Miss Sunshine escrita por Lady Salvatore


Capítulo 1
Capítulo Único - Miss Sunshine


Notas iniciais do capítulo

Bem pessoinhas, estou aqui com uma nova One-shot.

Para minha felicidade, ela também foi postada no blog "Mereço um Castelo" no ciclo de fics que conta com o Jasper sendo o personagem principal. Fiquem à vontade para dar uma espiadinha lá também: http://merecoumcastelo.blogspot.com.br/2012/09/miss-sunshine.html#more

Agradecimento especial à IsabellaSCullen por me "intimar" a participar desse projeto!



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Hartford, Connecticut.

Hoje é o dia de meu casamento. A três anos atrás eu jamais me imaginaria num altar, ainda mais sendo o noivo! Muita coisa mudou de lá pra cá, e a razão dessas mudanças têm nome e sobrenome: Mary Alice Brandon. Sim, essa pestinha fez meu mundo virar de ponta cabeça, e tudo mudou pra melhor.

Ouço o Quarteto de Cordas, vindo especialmente de Londres, iniciar Canon, de Johann Pachelbel. Todos os convidados colocam-se de pé para ver minha noiva entrando na igreja, desfilando sua exuberância e chegar mim. Estava me sentindo muito nervoso, mas ao vê-la, todo nervosismo evaporou e fui tomado por uma felicidade e ansiedade enormes. Ao mergulhar no mar verde de seus olhos, pude ver os caminhos que nos trouxeram até aqui...

3 anos antes...

Graças a Deus, este é meu último ano na Hartford High School, não aguento mais essas líderes de torcida metidas e esses esportistas fanáticos por baseball. Estamos na metade do primeiro semestre, e pelos burburinhos que ouvi hoje mais cedo, teremos uma nova aluna em nossa turma. Que ótimo, mais uma patricinha para encher nossa vida de rosa Pink!

Mas, antes que me julguem, vou explicar: eu não odeio as pessoas, só não quero fazer parte desses grupinhos alegres e coloridos. Isso é pecado agora? Poxa, eu sou um cara focado, só isso. Talvez um pouco anti-social ... e meio solitário... mas esse sou eu, Jasper Whitlock, e gosto de ser assim, pelo menos não me magoo nem me decepciono com tanta facilidade. Já meu irmão, Emmett, é completamente o oposto de mim. Simpático, bonito e popular, vive rodeado de garotas. E já está na faculdade, cursando Direito em Harward, livre dessas criaturas do colegial. Cara sortudo!

Bom, como o primeiro sinal já havia tocado, me dirigi à sala da Sra. Sommers para as aulas de literatura. Ocupei meu lugar na última carteira da fileira da janela e esperei que a turma de baderneiros ocupasse seus lugares.

Cinco minutos depois, com todos já em seus devidos lugares, a Sra. Sommers chamou nossa atenção para apresentar a nova Penélope Charmosa, digo, nova aluna.

– Pessoal, um minutinho de atenção, por favor! – diz a professora. Por incrível que pareça, a turma ficou em silêncio. – Pessoal, esta é Mary Alice Brandon. Ela veio transferida de Biloxi, Mississippi. Gostaria de dizer alguma coisa, querida? – pergunta a Sra. Sommers à nova aluna.

– Acho que ... olá! – diz ela, acenando tímida para a turma.

Muitas pessoas responderam ao seu cumprimento, e eu não fui uma delas.

– Querida, sente-se à frente de Jasper, por favor. – diz ela, apontando para a carteira vazia à minha frente.

“Ótimo, agora todos vão ficar olhando pra cá, afim de analisar a nova aluna”, resmunguei para mim mesmo.

Observei a novata se aproximando e UAU, ela é linda! Cabelos escuros, um pouco acima da altura dos ombros, baixinha, carinha de boneca de porcelana e lindos olhos verdes. Se eu fosse o tipo de cara que vive atrás de um rabo de saia, estaria babando nesse exato instante, mas como não sou...

