O Vampiro De Konoha escrita por Caesarean Tolledus


Capítulo 4
Despertar




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"Tsunade-sama,

Informo-lhe, com grande satisfação, que a Vila Oculta da Areia permanece como nossa fiel aliada. Porém, com tristeza e preocupação, também informo-lhe que eles sofreram com o mesmo mal que nos acometeu. Três inimigos, sendo um deles o mesmo contra o qual lutamos, atacaram Suna causando inúmeras baixas. Através das informações do Kazekage, descobri que estas criaturas em questão têm a capacidade de absorver o chakra de suas vítimas através do sangue, podendo inclusive, reproduzir as habilidades da vítima através do chakra absorvido. Entre os feridos: Temari, Kankuro e Gaara do Deserto. Temari e Gaara recuperam-se satisfatoriamente, porém, Kankuro encontra-se gravemente ferido e ainda sob risco de vida. Solicito, humildemente, que envie Sakura ou outro ninja de igual capacidade e conhecimento médico para auxiliar Kankuro, urgente!

Fiel servidor de Konoha,
Nara, Shikamaru.”

Ao ler a mensagem recém-chegada pelo pombo-correio, uma mescla de sentimentos invadiu Tsunade: alívio, por saber que a Vila da Areia ainda era fiel à Vila da Folha e preocupação, por saber que três dos mais poderosos shinobis da Vila da Areia haviam sucumbido não a uma, mas a três criaturas como aquela que havia atacado Konoha. E o pior: o corpo da criatura havia sido roubado por uma de suas comparsas que trucidara sozinha a ANBU, a elite dos ninjas de Konoha. A Hokage sentia-se exausta e, pela primeira vez desde que assumira este cargo, insegura quanto ao que fazer.

A entrada súbita de Kakashi, resgatou-a destes pensamentos.

– Bom dia, Godaime! – saudou-a, despreocupadamente, Kakashi.

– Prá variar, está atrasado Kakashi!!! – esbravejou Tsunade.

– Ah, perdoe-me. A missão foi um pouco mais complicada do que imaginei...- dizia Kakashi, com um sorriso cínico sob a máscara.

– Poupe-me da sua ladainha, Kakashi, e infome o resultado de sua missão.

– Missão cumprida, Hokage. O contratante recuperou os documentos roubados e não houve baixas.

– Ótimo! Uma boa notícia para variar...- respondeu Tsunade, com o olhar distante.

– Algo a perturba, Hokage?

Não havia muitas pessoas em quem Tsunade sentia-se confortável em confiar ou pedir conselhos. Uma delas era Shizune, que sempre esteve ao seu lado; Jiraya, apesar de ser um mulherengo irresponsável; e Kakashi, cujos conselhos eram os mais sensatos apesar de ser pelo menos vinte anos mais jovem do que ela...

– Enquanto esteve fora, muitas coisas aconteceram... – disse Tsunade.

E colocou Kakashi a par dos últimos acontecimentos mostrando-lhe, inclusive, a mensagem enviada por Shikamaru.

– Humm... um inimigo capaz de superar tão facilmente os “três virtuosos de Suna”, não deve ser subestimado. – refletia Kakashi.

– Suna? Não prestou atenção ao que eu lhe contei, Kakashi? A ANBU foi destroçada! A maior parte da nossa força de elite está morta! – exasperava-se Tsunade.

– Godaime, acalme-se...- dizia Kakashi, num tom apaziguador. – o momento exige reflexão e decisões maduras. Se me permite sugerir, a primeira coisa a se fazer é enviar a ajuda solicitada por Shikamaru. Se pudermos salvar Kankuro isso só fortalecerá nossos laços com Suna, pois tenho certeza que eles também têm grande interesse em confrontar estes inimigos.

– Preocupa-me tirar Sakura de Konoha. Ela é a minha melhor médica e, com o rumo que vêm tomando os acontecimentos, creio que ela pode ser mais útil aqui... – dizia Tsunade, mal conseguindo esconder sua apreensão. Kakashi sorria discretamente por baixo de sua máscara: era evidente que a preocupação de Tsunade ultrapassava a relação mestra-discípula. Apesar de durona, Tsunade amava Sakura como a uma filha...

– Obviamente, ela não irá sozinha Godaime – tranqüilizou-a Kakashi – Sugiro que mande a equipe completa: Sakura, Naruto e Sai.

– Sim, é o melhor a ser feito – concordou a Hokage.


