Gotta Be You 2 temporada escrita por Malu


Capítulo 14
Capítulo 14




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–Louis! –sussurro, passando pela porta do quarto que se encontra aberta... Não, ele a deixou aberta!

Ele não responde.

–Boo Bear! –cantarolo e nada.

Minutos se passam.

Nada.

Tento novamente.

–Louis! –um pouco mais alto, mas ele não parece ouvir.

Algo cai no chão e eu entro.

Louis está abaixado, catando cacos de vidro molhados pelo vinho que ele tomava.

–Louis! –digo, alto o suficiente para que ele finalmente ouça, ou pare de me ignorar.

–O que você faz aqui? –sua voz é áspera, intocável, rígida... Ignorante...

–Estão todos preocupados! –digo, me aproximando e o ajudando a catar os cacos.

–Eu não quero falar com ninguém no momento...

–Então porque veio para cá?

Ele me fita confuso e recua quando nossas mãos quase se tocam para pegar o cabo da taça estilhaçada em mil pedaços.

–Porque eu sabia que só você viria.

Estou em pedaços.

Sua voz soa calma e ligeiramente boba novamente, como sempre fora.

Eu tomo coragem suficiente para levantar o olhar.

Nossos olhos se encontram e eu desvio rapidamente e continuo a juntar os cacos.

–Você acha que está em condições de conversar agora? –pergunto hesitante.

–Ai! –murmura quando um dos cacos corta suas mãos.

–Me deixa ver! –digo. Puxo suas mãos fechadas em volta do caco para perto de mim e as abro com cuidado. –Louis, não aperta... Você vai se machucar!

–Me machucar mais? Isso é possível?

–Boo...

–Não me chama de Boo Bear! –interrompeu.

–Olha, o que eu sinto por você não mudou...

–O que tinha entre a gente mudou! Eu não quero voltar pra...

–Eu não vou te obrigar a voltar pra mim, Louis! –interrompo. –Eu não vou te obrigar a nada... –digo no tom mais convincente que consigo. –Inclusive... No dia em que se interessar em conhecer seu filho, você pode me procurar, porque eu não vou ficar esperando por você! –me levanto, me desfaço dos cacos e de repente estou envolta em seus braços.

–Eu sinto sua falta! –suspira em meu pescoço.

–Então porque não para com essa teimosia?

–Porque eu tenho medo... Medo de tentar de novo e ser magoado de novo. –ele disse passando as mãos sujas de sangue pela minha cintura sem se importar se mancharia minha roupa ou não e me virando.

–Eu juro fazer o possível...

–Eu não consigo acreditar... –Louis disse de um jeito tão... Não consigo encontrar palavras para descrever, então simplesmente me afasto.

–Se você não quer tentar de novo, porque faz isso comigo? Porque insiste em me torturar? Você sabe o que eu senti quando te ouvi dizer que não voltaria? Eu pensei em varias formas de me matar sem machucar esse maldito bebê que você enfiou na minha barriga... Até porque, não sei se você se lembra, mas você ajudou a fazer essa peste. –eu estava fora de mim, dizendo coisas que eu não queria, mas que saiam pela minha boca sem que eu pensasse antes. –No dia em que o Justin me beijou... Eu pensei que tudo fosse acabar, mas eu pensei melhor e disse “O Louis vai entender”, mas não... Isso não é o tipo de coisa que se passa pela sua cabeça, coisas como “Ela não teve culpa” ou “O Justin quem a agarrou” ou até mesmo “Eu confio nela”... SABE O PORQUE? PORQUE VOCÊ NÃO ME AMA O SUFICIENTE PARA CONFIAR E ACREDITAR EM MIM!

–EU TE AMO MAIS QUE TUDO NESSE MUNDO! –ele grita, me segurando pelos dois braços com força e me sacudindo.

–ENTÃO PEGA E PROVA, PORQUE EU NÃO VOU MAIS FICAR ESPERANDO PELO SEU PERDÃO! –grito de volta e o empurro. –ESSA CRIANÇA VAI SER BEM MAIS FELIZ LONGE DE VOCÊ E DE TODO ESSE INFERNO! –depois de gritar isso eu saio correndo e chorando.

Depois de dirigir a caminho do hospital chorando e socando o volante e o banco o carro de todas as maneiras eu desisti e mudei a trajetória, me dirigindo para a campina, em busca de substituir o aroma de cimento, concreto, poeira e aromas artificiais pelo doce e natural aroma do campo enfeitado por flores e mais flores.

Algo que eu nunca tinha percebido antes é que a campina ficava acima de uma ladeira... Isso justifica o fato de eu ter rolado campina abaixo com Harry me fazendo cócegas! ¬¬’

Eu deixo o carro lá embaixo e quando começo a subir, ouço um suspiro vindo de uma pessoa ao meu lado.