A professora começou a aula e os burburinhos cessaram. Que dia atípico! Normalmente essas gralhas não fecham o bico. Ok, ok, estou sendo um pouco maldoso. Parei!

Enquanto eu me distraía com meu exemplar de “Hamlet” ( a mando da professora, que fique bem claro!), senti um leve toque em meu braço. Ergui os olhos e me deparei com a tal Alice sorrindo para mim.

– Sim? – pergunto com a maior educação que pude reunir, afinal, odeio ser interrompido durante a leitura.

– Jasper, não é? - ela pergunta, ainda sorrindo. Será que está ensaiando para algum comercial de creme dental? Espantei essa idéia e assenti afirmativamente. Ela continuou – Posso sentar ao seu lado? Não trouxe nenhum livro hoje, ainda não tinha a grade de aulas para me programar.

Eu ouvi direito? Ela quer mesmo sentar ao meu lado e ler comigo? Só pode ser pegadinha.

– Isso é sério? – pergunto desconfiado.

– Sim! – responde ela, ainda sorrindo. Desse jeito, vai acabar com cãibras nas bochechas! – Algum problema?

– Sou meio individualista. – respondo, sério – Mas posso lhe emprestar um livro, se quiser.

– Eu adoraria! – ela responde, batendo palmas e quicando na cadeira. Cara, essa menina existe mesmo?

Tirei meu velho exemplar de “Sonho de uma noite de Verão” de dentro da mochila e entreguei a ela. Fui surpreendido com um beijo no rosto em agradecimento. Confesso que fiquei chocado! Levei alguns minutos para me recuperar e voltar à “Hamlet”.

(...)

A semana se passou sem muitas novidades. A nova Miss Sunshine é a queridinha das garotas de nossa turma, sempre com dicas sobre cabelo, roupa e maquiagem, e é também a mais cobiçada pelos esportistas. Alice passa os dias distribuindo sorrisos, pulinhos e conselhos para todos. O que mais me espanta é que me permiti reparar nisso. Sua animação infinita está me enlouquecendo!

Enfim chegou a sexta-feira. Estou particularmente feliz, pois Emmett vem pra casa nesse fim de semana. Vamos jogar vídeo-game até perder os dedos. E sim, eu gosto de vídeo-game! Problema?

Estávamos na sala de história, com o Sr. Singer. Faltando quinze minutos para o fim da aula, ele pediu nossa atenção:

– Pessoal, por favor. É importante. – ao ver que todos prestavam atenção, ele continuou – Na próxima segunda-feira, faremos uma visita ao Elsworth Museum. Fiz um sorteio e os dividi em duplas, cada dupla irá escolher uma peça em exposição e fazer um relatório sobre a sua utilização, idade aproximada e qualquer outro detalhe relevante que consigam encontrar. Vocês também farão uma releitura dessa peça, da maneira que vocês acharem melhor: um desenho, colagem, escultura... enfim, o que a imaginação permitir, ok? Agora, vamos às duplas!

E então ele começou a ler os nomes de sua preciosa lista. No mesmo instante, fechei os olhos e comecei a entoar um mantra: “Que eu possa fazer o trabalho sozinho, que eu possa fazer o trabalho sozinho, que eu possa fazer o trabalho sozinho...” Mas parece que o dito cujo não ajudou em nada, pois ouvi claramente o Sr. Singer anunciando:

– Jasper fará o trabalho com Alice.

Afundei o máximo que pude em minha cadeira ao ouvir a sentença. Por que justo eu? Com tantas possibilidades, por que justo com Alice? Ergui os olhos e dei de cara com Miss Sunshine sorrindo pra mim.

– Isso vai ser muito legal, não é? – diz ela – Eu ainda não tive oportunidade de conhecer o museu. Você conhece? É legal?

– Sim, conheço. E sim, é legal – respondo sério.

