Akai Ito escrita por Ushio chan


Capítulo 12
Amor e confissões.


Notas iniciais do capítulo

Oyasumi, minna-san!
Como vão?
Milagrosamente consegui postar isso hoje... Não sei ao certo como, mas consegui.
Bem, sem mais delongas, boa leitura.



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__PDV MELLO__

Neste momento, estou sentado no velho sofá da pequena sala de Matt. Já é a vigésima ou trigésima barra de chocolate com menta que como nas últimas dezesseis horas enquanto olho fixamente para a foto do natal. Mais especificamente para Kim, envolta em meus braços. Queria tanto que ela tivesse sorrido deste modo como me viu... Que tivesse me abraçado e me beijado... Mas não. Ela não teria sequer dirigido a palavra a mim se não fosse a foto. E não teria feito nenhum contato físico se não tivesse perdido o controle e me batido.

Aquele tapa... Foi a pior parte. Havia uma carga emocional muito forte na mão de Kim quando ela foi de encontro ao meu rosto. Muita dor, muitas mágoas, muita preocupação, medo... E tudo explodiu quando a raiva atingiu seu coração. “ O ódio é um veneno”, dizem. Mas não. O verdadeiro veneno, o início de tudo, é a amargura. A dor. A solidão. O abandono. A desilusão. E eu causei todos estes sentimentos em Kim ao mesmo tempo, no instante em que contei a maior mentira de minha vida. Mas eu vou tentar reconquistá-la. Eu preciso disso. Se não fosse tão egoísta, simplesmente me afastaria, mas eu preciso. E eu vou.

Tudo o que quero, o maior objetivo de minha vida, é abraçar Kim novamente e dizer “eu não disse?”. Meu sonho é ficar a seu lado pelo resto de minha vida. Preciso dela. Respiro pensando nela. É uma obsessão tão desesperada que só pode ser denominada de um jeito; amor.

Suspiro, pensando na felicidade que um dia habitou meu coração por causa da minha Snowdrop. Como sinto falta daquela época. Sinto falta do amor dela. Da amizade de Íris, Ushio, Ino, L, BB, Leila, Near... Matt é o único que restou. E olhe lá, porque não sei ao certo se ele voltará para cá depois de eu tê-lo mandado ficar no prédio da SPK. Ele deve estar feliz. Isso me faz me sentir um pouco melhor. De qualquer forma, não tenho certeza de que ele vai voltar para cá. Já é meio dia e ele ainda não chegou.

Talvez eu deva voltar lá hoje. Só para vê-la outra vez. Ou não, já que minha ida a deixou bastante infeliz ontem, eu pude ver em seus olhos. Não é como se eu não a conhecesse, sei muito bem quando fica triste. Jamais deveria tê-la chamado de Snowdrop. Foi um erro de minha parte, e isso a machucou muito. Mais um erro de minha parte, na verdade. O fato é que eu jamais deveria ter saído do orfanato. Ou melhor, eu deveria sim, mas tinha de tê-la deixado sabendo da verdade. Se bem que... Isso não alteraria o risco que ela corria. Se mantivéssemos contato, seria muito provável que a matassem para me atingir. Se ela pudesse dizer que eu não a amava, estaria razoavelmente segura.

Volto a morder a barra. O fato é que o gosto de chocolate com menta não ameniza nem um pouco a saudade que sinto do beijo de Kim. O gosto do doce não chega nem aos pés do gosto de seus lábios e muito menos os do sabor de sua língua.

O chocolate acabou. Jogo a embalagem em um saco plástico ao lado da cama. Não quero ter todo o trabalho de recolher tudo depois. E, também, respeito o apartamento de Matt como nunca respeitei sequer a minha cama no orfanato.

Escuto uma chave girar na fechadura. Eu estava errado. Matt não me abandonou.

