Crescent Moon escrita por Saumensch


Capítulo 5
Capítulo 5 - Fogo




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_Isso não precisa ser agora – Edward disse, depois de longos minutos, diga-se de passagem.

_Quem nos garante que isso algum dia possa acontecer em outro momento? Não damos segundas chances, meu caro. Se tiver de ser será – Marcus disse frio, o que me pareceu mais uma ordem vindo dele. Edward automaticamente me puxou para trás de seu corpo no momento que o tal Demetri veio em direção a nós.

_Não precisa ser assim – ouvi Alice dizer, fazendo com que todos a olhassem -. Isso vai acontecer, mas não há necessidade ser agora.

_Como disse, não damos segundas chances. Ela é humana e sabe demais. Nosso dever é concertar isso por bem ou por mal.

_Não – Edward rosnou.

_Sinto muito, meus jovens amigos – agora a atenção era toda de Aro -, mas isso é um mal necessário.


POV Alice

_O que eles vão fazer? – era a voz fraca de Bella. Parecia que ela estava doente. Ela disse apenas para Edward, mais que respondeu não foi ele, e sim Aro.

_Você não pode continuar humana, minha querida. Pelo menos não sabendo o que você sabe. Vamos começar.

E então eu não via nem ouvia mais nada. Meu olfato também não funcionava e minha voz não saia. A única coisa que eu senti foram braços me pegando e me levaram para outro lugar.

Quando fui posta no chão de novo, meus sentidos já haviam voltado. A pessoa que me carregava tinha nome. Felix. Edward chegou logo depois de mim, com os irmãos Jane e Alex o puxando.

Foi então que ouvimos um grito. Um grito de dor. Um grito que com certeza era de Bella.

_Eles começaram – ouvi a loira dizer.


POV Bella

Nada é o que queremos que seja. Se há alguma coisa que não nos pertence, essa coisa é o destino. Tudo é complexo de mais, até para quem tem mais sabedoria ou poder no mundo.

E se alguém tiver que escolher entre sabedoria e poder, esse alguém deve relevar todas as vantagens e consequências que cercam as opções. Porque na vida não existe escolhas certas ou erradas, pois tudo o que importa é o que você fez com as escolhas que tomou. Se você não aproveitará nenhuma das opções, as duas estão erradas. Embora meio sem sentido e difícil de entender, acredito que essa seja a verdade sobre tudo.

Entre o poder e a sabedoria, eu escolheria o amor. Pois no amor não há erros, apenas ilusões. É a escolha mais fácil e a mais difícil ao mesmo tempo.

A mais fácil porque você sabe o que fazer, que é seguir seu coração não importa onde ele está te levando. Mas ele é indeciso e te prega peças e você fica ali, na esperança de um amor, alguma coisa melhor do que você poderia querer. Mas quando isso chega, você sempre achará que é mais do que você merece. Você se torna egoísta e sofre. É, é isso. A única coisa que resta a você a fazer é sofrer. Ate seu coração ficar quebrado, destorcido e angustiante demais ate para o amor viver lá, ele te abandona. Você não fica curada, não, talvez nunca. Sua mente ainda se lembrará. Seu cérebro trabalhará para que você nunca se esqueça do que foi acontecido, de quem você amou e talvez amará por toda eternidade. Isso torna o amor difícil e faz você acreditar que ele é a opção errada.

Mas o amor é a escolha certa porque vale a pena. Tudo que eu passei, por exemplo,

O amor é a escolha certa porque vale à pena. Tudo que eu passei, por exemplo, não teria sentido se eu não estivesse aqui agora. Sim, poderia ter sido melhor, muito melhor, mais poderia ter sido pior também. Eu poderia nunca mais ver Edward, eu poderia morrer sem abraçá-lo novamente, mais não. Tudo depende do ponto de vista. Sempre foi assim, e isso não vai mudar. Não tão cedo.

E mesmo eu queimando e desejando a morte à dor que eu estou sentindo agora, eu não mudaria nada. Eu refaria todas as minhas escolhas do jeito que eu fiz elas pela primeira vez porque eu não me arrependo.

Dói. Dói mais do que qualquer um poderia suportar e dessa vez eu sei que não haverá anjo salvador. Não haverá amor que me cure, não haverá nada para me salvar.

