Neve e Chama: A Segunda Era dos Heróis. escrita por Babi Prongs Stark Lokiwife


Capítulo 24
Capitulo 22: Shiera & Drogo




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Shiera Tully

O navio ancorou no porto abandonado de Ibben. A Capitã Greyjoy ordenou que seus homens de ferro permanecessem no Black Kraken, enquanto ela própria e seus companheiros de viagem desembarcavam.

- Vocês façam o que quiserem. – disse Mary Lane assim que todos desembarcaram – Eu vou procurar pelo bastardo. Sozinha.

- Não é seguro. – preveniu-a Sor Drogo – A ilha está abandonada e só deuses sabem que perigos pode esconder. Seria melhor se cada um de nos tivesse ao menos um acompanhante.

- Essa ilha não me assusta. Eu não preciso de acompanhantes. – respondeu ela revirando olhos e se distanciando.

Shiera a observou partir com pena. A Greyjoy parecia ser absurdamente solitária, mesmo que fosse absurdamente promíscua e sempre tivesse sua tripulação, ela não tinha muitos amigos. E justamente pela ausência deles afastava qualquer um que tentasse se candidatar ao cargo. Era uma existência triste. A pobre mulher vivia apenas por sua vingança, Shiera suspeitava que isso talvez a enlouquecesse tanto quanto os pais.

A mercenária e o Príncipe Rhaego embarcaram na floresta juntamente com as trigêmeas dothraki. Aemon Martell, Sor Renly e Lady Baratheon seguiram para oeste. Eddard Baratheon ficou encarregado de proteger Lady Lannister, que desembarcou apenas no intuito de alongar as pernas. Sor Drogo, Sor Gyles, Sor Astor e ela própria formaram o último e maior grupo, que ficou rondando as praias congeladas do leste.

Desde o acontecido em Braavos não se atrevera a se distanciar mais do que o absolutamente necessário de Sor Astor. Em menos de três viradas de lua sofrera mais perigos do que toda a sua vida, primeiro com a harpia, depois com os dothraki que tentaram violá-la. Até que aprendesse a se defender sozinha precisaria de proteção.

Acariciou o arco polido que fora presente de seu protetor, vinha tendo lições de como manuseá-lo desde que saíram de Braavos, estava melhorando gradualmente, já era capaz de atirar  uma flecha e até mesmo acertar há uma razoável distância, apesar de sua perícia não ser nada se comparada a de um dos cavaleiros que a acompanhava. Começou a cantarolar a música de seus sonhos, Sor Astor já estava acostumado à melodia e à língua estranha na qual ela cantava, porém Sor Drogo estranhou-a.

Explicou a ele do que se tratava, tal como explicara há algum tempo a Sor Renly. Porém, para sua surpresa, quando chegou ao refrão Sor Gyles completou a sua frase, cantarolando em uma voz grossa mas com um belo timbre.

- Não é a primeira vez que a escuto. – disse ele, já envergonhado, quando tanto Shiera como Sor Astor o fitaram interrogativamente – Já ouvi outra donzela cantarolando dezenas de vezes a mesma canção.

- Quem? – perguntou Sor Drogo visivelmente curioso.

- Lady Melony. – respondeu o Tyrell – Sempre pensei que se tratasse de uma língua selvagem, mas agora não encontro nenhuma explicação razoável.

Escutaram então o grasnar de um corvo, olharam para cima e vislumbraram a ave agourenta planar vários metros acima deles.

- Ele está levando uma mensagem! – gritou Drogo.

Shiera jamais soube o porquê de ter feito aquilo, naquele momento devia ter entregado o arco a qualquer um de seus companheiros, mas por algum motivo inexplicável colocou a flecha no arco, sequer chegou a mirar, apenas apontou para cima e disparou.

Em condições normais ela sabia que teria errado, porém os ventos congelantes moveram a flecha e guiaram-na diretamente para o coração do corvo, um golpe de pura sorte.

O animal caiu na neve fofa com um baque, o gigantesco lobo de Sor Drogo foi buscá-lo e voltou com um pedaço de pergaminho. Leu-o e passou para Sor Gyles, que depois de ler o passou para Shiera.  Era uma mensagem curta, mas com um significado claro.

“Eles estão aqui.”