******


– Não havia nada que você pudesse fazer! Se estivesse lá, você também teria sido morto! – dizia Sakura tentando, inutilmente, consolar seu companheiro.

Sai permanecia impassível, parado em frente ao hospital. Seu mestre, Danzou, havia escapado por não estar presente no momento da chacina, mas isso não diminuía sua ira. Sentia que era seu dever estar lá. Até mesmo morrer junto com seus companheiros ANBUs se fosse o caso...

– Eu devia estar lá. Era meu dever! – dizia Sai, com uma revolta que ele não sabia como expressar.

– Você ouviu o que eu disse? Não havia nada que você pudesse fazer! Seus companheiros eram todos poderosos, e todos tiveram o mesmo destino – insistia Sakura.

– Mesmo assim...

– Olá pessoal! – disse Kakashi, aparecendo sobre uma árvore próxima.

– Kakashi-sensei! – saudou Sakura. Sai permaneceu em silêncio, com o olhar voltado para o chão.

– Sakura tem razão, Sai. Você não deve se culpar pelo que aconteceu. E lembre-se que, apesar de você ser um ANBU, você também tem deveres para com sua equipe. E foi sobre isso que eu vim lembrá-los...

Kakashi contou sobre a mensagem de Shikamaru, e sobre a missão que teriam na Vila da Areia.

– Devem partir imediatamente. Avisarei Naruto para os encontrar daqui a uma hora em frente ao Portão Norte – completou Kakashi.

– Hai! Virá conosco Kakashi? – perguntou Sakura.

– Não. A Hokage ordenou que os Jounins que não estiverem em missão permaneçam em Konoha. Não sabemos exatamente quais são as intenções do inimigo...

– Certo! Vamos Sai?

– Vá na frente. Encontro vocês daqui a uma hora – respondeu Sai.

Sakura partiu para fazer seus preparativos, enquanto Kakashi permaneceu observando Sai por alguns momentos. Ainda não conhecia direito o “substituto de Sasuke”, mas aquela não era a melhor hora para fazê-lo. Ele se encontrava deprimido e distante.

– Sai, dê o melhor de si nesta missão... faça isso em memória de seus companheiros mortos – disse Kakashi, antes de entrar no hospital. Sai não teve ânimo para responder.

– Eu devia estar lá... sou um ANBU! Era meu dever!..- dizia consigo mesmo.

– Falando sozinho? Isso é mau sinal...

Levantou o olhar, pronto a brigar com quem estava gracejando com seus sentimentos, quando viu Ino que saía do hospital ao lado de Chouji. Era ela quem havia falado...

– Ino! Você está de alta? – perguntou, entusiasmado, Sai.

– Acabei de sair. E você? Como está? Sakura me contou o que aconteceu...

– Eu ficarei bem...- respondeu constrangido.

Para surpresa de Sai, Ino aproximou-se, quase encostando o rosto no seu e dizendo baixinho para que somente ele ouvisse:

– Sakura me contou que esteve preocupado comigo enquanto eu estava inconsciente. Obrigada! - e deu um breve, mas carinhoso, beijo em seu rosto, partindo logo em seguida ao lado de um boquiaberto Chouji.

– Ino... – murmurava Sai, ainda atordoado pela surpresa...


******


“Droga, essa missão não estava nos meus planos!” – pensava Naruto enquanto corria para encontrar Jiraya. Mal havia saído do hospital quando encontrou Kakashi que lhe informou da nova missão. A intenção era procurar Hinata imediatamente mas, novamente, o universo parecia conspirar contra os dois...

Chegara à casa de Jiraya, mas ele não estava. Na porta, preso junto à maçaneta, um bilhete:

“Naruto,

Tive que partir para o Templo do Fogo para investigar algo relacionado ao inimigo que você enfrentou. Quando voltar, explicarei tudo com mais detalhes. Enquanto isso, evite sair da Vila, principalmente à noite! Se o inimigo atacar a vila novamente, NÃO TENTE ENFRENTÁ-LO SOZINHO!!!
JIRAYA.
P.S.: não olhe diretamente nos olhos do inimigo!


Naruto releu o bilhete várias vezes, sem entendê-lo completamente. Não poderia seguir à risca o conselho de Jiraya, pois estava prestes a sair da Vila em missão. E o que o inimigo tinha a ver com o Templo do Fogo? Pensaria nisso depois, pois tinha menos de uma hora para encontrar Sai e Sakura. E nesse pequeno intervalo de tempo, ainda havia alguém que ele precisava encontrar...


