Neve e Chama: A Segunda Era dos Heróis. escrita por Babi Prongs Stark Lokiwife


Capítulo 14
Capítulo 12: Melony


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais



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Melony, A Herdeira dos Esquecidos

Melony caminhou admirada por Harrenhall, era incrível o que os seus semelhantes podiam construir, ela nunca havia visto nada tão magnífico e enorme quanto aquelas ruínas, exceto por talvez, a Muralha.

E havia tanta gente. Melony nunca havia visto tantos seres humanos reunidos. Crescera isolada de seus semelhantes, tendo a companhia apenas de Mãos Frias, Folha e o moribundo Brynden Rivers, também conhecido como o Corvo de Três Olhos. Sentiu o coração se apertar ao pensar naqueles que haviam-na criado, mais do que tudo, temia nunca mais voltar a vê-los, temia fracassar em sua missão e jamais voltar ao frio aconchegante que o Norte lhe proporcionava.

Seus olhos avaliaram a multidão heterogênea a procura de um rosto conhecido, do único rosto que conhecia a sul da Muralha. Uma face que sequer conhecia pessoalmente, um rosto que lhe permeava os sonhos, o rosto de Brandon Stark. Porém nada encontrara. Continuou a caminhar por entre os humanos quando um som estranho lhe chamou a atenção. Dois deles, adultos e machos, brigavam incansavelmente a poucos metros. Melony só havia visto uma vez esse tipo de violência.

Anos atrás, quando dois nativos do extremo norte por algum motivo que lhe era desconhecido tiveram o mesmo tipo de comportamento. Na ocasião, ela entrara em pânico quando um deles acabou deixando o outro muito machucado, sem compreender aquele tipo de comportamento, associou imediatamente a atitudes parecidas em alcatéias de lobos que ela costumava vestir. Seu pânico apenas aumentou quando o vitorioso agarrou o seu braço, selou seus lábios nos dela, o gesto que talvez originalmente fosse uma demonstração de afeto, teve demasiada brutalidade para que fosse apreciado. O homem em seguida a colocara em seu ombro como se ela nada pesasse e começou a levá-la para longe, Melony tentou resistir sem sucesso. Estava a beira do desespero quando Mãos-frias apareceu, sua presença pareceu assustar aqueles humanos que rapidamente a largaram e fugiram.

Porém não havia nenhuma fêmea próxima que pudesse ser a origem de toda aquela violência. A não ser que tivessem-na percebido antes que ela os tivesse visto. Por um átimo de instante a jovem pensou em correr antes que viessem atrás dela. Mas um deles usou de um movimento rápido com a perna para derrubar o outro, mesmo daquela distância Melony conseguiu sentir o inconfundível cheiro de sangue. Seus instintos superaram seu medo. Se não parassem agora um deles acabaria morto. Horrorizada ela avançou em direção aos dois.

Um deles, o que ainda estava de pé; possuía cabelos curtos de um castanho bem claro e olhos castanho mel, quase dourados; se aproximou do caído, eles pareceram trocar algumas palavras, porém o vitorioso não parecia se contentar somente em vencer, pois levou a espada a garganta do caído, em seguida pisou com força na perna deste, fazendo o sangue, que já escorria em grande abundância, jorrar.

O segundo, que estava caído no chão e visivelmente sofria por causa da perna, possuía cabelos meio lisos meio ondulados que desciam até a altura dos ombros. Sobrancelhas normais na mesma tonalidade dos cabelos, que seguiam um castanhos escuros tal qual os olhos. Nariz longilíneo e grosseiro, de narinas elípticas espaçosas. Era robusto, com ombros e peitoral largos, braços fortes e ‘mãos enormes’. Deixava alguns pelos crescerem em um formato estranho na face, esses possuíam uma cor aloirada e arruivada.

– Rende-se? – rosnou o que estava de pé.

– Não o farei! – retrucou o caído.

– Com licença – disse Melony com doçura, chamando a atenção dos dois, tentando mudar o foco da briga – Eu procuro por Brandon Stark... – começou ela.

– Você está vendo-o aqui? – rosnou o que estava de pé – Siga o seu caminho camponesa, não há nada de seu interesse por aqui.

