Wishes

Toda criança espera o ano todo por aquele dia especial. Balões, bolo, docinhos, presentes, os amiguinhos reunidos em volta da mesa cantando parabéns pra você.

E a parte mais especial: na hora de apagar as velinhas, a mamãe sempre sussurra para o filho: “Faça um pedido!” Sem dúvidas, uma data especial.

Mas o garoto Kurosaki não pensa assim. Seus aniversários sempre foram marcados pelas excentricidades do pai, com suas idéias malucas de ‘presentes’. E pela falta da mãe, que morrera quando o garoto ainda era uma criança.

Depois disso, quando a pequena família se reunia em volta do bolo de aparência duvidosa, feito pelo pai uma vez que Yuzu ainda era muito nova para cozinhar, não haveria a doce voz de Masaki em seu ouvido, guiando-o.

Mas ele já sabia o que fazer. Fechava os olhos e desejava. “Uma mulher tão boa quanto minha mãe.” Podia ser uma madrasta, uma amiga, uma namorada... ele só precisava de novo daquele afago que somente ela poderia lhe dar.

Infelizmente, seu desejo nunca se realizou. A mulher nunca veio. Ele cresceu assim, somente com um pai excêntrico. Transformou-se em um garoto extressado e impulsivo com relação a tudo. Apesar disso, Ichigo não é nem um pouco do que aparenta ser. Tem um coração caridoso e compreensivo, desejando proteger todos à sua volta.

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É incrivel como deixamos as coisas mais importantes passarem despercebidas por nós. Aos quinze anos, Ichigo acreditava que a boa mulher nunca apareceria em sua vida. Mal ele sabia que ela já estava lá, desde os doze.

Ele nunca prestou atenção na garotinha de cabelos alaranjados, como os dele, que chorava incessantemente pelo irmão agonizante. Nunca, nos três anos em que esudaram juntos, ele pensou que ela pudesse ser a mulher.

Afinal, quem poderia imaginar? A garota peituda, cabeça-de-vento, era a última pessoa de quem ele poderia esperar algo. Eles eram totalmente opostos.

Contudo, apesar da falta de percepção dele, ela, Inoue Orihime, já o amava. E estava esperando que ele finalmente percebesse. Jurou que esperaria o tempo que fosse necessario. Esperaria Cinco vidas.

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Se deixamos as coisas passarem despercebidas por nós, só descobrimos quando a perdemos. Foi só quando a colegial foi levada para Las Noches é que ele realmente percebeu a falta que ela fazia. Foi só assim que ele descobriu que Orihime era a mulher que ele tanto procurava.

Ela podia ser cabeça-de-vento, seu paladar estranho. Mas era gentil, bondosa, sempre pronta para ajudar. Apesar da personalidade infantil, era inteligente e bonita. A garota mais bonita da sala. Nem mesmo o Kurosaki, que nunca reparava em atributos físicos femininos, podia negar sua beleza.

E justamente agora, que ele descobrira seus sentimentos, ela fora sequestrada. Mas ele a traria de volta, nem que isso levasse cinco vidas.

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O dia em que ele conseguiu resgatá-la, foi o dia mais feliz de sua vida. O dia em que voltaram para casa, que ele declarou seus sentimentos... coincidentemente era o dia sete de Julho. Dezessete anos. Cinco que ele a conhecia. No final, ela não precisou esperar cinco vidas. Somente cinco anos, tempo demais na sua opinião.

E o beijo daqueles labios macios foram o melhor presente de sua vida. O desejo que havia sido realizado.

Agora, Ichigo poderia aturar os presentes de seu excêntrico pai. Poderia aturar as coisas estranhas que sempre ocorriam em seus aniversários. Bastava ver os olhos cor de mel de sua namorada, ao seu lado sussurrando "faça um pedido", com sua voz suave, e tudo ficava bem.

A única coisa que Ichigo ainda não suportava eram os bolos caseiros de Orihime.