Neve e Chama: A Segunda Era dos Heróis. escrita por Babi Prongs Stark Lokiwife


Capítulo 22
Capítulo 20: Rhaego & Melony


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais.



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Rhaego Targaryen

O sol já se punha no horizonte quando ele regressou, saltou do dorso de Valyria até o topo do mastro, a dragoa se distanciou rumando para o nordeste, para Ibben, a jornada para a ilha que de navio duraria ainda mais dias, no torso de um dragão durava apenas poucas horas.

Desceu rapidamente até o convés onde suas companheiras de sangue aguardavam-no. As três tinham sorrisos idênticos nos rostos, Jhoria se aproximou e beijou sua face, Jhade sorriu assentindo e Jhiqui o abraçou rapidamente. Rhaego beijou a cabeça de cada uma e comunicou que iria se descansar, viajar no torso de Valyria era sempre prazeroso, porém o deixava exausto.

Deitou-se na cama rapidamente, ela era pequena e desconfortável para um homem grande como ele, mas serviria ao seu propósito. Sonhou com o dia em que as Maegis foram mortas pelos dothraki, então ele com apenas dez anos trocara de dono. Porém mesmo em tão tenra idade Rhaego não tivera a oportunidade de ser uma criança, tinha o coração endurecido e o olhar cheio de astúcia e desconfiança que nenhum garoto deveria ter. Aprendeu muito observando seus senhores, sem nunca ter pego em uma espada ou um arakh, sabia manejá-los. Então houve o ataque, outro khalasar se aproximara e tentara subjugá-los. Em meio a batalha conseguira colocar as mãos em uma espada de Westeros, provavelmente tomada de algum cavaleiro banido, foi sua primeira batalha, a primeira vez que derramou sangue inimigo.

Não tinha interesse nenhum no vencedor da batalha, de qualquer modo continuaria sendo um escravo. Lutava apenas por sua vida. Então viu pelo canto do olho um dothraki avançar pelas costas do Khal, ele estava lutando no chão, distraído com outros inimigos, seus companheiros de sangue estavam muito longe para protegê-lo mesmo que vissem o perigo iminente.

Rhaego nunca soube por que fizera aquilo, em seu íntimo sabia que não estava buscando recompensas ou tentando se tornar um herói, apenas agira por instinto. Avançara rapidamente e com apenas um golpe preciso decepara o braço do inimigo que sequer vira sua espada chegando.

O homem com o dobro de seu tamanho gritou de dor chamando a atenção do Khal, que compreendeu tudo apenas com um olhar, antes que pudesse reagir, Rhaego foi mais rápido e, honrando seu sangue metade dothraki, ele matou o inimigo e cortou sua longa trança. Não houve tempo para agradecimentos, outros se aproximavam e a batalha se seguiu. Ao fim dela, o menino tinha inúmeros hematomas pelo seu corpo e alguns pequenos cortes, mas nada muito sério.

Estava satisfeito consigo mesmo, sobrevivera. Tinha certeza que seu pai ficaria orgulhoso. Sua mente vagou enquanto ele tentava imaginar Khal Drogo, um homem forte e valente pelo que ouvira falar, um guerreiro implacável, um Khal poderoso talvez o único que morrera com a sua longa trança intacta.

Estava lavando seus ferimentos quando um dos companheiros de sangue do Khal se aproximou, sem a menor cerimônia ele arrastou o menino até a presença do líder do Khalasar. Rhaego não tinha a menor ideia de como se portar, sabia pouco dos costumes do povo de seu pai, então apenas fitou o chão em sinal de respeito.

– Qual seu nome? – perguntou o Khal no idioma dothraki.

– Rhaego, filho de Drogo, senhor. – respondeu o menino.

– Rhaego, filho de Drogo. – repetiu o Khal surpreso – Eu conheci Khal Drogo.

O menino ousou olhar nos olhos do Khal.

– Os deuses são bons em terem trazido você a mim. – continuou ele com um sorriso bondoso e saudoso – Eu sou Dracon, filho de Bharbo, Drogo e eu somos irmãos. Nunca soube que ele tinha tido um filho.

– Nem ele mesmo chegou a saber, as Maegis me levaram para longe de minha mãe no dia que nasci, ela não sabe que estou vivo.

Dracon fechou a cara, mas Rhaego sabia que sua raiva não era destinada a ele. O Khal praguejou contra as bruxas, até que por fim se acalmou e disse.

– Você salvou a minha vida, menino, deve ser recompensado... Minha Khaleesi não pode me dar filhos. O filho do meu irmão deverá ser meu herdeiro, meu khalakka, o próximo Khal depois de mim, o Garanhão que montará o mundo!