– Ótimo, mal poso esperar! Fico feliz em fazer dupla com você.

– Ao menos alguém está feliz. – respondo num resmungo, ouvindo o sinal tocar – Até mais, Alice. – digo a ela, pegando minha mochila e saindo dali.

(...)

Estamos no museu, e para minha “sorte”, Alice não sai do meu lado e fica me enchendo de perguntas que eu não tenho a mínima vontade de responder. Por acaso ela acha que tenho cara de guia turístico? O Sr. Singer chama a atenção de todos e diz:

– Você tem uma hora e meia para visitarem o museu e escolher a peça com a qual cada dupla irá trabalhar. O prazo para a entrega dos trabalhos é de duas semanas, contando a partir de hoje. Aproveitem o passeio!

Ao ouvir isso, o pessoal se espalhou. Alice me puxou pelo braço e me arrastou em direção às escadas. É sério, essa garota é meio maluca!

Andamos por mais de uma hora e ainda não havíamos decidido qual das peças expostas seria nosso material de estudo, por que ou Alice não gostava do que eu escolhia, ou eu não aprovava as suas escolhas. Por fim, com minha paciência quase esgotada, sugeri:

– Miss Sunshine, por que não fazemos o relatório sobre o próprio prédio do museu?

Ela parou por um instante, pensativa, depois abriu um sorriso e respondeu:

– Jazz, você é um gênio! O prédio é mesmo lindo, adorei!

– Do que você me chamou? – pergunto intrigado. Precisava ter certeza de que tinha ouvido direito.

– De Jazz. – ela responde simplesmente.

– Jazz? – pergunto de novo, fazendo uma careta.

– Sim, Jazz! Você me chamou de Miss Sunshine, que eu particularmente achei muito fofo, então apelidei você de Jazz, que é muito melhor do que o modo que a maioria das pessoas te chama.

– E como é que as pessoas me chamam? – pergunto. Não que eu me importe com o que pensm de mim, é só curiosidade mesmo.

– Bom, eu não concordo com isso mas... eles te chamam de Ice Man.

– Uau, quanta sensibilidade da parte deles. – respondo, sério.

– Está chateado? – ela pergunta.

– Não, na verdade não me importa.

– Se está dizendo...

– Sim, é o que estou dizendo, agora vamos embora, os outros devem estar nos esperando.

(...)

Esses últimos onze dias têm sido um martírio, Alice não me deixa em paz. Eu sou um cara bem na minha, não gosto de ficar falando de mim e tal, e ela quer saber tudo sobre mim. Volta e meia ela aparece com um sorriso nos lábios e uma pergunta absurda. Estava me tirando do sério! Ainda bem que a entrega dos trabalhos é na segunda, assim ela vai largar do meu pé!

Para meu alívio, a aula está quase no fim e vou me ver livre dessa maluquete por dois dias. Sábado e domingo sejam louvados! Para melhorar ainda mias meu humor, Emm vem pra casa hoje! Nada como uma boa diversão caseira entre irmãos.

O sinal anunciando o fim das aulas soou estridente, guardei minhas coisa na mochila o mais rápido que pude e saí literalmente correndo. Não quero dar chance à Alice para me encher de perguntas.

Infelizmente, o cosmos conspira contra mim! Meu cadarço desamarrou, precisei parar para amarrá-lo novamente, e nisso Miss Sunshine me alcançou.

– Aí está você Jazz! – diz ela, ofegante. Deve ter corrido até aqui.

– O que quer, Alice?

– Na verdade, gostaria de saber se você quer ir fazer um lanche comigo. Tive uma idéia para o nosso trabalho e gostaria de dividi-la com você e saber sua opinião.

– Não vai dar, Alice. Estou com pressa. – respondo, voltando a andar. Ela me puxou pelo braço, me fazendo parar para olhá-la.

– Por favor, Jazz. Não vai demorar muito. – diz ela, fazendo um biquinho tão fofo que quase me fez mudar de idéia. Só quase! A ternura que senti foi embora tão rápido quanto havia chegado.