Mas mesmo assim eu continuo a lutar contra esse fogo que me tormenta e que me faz clamar pela morte desesperadamente. Esse fogo que me queima e me congela.


POV Edward

_NÃO.

_Edward se acalme – Alice veio até mim, quando eu caí de joelhos, e se ajoelhou ao meu lado. Ela me conhecia, se não sabia o que eu estava sentindo, pelo menos tinha uma ideia. Ela me conhecia bem demais para saber que tudo que eu queria era sofrer sozinho com meus pensamentos e sentimentos. E com minha culpa. Minha culpa, principalmente.

Então ela me abraçou. Apenas isso.

Fiquei ali, abraçado com minha irmã, pensando em como poderia ter sido se em algum dia eu tivesse feito a coisa certa. Eu era tão egoísta! Ela não podia virar um monstro como eu era, ela não merecia isso!

Fugi dela exatamente porque sabia que era errado continuar como estávamos. Uma hora ou outra, tudo ia acabar mal. Por amor a ela que eu sai de sua vida, a preservando, para que algum dia ela visse que eu estava certo ao fazer isso. Mas como sempre, eu estava errado. Eu queria que ela fosse humana, que ela vivesse uma vida feliz. Uma vida humana feliz. Sendo humana. Ela não merecia ser como eu, não podia. Ela não sabia o que ela queria, ela não sabia dos riscos. E ela nunca iria me perdoar.

Patético. Como ele pode gostar tanto uma humana a ponto de amá-la? De contá-la todo o segredo?

Jane já estava me irritando com seus pensamentos cegos e fechados.

_Calma, Edward, foi melhor assim – dizia Alice freneticamente e eu acreditava que ela falava isso mais pra si mesma do que pra me acalmar.

_Melhor? – eu disse cético, saindo de seu abraço -. Me diga, Alice, como isso pode ser melhor?

Ela ficou muda, sem saber o que falar. Não tinha palavras. E foi nesse momento que Aro entrou na sala.

_Agora tudo irá se resolver – ele disse feliz. Tive de me controlar bastante, pois minha única vontade era atacá-lo e lhe despedaçar para depois botar fogo. Alice me olhou com um olhar repreensor -. Vão querer esperar aqui conosco? – Aro nos perguntou.

Ela pode querer ficar por aqui...

Não, ela não ficaria. Eu faria sua cabeça, a convenceria a ir comigo.

_Sim, ficaremos – disse convicto.

_Tudo bem. Jane, Alex - eles fizeram uma reverência -. Levem nossos convidados para um lugar mais agradável – ele disse saindo.

_Me sigam – Jane deu a ordem que seguimos sem relutância. Passamos por vários corredores. Qualquer humano ficaria perdido por aqui. Mas nós tínhamos instintos que nos impediam de ficar na mesma situação.

Depois de alguns minutos andando em velocidade humana, chegamos na porta que eu havia visto na mente da loira. Quando Jane a abriu, fiquei pasmo com o que vi. A sala era totalmente diferente da outra, que apenas tinha um sofá pequeno em um canto. Não, essa era diferente.

Era toda decorada. Como se eu estivesse na sala de alguém muito importante do século XV. O sofá era grande e rústico e em ambos os lados dele haviam criados- mudos. Uma mesinha em sua frente e outro sofá logo em seguida. No canto, uma mesa de escritório. Candelabros, cadeiras e tudo o mais.

_Por favor, fiquem a vontade – ouvi Jane dizer. Então entramos na sala. Sim, era tudo muito lindo, mas eu não pude parar de pensar na dor que Bella estava passando nesse exato momento. A imagem dela implorando pela morte não saída da minha cabeça. Senti alguém afagando meu ombro. Alice.

Agora era só esperar. Nada mais poderia ser feito a não ser esperar.


POV Bella

Vi Edward e Alice caindo no chão, duros como pedra enquanto três vultos corriam em uma velocidade anormal que eu não pude acompanhar para os socorrê-los e os levarem para longe. À essa altura eu já estava berrando e aos prantos. Senti mãos me prendendo.

_Sinto muito, Bella, isso irá doer um pouco – consegui ouvir alguém dizer enquanto eu pegava fôlego para berrar mais. E então eu sabia o que ele iria fazer. Ele faria o que eu queria que acontecesse há algum tempo, mais não aconteceu. Ele iria me transformar.