Rhaego sorriu.

– Para estar sorrindo durante o sono só pode ter sonhado comigo. – ressoou uma voz feminina acordando-o.

Rhaego abriu os olhos e se deparou com uma belíssima loira. Conteve um suspiro irritado, há dias a garotinha vinha se insinuando para ele, se ela quisesse apenas compartilhar sua cama ele teria ficado satisfeito em realizar sua vontade, entretanto sabia que ela desejava mais. Como uma verdadeira Lady de Westeros, não abriria as pernas para ninguém que não fosse seu marido. E ele sabia que ela não seria uma Khaleesi apropriada.

– O que faz aqui? – perguntou se levantando.

Ela franziu o cenho, obviamente não esperava por essa resposta.

– Temo que as garotas estejam lhe esperando para a aula. – respondeu com frieza – Se me der licença.

Ela saiu. Fantástico, agora se sentira insultada. Ele fechou os olhos e sentou na cama. Havia tido aulas sobre o modo de lutar westerosi, mas pouco sabia dos costumes de lá. Eram centenas de etiquetas e outras frescuras que simplesmente não entendia. Lembrou-se do cavaleiro exilado com o qual convivera tentando lhe explicar o Jogo dos Tronos, só agora entendia o que ele havia tentado lhe transmitir, mas apesar de compreender não tinha a menor ideia de como jogar. Os costumes dothraki eram muito mais simples, se quisesse algo, o tomava e se tivesse um inimigo, o matava.

Não queria ser uma peça, não queria ser usado, mas tampouco sabia manipular como todos a sua volta pareciam fazer. A maioria dos cavaleiros não era tão difícil de lidar, exceto talvez Aemon Martell, esse merecia que alguém lhe cortasse a língua. Raven Arryn da mesma forma parecia simples, fácil de entender e lhe lembrava muito suas companheira de sangue. A única relação que tivera com a Capitã fora entre os lençóis, ao contrário da Lannister, ela não queria influenciá-lo, queria-o apenas entre suas pernas. Melony mais se assemelhava a uma criança. E as outras ladys ainda eram um mistério para ele.

Se levantou e caminhou até o convés. Ali estavam seu irmão Drogo, Melony, Shiera e Gyles Tyrell, a Tully tentava manejar um arco dothraki, enquanto a menina segurava uma espada, ela era tão pequena e frágil e a arma tão magnífica que chegava a ser engraçado. Ele sorriu e se encaminhou para a garota com o arco.

Melony

Melony sentia-se tonta, mesmo depois de dias no barco ela ainda não se acostumara completamente, duvidava que um dia o faria. Brynden uma vez tinha feito referências a invenções humanas que se moviam através das águas, porém Melony nunca pensou que um dia andaria em uma.

Graças aos deuses estavam quase chegando a Ibben e o tempo se tornava cada vez mais frio, mas nunca tão frio quanto o norte da Muralha, de modo que Melony não sofria tanto quantos seus companheiros.

Quando Shiera manifestou sua vontade de aprender a se defender, Melony achou que também seria uma boa ideia, nem sempre poderia contar com os machos para defendê-la. Gyles então passara a lhe dar lições sobre como usar uma espada, afinal poderia chegar o dia que teria que empunhar Dark Sister. Os machos costumavam se dividir entre Shiera e Melony para as lições, mas Gyles sempre dava atenção à ela. O cavaleiro era sua constante companhia no navio, assim como Raven Arryn, com quem se dava muito bem, entretanto ambos não suportavam Aemon e ele estava sempre lhe rondando.

Melony não via o porquê de Raven e Gyles se incomodarem tanto com os elogios dele. Apesar de gostar de provocar os demais machos, não parecia querer lhe fazer mal algum. E havia outra coisa que a deixava irritada, um sentimento estranho para ela, o fato de todos no navio pensarem que ela tinha apenas doze anos. Cerrou os punhos com a simples lembrança, Brynden lhe dissera que se passaram 19 anos desde que a ajudara sua mãe a concebê-la. Segurou firmemente Dark Sister, a espada era magnífica, mas demasiadamente pesada, Melony estava demorando a se acostumar e às vezes pensava que nunca conseguiria.

Ao fim da lição, seu corpo estava todo dolorido, mas houvera um considerável avanço desde a última vez. Guardou a espada e prendeu os cabelos. Gyles havia se distanciado um pouco e Raven não estava a vista, talvez por isso Aemon se aproximou dela.

– É muito graciosa quando empunha uma espada, milady. – disse ele sorrindo daquele jeito estranho.

– Obrigada.

