Neve e Chama: A Segunda Era dos Heróis. escrita por Babi Prongs Stark Lokiwife


Capítulo 20
Capítulo 18: Gyles & Shiera


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais



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Gyles Tyrell

Os dias se passaram lentamente. Gyles não podia dizer que estava confortável, afinal, tinha que dividir a cabine com os demais cavaleiros que haviam concordado com essa maluquice, algo que não era próprio à sua posição social. Entretanto tinha se dado relativamente bem com seus companheiros de cabine. Ned, Renly e Drogo já eram seus amigos, tal como Lailla e Raven, que eram próximas aos rapazes. Mas não podia dizer o mesmo do dornes, o Martell rondava Melony do mesmo jeito que rondava todas as demais garotas, porém, ao contrário delas, a menina era muito inocente, não entendia os flertes de Aemon, considerava-os simples elogios. Gyles não sabia como explicar à alguém tão ingênua as verdadeiras intenções do dornes. O máximo que podia fazer era afastá-lo dela.

Lady Narcysa mantinha-se distante de todos, convivendo apenas com seu filhote de leão e por vezes Lady Shiera, que parecia ser a única com quem se dava o trabalho de dirigir a palavra.

O Targaryen selvagem também se mantinha distante, tendo como companhia apenas suas companheiras dothraki. Gyles, porém sabia, tal qual toda a tripulação, que ele estivera nos lençóis da Capitã mais de uma vez, assim como todos os cavaleiros, inclusive o próprio Gyles, excetuando-se Aemon Martell.

Gyles se encostou na bancada do navio observando o mar de um azul esverdeado, que lhe lembrava os olhos da Capitã. Não devia nada aos Targaryen, sua família estivera em guerra contra a rainha por muitos anos e vários de seus parentes morreram em oposição aos dragões. Quando o monstro começara a atacar a multidão seu principal desejo foi proteger Melony, a garota parecia tão absurdamente frágil que ele teve certeza que ela seria esmagada pela multidão ou ferida pelo monstro, o quê realmente aconteceu, tal como a ele, foi o monstro marcar a garota no antebraço.

Gyles teria recusado essa loucura se possível, porém não se atrevia a desafiar a rainha e levar uma guerra que não poderia ser vencida à sua casa. Mas a noite, quando realmente pensou cuidadosamente no assunto, notou que seria o melhor, ele era o segundo filho de seus pais, portanto não era o herdeiro, tampouco necessário. Essa missão poderia tanto ser uma oportunidade de tornar seu nome uma lenda,  digno o suficiente para talvez casar com Rose, como poderia ser uma chance de simplesmente partir, quem ia sentir sua falta de qualquer modo? Não que o Tyrell tivesse tendências suicídas, não era estúpido a esse ponto, mas uma temporada longe de Highgarden poderia lhe fazer bem.

A silhueta de uma cidade formou-se no horizonte.  Gyles sabia que se tratava de Braavos, dois dias atrás a Capitã Greyjoy havia informado que eles aportariam na cidade para repor os mantimentos. Seria também uma oportunidade para esticar as pernas e dar uma volta na cidade, Gyles esperava ver o famoso titã com seus próprios olhos.

Ouviu passos e se virou para ver quem era, Lady Tully parecia furiosa. Sua gata a seguia enquanto ela andava em círculos. Gyles segurou o riso, ela parecia uma criança.

- Algum problema, milady? – perguntou fingindo seriedade.

- Perdão, Sor, pensei que estivesse sozinha.

Gyles sorriu com simpatia.

- Algum problema?

- Não. – disse ela ainda com as feições irritada – É apenas Sor Astor, meu protetor, não quer permitir que eu desembarque em Braavos.

- Ora, milady. – sorriu Gyles maroto – Ele não precisaria saber.

Ela correspondeu ao sorriso. E ele explicou seu plano, era bem simples. Primeiro ela deveria fingir estar indisposta e recolher-se. Depois Gyles distrairia Sor Astor enquanto ela escapava do navio, então o Tyrell encarregaria alguém de continuar distraído o Mallister enquanto ele iria se encontrar com ela.

Não foi difícil colocar o plano em prática. Obedientemente a Tully recolheu-se alegando tonturas, enquanto Gyles convencia Raven a ajudá-lo, ela relutou um pouco mas acabou cedendo. Quando aportaram o Tyrell iniciou uma conversa com Sor Astor e Raven sobre táticas de batalha, dando tempo o suficiente para que Lady Tully desembarcasse, depois ele mesmo se despediu e deixou a Arryn distraindo o Mallister.