Ele me mordeu. Eu berrei com todas as minhas forças. Aquilo doía, queimava. Naquele momento eu preferia morrer a passar por isso. Era isso que eu pedia, para morrer.

A dor era atordoante.

Exatamente isso – eu estava atordoada. Não conseguia entender, não conseguia perceber o que estava acontecendo.

Meu corpo rejeitava a dor, e eu era sugada repetidas vezes para uma escuridão que apagava segundos, ou talvez minutos e horas inteiros de agonia, tornando ainda mais difícil acompanhar a realidade.

Era exaustivo lutar contra aquilo. Eu sabia que seria muito mais fácil ceder. Deixar que a escuridão me empurrasse para baixo, cada vez mais fundo, até um lugar em que não havia dor, cansaço, preocupação nem medo.

Mas ainda assim continuei a lutar contra a escuridão, quase por reflexo. Eu tentava erguê-la. Só resistia. Não permitia que me esmagasse completamente. Eu não era Atlas, e a escuridão tinha o peso de um planeta; eu não podia sustentá-la nos ombros. Tudo que eu podia fazer era não ser inteiramente aniquilada.

Era mais ou menos o padrão da minha vida – eu nunca fora forte o bastante para lidar com coisas que estavam fora do meu controle, atacar os inimigos ou superá-los. Evitar a dor. Sempre uma humana fraca, a única coisa de que eu era capaz era continuar. Suportar. Sobreviver.

Até ali tinha sido suficiente. Teria sedo suficiente de novo. Eu suportaria até que a ajuda chegasse.

Eu sabia que Edward faria tudo que fosse possível. Ele não desistiria. Nem eu.

Mantive a escuridão da não existência a uma distancia de centímetros.

Aquela determinação, porém, não bastava. Enquanto o tempo diminuía cada vez mais, e as trevas me ganhavam por milímetros, eu precisava de algo mais de onde tirar forças.

Não conseguia evocar nem o rosto de Edward em minha mente. Nem o de Jacob, Alice, Rosálie, Charlie, Renée, Carlisle ou Esme... Nada. Isso me apavorou, e me perguntei se era tarde demais.

Eu me senti escorregando – não havia em quem me segurar.

O ardor cresceu – aumentou, foi ao máximo depois tornou a aumentar, até que suplantou qualquer coisa que eu já sentira na vida.

Senti a pulsação por traz do fogo devorar meu peito e percebi que tinha encontrado meu coração, bem a tempo de desejar o contrario. De desejar ter abraçado a escuridão enquanto ainda havia a possibilidade. Queria levantar os braços e rasgar meu peito, arrancar o coração dali – qualquer coisa para me livrar daquela tortura. Mas não conseguia sentir meus braços, não conseguia mover um único dedo.

James quebrando a minha perna sob meu pé. Aquilo não fora nada. Era um lugar macio numa cama de pluma. Preferia aquilo, multiplicado por cem. Com fraturas. Eu aceitaria e ficaria grata.

O fogo ardeu mais quente e eu quis grita. Implorar para que alguém me matasse antes que eu vivesse um segundo daquela dor. Mas não consegui mover meus lábios. O peso ainda estava ali, me comprimindo.

Percebi que não era a escuridão que me prendia ao chão; era meu corpo. Pesado demais. Enterrando-me nas chamas que agora abriam caminho a dentadas a partir de meu coração, propagando-se com uma dor insuportável pelos ombros e pela barriga, escaldando minha garganta, lambendo meu rosto.

Tudo que eu queria era morrer. Nunca ter nascido. Toda a minha existência não compensava essa dor. Não valia a pena suportar aquilo nem por mais um batimento cardíaco.

Deixem-me morrer, deixem-me morrer, deixem-me morrer.

E por um período interminável era só o que havia. Só a tortura causticante e mais gritos mudos, implorando pela morte. Nada mais, nem mesmo o tempo – o que tornava aquilo infinito, sem inicio nem fim. Um momento infinito de dor.

A única mudança foi quando, inacreditavelmente, a dor duplicou. A metade inferior do meu corpo de repente também estava em chamas. Alguma conexão rompida tinha sido curada – refeita pelos dedos abrasadores do fogo.

