Quinn P.O.V

As semanas após a morte da Aili foram as mais longas e difíceis que já passamos. Com o clima pesado que ficou depois da confissão de Ileina, achamos melhor tirar as crianças de casa, especialmente Kai, que ficou bem abalado. Santana então mandou Nate para cá, para que ele e Sarah fizessem companhia ao primo, e ficou com Barbra e Lyra em sua casa, já que Kali foi para a casa de Rachel.

_ E ai? Todos prontos para voltar às aulas? – perguntou Puck durante o café da manhã – Agora começam as preparações para as Regionais não é Beth?

_ Hã? Ah, é, isso mesmo pai. – respondeu ela remexendo os ovos – Não estou com fome mãe.

_ Elizabeth, faz duas semanas que você se alimenta mal. – repreendi – Todos vocês, até mesmo você LeRoy, que é uma draga humana. Tratem de comer direito enquanto eu levo o café da manhã para as crianças.

Liam estava na casa de Rachel também, sendo ele, Kyle e Hiram os melhores amigos de Kali. Kurt e Blaine ficaram com a maior parte das crianças, já que Kaila e Iwin são bem próximos de Rony, Ben e Charlie. Liam na verdade ficou bem em dúvida sobre onde ir, mas por fim decidiu por Kali, já que eram mais próximos desde pequenos.

_ Bom dia crianças. – cumprimentei entrando no quarto – Saindo da barraca vamos.

Como quando pequenos, o trio havia montado uma ‘barraca’ de lençóis e cadeiras no meio do quarto, onde dormiam a noite. Apesar de Puck não achar bom uma menina e dois meninos de doze anos dividirem uma barraca durante a noite, ele estava fazendo vista grossa, preocupado com a crescente tristeza de Kai.

_ Panquecas, ovos, calda... – observou Nate – Caramba tia Quinn, caprichou hein?

_ Bom, depois de algumas pessoas dessa casa terem passado as duas ultimas semanas se alimentando mal, - expliquei colocando a bandeja em frente a eles e me sentando – Achei que um café da manhã reforçado antes da volta às aulas seria bom.

_ Obrigado mamãe. – agradeceu Sarah, pegando algumas panquecas.

_ Obrigado tia Q. – agradeceu Kai, pegando apenas um copo de suco.

_ Kai, querido, você precisa reagir. – pedi e ele me deu um sorriso torto.

_ Eu quero tia, juro que quero. É só que... Eu não consigo acreditar que a Ileina foi capaz de fazer algo tão horrível. – desabafou ele e eu suspirei.

_ Querido, seja lá o que sua irmã estava pensando naquele momento, eu garanto que a intenção dela nunca foi causar a morte da Aili ou nada assim. – garanti a ele – E ela está colhendo os frutos dos atos dela, você sabe disso.

_ Eu sei. – concordou ele – Eu só fico pensando em como meus pais se sentiriam se estivessem aqui. Ou se isso teria acontecido se eles estivessem aqui.

_ Kai, não adianta ficar pensando no que foi ou que seria. A cada escolha que fazemos, tudo a nossa frente muda. – expliquei a ele – Todos nós caminhamos para um mesmo ponto, que é a morte. O que importa é que acontece de bom no caminho. E a Aili morreu em paz por ter conseguido trazer o Sammy ao mundo.

_ É que eu não consigo perdoar a Ileina. Pelo menos não por hora. – ele admitiu e Sarah o abraçou.

_ É para isso que está aqui Kai. Para ter uma folga disso. – disse ela.

_ É cara. E ficar sem comer não vai ajudar em muita coisa. – lembrou Nate, com a boca cheia de ovos.

_ Falar de boca cheia também não Nathan. – o repreendi e ele engoliu a comida enquanto os outros dois riam – Tá vendo, é disso que você precisa, um pouco de vida normal. Vou ligar para o pessoal e vamos todos fazer um piquenique no parque, que tal?

_ Até meus pais? – perguntou Kai.

_ Seus pais querem ficar um tempo sozinhos querido. Mas se você quiser, ligo para eles e nós passamos lá vê-los, que tal? – propus.