–Boa tarde! –diz uma garota com mais ou menos a minha idade, cabelos longos e castanhos que possuem as pontas loiras e enroladas. Seus olhos são de um castanho profundo e convidativo. Ela tem bochechas rosadas e não parece usar maquiagem na pele pálida e natural. Em seu rosto, marcas de uma adolescência perfeita e sem espinhas, apenas uma marquinha nas laterais do nariz, sugerindo que ela usara óculos, mas a voltinha transparente em volta de sua íris indica que ela resolveu substituí-los por lentes.

–Boa tarde! –respondo e sorrio. Algo em seu rosto me permite dizer que ela é extremamente familiar.

–Você ia caminhar? –ela pergunta, sorridente.

–Quer uma companhia? –digo, quase esquecendo da dor que eu sentia dentro de mim.

–Claro, meu nome é Laís... Laís Loureiro! –diz e me estende a mão para um aperto.

Eu já ouvi esse nome!

Ignoro esse pensamento e estendo a mão para apertar a sua.

–Eu sou Luiza Rosa! –digo, tentando estampar um sorriso falso no rosto.

–Eu conheço esse nome de algum lugar! –diz.

–Você é inglesa mesmo? –pergunto.

–Nope, sou brasileira!

–Aleluia, alguém para falar comigo em português! –digo, erguendo as mãos para o céu como se dissesse “Finalmente esse dia chegou!”.

–Você é brasileira? –ela pergunta quase espantada.

–Sim... E eu já sei de onde a gente se conhece! –digo, meio surpresa por ainda me lembrar disso. –Você era aquela menina que sonhava em ser cantora que andava comigo e com Leticia! Nós éramos o grupinho do L como Jason dizia.

Sim, eu ainda me lembro disso como se fosse ontem...

*Flashback*

Lá estávamos nós, sentadas na árvore da esperança, ou, como Jason e seu grupinho maldito chamava, árvore das Lesadas.

Eu comia meu sanduíche de peito de peru com maionese e alface e tomava um suco de laranja, quando o grupinho de idiotas passou correndo e derrubou nossos lanches.

–Ei, olhe se não é o grupinho do L de Lesadas... HAHAHAHAHA –caçoou Jason.

–Jason, cai fora! –murmura Leticia, se levantando, já com raiva.

–Lettys, deixa ele! –digo, calmamente e puxo Leticia para se sentar novamente. –Ele vai se ferrar quando eu contar pra tia Johanna! –digo e dou uma gargalhada.

–Own, ela vai se esconder atrás da professora! –caçoaram e soltaram uma risada.

Eu me levantei furiosa e empurrei Jason. Ele caiu com as costas no chão e todos começaram a me encarar.

–Se quiser implicar comigo, tudo bem, mas deixa a Laís e a Leticia em paz! Ouviu? –digo, pondo o dedo em sua cara.

–Luiza! Pare com isso! –grita Johanna. –Você e o Jason, na minha sala, AGORA! –diz no tom sério e autoritário de sempre.

Depois daquele dia, as provocações diminuíram rapidamente, mas vez ou outra ainda acontecia.

–Qual é o motivo de eles implicarem tanto com a gente? –Laís perguntou, indignada.

–Não sei! –menti.

A verdade é que desde pequena eu sabia o motivo. Desde pequena nós tínhamos grandes sonhos. Desde pequena eu estava decidida a ser a melhor estilista que esse mundo já conheceu. Desde pequena, Leticia estava decidida a entrar para a Royal e mostrar que era a melhor dançarina. Desde pequena, Laís acreditou em seu talento com instrumentos e em na voz maravilhosa que tinha. Estava decidida a ser uma cantora.

Nós nos empenhamos para realizar isso até hoje.

*Flashback*

Nós caminhávamos campina acima, enquanto contávamos tudo o que ocorreu em cerca dos últimos 10 ou 11 anos.

–O que aconteceu?

–Ahn? –questiono confusa.

–Você estava chorando... A Luiza que eu conheci nunca chorava!

–Eu briguei com meu namorado e... –meu telefone começa a tocar. –Ah, espera só um minutinho... Eu preciso atender.


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Notas finais do capítulo

Para os que não entenderam ainda: Leticia e Luiza se conheciam desde que ainda estavam na barriga da mãe, porém, aos 8 anos, Leticia e sua família tiveram de se mudar para Rio.
Somente 10 anos depois, as duas se reencontraram e continuaram com a amizade que durou toda a vida delas.
OBS: Eu não sei se postarei mais esse fim de semana, então não fiquem muito esperançosos, okay? :D