O ardor interminável prosseguia em sua fúria.


Edward POV

Três dias, cinco horas e quarenta e dois minutos. Esse era exatamente o tempo que eu estava preso naquela sala de luxo junto com minha irmã, Alice. Seria mais fácil se Jasper estivesse aqui pra me acalmar. Guardas já vieram aqui diversas vezes para checar se estávamos mesmo aqui ou se não tínhamos quebrado nada. Parecia que éramos prisioneiros em uma cela de total luxo, para que ficássemos no mais bem estar que o mundo já viu.

E enquanto isso Bella provavelmente estaria com uma dor insuportável até de se imaginar. A pior dor do mundo, inimaginável. Mas eu não podia fazer nada. Mesmo porque já poderia estar acabando.

Eu me arrependo amargamente de um dia tê-la deixado. Eu era um burro, isso sim. Não deveria ter partido, não deveria sair da vida de minha amada, sabendo que ela não estava totalmente segura. E não deveria ter deixado Alice sair daquele jeito de casa. Bom, esse foi o menor erro que eu algum dia cometi.

Eu não ouvia mais nenhum pensamento, na verdade nem ao menos pensava em alguma coisa além, é claro, em Bella.

Nesse momento, Jane entrou na sala.

_Mestre quer ver vocês – era para nós seguirmos ela.

Alice me olhou e eu apenas assenti. Fomos então, de volta aos corredores-labirintos e rapidamente chegamos à sala que Bella deveria estar.

Tinha a porta antiga, igualmente detalhada como a que estávamos. Jane abriu a porta e entrou. Ouvi então o som de um coração lutando pela vida, batendo rápido, bombeando mais sangue do que o normal. Bella estava ofegante. Eu estava agoniado, ela deveria estar morrendo de dor, e eu consequentemente sofria também, afinal, a razão de eu ainda continuar existindo estava sofrendo.

Lentamente entrei após Jane e desejei não ter entrado a qualquer custo. Bella estava em um sofá, provavelmente se esforçando para não berrar. Seu corpo pulava, suas costas contraiam, e ela soltou um gemido de dor. Fui ao seu lado, sem nem ao menos ver o resto do quarto e peguei sua mão. Estava quente, talvez estivesse acabando, já fazia tempo.

Senti Alice ao meu lado, ela colocou sua mão sobre a minha.

Vai dar certo, Edward, eu vejo que vai. Previ isso, não dava para reverter.

Claro que ia acontecer. Eu tinha que aprender a nunca duvidar de Alice Cullen da forma mais cruel que havia.

Me lembro como se fosse ontem quando ela teve a primeira visão de Bella. Eu fiquei irado com ela, não queria acreditar, queria crer que ela estava errada, mais vejo que não estava. Sim, ela foi muito amiga de Bella e agora Bella estava virando uma de nós. Um monstro, o ser mais repugnante da Terra.

Se passaram algumas horas, mas eu não percebi. Fiquei observando Bella. Por mais que isso doesse, tinha certeza que ela passava uma dor pior, e pensar isso, me doía mais.

_Apenas mais alguns minutos – disse Alice quando eu estava prestes a perguntar quanto tempo restava para acabar.


POV Bella

Bom, tenho duas noticias. Uma boa e uma péssima. A boa é que a dor nas minhas extremidades – pé e mão – estava passando. Lentamente, mais estava isso era um começo.

A péssima é que o meu coração não estava aguentando muito. A dor era além do que eu poderia suportar e mais do que nunca eu estava pegando fogo.

Bom, também tem outra noticia boa. Eu estava conseguindo pensar direito e ouvir um pouco do que estava acontecendo lá fora. Sim, lá fora. Longe da minha dor, do meu sofrimento e da minha angústia, longe do preto em que eu estava.

Senti algo na minha mão. Algo inexplicavelmente gelado demais. Eu não poderia mover meus músculos, mesmo porque não os encontrava. Mas mesmo se encontrasse, perderia o controle e berraria. E eu não queria isso, de forma alguma.

A dor foi passando e passando, lentamente e eu senti uma queimação na garganta. Nada comparado ao o que eu sentia perto do coração, mais era estranho, diferente. Como uma pessoa que não bebe água há anos. Bom, agora eu seria uma vampira, não poderia ser diferente. Eu estava com sede.

