Após as aulas acabarem, Yui e Yurippe ficaram conversando um bom tempo na sala de aula. Hinata esperava impaciente no corredor para conversar com Yui. Otonashi havia ido embora correndo, pois tinha um compromisso do qual ele não quis dizer qual era.
Hinata cruzou os braços e colocou seus pés na parede. Olhava cansado para o chão, esperando a pequena sair. “Não importa quanto tempo eu tenha que esperar sua idiota, você vai me dizer o que aconteceu”, pensava para não desistir da idéia.

Enfim, Yurippe saiu seguida de Yui. Yuri levou um susto ao ver seu amigo dormindo de pé. Pegou nos ombros dele, chacoalhou e gritou:
- Ei! Hinata! Acorde!
- H-hãm!? – disse assustado
- Você está dormindo de pé! Argh! E babando!
- Sim... A conversa de vocês me dá um baita sono...
- VOCÊ ESCUTOU ALGO? – disse Yui espantada
- Não! Mas vocês demoraram... Precisava falar com você, Yui.
- E sobre o que?
- Sobre você.
Visto que não teria utilidade alguma na conversa, Yurippe ajeitou sua mochila, despediu-se de seus amigos e saiu correndo.
- E-espere! Para onde você vai?!

Não houve uma resposta:
- É bom que esteja só nos dois.
- Que seja!
- Hey... Por que você está assim?
- Assim como? De saco cheio? Já era de se esperar, não?
- Não... Você não é a mesma. Você está mudada de alguma maneira...
- Não sei exatamente no que mudei... Continuo com o cabelo rosa, não os cortei, minha estatura ainda é baixa como você pôde perceber...
- Não é isso!

Hinata aborrecido segurou nos ombros da garota e a chacoalhou. Yui revirou-se, retirou com força as mãos de Hinata de cima dela e jogou-lhe as palavras:
- Você ainda não entendeu?! – disse gritando
- O que eu deveria entender?! – retrucou no mesmo tom de voz
- Eu... Nem eu entendo... Não sei por que...

Pensou em abrir o jogo, mas não queria ser rejeitada. Era orgulhosa. Tinha um orgulho que sempre lhe atrapalhava onde quer que fosse:
- O que, Yui?
- Não quero falar disso com você.
- Porque não? Mesmo eu sendo chato com você e você comigo, somos amigos... Desculpe-me se lhe ofendi, nunca foi minha intenção te machucar
- Não... Foi nada. Mesmo você não querendo, você me machuca.
- Pare de dizer isso, nunca fiz isso por mal.
- Eu sei que não. Não me refiro a isso...
- Então é o que? Pelo amor, me diga logo!
- Você é burro mesmo... – disse virando a cabeça de lado

Visto que ela havia corado, resolveu parar de lhe implorar por uma resposta. Deu um leve riso de lado que logo  transformou-se em uma gargalhada. Começou a suspeitar do motivo. Sua gargalhada não havia malicia e sim uma sensação de alivio... Hinata sofria ainda mais tempo que Yui e sabia como ela se sentia. Ele, sem dúvida alguma, conseguiu esconder seu sentimento bem melhor que ela:
- Que há de engraçado?
- Nada, é que me pareceu familiar.
- O que?
- Como você não vai me contar nada, vou ficar de bico calado também! – disse sorrindo sarcasticamente
- Você é mesmo chato.
- Será que é isso mesmo que você pensa sobre mim?
- O... O que você insinuou?
- Hm, sei lá! Talvez eu seja chato mesmo, mas de uma maneira bem sedutora, hein? – continuou sorrindo
- Besta...

Hinata aproximou-se de Yui e bagunçou seu cabelo. Mexeu tanto naquele tufo rosa que chegou a deixar suas marias-chiquinhas bem deformadas. Visto que ela havia ficado irritada, pegou sua mochila e saiu correndo a sorrir, enquanto Yui corria atrás a gritar vários adjetivos sujos para designar seu amigo, ou melhor, seu amor. Sim, era uma maneira estranha de amar, mas não se esperava outra coisa daquele casal tão confuso.
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Enquanto isso, Otonashi estava em seu compromisso. Um compromisso bem original. Estava sentado atrás de uma arvore. Comia uma maçã e com a outra mão levava sua mochila. A sua frente, sentada em um banco estava uma garotinha. Tachibana Kanade, a garota “anti-social” estava na sua mira. Olhava para ela com tanta insegurança que não sabia o que fazer. Queria sentar-se ao seu lado e puxar algum assunto. Queria ser seu primeiro amigo. Queria ser bem mais que um amigo. Mas não sabia se ela fazia tudo àquilo de propósito então acabava sempre desistindo de seus planos. Mas estava certo de que naquele dia ele não iria hesitar. Deu uma última mordida em sua maçã, jogou-a no lixo e aproximou-se daquela figura tão rara com traços semelhantes aos de um anjo:
- Com licença... Err será que posso me sentar ao seu lado?
- C-claro.
- Obrigado.

Otonashi ajeitou sua mochila ao seu lado e espreguiçou-se, enquanto Tachibana se encolhia envergonhada:
- Aliás, parabéns pela nota na prova de física! Foi a maior deste ano!
- Obrigada...

Tachibana suava. Nunca havia passado por aquela situação. Na verdade, ela nunca esperou por aquilo. Então não lhe havia se instruído de como reagir. Sentiu que deveria tentar cativá-lo para não perder aquele momento. Era uma garota que gostava das pessoas mesmo estas não sentindo o mesmo por ela. Decidiu então que responderia todas as perguntas que aquele garoto a fizesse e seria honesta em cada uma de suas respostas. Pela primeira vez em muitos anos deu um sorriso sincero.