Drogo Stark

Assim que desembarcaram adentrou a floresta em busca de caça. No navio, Drogo cuidava para que o lobo fosse alimentado com grandes porções de carne crua, mas entendia que nada se comparava ao prazer da caça e Shadow sentia falta disso.

As palavras de Narcysa Lannister ainda ressoavam em sua cabeça. Ele não entendia o porquê da loira ser tão cruel, ele só estava tentando ajudá-la. Na maior parte do tempo coisas assim não o incomodavam, Bran o ensinara que ‘palavras são vento’ e não poderiam atingi-lo. 

Poderia ter sido o herdeiro do Trono de Ferro, mas não passa de um bastardo real com um pouco de sorte.

Entretanto dessa vez foi diferente. Foi como se a Lannister pudesse ler seus pensamentos e usá-lo contra ele. É claro que ele sonhava com o Trono de Ferro, deveria ser seu direito de nascença. Compreendia  o porquê de ter sido deixado no Norte durante a guerra, compreendia o motivo de seu tio ter sido forçado a assumi-lo. Mas ainda assim sentia que estava sendo de alguma forma ludibriado. Que precisava provar aos pais que era digno do trono.

O quão infeliz deve ser Lord Brandon por saber que jamais poderá ter um filho seu no Trono de seus antepassados? Que seu herdeiro tem mais sangue de dragão do que de lobo?

Seu próprio pai, Jon Targaryen fora considerado um bastardo por muito tempo. E muitos diriam que ele tinha apenas sorte. Será que Lord Bran se ressentia? Não era como se isso já não tivesse passado por sua cabeça. Jon Targaryen dissera que a queda deixara Bran estéril, mas eles nunca chegariam a saber. Lady Meera não tivera permissão para ter outro filho e bebia constantemente chá de lua. Eles diziam que não se importavam e demonstravam amar Drogo. Mas não deveria ser fácil saber que jamais teria um herdeiro, que seu sucessor teria mais sangue de dragão do que de lobo. Até onde isso era verdade? Drogo possuía de fato os cabelos dos Targaryen, mas os olhos eram nortenhos, olhos dos Stark. O quê ele era afinal, um lobo ou um dragão? Quem ele era, um príncipe ou um bastardo?

Ele provavelmente se ressente de você, nunca o aceitará como um filho, do mesmo modo que o povo do Norte jamais o aceitará como seu governante.

Parte do motivo por Drogo aceitar o trono de ferro era por temer jamais ser aceito pelos futuros vassalos. Nas festas da colheita os Lordes Nortenhos sempre lhe dirigiam um olhar de desprezo, como se ele não fosse digno do lugar que ocupava.

Você não é nada, Drogo Blackfire.

Seria ele um Snow ou Blackfire? Que direito ele tinha de usar o sobrenome Stark? Ou mesmo o Targaryen? Não era filho de Lord Bran, sua mãe e seu pai se recusavam a assumí-lo como herdeiro.  E mesmo que mudassem de ideia hoje, nada poderia ser feito, o Trono de Ferro pertenceria a Rhaego. Os pensamentos se dirigiram para o ‘irmão’, o dothraki não tentou de forma alguma qualquer tipo de aproximação, tampouco Drogo.

A ironia quase lhe fez sorrir, até seu próprio nome o denunciava como um não-Stark. Drogo. O nome do primeiro marido da mãe. O nome do pai de Rhaego.

Não tinha raiva de Narcysa, ela lhe dissera apenas a verdade, a dura e dolorosa verdade. Entretanto tinha pena de Eddard, o pobre perdera o sorteio e fora encarregado de cuidar da Lannister.

Drogo seguiu com os membros de seu grupo, porém pouco falou. Sua mente se dividiu entre o próprio corpo e o de Shadow. Tal como o pai, ele era um Troca-Peles, o tio Bran o ensinara a deslizar para o corpo de Shadow, assim como o de qualquer outro animal. E foi através dos olhos do companheiro que viu o corvo planando, o lobo tentou abocanhar a ave, espantando-a na direção de seus companheiros humanos.

A mensagem que ave levava era preocupante. Sabia que havia alguém na ilha, porém, como todos, ele imaginara que fosse Ramsey Snow.

- Então de quem e para quem era aquela ave? - A voz de Shiera soou, verbalizando a dúvida que guardava em sua mente.


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Notas finais do capítulo

Cap curtissimo. Falta de inspiração é uma droga. :/