O fogo abandonou minhas mãos, deixando-as felizmente sem dor e frias. E de repente a coisa que estava segurando minha mão ficou na temperatura exata da minha. Nem fria nem quente, na medida certa. Mas a dor recuou para o coração, que já estava batendo forte, e meu batimento cardíaco foi para as alturas, numa batida nova, forte e furiosa.

Meus pulsos, porem, estavam livres. Assim como os tornozelos. O fogo havia sumido definitivamente dali.

Na sala, ou seja lá onde no inferno eu estava, o silencio era total. A não ser pela britadeira do meu coração, batendo sem parar, descontroladamente alto demais. Até que eu ouço uma voz, a voz que eu mais queria ouvir neste momento.

_Bella? Bella, meu amor? – era Edward me chamando. Ele estava aqui? Sim, ele está aqui! Mas... ele não me odiava? Bom, teríamos muito tempo para discutir isso. Encontrei meus lábios e sorri com isso. E então eu senti o que estava na minha mão apertá-la mais forte. Será aquilo a mão de Edward? Possivelmente sim... Bom, no momento não importa. Ele havia me chamado, será que eu poderia responder sem gritar? Pensei por um momento e o fogo ardeu ainda mais quente em meu peito, abandonando os joelhos e cotovelos. Melhor seria não arriscar.

_Está quase acabando – respondeu uma voz em sino, delicada como a de uma fada. Alice. E ela não sabia o tanto que me tranquilizava ouvir aquilo.

E então...

_AAAH!

Eu berrei, não deu para segurar, a dor que irradiava no meu coração era insuportável. Meu coração batia numa batida só, única e continua, como se não parasse, como se moesse minhas costelas. O fogo subiu pelo centro do peito, sugando as chamas do restante do corpo, para se centralizar ali, toda a dor que eu sentira estava única e somente no meu peito, servindo de combustível para o calor arrasador do resto do corpo, ainda assim frio. A dor foi suficiente forte para me deixar atordoada, para irromper meu abraço de ferro em estaca. Minhas costas arquearam, curvadas como se o fogo estivesse me puxando para o alto, pelo coração.

E então uma batalha começou dentro de mim – meu coração disparado, correndo contra o fogo que o atacava. Os dois perdiam. O fogo estava condenado, tendo consumido tudo que era combustível, mas levando com ele meu coração, que galopava para sua ultima batida.

O fogo diminuiu, concentrando-se naquele único órgão, ainda humano em uma ultima e insuportável onda.recebida com um baque oco. Meu coração falhou duas vezes, e então bateu novamente, baixinho outra única vez.

Não havia som, não havia respiração. Nem mesmo a minha.

Por um momento, a ausência de dor era tudo que eu poderia compreender.

E então abri os olhos e fitei o alto, maravilhada.

Era tudo tão nítido, claro, definido. Como se eu abrisse os olhos pela primeira vez em uma vida cega, como se eu tivesse passado minha vida inteira olhando tudo em esboço, e depois eu abro os olhos e vejo um mundo novo.

Senti a mão em mim. Meu corpo reagiu instantaneamente. Não era um toque que eu esperasse. A pele era perfeitamente lisa, mais a temperatura estava errada. Não era mais fria.

Depois do primeiro segundo paralisada pelo choque, meu corpo reagiu ao toque desconhecido de um jeito que me chocou ainda mais.

O ar silibou por minha garganta, passando entre meus dentes trincados como um som baixo e ameaçador, como um enxame de abelhas. Antes que o som saísse, meus músculos se enrijeceram e se contraíram, afastando-se do desconhecido. Eu girei tão rápido que o quarto deveria ter passado como um borrão incompreensível, mais não foi isso que aconteceu. Eu vi cada grão de poeira, cada lasca nas paredes revestidas de madeira, cada fio solto em detalhes microscópicos quando meus olhos dispararam por eles.

Então, quando me vi agachada na parede na defensiva – um dezesseis avos de segundo depois -, já tinha entendido que minha reação fora exagerada.

Claro. Edward não era mais frio para mim agora. Tínhamos a mesma temperatura.