_ Na verdade, eu queria voltar para a casa. Nada contra a sua casa tia, pelo amor de Deus. É só que, eu sinto falta deles e quero ficar com eles agora que eu já estou melhor. – explicou ele – Acho que eles precisam de mim.

_ Claro. – concordei – Bom, vou ligar para o pessoal enquanto vocês terminam o café. Depois arrumem o quarto e suas coisas, está bem?

_ Obrigado tia Q. – agradeceu Kai enquanto eu saia.

Santana P.O.V

 Comecei a ouvir barulhos no corredor e ri baixinho, sabendo que as três meninas já estavam acordadas e no mínimo, montando a ‘casinha’ para brincar.

_ Acho que logo estarão com fome. – ouvi a voz de Britt rouca no travesseiro e concordei. Ela se virou por debaixo do meu braço, ficando de frente comigo – Bom dia.

_ Bom dia. – cumprimentei, beijando-a – Último dia de férias e elas estão acordadas as 9h? São malucas?

_ Crianças Sant. – riu ela e eu concordei – Tem mensagem no seu celular.

Me estiquei para pegar o aparelho na cômoda atrás de mim e li rapidamente.

_ Quinn chamando para irmos ao parque. Ela quer tirar Kai um pouco de dentro de casa, e hoje ele quer voltar para casa de Sam e Mercedes. – expliquei a ela que concordou.

_ E como o Kai ta em relação a Ileina? – perguntou ela.

_ Ainda bem chateado. Kaila e Iwin também estão, mas em outro nível né? E Kali é muito nova para entender. A única coisa que ela sente é tristeza porque a irmã mais velha se foi. – contei o que eu sabia e Britt se aconchegou em mim.

_ Fico me perguntando o que a Le tinha na cabeça. – desabafou ela e eu suspirei.

_ Cedes sempre disse que se preocupava com Ileina. Quando os pais dela morreram, ela não era tão pequena quanto Kai para não se lembrar e nem tão grande quanto Aili para entender. Ela sempre ficou no meio termo. Então ela tinha ciúmes dos outros dois, por conseguirem lidar com a situação. Mas mais ciúmes ainda da Aili, que conseguia com a situação mesmo lembrando-se de tudo. E todos sabiam que ela era apaixonada pelo Leo. Só não entendo porque ela chegou a esse ponto. – eu disse, acariciando os cabelos da minha esposa.

_ E como Sam e Mercedes estão? – perguntou Britt – Digo, eu tentei ligar para Sam várias vezes, mas ele não atende.

_ Eu falei com a Mercedes ontem e ela disse que Sam está um caco. Eles vão todo dia de manhã para a casa da Shelby, mas a noite ele se tranca no quarto da Aili e não sai de lá. Ela ta começando a ficar preocupada, mas eu disse que ele está apenas passando pela fase da perda porque ele e Aili eram muito apegados um ao outro. – respondi – Mas bom, melhor levantarmos. Logo as meninas acordam e vão querer comer.

_ E nós temos que ir ao parque. – completou ela animada, me fazendo rir.

_ MAMÃÃÃÃÃÃÃE EU TO COM FOME. – gritou Amanda, acompanhada das duas primas na ultima palavra.

_ Se troca que eu vou começar a fazer o café. – propus e Britt concordou, indo para o banheiro enquanto eu punha o robe e saia para o corredor – Muito bem monstrinhos sem fundo, hora de comermos.

Como sempre, elas vieram correndo, indo em direção a escada, mas Amanda parou para me dar um beijo de bom dia. Eu então a peguei do chão, aninhando no meu colo.

_ Que foi mama? – perguntou ela e eu sorri.

_ Nada meu anjo. Só que eu te amo. – respondi, começando a descer as escadas com ela no colo.

_ Eu também te amo mama. – ela disse, beijando meu rosto.

_ Muito bem, quem quer panquecas? – perguntei entrando na cozinha.

Rachel P.O.V

_ Kali, querida... – chamei entrando no quarto onde ela e os meninos jogavam vídeo game – Tia Quinn ligou e nós vamos ao parque. E depois disso, Kai vai voltar para a casa de vocês. Ele pediu para ver se você quer ir também.