Passear por Braavos foi divertido. Gyles conseguiu algumas informações um tanto quanto preocupantes sobre o leste com alguns mercadores, em seguida ele e Lady Tully pararam em uma tenda que vendia as mais variadas armas. Ela se distanciou um pouco dele, interessada nos arcos, enquanto o Tyrell observava curioso as espadas braavosianas, eram absurdamente finas, ele não entendia qual a vantagem nelas.

- Sor. – chamou alguém com um forte sotaque.

Era um braavosiano, com as costas curvadas pela idade e cabelos brancos.

- Pois não? – respondeu.

- Tenho informações que podem lhe interessar. – disse ele baixinho. – Soube que anda perguntando sobre o Último Filho da Harpia... Eu o vi.

Gyles pegou uma bolsa de moedas e ofereceu. O ancião deu um sorriso desdentado medindo quanto havia na bolsa pelo peso. Assentiu e gesticulou para que o cavaleiro o seguisse.

- Aqui não é seguro. – murmurou – Venha agora, ou jamais saberá.

O olhar do Tyrell se dirigiu para Lady Tully que ainda se entretinha com os arcos. Ele não iria demorar, ela ficaria bem.

Shiera Tully

Shiera nunca havia se divertido tanto. Sentia-se culpada por ter deixado seu protetor novamente para trás, porém se tivesse desembarcado com Sor Astor, não teria a mesma liberdade que a companhia de Gyles Tyrell proporcionava, além disso estava segura.

A capitã Greyjoy e seus homens de ferro haviam desembarcado em busca de suprimentos, enquanto isso metade do grupo iria comprar agasalhos para a viagem fria rumo ao norte que se seguiria, e a outra metade iria buscar informações, notícias sobre o leste, o que encontrariam em Ibben ou na península do Basilisco.

A Tully ficara encantada com o titã de Braavos, a estátua era maior que qualquer castelo que já tivesse vislumbrado. Os Braavosianos, tal como a maioria dos povos, eram muito machistas, portanto ela não conseguiu nenhuma informação útil, não podia dizer o mesmo entretanto de Sor Gyles, o Tyrell havia tido uma longa conversa com um mercador sobre o leste, mas as notícias eram preocupantes.

Astapor, New Ghis, Yunkai e Meeren haviam caído sobre os domínios de um louco, ao qual chamavam de ‘O Último Filho da Harpia’, ele tinha um exército de monstros e era absurdamente cruel. Alguns diziam que ele era uma harpia, outros que era um dragão, outros que tinha um dragão e ainda havia quem dissesse que era um hibrido de dragão que harpia. Fosse o que fosse, era o inimigo que os doze estavam destinados a enfrentar e ele prosseguia com sua conquista para oeste. Shiera tinha um conhecimento limitado de guerra e geografia, mas se prosseguisse desse modo o inimigo logo alcançaria Mantarys. Eles tinham que impedi-lo antes disso.

Um exército de monstros. Shiera se arrepiou, dezenas dos mais habilidosos dos guerreiros de Westeros tiveram dificuldade em liquidar com apenas um deles, que chance teriam contra um exército? O medo a invadiu e por um segundo ela quase pode sentir as garras da besta circundando-a novamente. Fora muita sorte sobreviver, quando a morte estivera tão próxima. O máximo que o monstro lhe fizera fora um ferimento no antebraço.

Shiera tocou o local enfaixado e dolorido, com esse ataque o monstro a marcara como uma dos doze, seu pai enlouquecera quando soube que ela deveria partir em uma jornada tão arriscada, mas uma recusa significaria uma guerra contra a Mãe de Dragões, ele não tivera escolha a não ser conceder, com, é claro, a condição que Astor Mallister a acompanhasse.

A Tully vira nessa viagem uma oportunidade de se provar, de conhecer novas pessoas e viver aventuras. Era uma perfeita lady, mas sua posição como mulher não permitira que herdasse nenhuma das posses de sua família ou sequer escolhesse seu futuro marido. Talvez se provasse aos pai que poderia embarcar em tal jornada e ter certa relevância na salvação do reino eles lhe dessem um pouco mais de liberdade.

Mas ainda assim Shiera não era capaz de entender por que havia sido escolhida. Ao contrário de seus companheiro não tinha nenhuma habilidade com armas, que lady deveria ter? Era sinceramente surpreendente que as Ladys Lannister e Baratheon soubessem manusear respectivamente uma espada e um machado. Ela sabia, entretanto, que Sor Astor não poderia defendê-la a todo momento, tampouco seus companheiros e fora por isso que pedira a Drogo Stark que a ensinasse a manusear alguma arma.

Espadas eram muito pesadas e adagas perigosas demais, pois teria que se aproximar muito para ferir o inimigo, então a escolha perfeita lhe pareceu ser arco e flecha. O herdeiro Stark tinha improvisado um com um pedaço de madeira sobressalente e lhe ensinara o básico. Em Braavos entretanto ela compraria um arco de verdade e logo poderia manusea-lo tão bem quanto qualquer arqueiro.

