Amor De Infância escrita por Samyy


Capítulo 29
Capítulo Vinte e Oito - Dias de Sol. Dias Nublados.


Notas iniciais do capítulo

Primeiro de tudo: Feliz Natal, Feliz Ano Novo! Espero que este seja um ótimo ano para todo mundo, porque nós merecemos, ou pelo menos eu acho que mereça.
Segundo: que saudades de escrever, mesmo que não muita coisa! Eu espero que neste ano de 2015 eu consiga terminar de escrever as minhas fanfics lindas para dar início à outras que tenho em mente e no papel!



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– Aquela parece com um pato! – Hermione disse as gargalhadas.

– Um pato com o bico quebrado, você quis dizer. – Rony retrucou a acompanhando nas risadas recebendo um forte empurrão da namorada. – Que foi? Estou mentindo?

– Não, você não está!

Depois de dias e mais dias chovendo, aquele tinha sido o primeiro fim de semana em que Rony e Hermione puderam sair para o parque.

Eles simplesmente adoravam aquele lugar. Para os outros visitantes era um parque qualquer, como os todos, mas para os dois o parque tinha um significado especial, onde Rony pedira Hermione em namoro.

Não importasse quanto tempo passasse.

Não importasse se as folhas das árvores caíssem.

Não importasse se a tinta dos bancos descascasse.

Aquele sempre seria seu parque favorito.

Rony se considerava o homem mais feliz do mundo.

Ele era feliz.

Ele tinha uma família unida.

Amigos maravilhosos.

Um emprego que, no seu ponto de vista era fantástico.

E uma linda namorada.

Uma namorada que ele amava e tinha reciprocidade no sentimento.

O que mais ele poderia querer? Sua sorte o espantava.

O dia estava tão claro e iluminado que parecia ser um sorriso dos céus.

Ele nunca fora muito religioso, mas aquele dia era digno de agradecimento divino. Só alguém como Deus para abençoá-lo tanto.

Rony se sentiu a pessoa mais feliz do mundo.

Os dois estavam deitados sobre um lençol esticado na grama verde e contemplavam o céu, as nuvens mais especificamente, procurando formatos nelas.

– Olha aquela lá! – Hermione apontou para uma nuvem bem acima de suas cabeças. – Com o que ela se parece?

Rony seguiu com o olhar a direção em que Hermione apontava. A fim de observar melhor o aglomerado de gotículas de água Rony se sentou sobre o lençol.

A nuvem tinha um formato bastante diferenciado e peculiar. Na verdade a nuvem nem tinha um formato ao certo, era apenas um emaranhado indicando vários caminhos diferentes.

– Com o que se parece? – o ruivo indagou completamente confuso.

– Parece com o seu cabelo quando você acorda de manha.

Ela se sentou ao lado do noivo bagunçado seu cabelo. Rony revidou lhe enchendo de cócegas, fazendo Hermione gargalhar mais uma vez.

A risada de Hermione era música para os seus ouvidos algo que amava intensamente escutar, e, amava mais ainda provocar o som.

Amava a forma como ela se contorcia em seus braços, pedindo misericórdia por não aguentar as cócegas.

Simplesmente amava tudo naquela mulher.

E, por amá-la tanto, Rony mal conseguiu entrar no quarto em que ela estava internada.

Sim, ele havia pedido ao doutor Joshua para vê-la, mas não sabia se estava preparado. Não sabia se estaria algum dia. Talvez nunc estivesse.

– Hermione está em coma nível sete, senhor Weasley. É difícil explicar, mas as respostas dela aos estímulos nos levaram a essa classificação. – O doutor dizia enquanto percorriam o corredor momentos atrás. – Inicialmente ela está intubada, mas dependendo do prognóstico reverteremos à situação. Ela não precisa ficar na UTI agora, então a transferimos para um quarto. Esses próximos dias são para observação.

O quarto 4426 era de um branco doentio, que chegava a doer suas vistas, um branco que o deixou completamente enjoado, provavelmente combinado com o cheiro dos remédios.

Olhando pela janela conseguia ver o tempo nublado. O céu era de um azul marinho tendendo para o roxo. As nuvens estavam totalmente carregadas. Choveria mais tarde!

De onde estava Rony conseguia ver Hermione claramente. Ele hesitou, mas pé ante pé andou até o leito da namorada.

O rosto pálido, o cabelo castanho claro e extremamente cacheado espalhado pelo travesseiro, a boca ligeiramente aberta pelo tubo de respiração e ventilação, os olhos, também castanhos, fechados, o corpo imóvel...

– Hermione... – ele sussurrou.

Rony segurou em uma das mãos de Hermione, encaixando os dedos como faziam ao sair para passear. Ela simplesmente não correspondeu ao gesto.