*******************************


– Ele ainda pode ser útil, Kuroi-sama! Dê-lhe a vida novamente, eu imploro!!!

– Arrependo-me da noite em que lhe dei esta nova vida, Yoru... Vi vontade em seu espírito; sede de poder em seus olhos; agora, tudo o que vejo, é uma vampira inútil echorona, implorando pateticamente pela vida de um verme...

O imortal chamado Kuroi despejava nojo e desprezo em suas palavras, enquanto sua serva insistia para que ele, mais uma vez, impregnasse a vida no cadáver ressequido e decrépito que ela segurava em seus braços... Lá fora, o sol descia lentamente, impedindo as criaturas de saírem de seu covil. A caverna, fria e escura, não era uma morada digna mas servia bem aos propósitos daqueles que não toleram a luz.

– Mestre... por favor... – insistia Yoru.

– POR QUÊ? POR QUÊ SE IMPORTA TANTO COM ESSE VERME? POR QUE EU DEVERIA ME IMPORTAR???? – questionava o líder dos imortais, com tamanha fúria, que a caverna tremia ressonando com sua voz...

– Eu o escolhi! Da mesma forma que o senhor me escolheu...- respondeu a vampira.

– Eu a escolhi porque pensei que você seria útil para mim! Qual é a sua desculpa???

– ELE É MEU!!!!! – dizia a vampira, em desespero, com lágrimas de sangue transbordando-lhe dos olhos...

Kuroi nada disse. Apenas olhava com desdém para a serva e seu “brinquedo”. Não sentia empatia pela vampira, mas já sentira o que ela sentia agora. Para os imortais, a solidão é o pior dos castigos. A dor de perder um companheiro de sangue só podia ser comparada à dor da abstinência...

– Yoru, guarde bem minhas palavras: se este inútil falhar comigo de novo, farei com que você e ele contemplem o nascer do sol, pregados ao solo com estacas!!!!

– Obrigada, mestre! Não se arrependerá – respondeu Yoru, reverenciando Kuroi com a testa encostada no chão.

Kuroi passou a comprida e afiada unha de seu indicador sobre a pele de seu pulso, cortando-o como uma faca. Imediatamente o sangue brotou, derramando-se numa torrente fina e contínua sobre a boca aberta do cadáver. Aos poucos, o cadáver outrora seco, ganhava volume e cor. Os cabelos nasciam instantaneamente em sua cor original; o cheiro de morte dissipava-se e um som gutural, uma sugestão de respiração, surgia da garganta da criatura. Richi renascia...


********************************


Naruto parou em frente a casa do Clã Hyuuga, sem saber exatamente o que fazer. Bateria na porta? Chamaria por ela? E se não fosse ela que atendesse?

Torturava-se com esse dilema quando uma voz atrás de si tirou-o de seus devaneios:

– Que faz aqui?! O que quer em minha casa?

– H-Hyuuga-sama...- tentou responder Naruto, completamente desconcertado.

Aquilo era mal... O pai de Hinata! A última pessoa que ele queria que estivesse em casa...

– E-eu gostaria de falar com Hinata... queria agradecer-lhe por tudo o que ela fez por mim, por ter se preocupado comigo, sabe..- dizia, sem coragem de encarar o homem de olhos de prata.

– Ela não está em casa. Direi a ela que esteve aqui...- respondeu o homem, sem olhá-lo e fechando o portão da casa ao passar por ele.

Naruto olhava desolado para a casa. Sabia que o Sr. Hyuuga não gostava dele, mas não esperava ser tratado de forma tão fria. Tencionava partir quando resolveu olhar para cima e a viu, numa janela do primeiro andar da casa. Ela tinha o olhar triste, certamente presenciara o que ocorrera entre ele e seu pai. Sem pensar duas vezes, saltou a distância que o separava da janela.

Aterrisou no parapeito, bem em frente à ela que o olhava com os olhos arregalados e a mão na boca, devido à surpresa. Não esperava tanta ousadia por parte dele!

Ainda ousando, deslizou para dentro do quarto e segurou as mãos dela nas suas. O tempo era curto e havia algo a ser dito.

– Hinata! Perdoe-me por invadir dessa forma. Mas estou partindo agora para uma missão, e não sei quando volto.

– Está t-t-tudo bem, Naruto-Kun... – respondia Hinata, sem poder articular as palavras, ainda surpresa.