E ainda mais rapidamente foi substituída pela raiva, raiva essa que nem eu mesmo sabia de onde vinha.

– Escute aqui, Alice. – digo, cuspindo seu nome – A única coisa que temos em comum é o trabalho que o Sr. Singer nos passou, só isso. Eu não quero fazer nenhum lanche, não quero ser interrogado sobre a minha vida, e não quero ser seu amigo! Eu não preciso de você, não preciso de ninguém desta escola. Seus pulinhos, sorrisos e afins podem funcionar com essas pessoas, mas não comigo! EU. NÃO. SUPORTO. VOCÊ!

Pela primeira vez, Alice não sorria. Ela olhava para mim com os olhos marejados, enquanto absorvia as palavras que eu acabara de falar. Senti um aperto estranho no peito ao vê-la assim...

– Eu estava errada. – diz ela com a voz baixa – Ice Man combina perfeitamente com você.

Então se virou e foi embora. E eu fiquei ali, paralisado, observando-a partir.

(...)

Acordei me sentindo um lixo, não dormi nada bem na noite passada. Meu sono foi repleto de pesadelos, e em todos eles eu via Alice chorando e me dizendo adeus.

Levantei, tomei um banho pra me livrar da sensação de cansaço, me vesti e fui procurar meu irmão, já que ele não estava em seu quarto.

– Emmett! – chamo ao descer as escadas – Emm, tá em casa?

– Bom dia querido, - diz minha mãe, da cozinha – seu irmão saiu, foi à mercearia comprar cookies e sorvete de creme.

– Sorvete? – pergunto admirado. Só mesmo Emmett pra querer sorvete no café da manhã!

– Você conhece seu irmão, Jasper. – responde ela, sorrindo.

– Certo. Ah, mãe... poderia pedir a ele para me encontrar na garagem, assim que chegar?

– Claro querido. Não quer tomar café primeiro? – pergunta ela.

– Não mãe, estou bem. – respondo. OK, eu sei que é mentira, mas não quero ela preocupada comigo. Capaz de querer me levar ao pronto-socorro!

Me dirigi à garagem, e lá dentro, comecei a separar as peças que iríamos restaurar hoje. Bom, vou explicar do começo: eu e Emmett ganhamos do vô McCarty (pai da minha mãe) um carro antigo, que pertenceu ao pai dele, e agora, estamos restaurando essa belezinha! Nos fins de semana em que Emm vem pra casa, trabalhamos nisso juntos.

Uns 45 minutos depois, Emmett entra na garagem com cara de poucos amigos.

– O que aconteceu, irmão? – pergunto preocupado, afinal, é difíci ver Emmett chateado com alguma coisa.

– Precisamos conversar. – ele responde – Sente-se.

– Mas o que houve?

– EU MANDEI VOCÊ SENTAR! – ele grita em resposta. E é claro que obedeci, afinal, não quero levar uns petelecos dele.

Aguardei, sentado e em silêncio, até ele se acalmar. Quando sua respiração voltou ao normal, ele continuou:

– Em quem você se transformou, Jasper?

– Como? O que quer dizer com isso? – pergunto, não entendendo onde ele queria chegar.

– Encontrei uma garota na mercearia... baixinha, cabelos escuros, carinha de boneca, e olhos vermelhos e inchados de tanto chorar. Você sabe que eu não resisto a uma mulher chorando, então fui até ela, me apresentei, e perguntei o que havia de errado. Como ela não quis me responder, a convidei para tomar um chocolate quente, ela aceitou e conversamos por um bom tempo.

– E o que eu tenho haver com isso Emmett?

– Você tem haver a partir do momento em que descobri que você é o motivo para ela estar chorando, Jasper. Por que você agiu daquela maneira com a Alice? O que ela fez de tão errado? Só porque ela tentou se aproximar, conhecer você, ser sua amiga?