Estava em uma tenda onde um comerciante braavosiano vendia os mais variados tipos de armas. Sor Gyles admirava atentamente uma espada finíssima, mesmo com seu pouco conhecimento sobre armas Shiera duvidava que tal espada pudesse cortar tão bem quanto a que Sor Gyles carregava na cintura, mas talvez pudesse espetar os inimigos, tal como uma lança curta. Ela deu de ombros e se pôs a observar os arcos, havia de todos os tipos, vindos dos mais variados locais.

Ouviu passos atrás de si, provavelmente era Sor Gyles disposto a lhe dar algum conselho, mas quando sentiu mãos violentas em sua boca impedindo-a de gritar, soube que estava em perigo. Seus olhos azuis procuraram incansavelmente o Tyrell em busca de ajuda, porém ele não estava a vista, tentou lutar mas seus braços não pareciam fazer diferença por mais força que fizesse.

Foi puxada com violência para um beco isolado e lá Shiera pode vislumbrar seus agressores, eram um par de homens, vestidos à maneira dothraki, eles carregavam uma arma estranha que Shiera vira nas mãos de uma das companheiras de sangue do Príncipe Perdido. Apesar de simpatizar com Rhaego e as trigêmeas, a Tully conhecia a fama que os dothraki tinham de selvagens. Aqueles dois não haviam raptado-a por dinheiro, a quem cobrariam o resgate? Sua família estava a milhas de distância e eles não podiam saber que ela era uma Tully, o máximo que deduziriam pelas roupas era que era rica. Porém o olhar de desejo na face dos homens provou que não era dinheiro o quê queriam dela.

Shiera apavorou-se. Lágrimas de pavor vieram ao seu rosto, mas aquilo parecia diverti-los. Ela sabia que na cultura dothraki eles tinham o costume de estuprar as mulheres dos povos vencidos, ou qualquer uma que desejassem. Pensou em gritar, porém os dois pareceram ler seus pensamentos, pois um deles avançou e a estapeou com força.

Ele esbravejou em uma língua desconhecida, mas sua intenção era clara, se ela fizesse qualquer ruído eles cortariam sua garganta. O outro avançou também e com apenas um golpe de sua arma cortou o belo vestido que ela usava, a mente de Shiera registrou que ele era extremamente habilidoso com a arma, pois ela própria não sofrera nenhum arranhão, apenas suas vestes foram arruinadas. O vestido caiu no chão desnudando seus pequenos seios, que ela imediatamente cobriu com as mãos.

Um deles, ela não viu qual, estapeou-a novamente e com brutalidade afastou suas mãos dos seios. Ela pensou em atacar, correr ou gritar, mesmo que isso findasse em sua morte, ela seria bem vinda comparada ao que aqueles dothraki desejavam fazer com ela. Eles avançaram e Shiera fechou os olhos.

Uma voz autoritária e conhecida, porém não na língua comum, ressoou pelo beco. Shiera abriu os olhos, o alívio inundou todo seu ser e lágrimas de alegria escaparam de seu rosto. Atrás dos dothraki estavam o Príncipe Perdido e suas três companheiras dothraki. E elas estavam visivelmente furiosas. Rhaego disse algo às trigêmeas e imediatamente elas atacaram. Em segundos os dois dothraki estavam mortos e suas tranças nas mãos das mulheres que sorriam.

Rhaego se aproximou de Shiera que cobriu os seios com as mãos e desviou os olhos envergonhada. Ele usou o próprio colete de couro para cobri-la, ficando despido da cintura para cima. Shiera murmurou um agradecimento mas ainda não era capaz de olha-lo nos olhos. De repente sentiu que era afastado do chão, o Príncipe Perdido agora carregava-a como se ela fosse uma criança. A Tully pensou em recusar, porém estava tão confortável e segura ali que aceitou a ajuda e permitiu ser levada de volta ao navio.


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Notas finais do capítulo

Segue abaixo as idades dos personagens para que vcs se situem. Se eu falhei com a cronologia e a idade de algum me avisem.
Herois
Raven 26 anos
Rhaego 22 anos
Aemon 19 anos
Gyles 19 anos
Melony 19 anos
Mary Lane 18 anos
Drogo 18 anos
Shiera 17 anos
Renly 16 anos
Eddard 16 anos
Narcysa 16 anos
Lailla 15 anos
Coadjuvantes/Vilão
Bael 28 anos
Astor 20 anos
Jhiqui/Jhade/Jhoria 20 anos
Nikky 15 anos
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