– Eu precisava te falar isso antes de partir: fui um completo idiota, por ter você ao meu lado todos esses anos e não enxergar a mulher especial que você é. Perdi muito tempo, mas quero corrigir isso! Tô apaixonado por você, Hinata-chan, e quero que você seja minha!!! – despejou, como uma represa arrebentando, Naruto.

Hinata, boquiaberta, estava sem fala. Seu peito parecia que ia arrebentar, sem suportar seu coração que disparava. O momento que sonhara durante anos, agora era realidade, e ela estava completamente sem ação!

– N-Naruto-kun!! E-eu, eu...

Não achava as palavras, mas não precisou falar mais nada. Os lábios de Narutos uniram-se contra os seus num beijo arrebatador. Abraçou-a com ímpeto, puxando o corpo dela para junto do seu com a mão esquerda, enquanto a direita entrelaçava-se nos cabelos negros de sua nuca, trazendo os lábios dela para ainda mais juntos do seu. Num primeiro momento permaneceu estática, como se estivesse num sonho. Ao perceber que aquilo realmente acontecia, que ela estava em seus braços, que ele o beijava finalmente, correspondeu à urgência daquele beijo, abraçando-o também com força; unindo-se a ele com a mesma paixão.

Não sabiam quanto tempo haviam ficado perdidos um no outro. O aperto delicioso daquele abraço; o traçado das mãos nos corpos; o bailar das línguas, só foram interrompidos devido à incômoda necessidade de pararem para respirar.

Permaneceram abraçados, ainda recuperando o fôlego. Naruto, num misto de alegria por finalmentente tê-la em seus braços e tristeza porque teria que partir imediatamente. Hinata, apenas abraçava-o de olhos fechados, absorvendo aos poucos aquela nova realidade. Ela que nunca se considerara especial, que sempre prezara tão pouco a si mesma, havia conseguido a atenção do homem que sempre amou. Sabia que ele teria que partir e isso era insuportável, pois queria eternizar aquele momento...

– Hina, preciso ir agora. Mas voltarei e então, teremos o tempo que quisermos para nós dois – disse, com pesar, Naruto.

– Tudo bem, Naruto! Eu te esperei desde a nossa infância, posso esperar mais um pouquinho – ela respondeu com um sorriso tímido – Por favor, desculpe-me pelo meu pai. Ele às vezes pode ser difícil...- disse envergonhada.

– Não se preocupe com isso, Hina! De certa forma, eu já esperava por isso... Afina, sou o jinchuuriki e não posso fazer nada quanto a isso...

– Naruto-kun...- disse, pensando numa forma de confortá-,lo. Desta vez, ela tomou a iniciativa e beijou-o com a mesma paixão. Mas enfim, tiveram que se separar pois Naruto já estava atrasado para sua missão.

– Me espere...- despediu-se Naruto, saltando por onde havia entrado.

– Sempre! – respondeu Hinata com um sorriso, que Naruto já não pôde ver....


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A chegada de Jiraya provocou surpresa entre os monges. O “Lendário Sannin” era, obviamente, conhecido pelos homens santos, mas nunca esperavam vê-lo por ali. Um dos monges mais antigos adiantou-se para recebê-lo.

– Jiraya-sama! A que nós, humildes guardiões do Templo do Fogo, devemos sua visita? – questionou o monge, saudando-o com uma profunda reverência.

– Chiriku-sama, por favor não se curve tanto! Afinal, estou muito longe de ser um buda...- respondeu Jiraya com um enorme sorriso.

– Isso é bem verdade, “Ero-sennin” – respondeu o monge, também sorrindo.

Riram juntos e, depois das formalidades, conversaram um pouco sobre trivialidades até Jiraya chegar ao delicado assunto que o trouxera ali:

– Chiriku-sama, preciso que me leve às catacumbas. Quero que me autorize a entrar no “Salão Proibido”. É muito importante!

O monge empalideceu bruscamente. Era um pedido incomum e inexplicável. Há trinta anos, ninguém entrava no Salão Proibido. Por que Jiraya queria, agora, quebrar este tabu?

– Jiraya-sama, o que o Salão Proibido guarda, deve ficar para sempre guardado, longe dos olhos e da cobiça dos homens. Sabe disto tão bem quanto eu. Por que, então, nos pede isso?

– Porque desconfio que aquilo que o Salão Proibido deveria guardar, não está mais lá – respondeu Jiraya, para assombro do monge.

E Jiraya contou-lhe tudo o que ocorrera em Konoha nos últimos dias. Chiriku ouvia incrédulo, pois acreditar seria a confirmação de que os monges do Templo do Fogo haviam falhado, algo insuportável.

