Jonathan Davis escrita por 09041977


Capítulo 1
1st




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  Estava resguardado na escuridão de meu quarto. Por vezes ela é minha melhor amiga. Não fala, mas ouve. E ao contrário de todos os que me rodeiam, não me crítica por tudo o que faço. Simplesmente limita-se a acolher-me e a escutar-me.

  Chamo-me Jonathan Davis e tenho 15 anos. Não sou aquele miúdo cool que toda a gente quer conhecer. Sou uma mancha na vida de muitas pessoas. Descrevem-me como aberração. Se calhar mereço isso, não sei. A minha vida é uma merda, mas, se cometesse suícidio, tenho a certeza de que ninguém iria dar por minha falta. Ou nem se atreveriam a pôr as suas mãos imundas sobre o meu corpo pálido e feio. Odeio-me.

   Um feixe de luz invadiu o meu quarto, diante da porta. Alargou-se até aparecer uma figura sinuosa sobre ela. A minha madrasta, Hannah Lewis. Posso garantir que ela não é a melhor pessoa do Mundo. 

   Ela entrou, sem pedir autorização e logo começou a achincalhar-me.

- Nossa! Sempre fechado nesse quarto. Você fica parecendo um monstro se escondendo do Mundo lá fora. Ou será que você é mesmo? - falou sem hesitação ou vergonha, me fazendo sentir um traste.

- O que você quer? - perguntei, exaltado.

   Ela foi-se aproximando de mim. Ao ouvir o eco abafado do bater dos seus passos no soalho, me encolhi. Eu nunca deveria ter respondido daquela forma. Burrice minha!

- Levanta-te. - ela ordenou. 

Eu obedeci. Já sabia o que me esperava.

- Você sabe que não pode responder assim para mim, não sabe, docinho? - questionou-me, mas decerto não esperava uma resposta da minha parte. - Você sabe o que lhe vai acontecer se você repetir a mesma proeza? - encarou-me, sorrindo maliciosamente.

   Olhei para ela, e, pouco depois, comecei a sentir um ardor em meu estômago. Nem reparei no movimento. Foi tão brusco. Senti depois a dor. Contorci-m, queixoso e ela ficou apenas rindo da minha figura. Logo, puxou meus cabelos, e, novamente me pontapeou, empurrando-me contra a cama. Quem disse que os rapazes não choram? Enganam-se. Comecei a chorar que nem um bebé.

   Quando ela ia sair do meu quarto, ela virou-se para mim de novo, mas já não temia mais nada da parte dela.

- Ah, antes que me esqueça... Veja lá se ainda vai dar as boas-vindas ao nosso novo vizinho. Sê simpático! E veja se começa a cuidar de sua aparência. Você vai assustá-lo! 

   Saiu logo após o seu discurso nada simpático e, me deixou ali, contorcido em dores. Mas o mais duro de suportar, não são as dores físicas. São as dores emocionais.

  


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