E então cataloguei tudo a minha volta. Edward estava ajoelhado ao lado do sofá que fora minha pira, com a mão esticada para mim, com as feições do rosto um pouco ansiosas. Quase me perdi naqueles olhos dourados que eu amava tanto. Eu sentia que mesmo depois de tudo que ele fez, mesmo da dor que ele me fizera passar no passado – buraco no qual ainda não fora cicatrizado -, eu ainda seria capaz de perdoá-lo por tudo que ele fez.

Logo um pouco atrás dele havia Alice, com um sorriso no rosto. Mas atrás dela, perto de uma mesinha, havia Alex, o cara que havia me raptado no shopping, ao lado dele Jane, a pequena loira, seguida por Aro e um grandalhão, cujo nome eu ainda não sei.

Aro deu um sorriso e se aproximo mais no exato momento em que Edward se levantava devagar e lentamente.

_ O que está achando de novas emoções, Bella? Sei que não é a coisa mais apropriada a dizer no momento, mas... Bem vinda ao nosso mundo! – ele abriu um sorriso largo, talvez esteja realmente alegre em ter mais um para sua espécie. Descobri que Aro é das pessoas que demonstra suas alegrias nos seus sorrisos, e não pude não sorrir também. Bom, mas eu nada fiz a não ser sorrir.

E então Aro trocou olhares com Edward, que imediatamente passou a ficar um pouco feliz, e se aproximou de mim.

_Bella? – ele disse preocupado – Bella, eu sei que isso é meio desorientador. Mas você está bem. Tudo está bem.

E então, vi sua mão pelo canto do olho, se levantando, talvez prestas a tocar minha pele. Meu instinto de defesa alertava que aquilo poderia ser uma ameaça, mais eu conhecia Edward, sabia que ele não iria fazer nada de mal a mim, tinha certeza disso. E então aquietei minha autodefesa e deixei-o tocar meu rosto.

Quando ele o fez, fechei os olhos. Um calor correu minha espinha, e tenho total certeza de que se pudesse, estaria ruborizada. Eu pensara que recém-criados não sentiam isso. Apenas sede. Nada além do que querer sangue, mais eu sentia amor por Edward. Eu gostava do seu toque. Nunca pensei que seria assim.

Abri os olhos em um ímpeto, assim que eu pensei em abri-los. E fitei os olhos de meu amado. Se eu pudesse, choraria.

Tanto eu sonhei com esse reencontro, se ele algum dia existiria, tanto pensei em Edward todo esse tempo, sempre me perguntado se ele iria ver se eu estava bem e segura e nunca pensei que seria assim, do jeito que esta sendo. Nunca imaginei em conhecer os Volturi, em ser uma vampira desse modo, mas minha vida virou de cabeça para baixo. E isso aconteceu no instante em que pisei na cidadezinha onde eu passei os melhores momentos da minha vida. Os piores também, devo ressaltar. Mas mesmo assim, nada é como planejamos, como desejamos que seja e como esperamos. Pode até ser baseado, mais não na exata perfeição que programamos.

Edward não quebrou nosso contato, e então eu não aguentei e o abracei. Não houve movimento novamente. Em um momento eu estava ereta, imóvel como estatua; no mesmo instante ele estava em meus braços.

Seu cheiro era doce e delicioso, como eu nunca fora capaz de sentir, devido aos meus sentidos humanos embotados, mais era sem por cento Edward. Apertei meu rosto contra seu peito acetinado.

E então ele balançou o corpo, desconfortável. Afastou-se do meu abraço. Ergui o rosto para ele, confusa e magoada com a rejeição. Então ele não me queria mais mesmo?

_Ham... cuidado, Bella. Ai.

Retirei os braços, cruzando-os atrás das costas assim que compreendi. Eu era forte demais.

_Epa – murmurei.

Ele abriu o típico sorriso que faria meu coração parar se ainda estivesse batendo.

E então percebi que muita água iria rolar ainda por hoje.



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Notas finais do capítulo

Esse foi um capítulo mais longo, também. Espero que gostem.
Bem, acho que vou demorar alguns dias para postar o próximo porque tenho que escrever ele inteiro ainda pois deu um erro na fanfic antiga... mas prometo que logo logo ele já estará disponível para vocês.
Comentem! Um incentivo faz bem para minha criatividade hahaha. Beijos



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