– Me pergunto se é igualmente graciosa em outro tipo de jogo. – continuou.

– Que jogo?

– Nem mais uma palavra ou eu juro que arranco sua língua e a dou de presente para Sky. – rosnou Raven se aproximando.

A águia em seu ombro emitiu um som ameaçador como se para enfatizar. A fêmea parecia altamente irritada e sua mão direita estava no punho da espada.

– Acalme-se, Lady Arryn. – riu Aemon – Não precisa ficar com ciúmes, vocês podem dividir. Se dois é bom, três é melhor.

Melony não entendeu o comentário. Porém Raven sim, e aquilo pareceu enfurecê-la ainda mais, pois rápida como uma cobra ela sacou a espada e se aproximou do macho, ela encostou a lâmina em sua garganta em uma clara ameaça, mas isso não tirou o sorriso do rosto dele.

– Eu não faria isso se fosse você. – falou indicando a própria mão com os olhos.

Nela havia uma pequena adaga, que era ligeiramente pressionada contra o ventre de Raven, entretanto a lâmina parecia brilhar de uma cor diferente. Ele fora rápido, Melony sequer vira quando sacara a arma.

– Ela está banhada com um de meus brinquedinhos preferidos. – sorriu Aemon – A peçonha Tessalina. Conhece-a? Ela é uma serpente venenosa, encontrada apenas nos desertos de Dorne, costuma ficar debaixo das areias de forma que é quase impossível vê-la, graças a sua coloração. Ela costuma esperar enterrada até sua vítima estar perto o suficiente para então dar o bote. Depois que o veneno entra na circulação sanguínea já não há esperança. Ela morrerá lenta e dolorosamente, sem chances de cura.

– É a arma apropriada para uma víbora. – rosnou Raven sem recuar – Veneno. Algo utilizado apenas por covardes.

– Porém é igualmente mortal se comparado a qualquer aço. – Aemon abriu um sorriso malicioso acompanhado de um arquear de sobrancelha.

Raven recuou, sua expressão ainda estava furiosa.

– Vá embora, Martell, contente-se com sua mão, se depender de mim não tocará em nenhuma das garotas, principalmente Melony.

– Veremos. – sorriu ele se afastando.

Raven não relaxou até que ele estivesse fora de sua vista. Embainhou a espada e voltou-se para Melony. Sua fúria fora obviamente reduzida, mas ela ainda parecia zangada.

– Se você não deixar claro que não o quer ele não vai parar. Dê alguma paz a mim e a Sor Gyles, por favor.

– Não entendo por que essa aversão contra ele. – disse Melony com simplicidade – Ele só estava a me fazer elogios.

– Sim, elogios cheios de segundas intenções. Você sabe onde ele quer chegar.

Melony franziu o cenho confusa.

– O que quer dizer?

– Não seja boba, ele apenas quer se divertir com você e assim que se cansar procurará outra. O quê sinceramente é pervertido demais até para o tipo dele, você não passa de uma menina.

– Não sou uma menina! – retrucou Melony cerrando os punhos com força – Sou uma mulher adulta. Já disse, tenho 19 anos.

– E eu já disse que não acredito. – respondeu Raven dando de ombros.

– Como ele poderia se divertir comigo afinal? Somos muito velhos para brincar como filhotes.

Raven levantou uma sobrancelha e suspirou.

– Você é inocente demais, é como falar com uma criança. – desabafou ela – Nunca pensei que fosse ter que explicar isso a alguém.

– Explicar o quê?

– Você sabe com funciona a procriação, Mel? Como as mulheres tem novos bebês?

– Bem, o macho e a fêmea se encontram e ela concebe novos filhotes. – respondeu a garota com casualidade.

– Exatamente. Com os humanos não é muito diferente...

Raven lhe explicou que os elogios de Aemon não eram simples cumprimentos, mas estavam cheios de segundas intenções. Melony não entendera a onde ela queria chegar e fez várias perguntas inocentes porém diretas, que fizeram o impossível, a companheira corar.

As respostas dela entretanto foram ainda mais diretas e foi a vez de Melony corar. É claro que entendia a necessidade de perpetuação da espécie e vira várias vezes tais atos na pele dos animais que vestira, porém jamais pensara no assunto quando se tratava de humanos. Sabia como funcionava, mas não pensava que algo que era tão simples na natureza fosse ser tão complicado para humanos. Os olhos azuis claros da amiga fitavam as águas geladas, evitando os seus. Ela pensou no que falaria a seguir, mas um grito ressoou pelo navio.

– TERRA À VISTA!


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Notas finais do capítulo

Então meu povo, o que acharam?