Beth P.O.V

_ Tem certeza que vocês dão conta? – perguntou Leo, ainda sem querer soltar Sammy.

_ Leonard, entrega o menino para sua prima e vamos logo, estamos atrasados. – reclamou vovó e eu ri da cara do meu tio.

_ Larga o osso maninho, o pirralho tem que sair da barra da sua saia hora ou outra. – brincou Matt abraçado com Heaven, recebendo um olhar feio do pai – Que foi?

_ Leo, vai tranquilo cara. Você esquece que nós cuidávamos da Lyra quando ela tinha esse tamanho? Respira ai. – brincou meu irmão, enquanto Nicky vinha e pegava Sammy do Leo – Agora vai lá e representa a família.

Vovó ganhou um prêmio pelo projeto de música para crianças carentes que ela vinha desenvolvendo havia anos. Normalmente todos iríamos a premiação, mas com Sammy pequeno, alguém tinha que ficar. E como eu e LeRoy fomos os que mais sofremos tendo que ir a esse tipo de eventos ao longo dos anos, conseguimos escapar. Quer dizer, nós e mais alguns.

_ Eu não quero ir mãe. – reclamou Barbra no colo de tio – Porque o Nate, a Sarah e o Kai podem ficar?

_ Porque eles já são grandinhos. – retrucou minha tia, arrumando o terno de Hiram e um Charlie reclamão – Nem comece Charlie.

_ E eles não explodem a casa. – lembrei, enquanto nossos pais e tios terminavam de arrumar as crianças – Relaxa Barbra, quando o vovô David e o vovô Burt ficarem bêbados, a festa fica legal.

_ O amor e adoração que vocês têm por nós surpreende. – indignou-se vovô Burt enquanto todos nós ríamos.

_ Agora vamos logo que já estamos atrasados. – lembrou tia Sant, dando um beijo na cabeça de Nate – Apronte e eu esquento sua bunda.

_ Também te amo mama. – riu meu primo, recebendo um beijo de tia Britt.

Tia Cedes e tio Sam vieram dar tchau para Kai e Sammy, enquanto Leo era praticamente arrastado por Matt para a porta da frente. Mamãe veio e se despediu de nós e Sarah.

_ Não quero ninguém sozinho no segundo andar. – lembrou papai, encarando Theo de cara feia – Isso também vale para você LeRoy.

_ Noah, andando. – rosnou vovó e papai murchou, saindo de mãos dadas com mamãe, que gargalhava.

_ Muito bem... – anunciou Kai na janela, observando os carros sumirem – Estamos sós.

_ E o Sammy logo dorme. – lembrou Sarah rindo – Né meu amor?

Ok, crianças de cinco meses deviam fazer expressões macabras?

Kai P.O.V

Puta merda, uma criança consegue chorar por duas horas seguidas?

_ Fome não é, fralda não é... – resmungou Theo, enquanto Beth andava com o pequeno de um lado para o outro.

_ Existe algo no mundo que faça ele parar de chorar? – perguntou Nate, com a cabeça enfiada embaixo de uma almofada.

_ Cantar? – perguntei e me encararam – Qual é, nessa família todo mundo só sabe fazer isso, vai que ajuda.

_ Onde seu pai guarda o violão? – perguntou LeRoy e eu corri buscar. Estávamos em casa, porque tio Puck não quis que ficássemos sozinhos na casa grande. De acordo com ele, existe muito espaço lá para se sumir.

Quando voltei a sala, meus primos tentavam decidir que música cantar.

_ Pelo amor de Deus, cantem algo da Disney que já é de praxe que a criança vai gostar. – resmunguei, entregando o violão a LeRoy.

_ E qual música senhor gênio? – perguntou Nicky e eu dei de ombros.

_ You’ll be in my heart? – propôs Sarah e todos concordamos. Como não pensei nessa?

Nós todos cantamos um pedaçinho e logo Sammy estava quietinho e adormecido no colo de Beth e todos suspiraram aliviados. Sossego afinal. Mas ai o telefone tocou histérico e Sammy voltou a berrar.