_ Quero sim tia Rach. – respondeu ela, pausando o jogo – To com saudades de ficar com o papai e a mamãe.

_ Tudo bem então querida. – concordei sorrindo – Liam, sua mãe disse que você volta para casa também. O mesmo para você Kyle, Santana ligou e disse que não agüenta mais você longe.

_ Isso quer dizer que a pirralha vai voltar? – perguntou Hiram e eu revirei os olhos.

_ Não chame sua irmã assim querido. E sim, ela volta hoje. Então tratem de arrumar essa bagunça e suas coisas, porque saímos para o parque em 10 minutos.

Desci para a cozinha, onde Finn terminava de arrumar a bagunça do café.

_ As crianças já estão se arrumando. – avisei e ele sorriu aliviado.

_ Ainda bem. – confessou ele – Eu amo meus sobrinhos, mas esses quatro juntos são impossíveis.

_ Quando eles eram pequenos eram os sete lembra? Eles quatro, Iwin, Rony e Ben. – comecei a divagar – Mas quando entraram na escola, mudou tudo.

_ Ora querida, mas eles ainda são amigos, é isso que importa. – afirmou ele vindo me beijar – E hoje com a criançada fora daqui, podemos matar a saudade.

_ Finn, nossos filhos estarão aqui. – o repreendi e ele riu.

_ Nós temos feito com eles aqui há nove anos e até hoje nenhum deles precisou de tratamento psicológico. – lembrou-me ele, terminando a louça – Bom, vou me arrumar. Não demore porque Quinn disse que quer aproveitar enquanto Kai ainda está animado.

Blaine P.O.V

O parque central de Lima parecia um refugio perfeito para escapar da tristeza das últimas semanas. LeRoy e Theo dedilhavam seus violões, acompanhados de Nicky, Beth e Matt, que fugira para cá não mais agüentando o clima pesado na casa dos pais.

Sarah, Kai e Nate se revezavam com um tabuleiro de xadrez, às vezes acompanhados por algum dos adultos, e os pequenos corriam entre os brinquedos, rindo alto.

_ Senti falta disso. – admitiu David, que viera com Matt – O clima lá em casa está bem pesado desde que Sammy chegou do hospital. Leo fica muito perdido e Mercedes e Shelby não sabem nem por onde pegar para ajudá-lo.

_ E Ileina? – perguntou Kurt.

_ Sam não tem nem tocado no nome dela. Mercedes diz que quando falou no assunto, ele apenas disse que queria deixar as coisas esfriarem porque amava demais a filha para se deixar odiá-la. – contou ele suspirando – O que eu sei é que Mercedes não a vê há dias, porque ela se trancou no quarto e não sai de lá enquanto os pais estão em casa. E ela acha melhor deixar as coisas esfriarem um pouco também, então não está procurando-a.

_ Mas como ela pode ter certeza de que Ileina está bem, está se alimentando? – perguntou Quinn espantada.

_ A comida da dispensa está sendo ingerida, o chuveiro da casa sendo usado, assim como o papel higiênico. – explicou David e eu ri – Eu sei, parece bizarro, mas para eles está sendo a maneira de lidar com tudo isso.

_ Ora, ora, se não é o clã inteiro. – ouvimos alguém e vimos Joe Hart se aproximando com a esposa – Ou quase inteiro, mas já esperava. Eu sinto muito pela sobrinha de vocês, ouvi sobre o que aconteceu.

_ Obrigado. – agradeceu Finn – Sentem-se.

_ Obrigado. – agradeceu Iza, sentando-se junto do marido ao nosso lado – Acho que as crianças já se conhecem da escola. – observou ela.

O menino estava correndo com Ben e Rony e eu me lembrava de já tê-lo visto certa vez na escola. Havia uma menina também, que conversava com Kali, e outra que estava sentada mais adiante com Kai, Nate e Sarah.

_ E onde estão Sam e Heaven? – perguntou Quinn.

_ Sam ficou em casa com o namorado. – respondeu Joe contrariado – Não que eu goste muito de deixá-los sozinhos.

_ E Heaven está em algum canto ouvindo música e se perguntando por que seus pais chatos a obrigaram a vir para a luz do dia. – completou Iza – A fase dark ainda não passou, desde os dez anos de idade.