– Emmett... você sabe como é difícil pra mim confiar nas pessoas e ...

– E nada, Jasper! Já passaram quatro anos, você não pode se fechar para o mundo pra sempre!

– E o que você quer que eu faça? – pergunto, a voz elevada – Que eu saia por aí, com uma plaquinha pendurada no pescoço dizendo “Free Hugs!”, e distribuindo sorrisos e abraços?

– Não! Mas até que seria engraçado... – diz ele rindo – Escute cara: eu quero que você volte a ser o Jasper de quatro anos atrás, que mesmo reservado, conseguia ser amigo das pessoas, que não julgava ninguém, não se achava superior e que, acima de tudo, não magoava as pessoas. Eu te dei tempo e espaço para superar e se recuperar, mas você simplesmente desistiu e se fechou numa concha.

– Desculpe Emm... – respondo, envergonhado por perceber o monstro que havia me tornado.

– Não é a mim que você deve desculpas, irmão.

– Alice... ela não vai me perdoar.

– Mas ainda assim, você pode tentar. Vá falar com ela, e vá agora. Não a deixe sofrer ainda mais. – diz ele, dando um toque no meu ombro.

– Agora? Eu nem sei aonde ela mora Emmett!

– Para seu alívio, seu irmãozão aqui sabe onde ela mora. – diz ele, voltando a sorrir.

– Mas como, se você acabou de conhecê-la?

– É elementar, meu caro Watson... eu a levei pra casa com o meu carro quando saímos da sorveteria! Agora mexa-se Jazz! Você tem muito para reparar.

(...)

Estou agora em frente à casa de Alice, ainda dentro do carro de meu irmão, tentando encontrar coragem para bater à porta. Mas Emm não me deu muito tempo e praticamente me chutou para fora do carro, me desejando sorte e partindo.

Após passar alguns minutos parado na calçada, me dirigi até a porta e toquei a campainha. Esperei por mais ou menos um minuto, e a porta foi aberta por uma senhora aparentando uns 60 anos.

– Olá querido, o que deseja? – diz ela, sorrindo.

– Bom dia senhora. A Alice está?

– Ela está lá em cima no quarto. Não está se sentindo muito bem. – responde ela.

– Desculpe senhora... creio que a culpa por ela estar assim seja minha, pelas grosserias que eu lhe disse ontem. –digo a ela, me sentido horrível pelo que havia feito.

– Ah, então você deve ser o famoso Jasper. – diz a senhora, dando um sorriso – Entre meu filho, sente-se, por favor.

– Eu, famoso? – pergunto intrigado.

– Sim, Alice fala muito de você! – responde ela – Vejo que ela não mentiu sobre sua beleza... alto, loiro, olhos verdes... é mesmo um garoto muito bonito.

– Obrigado! – respondo encabulado. Que velhinha assanhada, me deixou sem-jeito.

– Jasper, você sabe o porque de Alice estar morando comigo?

– Não senhora.

– Bom... o pai de Alice, meu filho Joseph, foi diagnosticado com Linfoma de Hodgkin, uma forma de câncer que se origina nos gânglios do sistema linfático. Ele e Mary, a mãe de Alice, foram para a Inglaterra para que ele fizesse o tratamento com os melhores especialistas, e minha neta ficou aqui comigo.

– Eu não fazia idéia. – digo, ainda mais envergonhado do meus atos – Alice nunca comentou nada à respeito, nem demonstrou passar por esse tipo de problema.

– Alice sempre foi uma menina alegre, de bem com a vida, e está muito confiante no sucesso do tratamento. Ela não é do tipo que se deixa abater facilmente. – diz ela – Mas, seja lá o que você disse à ela ontem, a magoou muito. Nunca havia visto Alice tão abatida.

– Sinto muito senhora! Eu fui estúpido, grosseiro e cruel. Fui egoísta e feri os sentimentos de sua neta, e eu.. eu sinto muito. – digo, olhando para o chão.

