Pegava seu travesseiro, cobria sua face colocando uma enorme força em seus braços, repetindo para si mesma “porque ele, por que, por quê?!”. Atualmente as noites de Yui eram recheadas de insônias, confusões, batidas aceleradas de um jovem coração apaixonado e... Uma batalha sangrenta entre o ódio e o amor. Sim. Ela o odiava – chamava-a de baixinha, lerda, idiota. Ela o amava – o jeito que ele a olhava, tão irritado, tão enrubescido... Por quê? Por que justo ele fora roubar seu pequenino coração pela primeira vez? Ela não entendia. Achava que o amor era algo lindo, que juntava um casal que havia sido predestinado. E não daquela forma, atirando com força uma flecha em seu peito. Ele há alguns dias atrás era o garoto que ela mais repugnava. E, de uma hora para outra, virou o motivo de suas olheiras.

O despertador tocou. Só Girls Dead Monster para lhe tirar de seu estado depressivo e atormentado. Desligou e se retirou de sua cama com os pés nus. Isso provocou alguns espirros e escorrimento nasal. Colocou suas meias três quartos, a saia, a blusa, sua gravata. O uniforme. Montou seu almoço em uma tigelinha, separou os legumes dos filés de peixe, deu um beijo em sua mãe e saiu para mais um longo dia de escola.

Era uma bela manhã de sol. Yui amava o sol. Não era o tipo de garota que se isolava, que preferia os dias frios e escuros. Tinha uma energia invejável. Mas, recentemente, nem aquela gigantesca bola de gases que aquecia levemente sua face macia lhe afagava. Estava com um mau humor terrível. Sentia-se injustiçada pelo destino. Viu que estava adiantada e resolveu parar em meio ao seu percurso. Sentou-se em um belo gramado e encarou o céu. Viu as nuvens tão brancas percorrerem a imensidão azul. Voar parecia-lhe um sonho impossível. Vendo que seu estado só piorava a cada parada, resolveu continuar a andar... E, novamente, tentar esquecer aquele maldito moleque.

Chegou na escola e logo avistou Yurippe conversando com Otonashi. Resolveu se juntar a eles:
- Oi.
- Hm?
- Que foi?
- Você não ta legal, mana. – disse Yurippe
- Não, não mesmo, ta vendo isso? – e apontou para seus olhos – São olheiras! Olheiras dos infernos!
- Por que não dormiu? Quem te perturbou essa noite?
- Depois te conto... – virou-se para Otonashi – não quero que você saiba.
- O-ok! – disse com um olhar surpreso com tamanha grosseria antes nunca vinda daquela garotinha. Ao menos não direcionada para ele.

Visto que Hinata se aproximava, Yui puxou sua amiga para um canto onde não era impossível enxergar a presença das duas. Segurou fortemente os braços da amiga, suspirou levemente e abaixou a cabeça antes de falar:
- Ele é o motivo.
- Quem?! Não me diga que é o...
- Sim, Hideki, de alguma forma, me jogou uma macumba terrível!
- E qual o efeito desta?
- Eu me apaixonei por ele! Da para acreditar? Como ele é terrível!

Yurippe ficou atônita. Olhou sua amiga com olhos admirados. Só então colocou suas mãos em seus lábios, tampando-os, fazendo-se de assustada. Yui, irritada com a reação da amiga pegou em seus ombros e a chacoalhou com grande brutalidade:
- Ai ai!
- Você estava me irritando!
- C-como isso...
- Eu não sei, eu não sei, eu não sei! Não quero saber! Apenas desejo que isso acabe logo! Não agüento mais, não posso dormir! Logo me vem uma cena de mais uma de nossas brigas! Ele me perturba até nas noites! Que moleque mais... Mais intrometido!
- Acalme-se Yui! Tudo vai acabar da melhor forma, você verá...

Ela olhou com o canto do olho para fora do pilar, e lá estava ele. Sereno e sarcástico como costumava ser. Não demorou muito para notar as pizzas que estavam sendo formadas em baixo de suas axilas. Logo notou também o coração acelerado. Seu rosto queimava, assim como seu coração:
- Ahaha – disse desesperada
- Credo... Você realmente ta perdida... Olhe para sua blusa!
- Não me diga...
- Só queria ajudar...

Yui suspirou, pegou sua bolsa, deu um tapinha nas costas de sua amiga e partir para sua sala:
- Vamos Yuri... Antes que eu de um bofete na cara dele.
- C-certo...