Nós rimos e voltamos a conversar amenidades, enquanto esperávamos a tarde terminar.

Leo P.O.V

Duas semanas que eu não durmo direito começaram a fazer efeito. Eu lutava para manter os olhos abertos, eles insistiam em fechar. Por fim, cedi e acabei cochilando na poltrona do quarto de Sammy, com ele adormecido em meus braços.

Quando eu acordei, a primeira coisa que vi foi que quase três horas haviam se passado e Sammy não acordara ou chorara. Estranho, porque mamãe havia ido ao parque encontrar papai e tia Cedes e tio Sam não tinham vindo para cá ainda, porque estavam arrumando tudo para quando os filhos chegassem em casa a noite. Digo, tia Cedes estava. Tio Sam devia estar no quarto da Aili.

Foi então que percebi que Sammy não estava no meu colo. Minha primeira reação foi me desesperar, me levantando e começando a ver se não o havia derrubado sem querer. Sai do quarto correndo e desci as escadas, parando abruptamente ao vê-lo na sala, no colo de Ileina.

_ O que você está fazendo aqui? – rosnei para ela, que se virou assustada.

_ Mamãe não ia conseguir vir, então pediu para que eu viesse ver se precisavam de alguma coisa. Quando eu cheguei, ele estava chorando e você dormindo que nem uma pedra. Então o peguei e desci fazer a mamadeira. – explicou ela calmamente e eu vi que ela amamentava Sammy, que parecia tranqüilo.

_ Como você tem a cara de pau de se aproximar dele depois do que você fez? – perguntei e ela desviou o olhar.

_ Eu sei que eu errei, mas a Aili sabia da verdade e me perdoou. E ela me pediu que cuidasse de vocês. – começou ela e eu a cortei.

_ Não me venha com essa. – rosnei – Isso é só mais uma jogada sua para se aproximar de mim, usando o Sammy. Mas não vai funcionar ouviu? EU AMO A AILI E SEMPRE VOU AMAR, MESMO VOCÊ TENDO ESTRAGADO TUDO.

Nesse momento, Sammy largou a mamadeira e começou a chorar. Eu fiquei sem reação, como sempre quando ele começava a chorar. Ileina largou a mamadeira e o trocou de posição, começando a acalmá-lo. Ele logo parou de chorar e ela sorriu, acariciando o rosto dele, o que me deu mais raiva.

_ Larga meu filho. – rosnei me aproximando e o pegando dela com cuidado – Eu não quero ver você perto dele, cuidando dele, porque você não é a mãe dele. A mãe dele é a Aili, e se ela não está mais aqui, quem vai cuidar dele sou eu. Agora saia daqui e não apareça mais.

Ela me olhou por alguns instantes, lágrimas escorrendo dos dois olhos, mas eu não me abalei. Ela então pegou sua bolsa e se aproximou, me fazendo retesar. Mas o que ela fez foi beijar a testa de Sammy e se virar, sem dizer uma palavra, saindo de casa.

_ Agora somos nós dois amigão. – sussurrei, beijando a testa do meu filho – E eu acho que eu preciso trocar sua fralda.

Matt P.O.V

Me afastei um pouco do pessoal para atender o celular. Era Leo irritado, dizendo que Ileina havia aparecido em casa.

_ Ela fez algo conta o Sammy ou tentou algo com você? – perguntei e ele negou – Então para que esse escândalo todo homem?

_ Pelo que ela fez com a Aili. – respondeu ele e eu bufei.

_ Na boa Leo, eu entendo que você tá sofrendo, entendo que é difícil, para todos nós é. Mas cara, culpar a Ileina por ter feito a Aili engravidar não vai adiantar. Se é assim, culpa o Sammy por nascer. E outra, sai de casa um pouco. Eu sei que o bebê é pequeno, mas o parque está vazio, além da família. Vem com ele para cá, acho que vai te fazer bem. – e desliguei o telefone como bom irmão gêmeo que sou.

_ Muito sensível você. – ouvi alguém e me virei, deparando com uma menina de uns 16 anos sentada ao pé da arvore, com fones de ouvido e roupas escuras. Os cabelos castanhos eram na altura dos ombros e tinham mechas roxas.