Melony franziu o cenho confusa, sem entender o porquê daquela hostilidade, talvez ele fosse como um dos lobos que já vestira, não gostava de ser interrompido quando estava com uma presa.

– Por que está fazendo isso? – perguntou mesmo assim, afinal Brynden ensinara-a que humanos não deviam ser presas – Está machucando-o.

– Não é da sua conta, plebéia – vociferou ele parecendo ainda mais zangado – Desapareça daqui. É uma ordem.

– Brynden nunca me deu ordens, nem Folha, nem Mãos Frias. Eu sempre faço o que quero. – disse ela com calma, se aquele fosse o macho alfa não queria desafia-lo, apenas informava-o de um fato. Seus olhos se voltaram para o homem caído – Se não parar ele pode desmaiar devido à hemorragia. E se não estancarmos o ferimento isso pode trazer consequências mais graves como...

O macho que estava de pé pareceu hesitar, como se ponderasse o que ela dizia. Aquele que estava no chão aproveitou este segundo para empurrá-lo e começaram a luta novamente. Melony gritou para que parassem e pensou até em sacar a espada que Brynden lhe dera, Dark Sister, mas de qualquer modo não saberia usa-la. E não havia nenhum animal próximo que ela pudesse vestir para desapartar aqueles dois.

De repente a situação se inverteu, o que antes estava de pé agora caíra, e o que antes estava no chão, agora segurava uma espada na garganta do outro.

– Rende-se? – perguntou ele ofegante.

– Gyles? – uma voz feminina ressoou.

A poucos metros deles estavam três outros humanos, um macho e duas fêmeas. Uma delas era bem nova, de certo ainda não havia sangrado. A segunda era mais velha, talvez da mesma idade que Melony, ela tinha cabelos ondulados e castanhos mel com olhos da mesma cor, sua face era agradável e bela, o macho era visivelmente seu irmão, parecia ter a mesma idade e eram parecidos, com cabelos e olhos da mesma cor. As duas fêmeas pareciam tão horrorizadas quanto a própria Melony.

– O que está fazendo? – perguntou a fêmea mais velha correndo em direção ao macho caído – Afaste essa espada, Sor! É uma coisa vil, maldita aos olhos dos deuses e dos homens levantar aço contra o próprio irmão!

Melony franziu o cenho para aquele vocabulário tão complicado, entendendo apenas algumas palavras, mas compreendendo o sentido geral. Os dois lutadores eram irmãos. Melony os analisou mais uma vez, notando uma ligeira semelhança no formato do queixo, mas não mais que isso.

O que estava de pé embainhou a espada parecendo confuso. Porém segundos depois pareceu entender algo que estava invisível aos olhos de Melony.

– Oh meu pobre noivo... – disse a fêmea mais velha passando as mãos pelo rosto do macho caído – Está muito ferido? Venha, eu o ajudo a se por de pé. O que diremos ao senhor seu pai?

O macho caído se levantou, ele possuía alguns arranhões mas nenhum ferimento grave. A perna do outro, por outro lado, sangrava livremente, porém a fêmea parecia cega para isso. Melony notou que o macho com o ferimento na perna parecia mais alto, mais robusto e mais forte que o irmão, talvez aquela luta só estivera equilibrada porque estava ferido, talvez ele fosse mais forte. Ou talvez o irmão mais baixo fosse mais habilidoso. Não importava.

– Francamente, Sor – disse a fêmea se voltando para o macho mais alto – Eu esperava mais de você, Gyles, atacando seu irmão como uma criança mimada...

– Rose, não foi assim... – ele tentou se explicar.

– Não quero ouvir suas desculpas. – disse ela com firmeza – Só dirija a palavra a mim novamente quando tiver se desculpado com seu irmão. – ela pegou o braço do outro e acrescentou sorrindo para ele – Venha senhor meu noivo, vamos assistir ao final das justas.

Eles se distanciaram, quando estavam a uma boa distância o macho que antes estava lutando virou a cabeça e lhe concedeu um sorriso que não tinha nenhuma alegria. Demonstrava um sentimento que ela não saberia traduzir.

