Ronald suspirou levemente antes de repassar seu roteiro mentalmente escrito e decorado. Aquele dia seria especial, ainda mais especial do que todos os dias eram desde que Hermione passou de "melhor amiga" para "namorada". Ao pensar em Hermione não resistiu, e riu baixinho. Todos os dias n'A Toca serviram para aproximá-los ainda mais. Hermione precisava desfazer o feitiço da memória em seus pais e, enquanto isso, a família Weasley não hesitou em proporcionar a ela sua própria morada. O Ministério entendeu o lado de Hermione e ela não foi punida por usar feitiços contra trouxas, mesmo sendo esses seus pais. Os dois no começo lembravam-se apenas de Hermione criança, mas o tratamento foi progredindo e com a ajuda de especialistas do Ministério da Magia, o senhor e senhora Granger lembravam-se de tudo, descontando alguns lapsos de memória passageiros. O senhor Weasley conseguiu que tivessem alta do St. Mungus, desde que os dois fossem observados caso durante um de seus lapsos tentassem voltar para a Austrália, onde foram encontrados. A Toca era o lugar ideal para isso.

As famílias Weasley e Granger estavam reunidas sob uma tenda parecida com aquela usada no casamento de Gui e Fleur para comemorar as bodas de pérola do senhor e senhora Weasley, já que o dinheiro não era o bastante cinco anos atrás, para fazer as bodas de prata. Molly estava em um elegante vestido branco e rendado, enquanto Arthur vestia um de seus ternos mais especiais, com um cravo preso na lapela. Os votos seriam alguns instantes depois da dança, e os dois já estavam de mãos dadas e Arthur estava com as orelhas vermelhas, fruto de alguma coisa dita por sua esposa durante a dança.

~*~

E lá estava ela. Com um vestido florido e os cabelos cor de mel adornados por uma tiara, tão feminina e, como sempre, tão Hermione. Senti o suor nas minhas mãos, que seguravam uma rosa vermelha, tão parecida quanto as outras da decoração, mas com um detalhe diferencial dentro do botão ainda fechado. A dança já acabava, portanto me sentei e esperei meus pais chegarem até a mesa no centro e fazerem o brinde.

- Assim que vi Molly entrar pelos corredores de Hogwarts, a primeira coisa que registrei foram seus cabelos alaranjados e as sardas no rosto. Não sei dizer se já a amava, pois não lembro de qualquer momento meu após conhecê-la em que não estava apaixonado. Cada esforço que eu fiz, inclusive as punições do antigo zelador ao ver-nos juntos durante a noite, valeram a pena a partir do dia em que a fiz sorrir. E qualquer semelhança desse voto com o das minhas bodas de cristal não é coincidência - o ambiente rompeu em risadas - é apenas a prova de que meus sentimentos nunca foram abalados pelo tempo. Eu a amo, Molly.

Escorreguei minhas mãos para entrelaçá-las com as de Mione, ainda com dúvida se deveria ou não fazer o que estavam prestes a fazer, mas quando ela me olhou e sorriu de jeito tímido, um calor passou por mim e me deu a certeza que precisava para continuar. A dona Molly não fez os votos - estava soluçando demais até para respirar e precisou da ajuda de um feitiço para se acalmar. Olhei novamente para Mione, que beirava o desespero e o divertimento com minha mãe.

Aquela era a hora.

~*~

A rosa nas minhas mãos estaria amassada caso não estivesse enfeitiçada. Apertei mais a mão de Mione antes de levar a ela a bela flor, para chamar sua atenção. Seu semblante abriu com um sorriso e uma lágrima furtiva escapou de seus olhos (tanta emoção por um voto copiado das bodas de cristal?) antes de pegar a flor e colocar no colo. Com a varinha em punho, apanhei um guardanapo e escrevi:

"Essa flor não pode murchar. O feitiço nela colocado traduz o meu amor, Mione. A cada dia olhe para essa flor. Caso qualquer coisa aconteça a mim, a flor ficará intacta. Porque o meu amor atravessa as barreiras da vida. O meu amor por você atravessa tudo. Até aqueles dentões que você tinha.