_ Falou a emo dark. – respondi e ela riu – Fazendo o que aqui?

_ Meus pais quiseram sair em família e eu tive que vir. – retrucou ela mal humorada – Mas preferia estar no meu quarto ouvindo Green Day.

_ Gosto musical peculiar então? – perguntei – Mas achei que Green Day fosse modinha.

_ Nas ultimas musicas que a banda fez antes de se separar sim. Mas quando começaram, eles eram demais. – disse ela.

_ Concordo. Assim como Simple Plan. Na verdade, assim como todas as bandas quando ficam famosas. – completei sentando ao lado dela, que pareceu surpresa.

_ Ora, temos um apreciador musical aqui? – perguntou ela surpresa.

_ Minha mãe era treinadora do clube do coral antes de eu nascer. – expliquei – Minha irmã tem um Tony na Broadway. E eu participo do New Directions do colégio McKinley.

_ Então daí que eu te conheço. – lembrou ela sorrindo – Já te vi na aula de física. Você não é mais velho?

_ Repeti dois anos. – admiti e ela riu – Então você é mais uma das estudantes do bom e velho McKinley?

_ Culpada. – admitiu ela rindo – Mas sobre o que falava com seu irmão?

_ A namorada dele morreu dando a luz o filho deles, duas semanas atrás. E descobrimos que ela engravidou porque a irmã mais nova trocou o anticoncepcional. – expliquei.

_ Pera, seu irmão não seria o namorado da Ailika né?  - perguntou e eu confirmei – Minha irmã mais nova estuda com a Ileina e ficou sabendo. Na verdade, meu pai estudou junto com o pai da Aili e da Le.

_ Quem é seu pai? – perguntei.

_ Joe Hart. – respondeu ela – Ele está sentado ali, com minha mãe.

_ E com meus pais e meus irmãos. – respondi – Meio-irmãos na verdade. Dezenove anos mais velhos que eu.

_ Nossa. – espantou-se ela e eu ri – Mas não me apresentei... Heaven Sky Hart. Eu sei, céu demais.

_ Quase nada. – respondi – Matt Martinez.

_ Bom Matt, acho que seu irmão seguiu seu conselho. – respondeu ela e eu me virei, vendo Leo se aproximar empurrando um carrinho de bebê e atraindo a atenção de todos, inclusive e principalmente das crianças.

_ Quer conhecer meu sobrinho? Não é tão gato quanto eu, mas dá pro gasto. – perguntei e ela riu.

_ Adoraria sr. musical. – respondeu ela se levantando e me puxando atrás.

Ileina P.O.V

Cheguei em casa chorando e assim que abri a porta, dei de cara com meu pai. Ele me olhou por alguns instantes, antes de dar as costas e subir as escadas sem dizer uma única palavra.

_ Ileina, aconteceu alguma coisa? – perguntou mamãe se aproximando e eu me virei para ela.

_ Leo me falou um monte de besteiras. – respondi.

_ Isso já era esperado. – concordou ela.

_ Eu sei que eu errei, mas porque ele e o papai me culpam pela morte dela? Ela escolheu continuar a gravidez. – retruquei nervosa e mamãe sentou no sofá, me puxando para seu lado.

_ Eles estão feridos minha filha. E nesse momento, é mais fácil jogar a culpa em alguém do que entender que talvez as coisas tivessem que ser assim. – explicou ela – Dê tempo ao tempo.

_ Não consigo mãe. – admiti – Kai me odeia, Iwin e Kaila também. Só a Kali que não, porque não entende o que aconteceu.

_ Eles não te odeiam. – assegurou ela.

_ Odeiam sim. Por isso que eu tenho algo a te pedir. – ela se sentou melhor, me encarando – Lembra aquela escola de artes em período integral em Fort Wayne? Eu mandei alguns desenhos para lá antes do Natal e eles ligaram ontem à tarde, me oferecendo uma bolsa para estudar lá. Como minhas notas são boas, eles não vêem problemas em eu começar na metade do semestre na parte didática.

_ Você está dizendo que... – perguntou ela.

_ Que eu quero me mudar para lá assim que possível.