- Er... Oi. – Diz ele. Alguma merda ele fez, ou não estaria assim. Se não tivesse acontecido algo, ele já teria acendido um cigarro ou começado a jogar videogame enquanto se jogava ao meu lado no sofá. Ao invés disso ele permanece de pé, ao lado da porta já fechada. Parece envergonhado e contente ao mesmo tempo. Ele provavelmente... É, certamente é o que eu estou pensando.

- Oi. Achei que não voltaria tão cedo. – Digo, escutando minha voz mais desanimada do que pretendia.

- O que é isso, Mello? Eu não vou te abandonar! Você também não me abandonou quando eu precisei de você... Você... Você desistiu de tudo o que era importante para você por minha causa, eu não poderia fazer uma coisa dessas com você! Não é só uma questão de lealdade ou amizade, é uma questão de honra mesmo! – Ele para de falar por um instante. – Eu estava preocupado com você depois do que a Ki-Ki... Bem, deixa para lá. – O ruivo se interrompe, lembrando que a menção de Kim sempre me entristeceu.

- Não, Matt, ela não fez nada. Eu fiz aquilo. E também não vou desistir dela tão facilmente. Não tenho a menor intenção de me matar. – Tranquilizo-o. – Agora me diga, por quanto tempo pretendia esconder de mim que dormiu com a Íris?

- Eu não...! Ok, eu dormi com a Íris. Não pretendia esconder, se você perguntasse o que aconteceu eu provavelmente diria... Acho.

- Não importa. Fico feliz por vocês. – Interrompo-o. Bem que eu gostaria de ter sido recebido assim por Kath... Mello, seu chocólatra pervertido! Pare com isso agora mesmo! Grito mentalmente para mim mesmo quando me pego devaneando com uma noite com Kim que provavelmente nunca existirá. Um sonho que jamais se tornará realidade. Jamais sentirei o corpo de Kim moldando-se ao meu, ou a escutarei gemer meu nome. Jamais estarei dentro dela. Jamais a tocarei desta forma. Mihael Keehl! Ela não é sua e você não tem a liberdade de pensar nela deste jeito!

- Er... Obrigado. Acho. Bem, eu vou tomar um banho. – O ruivo se retira da sala e vai para o corredor, retirando a blusa no caminho e exibindo os arranhões que Íris deixou em suas costas. É, Matt, este é um lado seu que eu não conhecia.

__ PDV NEAR __

A situação hoje no QG da SPK está estranha. Eu monto um quebra cabeça junto com Leila, que parece que mudou de ideia sobre o quando esta atividade é infantil. Devo admitir que ela ficou muito boa nisso. E, mesmo que não tivesse, eu também a consideraria boa pelo simples fato de se dispor a montar um quebra cabeças comigo. Adoro quando pessoas que eu amo fazem isso.

Kim continua mal. Hoje ela ainda não saiu do quarto. Não a culpo. Ela tem feito cara de forte pelos últimos cinco anos, ela merece ter um tempo sozinha chorando depois de algo que a abalou tanto quando o reencontro com Mello. Íris está... diferente, eu diria. Feliz como costumava ser no Wammy’s, mas há algo realmente estranho. Depois eu pergunto à Kim se ela sabe de alguma coisa.

Eu e Leila estamos quase pulando de alegria e derrubando as peças do quebra cabeças, como Mello fez comigo algumas vezes para me provocar. Ele fez isso pela última vez três meses antes de Kim voltar do Japão, porque eu estava muito triste e ele achou que eu precisava desabafar, então me provocou até eu surtar. Devo ressaltar que não funcionou e eu continuei deprimido. Bem, de qualquer forma, nós dois estamos muito felizes, mesmo que nossa relação não seja pública – apenas eu, ela e Kim sabemos disso. Não por eu ter contado, mas por ela ter lido isso em minhas ações  ontem a noite, quando eu não quis deixa-la sozinha para dormir temendo os pesadelos que ela teria -.

Leila, sentada de frente para mim, ergue os olhos para a porta do corredor que leva aos dormitórios. Viro-me também para encarar minha irmã mais velha, que entra na sala com uma falsa expressão de casualidade. Acho, entretanto, que sou o único na sala que pode ler a profunda infelicidade de Kim por trás da concha de normalidade.