– Jiraya-sama, acredite nas palavras deste velho monge: não houve um único dia nestes trinta anos em que eu e os outros quatro monges guardiões faltamos com nossa vigília. Os selos permanecem intocados. Os kyuketsukis ainda dormem!

– Meu amigo, longe de mim questionar seu zelo para com seus deveres! – desculpava-se Jiraya – Mas depois de tudo o que lhe contei, creio que entende a minha preocupação! Eu vi uma dessas criaturas com meus próprios olhos, e juro-lhe que ela era um kyuketsuki. Por isso, peço-lhe com toda humildade que permita-me acompanhá-lo, somente hoje, em sua vigília.

O monge permaneceu em silêncio, ponderando sobre o pedido de Jiraya. Os cinco guardiões cumpriam rigorosamente seus deveres e somente eles tinham a autorização de descer ao Salão Proibido. Mas não podia simplesmente ignorar o fato de que Jiraya, que já enfrentara essas criaturas no passado, realmente conhecia esses inimigos e não poderia estar enganado.

– Que assim seja, Jiraya! – concordou, então, o monge – Você nos acompanhará ao Salão e verá os selos, para que seu coração se tranquilize...


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– Finalmente... maldito sol que não se põe nunca!!! – praguejava Richi, com sede de sangue e de vingança, ao constatar que a noite chegara.

– Richi, não se afobe desta vez! – repreendia-o Yoru, abraçando-o pelas costas, enquanto ele sorria para a noite, como uma criança....

Kuroi, sentado sobre uma das rochas da caverna escura, permanecia de olhos fechados em meditação, ignorando seus servos. Refletia sobre seus planos, e os rumos que deveria tomar para colocá-los em prática. Até o momento, agira quase por impulso, sem refletir antes de agir. Isso precisava mudar...

– Kuroi-sama, vamos à Konoha! Estou com sede e temos assuntos inacabados por lá... – dizia Richi, com impaciência.

– “Temos”? – replicou Kuroi, sem abrir os olhos.

– Aquele moleque loiro e a morena de olhos exóticos, eles vão me pagar por...

Richi não conseguiu terminar a frase, fulminado por um soco que o jogou violentamente contra a parede da caverna causando um pequeno desmoronamento e deixando-o parcialmente soterrado. Kuroi movera-se numa fração de segundo, rápido demais até para um kyuketsuki. Yoru, atônita, só percebeu o que havia acontecido ao ver Richi sob uma pilha de rochas.

Com dificuldade, Richi conseguiu se arrastar de sob as rochas apenas para ser violentamente agarrado pelo pescoço pelo poderosíssimo aperto da mão de Kuroi.

– Ouça-me com atenção, miserável: Eu decido para onde vamos, quando e como vamos! Decido quem caminha ou não ao meu lado! Eu lhe dei esta vida e posso tirá-la na hora em que eu quiser! Desobedeça-me mais uma vez e darei-lhe a morte definitiva, de forma tão dolorosa que irá chorar feito uma criancinha perdida no escuro!!! ENTENDEU???

– SIM!!! P-perdoe-me, Kuroi-sama!!! – respondia num fio de voz, com o pescoço quase esmagado, Richi.

Kuroi soltou-o e caminhou para fora da caverna, sem nada dizer. Seus servos o seguiram calados. Quando estavam sob o céu noturno, Kuroi finalmente expôs seus planos:

– Konoha terá de esperar. Já sabemos que Suna não tem mais nada a me oferecer. Precisamos achar aqueles que chegaram na minha frente. Aqueles que ousaram frustrar meus planos...

– E quem são eles, Kuroi-sama? – perguntou Yoru.

– Aqueles que roubaram o tesouro que o Kazekage de Suna abrigava em seu corpo. Os shinobis renegados...


********************************


Jiraya descia os degraus intermináveis das catacumbas, envolto pela penumbra e umidade do subsolo, acompanhado pelos cinco monges. Chiriku descia à frente, iluminando o caminho com uma tocha. Não imaginava que as catacumbas fossem tão profundas. Tinha a impressão de já ter descido centenas de metros....

Finalmente chegaram a um grande portão de madeira, impregnado de símbolos pertencentes às cinco nações. Dois dos monges puseram-se frente ao portão e disseram simultaneamente: - “KAI!”- ao mesmo tempo em que executavam complicados selos com as mãos. O portão abriu-se lentamente, com um rangido característico de madeira empenada.