– Sei que sente, meu filho. Vejo nos seus olhos o quanto está arrependido. Venha, vou levá-lo até Alice. – diz ela, fazendo sinal para que eu a acompanhasse.

Segui a senhora escada acima, em direção ao quarto de Alice. Ela bateu de leve na porta e a entreabriu, colocando a cabeça para dentro do quarto:

–Alice, minha querida, você tem visitas.

– Vovó, não estou no clima para receber ninguém. – ela responde.

– Meu bem, é importante.

– Tudo bem vovó, já vou descer.

– Não precisa, ele já está aqui. Posso deixá-lo entrar?

– Claro.

A avó de Alice virou-se para mim com um sorriso idêntico ao da neta e fez um sinal para que eu entrasse. Entrei no quarto e encostei a porta. Alice estava sentada na cama, olhando pela janela. Fiquei parado ali até ela virar-se para mim.

– Jasper? – pergunta ela, surpresa.

– Oi Alice... – respondo, meio sem jeito – Eu preciso muito falar com você... me desculpar. Por favor, não me mande embora antes de me ouvir.

– Ok! Sente-se. – diz ela, dando um tapinha no colchão.

Sentei ao seu lado na cama e olhei em seus olhos verdes. Como tive coragem de magoá-la?

– Alice, eu... preciso que saiba... que me arrependo de tudo que lhe falei ontem, você não merece nenhuma daquelas palavras. Eu fui egoísta, grosseiro e cruel. Descontei em você toda a frustração que carrego comigo a anos. O que eu disse sobre... não suportar você... é mentira. Acho que eu estava com medo de admitir que, depois de tanto tempo tentando afastar e me distanciar das pessoas, você reascendeu algo em mim. Medo de admitir que me importo com você!

– Você se importa... comigo? – pergunta ela, sorrindo pela primeira vez.

– Bom, se estou aqui implorando perdão... é, eu me importo com você, Miss Sunshine.

Vi Alice sorrir novamente ao chamá-la pelo apelido que lhe dei, e senti a agonia que vinha sentindo desde ontem diminuir em meu peito.

– Eu também me importo com você Jazz. Não gosto de vê-lo tão solitário... me deixa triste.

– Nem sempre fui assim, tão anti-social. Era reservado, mas não um monstro. – respondo, tomando coragem para continuar – Havia uma garota, Maria Rodriguez. Era mais velha que eu, bonita e popular. Nos aproximamos, me apaixonei, começamos a namorar e depois descobri que ela tinha um outro cara, e só me usava para fazer ciúmes nele e conseguir notas boas, já que o idiota aqui fazia todos os trabalhos pra ela. A partir daí, deixei de confiar nas pessoas, com medo de ser enganado novamente e me machucar. Assim, as pessoas foram se afastando e terminei assim, me achando bom demais pra qualquer um que quisesse se aproximar, como se eu fosse a última garrafa de Coca-Cola no deserto!

– Pode ser uma garrafa de Coca Zero? – pergunta ela, rindo – Desculpe, mas não resisti à piada. Mas agora, falando sério: sinto muito que essa criatura tenha feito você sofrer e abalado sua confiança nas pessoas. Mas se você der a chance de sermos amigos, posso mostrar que existem pessoas que querem o bem das outras, e não apenas manipular e tirar vantagem.

Suas palavras derreteram o resto do gelo que havia em meu coração e a agonia que senti por tê-la magoado desapareceu. Nesse instante me dei conta de algo que eu não quis enxergar.

– Não sei se quero ser seu amigo, Alice. – digo a ela. Vi uma sombra surgir em seus olhos e me apressei a continuar – Acho que ser apenas seu amigo não será o bastante. Acabo de me dar conta de que a raiva que eu senti era por me permitir me importar com você. Por permitir... me apaixonar por você, Alice.