_ Alô? – gritou Nate por cima do barulho – LEO, VAI SE FODER. O SAMMY TINHA ACABADO DE DORMIR. APARECE AQUI QUE EU TE CHUTO A BUNDA. FICA NA FESTA QUE NÓS ACALMAMOS O SAMMY.

_ Eu vou matar ele, juro que vou. – resmungou Nicky, cobrindo os ouvidos – O que fazemos agora?

_ Dá ele aqui. – como?

Ileina P.O.V

_ Obrigada pela carona sra. Parker. – agradeci quando paramos em frente de casa.

_ Não há de que Ileina. – respondeu ela – Passo te pegar domingo a tarde está bem?

_ Claro. – concordei, pegando minha mochila de descendo. Estranhei de ver as luzes acesas, pois, até onde sabia todos estariam na premiação de vovó hoje.

Caminhei até a porta e ouvi que cantavam. Como eu senti saudades disso. Ouvi Nate comemorando que Sammy havia dormido e estranhei novamente, quando de repente o telefone tocou e o bebê recomeçou o berreiro.

_ Alô? – gritou Nate por cima do barulho – LEO, VAI SE FODER. O SAMMY TINHA ACABADO DE DORMIR. APARECE AQUI QUE EU TE CHUTO A BUNDA. FICA NA FESTA QUE NÓS ACALMAMOS O SAMMY.

_ Eu vou matar ele, juro que vou. – resmungou Nicky, cobrindo os ouvidos – O que fazemos agora?

_ Dá ele aqui. – pedi abrindo a porta e todos me encaram espantados, ignorando a gritaria de Sammy – Beth, dá ele aqui.

Minha prima pareceu hesitar, mas por fim cedeu, creio que não mais aguentando a gritaria. Logo que eu o peguei, Sammy começou a diminuir o choro gradativamente, conforme eu o embalava de um lado a outro.

_ O que faz aqui? – perguntou Kai e me magoei com seu tom de voz.

_ Se você se esqueceu, eu ainda moro aqui. – lembrei a ele – Vou colocar Sammy no berço e vou para meu quarto, com licença.

_ Pera, então é assim. – perguntou meu irmão e eu me virei para ele – Você apronta tudo que aprontou, some sem mais nem menos e volta achando que não deve explicações?

_ Primeiro, todos sabiam onde eu estava. Segundo, eu vim passar um final de semana com a mamãe e a Kali. Terceiro... Pare de me culpar por algo que não é minha culpa Kai. Eu errei, mas quem escolheu ter o filho apesar dos riscos foi a Aili. – desabafei – E agora se vocês preferem ficar aqui com o Sammy berrando, fiquem a vontade.

_ Leva ele para cima Le... – pediu Sarah com um sorriso – Daqui a pouco subo lá no seu quarto para conversarmos um pouco ok?

Concordei, dando as costas a meu irmão e subindo as escadas. De acordo com mamãe, o quarto de Aili havia virado o quarto de Sammy em casa. Ao abrir a porta, não consegui evitar chorar. Caminhei até o berço branco, encarando como o local havia mudado nesses poucos meses.

_ Vamos por pijama? – perguntei, vendo que meu sobrinho estava com uma roupa que jamais seria confortável para dormir. Comecei a revirar as gavetas, mas não achei nada.

_ Segunda à direita. – ouvi e me virei, vendo Kai ali. Assenti, abrindo a gaveta e pegando um pijaminha leve e azul. Comecei a trocar o bebê com Kai ainda me encarando, o que a cada segundo ficava mais desconfortável.

Aninhei Sammy em meus braços, começando a nina-lo calmamente. Não demorou para ele adormecer e eu sorri, enquanto o colocava em seu berço e ficava o admirando. Kai continuava me observando e eu me virei para ele.

_ Eu nunca quis que a Aili morresse Kai, você sabe disso. Você acha que eu seria capaz de matar nossa irmã, do fundo do coração? – perguntei e ele, que apenas encarava o chão.

_ Mamãe conversou bastante comigo. – admitiu ele em voz baixa – Sobre tudo que aconteceu, sobre que vem acontecendo desde que éramos crianças. Ileina, porque você nunca falou comigo ou a Aili sobre como você se sentia sobre nossa família?