Seguiram adiante e depois de aproximadamente cem metros caminhados, depararam-se com outro portão, desta vez de ferro, com um único símbolo desenhado na frente. Desta vez, os cinco monges pararam frente ao portão e, em sincronia perfeita, executaram os selos necessários: - KAI! – O portão abriu-se.

Finalmente chegaram a um grande salão. Uma enorme formação geológica formada naturalmente, cujo teto estava a pelo menos cinquenta metros de altura, iluminada apenas pela tocha de Chiriku. No centro, cinco grandes pedras negras retangulares, de grossa espesssura, alinhavam-se perfeitamente no chão, uma ao lado da outra. Sobre as pedras, escritos em Kanjis arcaicos, selos desconhecidos até mesmo para Jiraya.

Chiriku sorriu em satisfação. O local parecia intocado. Com certeza ninguém estivera ali. Jiraya não tinha tanta certeza...

– Veja Jiraya-sama: aqui estão os cinco originais, ainda adormecidos, como sempre estiveram em todos esses anos.

– Sim Chiriku, eu vejo as lápides.

– Viu? Não há o que temer.

– No entanto...- disse Jiraya, estendendo a mão direita para as lápides, enquanto fechava os olhos em concentração.

Os monges entreolhavam-se sem entender o que estava acontecendo. Por um momento, Chiriku pensou que Jiraya estava rezando devido à postura que assumia frente às lápides. A mão de Jiraya oscilava sobre as lápides quando finalmente parou sobre a lápide do meio. Jiraya abriu os olhos e disse, para horror dos cinco guardiões:

– Levantem a lápide!

– JIRAYA! ISSO É INCONCEBÍVEL!!! – exasperou-se Chiriku – Mesmo sendo criaturas amaldiçoadas, isso é uma blasfêmia! É sacrilégio!!!

– Chiriku, faça o que eu disse! Confie em mim!

– Por que, Jiraya? Por que deseja cometer tamanha abominação?!

– Sinto resquícios de um chakra estranho aqui. Afirmo-lhe que o que está sob esta pedra não é um kyuketsuki! Confie em mim, eu lhe peço!!!

Os monges não sabiam o que fazer. Em trinta anos, nada semelhante àquilo havia ocorrido. Chiriku refletiu alguns instantes sobre as palavras de Jiraya. Finalmente decidiu:

– Jiraya, esteja certo ou não, você assumirá total responsabilidade sobre este ato frente à Hokage e ao Daimyou, compreende?

– Sim – respondeu Jiraya,assentindo gravemente com a cabeça

Entregando a tocha a Jiraya, Chiriku concentrou-se e realizou com mãos ágeis inúmeros selos de liberação. A um gesto seu, os monges posicionaram-se aos lados da lápide, dois de cada lado e empurraram-na. A pedra, muito pesada, deslocou-se lentamente até revelar o interior do túmulo. A tocha iluminou o que era esperado ver: um cadáver. Mas o terrível odor de podridão denunciava que aquele era um cadáver recente e não um que havia sido enterrado há trinta anos.

– Mas, o que é isso?! Isso não pode ser um kyuketsuki!!! – constatava com horror Chiriku – Abram os outros túmulos! – ordenou.

Os monges, aterrorizados, cumpriram rapidamente a ordem realizando os mesmos selos de liberação e levantando as lápides uma a uma. Os outros túmulos continham somente ossos: os esqueletos daqueles que um dia foram chamados kyuketsukis. Mas Jiraya e Chiriku ainda olhavam incrédulos para o cadáver semi-decomposto à frente deles.

– Esta lápide deveria conter os restos de Kuroi, o líder dos amaldiçoados! – dizia Chiriku, com a voz ainda trêmula pelo choque – Quem é este que ocupa seu túmulo?!

Jiraya, mal conseguindo respirar devido ao cheiro nauseante, examinou rapidamente os restos mortais: resquícios de cabelos prateados, um óculos e uma bandana com o símbolo da Vila Oculta do Som revelaram-lhe quem havia sido aquele cadáver.

– Este é, ou melhor, era um shinobi chamado Kabuto, um servo de Orochimaru...




(continua...)


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Notas finais do capítulo

Godaime = quinta (no caso, referindo-se à Tsunade como a "Quinta Hokage de Konoha")
Kai = liberar
Pior que a dor da abstinência, somente a dor do descaso. COMENTEM, POR FAVOR!



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