Agora ela sorria, os lindo olhos verdes brilhando, mas não disse uma palavra sequer. Logo ela, que tinha sempre um montão de palavras pra tudo! Eu fiquei ali, com cara de tacho, esperando por uma resposta, qualquer que fosse. Do nada, ela começou a chorar. O que eu fiz agora?

– Alice? O que foi que eu falei de errado? – pergunto preocupado, afagando seu rosto.

– Ah, Jasper... – diz ela, enlaçando meu pescoço com os braços e colando nossos lábios num beijo tímido.

Senti a felicidade explodir em meu peito! Automaticamente, enlacei sua cintura com um dos braços e com a mão livre, subi por sua nuca até seus cabelos. Senti sua mão delicada acariciando meu pescoço e aprofundei nosso beijo, agora mais ardente e apaixonado. Ela se aconchegou mais em mim, colando nossos corpos, e finalmente, depois de muito tempo, me senti em casa.

(...)

Alice está maravilhosa! Seua cabelos caem em cascata pelas suas costas, a maquiagem leve e refinada, o vestido tomara-que-caia ressaltando sua barriguinha de cinco meses de gestação de nossa princesinha, Hannah. Aliás, só quando descobriu a gravidez, quatro meses atrás, foi que Alice aceitou meu pedido de casamento feito há um ano! Obrigada princesa, papai te ama!

Minha Miss Sunshine vem ao meu encontro de braços dados com seu pai, Joseph. Felizmente, o tratamento foi 100% eficaz e ele está livre da doença.

Emmett está ao meu lado, como meu padrinho de casamento. Eu que nunca tinha visto Emm chorar, o vi se debulhar em lágrimas quando o convidei para nos apadrinhar. Ele se mostrou um grande manteiga derretida! Ao seu lado está Rosalie Hale, prima de Alice e nossa madrinha de casamento. Ela, por sinal, já roubou o coração de Emmett. Prevejo outro casamento em breve!

– Cuide bem delas, Jasper. – diz Joseph, ao me entregar Alice.

– Cuidarei, pode ficar tranqüilo. – respondo, dando-lhe um aperto de mão.

E finalmente, tenho Alice ao meu lado. Seus olhos estão marejados e um lindo sorriso brota de seus lábios. Delicadamente, beijo sua testa e sua barriga, e vejo uma lágrima solitária escapar de seus olhos. Nos ajoelhamos em frente ao Reverendo Trelawney e ele deu início à cerimônia. Ouvimos todo o sermão com atenção, e enfim, a hora tão esperada chegou.

– As alianças, por favor. – diz o reverendo.

Emmett entrega a caixinha com as alianças e ele as abençoa.

– Mary Alice Brandon, você aceita Jasper Whitlock como seu esposo, para amá-lo e respeitá-lo, na alegria ou tristeza, saúde ou doença, riqueza ou pobreza, enquanto vocês viverem?

– Aceito! – responde ela, para meu total alívio, enquanto coloca a aliança em meu dedo.

– Jasper Whitlock, você aceita Mary Alice Brandon como sua esposa, para amá-la e respeitá-la, na alegria ou tristeza, saúde ou doença, riqueza ou pobreza, enquanto vocês viverem?

– Aceito! –respondo, colocando a aliança em seu dedo e beijando suas mãos.

– Pelo poder concedido a mim, eu os declaro casados! – diz o Reverendo Trelawney, enfim –Pode beijar a noiva.

E ao som das palmas e gritos de “viva” vindos de nossos familiares e amigos, uni meus lábios aos de minha esposa num beijo apaixonado. Agora estou completo, em paz e em meu devido lugar neste mundo: nos braços de Alice!


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Notas finais do capítulo

Bom pessoas, espero que tenham gostado.

Pra quem ficou curioso sobre qual é a música que toca durante o casamento, aqui o link: http://www.youtube.com/watch?v=vMYxtiHvFz8

Bjokas...

E comentem, please! São só alguns minutinhos e fazem um bem enorme a autora.rsrsrs =)