Domingo, 05 de junho, Brooklyn .NY*

Ray, Miley

Acordei com o barulho do despertador. Estava num quarto desconhecido, mas sabia por quê. Na noite passada, eu tinha dormido com um garoto (muito lindo, que me fazia suspirar a cada sorriso que lançava) que eu conheci na balada. Atirada? Não, eu apenas aproveito a vida, qual é o dia que um garoto desses ia querer ficar comigo?

Eu estava usando a sua camiseta, era grande, ficava até bonitinho em mim. Eu estava lembrando como o conheci quando Paris veio em minha mente. Paris, isso. Hoje eu iria para Paris, perdi o ultimo dia de aula, coisa que eu nunca fazia. Mas era por uma boa causa, não acha?

Vesti a mesma roupa que estava usando noite passada.

–Acorda! –eu disse empurrando o garoto que conheci ontem, não, eu não sabia o nome dele.

–Ahn? –ele sorriu a me ver. –Já está indo embora?

–Tô, eu vou viajar hoje.

–Viajar? Pensei que ia ficar comigo pra sempre... –ele fez uma carinha fofa e eu sorri pra ele.

–Só nos seus sonhos. –mordi o meu lábio inferior. –Vou só te deixar com desejo de me ter de novo. –ele mordeu o lábio inferior.

Ele se levantou e foi chegando mais perto de mim. Peguei a minha bolsa e fui andando de costas até a porta, ele usava uma cueca Box branca, e aquele corpo? Suspirei, porque, nossa, como não suspirar? Ele foi chegando perto, e mais perto e... Abri a porta, não queria transar com ele de novo, vai que eu tenho uma recaída?

–Tchau. –fechei a porta na cara dele, gargalhei de mim mesma, porque se fosse outra pessoa, nunca faria isso. Sou uma idiota mesmo... Mas quem se importa? Eu estou indo para Paris meu bem, PARIS!

**

–[...] Ai eu transei com ele... –falei meio com vergonha, não gostava de falar das minhas intimidades, mas a Marie era a minha melhor amiga...

–E como ele era? –ela disse sorrindo de orelha á orelha.

–Pensa em um cara gostoso, que pra olhar pra ele você precisa de um balde pra não babar na roupa. Pensou? Agora multiplica por cinco que da igual a ele.

–Nossa vei, nossa. –ela disse mordendo os lábios, provavelmente se apaixonando pelo próprio pensamento. –E você ainda vai querer ele? Tipo, você vai pra Paris hoje...

–Tudo bem, pode ficar. Eu fiquei sabendo que você gosta de resto mesmo... –ri debochado e ela me deu uma tapa no braço.

–Qual o nome do macho?

–Sei lá... Mas ele me deu o numero dele e... –o celular começou a tocar, e adivinha quem era? –Não morre mais hein?

–É ele? –a boca dela se formou em um perfeito ‘O’.

–Shiu! –eu disse com o dedo indicador na frente da boca. Atendi.

Ligação mode on

–Sentiu a minha falta foi? –ri sarcasticamente.

–Não, é que você esqueceu uma coisa aqui... –ele riu, provavelmente porque eu errei o motivo de sua ligação.

–Idiota! –murmurei. –Então me entrega, poxa.

–Onde?

–Ahn... Não sei.

–Você vai viajar não é? De avião?

–Isso mesmo! Vou pra Paris meu amor. –sorri boba. –Ah, é. Como eu sou burra.

–Ainda bem que você sabe! –ele riu pelo nariz.

–Vai se foder! –revirei os olhos. –Então leva a porra no aeroporto, caralho.

–Nossa vei, ela ta estressada!

–Idiota, se for besteira, juro que te mato na frente de todo mundo. Imbecil!

–Não é besteira, ta bom?

–Ta.

–Ta. –Marie riu alto da situação. –Quem ta ai com você?

–Minha amiga, essa idiota! Tchau!

–Ué, já vai desligar?

–Por isso que eu disse tchau... Tchau!

–Não, não! Espera... Qual é o seu nome mesmo? –sorri sei lá porque.

–Miley.

–Certo, tchau Miley.

–Tchau? Mas...

–Tchau, beijo. Te vejo no aeroporto!

Ligação mode off.

–Idiota! –falei pra mim mesma e sorri boba, de novo.

–Ui, ta apaixonada?

–Coração de pedra não amolece menina, aprenda!

**

Atenção senhores passageiros, o vôo 496 estará saindo em dez minutos.

Nesse exato momento, acho que recebi umas 100 mensagens seguidas.

“Oi meu anjo. É a mamãe. Eu sei que daqui a dez minutos você estará embarcando no avião, e ficará ainda mais longe de mim. Eu te amo meu bebê, você não sabe o tamanho da saudade que eu sinto agora, me desculpa por não poder estar ai com você.

Mamãe.”

“Oi minha sobrinha. Desculpe-me por não estar ai com você neste momento, o trabalho esta me matando... Sua prima, seu primo e seu tio estão mandando um beijo! Seja feliz com sua nova vida, linda.

