ...você me disse que tem um diário meu...então pensei que podia...ir pega lo... Explicou passando as mãos repetidas  vezes sobre o cabelo.

____Há...sim tudo bem pode ir até lá que lhe entrego. Assenti ainda um tanto confusa e ele abriu um pequeno sorriso ao me ouvir.

___Victor, oque faz ai estava te procurando? Perguntou Elisa saindo a soleira da porta.

____Te vejo amanhã á tarde... Disse Victor apenas, antes de se virar indo de encontro a Elisa, me deixando parada no meio jardim sem entender muito bem oque acabara de acontecer....