- Olá, onee-chan. – Digo, sem querer dizer aqui tudo o que quero dizer a ela.

- Oi, Ne-Ne. – A voz também está deveras estorvada. Provavelmente estava mesmo chorando. Sim, sim, os olhos estão vermelhos e excessivamente brilhosos.

- Precisa de alguma coisa? Está tudo bem? – Pergunta Gevanni, que parece ter se envolvido muito na não mais existente relação de Mello e Kim. Não é como se ele estivesse apaixonado por Kim nem nada, é mais como... Curiosidade.

- Tudo bem... Eu só vim ficar aqui um pouco. Estou entediada. – É neste momento que sinto-me na necessidade de pedir que ela não minta para mim.

- Kim, não há necessidade de se explicar tanto, todos nós sabemos que está mentindo. Venha, você precisa conversar sobre isso de uma vez por todas. – Levanto-me e pego Kim pelo braço, levando-a de volta para o corredor.

- Obrigada, Near... – Diz com a voz transbordando de sarcasmo.

- De nada. Só queria que parasse de mentir para mim. Se quiser mentir para toda a população humana, minta, mas não tente mentir para mim. – O que eu acabei de dizer me enche de culpa. Porque eu menti para ela. E Mello também. De qualquer forma, empurro-a para dentro do meu quarto e a faço sentar na cama. – Ok, agora desabafe.

- Near, eu... Não quero falar sobre isso agora.

- Kat, você está se torturando desta maneira há cinco anos. Eu não aguento mais assistir isso sem poder fazer nada, sendo sempre separado de você por estas barreiras que você construiu em volta de si mesma. Não é como se você realmente tivesse conseguido me cegar para os seus sentimentos, Kat. Pare de se machucar assim, irmã. E, se não fizer por você, faça por mim, porque me machuca também.

- Near, por favor, não encare desse jeito....

- Você não entende, Kim? Está machucando todos nós! Me deixe te ajudar, Kim!

- Não há nada que você possa fazer com relação a isso. Dói de qualquer jeito, é melhor que você não ouça a descrição em palavras.

- Katherine, me fale, por favor, eu imploro. – Ajoelho-me na frente dela, ficando da altura de suas costelas e olhando para cima, para seus olhos roxos e inchados de tanto chorar.

- Nate... – Ela suspira profundamente, os olhos se enchendo de lágrimas de novo. – Eu... Ok, eu falo. O fato, Near, é que eu amo o Mello. Não sei como isso é possível, mas o amo tão desesperadamente quanto o amava da última vez que o vi. Sei que é estúpido, mas...

- Vocês eram muito ligados.

- Sim. – Kim parece olhar para o passado por um instante ao mesmo tempo em que uma lágrima cai de um de seus olhos. – Sabe, na noite em que ele foi embora eu... Eu sonhei com ele.

- Normal. Sobre o que era o sonho?

- Ele estava indo embora, exatamente a mesma cena. Mas, antes de cruzar o portão, ele voltava correndo para mim e dizia que era tudo mentira, que ele me amava mais do que tudo e que não podia me deixar... – Ok, isso é estranho. Mas não tão absurdo assim...

- Às vezes os sonhos refletem nossos desejos.

- Mas no sonho eu falei coisas que não sabia, Near. – Ela está querendo dizer que é real? – Eu falei algo sobre sermos conectados pela Akai Ito, e no sonho nós realmente estávamos ligados pela Akai Ito.

- Akai o quê? Isso é japonês?

- Não. Deve ser chinês ou coreano. Não sei o que é exatamente, mas o que eu disse no sonho é que a linha nos ligava porque éramos destinados a ficar juntos para sempre. E que a linha poderia se enrolar ou se esticar até o fim do mundo, mas nunca se partir.

- Kim... Isso é lindo, mas acha que é verdade?