Era aquela sua Hermione?

Ele levou sua mão direita, de modo direto, ao local onde Hermione fora atingida. Sua cabeça estava enfaixada, tendo uma pequena protuberância indicando o local onde há pouco se encontrava uma bala.

– Hermione... – tornou a falar, agora como um chamado, mesmo sabendo que ela não responderia.

Seus dedos correram o rosto dela, fazendo o contorno das sobrancelhas naturalmente delineadas, do nariz médio, da boca um tanto pálida, passando pelas bochechas antes rosadas e pelas têmporas.

Rony amava contemplá-la dormindo, ver seu peito ribombar pela respiração, seu rosto, sua expressão mudar sendo guiada pela veemência de seus sonhos. Ele amava vê-la dormir em seus braços após uma noite de amor. Amava sim, mas naquele dia nunca desejou com tanta intensidade que ela acordasse. Rony precisava ver seus olhos, precisava vê-la sorrir com as bochechas coradas flagrando-o observando-a mais uma vez.

– Senhor Weasley? – o ruivo sobressaltou-se ao escutar a voz. Estava tão aborto e envolvido pelos seus pensamentos que nem percebeu a aproximação do médico. – Desculpe-me se o assustei, mas eu tenho algo para lhe entregar. Tínhamos que tirá-la já que poderia interferir nos resultados da ressonância. – o homem de cabelos negros pôs o saquinho transparente, daqueles onde se coloca provas de crime que podem conter digitais do(s) criminoso(s), na cômoda perto de Rony. – Se servir de consolo: foi bem difícil de tirá-la, parecia estar colada. – o doutor deu dois tapinhas nas costas de Rony e se retirou do quarto sem dizer mais nada.

Rony nem precisava conferir o conteúdo do saquinho para saber do que se tratava.

A aliança.

A aliança de noivado. Ainda era capaz de lembrar-se das sensações que perpassaram seu corpo ao comprá-la, no momento em que pôs os pés na joalheria aquele anel gritara por seu nome.

Lembrava-se do pedido inusitado que fizera a namorada.

"Você quer juntar sua escova de dentes a minha?"

Lembrava-se de sua resposta.

"Ronald, é claro que eu quero juntar nossas escovas de dente!"

Lembrava-se do alívio que sentiu, a resposta tinha sido positiva, nada de não.

Ele lembrava-se de tudo.

Subitamente percebeu que ainda segurava a mão dela.

Era tudo culpa de Vitor Krum. Aquele homem só podia ser doente. Quem, em sã consciência, tentaria assassinar uma pessoa amada. Aquilo só provava que ele nunca amara Hermione, tinha apenas uma grande obsessão. Uma obsessão doentia.

Gostaria de poder ficar ali por todo o tempo do mundo, ou, na melhor das hipóteses, até que Hermione acordasse, se ela acordasse.

Não.

Ela iria.

Ela tinha que acordar.

Rony beijou, primeiramente, a mão de Hermione que ainda segurava, depois beijou levemente sua testa, como, às vezes fazia antes de se despedirem. Pegou a aliança que o doutor deixara e saiu do quarto o mais rápido que pôde, tentando ser forte, mas assim que pôs os pés no lado de fora deixou que a emoção tomasse conta do momento.

Encostou-se à parede e deixou que a gravidade fizesse o seu trabalho o puxando para baixo.

Por mais que estivesse encolhido, com os braços abraçando os joelhos e o rosto enterrado neles qualquer um que passasse no corredor saberia que aquele homem chorava. Seus ombros tremiam e, por mais baixo que fosse, o barulho de choro existia.

Chorava pela situação, chorava por Hermione, chorava por estar forçando o braço machucado, chorava por estar chorando, chorava pela família, chorava por coisas que aconteceram há anos, coisas que não se permitiu chorar, ele simplesmente chorava.

Ali ficou por quase meia hora, até sentir uma mão feminina e delicada tocar seus cabelos. Em seu íntimo desejou que fosse Hermione, que a garota tivesse acordado e saído do quarto tentando entender o que acontecia, mas conhecia aquele toque, era Gina. Lentamente levantou o rosto para encarar os olhos azuis tão idênticos aos dele.

– Rony, meu irmão. - ela também estivera chorando, podia notar a bolsas formadas abaixo de seus olhos. - Tudo vai dar certo. - ela ajoelhou-se na frente do ruivo e o abraçou.

– Tudo vai dar certo. - ele repetiu com a voz fraquejando.

Tudo ia dar certo.

Tudo tinha que dar certo.


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Notas finais do capítulo

Fazendo o possível para postar capítulos semanais!
Beijos