_ Kai, eu amo nossos pais, nossos irmãos, nossa família. – assegurei – Mas é tudo confuso, sempre foi. Eu não consigo saber quem eu sou e eu admito, eu tinha inveja da Aili. Ela sabia quem era, qual era sua parte havaiana, sua parte americana, sua parte na nossa família e na família deles. E ela sempre soube que eu era apaixonada pelo Leo, mesmo antes dela mesma gostar dele.

_ É só que... Eu não sei como me sentir diante de tudo isso Ileina, de verdade. – disse meu irmão, começando a chorar.

_ Me desculpa. – pedi, enquanto ele corria até mim e me abraçava. Mesmo mais novo, ele já está do meu tamanho, quase maior – Eu te amo Kai.

_ Também te amo Le. – sussurrou ele – Volta para casa, por favor.

_ Ainda não dá... – admiti – Papai ainda não vai conseguir lidar comigo aqui, ele amava demais a Aili.

_ Mas ele também te ama Le. – lembrou meu irmão e eu sorri triste.

_ Não tanto quanto amava ela.

Leo P.O.V

Meus pais e Matt foram para casa, mas como era muito tarde para tirar Sammy da casa dos avôs, resolvi dormir por lá. Chegamos com Santana e Puck, que haviam ido buscar meus “sobrinhos” (sempre estranho dizer isso, sendo que dois deles são mais velhos que eu).

_ Crianças? – chamou Sant entrando. Nate estava na poltrona com Sarah dormindo nele e Puck fez careta – Se controle Noah.

Eles se aproximaram da poltrona e meu irmão pegou Sarah no colo, enquanto Sant acordava Nate e Quinn acordava Beth, Theo, LeRoy e Nicky.

_ Cadê o Kai e o Sammy? – perguntou tio Sam e Beth e LeRoy se entreolharam.

_ Sammy tá no berço dormindo e Kai tá com a Ileina no quarto dela. – respondeu minha sobrinha e nos espantamos. Como Ileina veio para cá?

_ Ela veio com uma professora dela que mora na cidade para passar o final de semana. – explicou Nicky.

_ Mãe, posso ir dar oi? – pediu Iwin e tia Cedes concordou, enquanto ele subia correndo com Kaila. Só Kali que não foi, porque estava dormindo no colo do pai.

_ Bom, vamos logo que a Sarah é pesada. – pediu Puck e eu tive que rir. Ele queria o que de uma menina de 12 anos?

Meus irmãos foram embora com os filhos, deixando eu, meus ex-sogros e uma Kali adormecida na sala.

_ Vou por a Kali na cama e ir dormir. – anunciou tio Sam e tia Cedes o encarou.

_ Não vai falar com a Ileina? – perguntou ela e ele não respondeu, subindo as escadas. Minha tia suspirou me encarando – Bom, vou lá dar oi para minha filha e tentar acalmar as crianças. Você quer ajuda com o Sammy?

_ Não, pode ir. – respondi e ela concordou, subindo as escadas. Encarei a sala por um tempo, antes de segui-la, me dirigindo ao quarto de meu filho. Ele ressonava tranquilo no berço e eu sorri, beijando sua cabeça e começando a arrumar minha cama.

_ Leo... – Kali apareceu, recém-acordada – A Le tá aqui... Nós vamos fazer festa do pijama, quer vir?

_ Não princesa, vou ficar aqui com o Sammy. Mas divirtam-se. – respondi e ela assentiu, saindo correndo e rindo. Fui até a porta para fechá-la, vendo o quarto de Ileina a frente. Ela estava na cama, com Kali em seu colo e Kaila abraçada as suas costas. Kai e Iwin ajudavam a mãe a arrumar os colchões para dormirem.

Fechei a porta suspirando e fui até minha cama no canto do quarto. Deitei e me vire para o criado mudo. Ali estava a foto que haviam tirado quando Sammy nasceu, a última de Ailika. E foi a encarando que cai na inconsciência.