- Não sei. Mas eu tive outro sonho recentemente, de novo nós estávamos ligados pela Akai Ito. E... Foi alguns dias depois da explosão. E, no sonho, eu estava fora do meu corpo, que estava chorando diante do túmulo do Mello. E o Mello na forma espiritual tentava falar com o meu corpo, e ele gritava por mim, e eu só chorava e chamava por ele. Então eu, na forma espiritual, fui até ele e o chamei. Ele se levantou e olhou para mim e nós conversamos. Eu pedi para ele acordar, ou nunca mais poderíamos ficar juntos, porque ele morreria. – Ela faz uma pausa, lágrimas escorrendo livremente de seus olhos agora. – O que não faz o menor sentido, já que ele não me ama. De qualquer forma, ele disse que acordaria e que me amava. Eu disse que o amava também. E nós... Bem... Nos beijamos.

- Entendo. – Digo, sentando-me a seu lado e enxugando as pequenas lágrimas prateadas. - Você não precisa ficar triste por isso, Kat. Mello... – Preparo-me para mentir novamente. – Mello foi um idiota por ter te deixado. Ele não poderia ter te machucado tanto assim.

- Eu devia ter lido nas atitudes dele que ele não me amava mais. Depois que o Matt foi embora ele... Mudou tanto! Você se lembra?

- Sim. Aquilo também te machucava. – Digo em um tom reflexivo enquanto me lembro da conversa que tive com Mello no dia em que fui tirar satisfações com ele. – Mas ainda assim... Isso não é normal. Este tipo de sofrimento já deveria ter passado há muito tempo! Nem quando papai e mamã... Quer dizer... Você não estava assim quando fomos para o Wammy’s. Estava abalada, claro, mas acho que eu fiquei pior que você.

- Sim... É que eu... Não sei, Near, mas a cada dia que passa eu me sinto mais fraca, sinto que estou mais perto de desistir. Eu o amo tão desesperadamente que a cada dia que esta saudade aumenta eu sinto menos vontade de levantar da cama de manhã. Eu não sei o que é isso, não sei o que há de errado comigo... Não entendo esta obsessão. Nem quando eu estava com Mello sentia-me tão necessitada de estar grudada a ele.

- Não há nada de errado com você, Kat. O nome disso é amor. – Acaricio seus cabelos, abraçando-a e deitando sua cabeça em meu ombro para que ela chore.

- Será que eu tenho mesmo que amá-lo tanto? – Soluça.

- Não sei... Gostaria que não.

- Sabe... Às vezes tenho vontade de desistir.

- De quê? – Pergunto assustado enquanto me afasto dela e olho em seus olhos. Ela não pode estar falando em... – Kim... Quer dizer...?

- É. Mas depois eu penso e... Lembro de você. Eu não poderia te deixar aqui. Não conseguiria ficar longe. – Por que é que ela parece tão calma enquanto fala de suicídio? E o mais triste é que ela já fez coisas horríveis a si mesma por causa de Mello. Seguro o pulso de minha irmã, acariciando as inúmeras cicatrizes que ocupam a área ao redor da artéria. Dou graças a deus por ela jamais ter tentado atingir nenhuma veia. Não sei o que seria de mim. Teria que me matar junto com minha irmã.

- Nunca faça isso comigo, ok? Promete? – Imploro, abraçando-a ainda mais forte.

- Prometo. – Ela responde, a voz ainda um pouco embargada. – Não vou deixar você, Ne-Ne. Eu te prometo isso desde que tem nove anos de idade. – Ela beija minha testa e volta a pousar a testa em meu ombro. Mas, desta vez, não chora. Apenas fica ali, deitada. – Daisuki, Near.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim! Gastei um tempão escrevendo isso!! Hahaha.
Bem, tenho que dormir, então serei breve:
Deixem reviews, espero que tenham gostado, amo muito todos vocês mesmo sem conhecê-los...
Beijos estalados!
Ittekimasu!
- Ushio