Seus olhos se voltaram para o macho que ainda restara, ele tinha os olhos tristes e lembrava a ela um grande urso ferido que uma vez vestira. Ela se aproximou com calma, pegou então a grande bolsa de couro que Mãos Frias lhe confeccionara, onde levava seus poucos pertences. Um manto para as noites frias, algumas ervas e algumas sementes de represeiro. Melony estava em busca de algumas plantas medicinais, quando finalmente as encontrou tirou-as da bolsa e fez um sinal para que ele se abaixasse.

Graças aos deuses ele lhe obedeceu sem questionar. Ela então se abaixou, rasgou suas vestes na altura do ferimento, pressionou as ervas sob o ferimento dele, que instantaneamente parou de sangrar. Sentiu o olhar dele sobre si, mas não se importou, apenas se concentrou e continuou trabalhando no ferimento até tê-lo enfaixado com os trapos de sua roupa. Assim que acabou ele se levantou e lhe estendeu a mão. Melony aceitou a ajuda e se pôs de pé.

– Tem minha eterna gratidão, milady – disse com um cumprimento da cabeça.

– Não foi nada. – sorriu ela com calma.

Porém estava confusa, os humanos eram tão complicados, o irmão deste a havia chamado de camponesa e plebéia, alguns nortenhos a chamaram de selvagem, este agora lhe chamava de milady. O quê tudo isso significava? Sua mente imediatamente voltou-se para aqueles que haviam criado-na, Brynden e Folha lhe tinham designado um nome na língua original, uma que os humanos já haviam esquecido, porém Mãos Frias a chamava de Melony, que pelo que ela sabia havia sido o verdadeiro nome de sua mãe.

– Posso saber o seu nome? – perguntou ele tirando-a dos seus devaneios.

– Melony. – respondeu ela com simplicidade.

– Melony de que?

E aí estava. Por quê os humanos sempre complicavam tudo?

– Apenas Melony, deveria ter algo mais? – perguntou com o cenho franzido.

– As pessoas costumam ter dois nomes por aqui, Lady Melony, como eu, tenho a honra de ser Sor Gyles Tyrell de Highgarden.

– São muitos nomes, mais do que dois. – disse ela confusa. Lady Melony já eram dois nomes, isso não bastava para aqueles humanos tão complicados?

Ele riu. Porém ela não entendeu o motivo.

– Disse que procurava Lord Brandon Stark? – perguntou ele com um sorriso verdadeiro – Ele, a esposa e o filho vieram para o Torneio. Provavelmente está assistindo a Final das Justas. Eu a acompanho até lá.

– É muito gentil de sua parte. – sorriu ela.

Não sabia o quê era Torneio ou Final das Justas. Mas entendera que Brandon Stark estava ali. Ela viera tão a sul, apenas para falar com ele e agora finalmente conseguiria. O macho fez um gesto estranho, dobrando o cotovelo e deixando o antebraço na altura dela, parecia esperar que Melony fizesse algo. Porém ela apenas franziu o cenho novamente sem entender o que ele esperava.

Com suas enormes mãos ele tomou as suas, com uma gentileza que não parecia combinar com alguém tão grande, então levou seu braço ao dele, entrelançando-os. Melony não entendeu por que aquilo era necessário, mas permitiu que assim ficassem sem nada dizer e juntos eles seguiram.

Porém quando chegaram nas proximidades do palanque, notou os gritos, a multidão corria afoita de um lado para o outro e um urro tremendo, como Melony jamais ouvira outro igual, ecoou no ar. Sua mente tentou identifica-lo, mas em nada parecia com os sons que mamutes, gigantes, lobos ou qualquer outra criatura que Melony conhecesse fizesse.

Seus olhos fitaram a criatura e a compreensão lhe veio. Fora sobre isso que Brynden lhe avisara. Fora esse o perigo que ele a prevenira.

– Ele já está aqui. – ela sussurrou.


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Notas finais do capítulo

E eis a nossa ultima heroína. O que acharam dela? O que acharam do cap? Não ficou muito confuso neah? No próximo teremos a apresentação do vilão.

Segue a imagem da Melony, ao contrario das figuras anteriores esta eh uma fanart magicamente alterada e melhorada pela Reeira.

http://fc08.deviantart.net/fs70/f/2012/358/0/2/teste1_by_laylaskywalker-d5p2nwg.jpg

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