Tia Angela.”

“Filha, queria muito estar com você hoje, mas não posso! Te amo, e vou sentir sua falta.

Papai.”

No aeroporto, a minha família não estava. Estava apenas os meus amigos, ‘as más companhias’. E eu adorei isso! Odeio melação, odeio rio de lágrimas, odeio ouvir eu te amo 100 vezes seguidas... Mas amava minha família, e nunca as trocaria por nada!

Assim que cheguei no aeroporto e avistei o cara misterioso, com certeza não queria me entregar nada, queria apenas aproveitar a ultima chance de me beijar ou algo assim. Não perdi tempo, e assim eu fiz. Aproveitei os últimos dez minutos que me restaram muito bem.

Domingo, 05 de junho, Beverlly Hills. LA*

Devonne, Demi

–Não mãe, só mais cinco minutos! –eu disse ao sentir alguém me cutucando. –PARA CARALHO! –Gritei e abri um olho para ver quem estava incomodado meu precioso sono, era o professor chato de Biologia.

–Interrompi alguma coisa?

–Como sempre... –bufei. –O que você quer?

–A aula já acabou senhorita Lovato, pode ir embora. –olhei em volta, ninguém na sala de aula, só o Nicholas na porta, provavelmente me esperando.

–Ah, não me diga! –soltei um sorriso sarcástico e peguei a minha bolsa, fui andando em passos longos e rápidos, sai da sala sem nem olhar para o Nick. –Idiota! –murmurei.

–Não vai me dar nem um abraço? –sorri involuntariamente e me virei para ele.

–E porque deveria? –mordi o lábio inferior tentando conter um sorriso, ele causava isso nas pessoas, sorrisos.

–Porque eu sou seu melhor amigo? –revirei os olhos. –Ahn... Porque hoje é o ultimo dia de aula e a gente nunca mais vai se ver? –ele fez um biquinho ridículo.

–E quem disse que a gente nunca mais vai se ver?

–Eu vou pra Londres, Demi. –de repente bateu um aperto no coração.

–Você não vai fazer isso comigo, não é? –forcei um sorriso. –Me deixar sozinha?

–Fiquei sabendo que você vai pra Paris... –ele veio andando do meu lado e entrelaçando seus dedos nos meus. –Praticamente, quem ta me deixando sozinho é você! –revirei os olhos.

–Quem da aula no ultimo dia? –tentei mudar de assunto.

–O profes... –ele abaixou a cabeça e sorriu. –Você mudou de assunto...

–Não gosto que digam que eu to errada, só quem pode dizer isso sou eu mesma!

–Mimada.

–Eu não sou mimada, idiota.

–É sim!

–NÃO SOU! –gritei e encolhi o nariz, era uma mania minha, toda vez que eu gritava encolhia o nariz, era ridículo. Ele gargalhou.

–Isso é fofo, sabia?

–Isso o que? –falei sem paciência.

–Isso que você faz com o nariz quando grita, eu gosto... –Sorri envergonhada, ficava vermelha toda vez que alguém me elogiava.

–Você é o único...

–O único que admite, vamos dizer assim. –sorri de orelha á orelha.

–Besta...

–Nick, Nick, Nick... –aquela voz enjoada ecoou pela minha mente, revirei os olhos.

–Alice... –ele abriu os braços pra ela o abraçar, típico.

–Tava com saudade mô. –eles se abraçaram, se beijaram, e eu segurando vela.

–Nossa, que melação! –murmurei. –Vou deixar os pombinhos á sós viu? –forcei um sorriso.

Argh, como é que ele não percebe que aquela garota é chata, irritante, melosa, grudenta... E aquela voz? Minha sorte é que estou indo pra Paris, caso contrario já tinha fuzilado ela ali mesmo.

**

Atenção senhores passageiros, o vôo 428 estará saindo em cinco minutos.

–Ai filha, eu vou sentir tantas saudades... –Minha mãe derramava um rio de lágrimas. –Qualquer coisa liga pra mim ta? Seja gentil com todo mundo! Tire boas notas e estude bastante...

–Ta mãe, chega! –forcei um sorriso.

–Ah, filha, eu te amo tanto... –mais lágrimas...

Minha mãe não costumava ser tão dramática assim, até estranhei.

Abracei e me despedi de todo mundo que estava no aeroporto, menos o Nick, ele não tinha vindo, fiquei bastante triste, mas pelo menos ele me mandou uma mensagem me falando porque não ia...

“Não vou poder ir pra o aeroporto hoje, Demi. Aconteceu umas coisas aqui e tal... Eu sei que você me ama, por isso não se mate por causa da saudade, certo?

Nicholas.”

Entrei na sala de embarque sorrindo, se alguma pessoa me olhasse ali, naquele momento acharia que eu estava maluca. Minha vida havia mudado bastante, antes eu estava no bairro nobre de LA, hoje estou indo para uma irmandade em Paris e aprender a conviver com outros adolescentes na mesma cituação que eu. Nova escola, nova cidade, nova vida... Nova Demétria Devonne Lovato.