Ela só pode ficar mais bonita a cada vez que você sorri."

Com o pretexto de proteger suas mãos dos espinhos, empurrei a ela o guadanapo e observei-a. A cada olhar para o papel ela mordia os lábios, franzia o cenho, e quando abaixou o papel sua expressão era nada menos que sonhadora ao apanhar a rosa vermelha, que ao seu toque, passou a abrir como um passe de mágica. E era, diga-se de passagem, um passe de mágica.

Dentro do botão perfumado da rosa estavam dois pontinhos brilhantes:

As nossas alianças.

Hermione chorou. Chorou feito um bebê, de felicidade e levantou de um salto. Logo ela correu até os ainda não convidados para serem padrinhos do casamento - Harry e Gina - E pulou de excitação para abraçá-los enquanto Harry ajeitava os óculos redondos e puxava o guardanapo para perto. Levantei-me da mesa para fazer o anúncio assim que o falatório recomeçou. Hermione estava segurando meu braço, com o rosto abaixado. Abaixado o bastante para que apenas eu pudesse ver o movimento de seus lábios sussurrando um SIM. Harry apenas olhava enquanto eu fazia o anúncio e minha mãe voltou a soluçar tão alto quanto antes. Meu pai tentava acalmá-la desesperado, mas sentou ao seu lado assim que soube da notícia para que os dois chorassem juntos. Todos da família Weasley sabiam, desde cedo, o que aconteceria entre nós dois. Eu só precisava lembrar de antes falar com minha mãe, para que ela não chegasse tão perto como agora de morrer do coração.

Tempos depois...

- Orgulho de você, filho.

- Obrigado, pai.

- Por um momento achei que você iria desistir de pedi-la em casamento. Vocês dois ficaram todos esses anos só pra admitirem que se gostavam, pensei que morreria sem ver seus filhos com a Mione, rapaz. E foi bom você agir logo, antes que alguém mais rápido fizesse isso por você... - Meu pai continuou falando, mas parei de ouvir o que ele dizia. Só conseguia me imaginar dando uma surra em qualquer um que se aproximase dela.

Durante uma visita ao trabalho de Mione - que ajudava no Ministério combatendo a violência contra elfos domésticos - Papai me levou até uma excursão ao departamento de Seção de Controle do Uso Indevido de Magia. Um bruxo insano deu á pessoas próximas a si um objeto de seu interesse, que continha uma magia que captava emoções. E assim ele monitora sua esposa, seus filhos, colegas de trabalho... Até que um de seus filhos percebeu a mudança dos objetos repentinamente. A partir daí, o caso chegou aos ouvidos do Ministério com a suspeita de magia negra.

Não faria mal se eu usasse aquela magia para provar meu amor, faria?

Um tapinha nas costas me fizeram levantar a cabeça e ver Hermione Weasley entrando para me receber. Todas as vezes em que a vi soube descrevê-la. Mas naquele momento, eu não queria fazer mais nada a não ser observá-la para todo o sempre. Todos no recinto estavam embasbacados feito eu - inclusive Vitor Krum. Eu não perderia a oportunidade de convidá-lo para assistir com meu casamento com ela. - que nem mesmo vi quando ela parou ao meu lado. O buquê era de rosas brancas, com exceção de uma. Vermelha. A "caixinha" de nossas alianças continuava mais bonita do que antes, e só restava a ela ficar ainda mais bonita depois do aceito.

A única coisa que me fez sair da realidade de seu rosto foram as palavras depois ditas.

Eu vos declaro marido e mulher.

Anos depois, o fruto daquela rosa nasceu. E o nome era nada menos que Rose Weasley, a segunda mulher mais bonita da família. Hermione seria para sempre a primeira. E aquela rosa que deu início a tudo estava no leito da maternidade, mergulhada em água dentro de um pequeno vaso. Não mudara desde o dia em que se casaram. Não havia mais amor que a tornasse mais bonita do que ela estava naquele momento.