Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 71
Último dia do ano




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O barulho dos fogos me acordaram. Mary ainda estava em sua cama, virada para a parede e de costas para mim. Peguei meu celular sobre o criado mudo e eram 7 a.m. Virei para a parede e tentei dormir novamente, mas os fogos continuavam. Decidi me levantar e fui lavar meu rosto. A água estava extremamente quente e rapidamente sequei meu rosto com a pequena toalha vermelha pendurada ao lado direito da pia. Sai do quarto e os turistas, com roupas de banho, circulavam pela pousada. Eu não sabia de onde eram, mas tinham cabelos loiros quase brancos e as suas peles ficavam rosadas rapidamente. Ana já estava na recepção.

“Bom dia!” –Eu disse coçando o olho esquerdo. –“Por que tantos fogos?” –Perguntei a Ana.

“Bom dia, querida. Ah, hoje é o reveillon e já começam cedo.” –Ela disse rindo.

Ana começou a montar uma barraca com flores na porta da pousada. A maioria, branca. E ao lado delas, várias velas, de diversas cores e cheiros.

“Você nunca montou isso.” –Eu disse.

“É que existem muitas superstições para o novo ano. Sempre jogam essa flor branca, chamada Angélica, no mar, acendem velas na areia, essas coisas.” – Ela disse com a flor branca em mãos.

“Ah, eu nunca presenciei isso.” –Eu disse.

Ana me entregou a Angélica que estava em sua mão.

“Feliz ano novo.” –Ela disse sorrindo.

Pessoas começaram a comprar flores na pequena barraca de Ana e eu os observava, de pijama. Comprei uma roupa de dormir especial para o Rio. Uma blusa meia manga branca, com uma estampa de pata de gato em preto e um shorts preto com bolinhas brancas. Senti alguém me abraçar por trás, olhei para baixo e os pequenos braços de Camilla envolviam minha barriga.

“Bom dia! Hoje é ano novo!” –Ela disse toda empolgada.

“Bom dia!” –Eu disse. –“Amanhã que é.” –Completei.

“Sim, mas a festa começa...” –Ela disse olhando para o pulso, como se fosse olhar as horas. –“AGORA!” –Ela disse pulando.

“Gosta tanto assim de reveillon?” –Perguntei.

“Sim, adoro aqueles fogos iluminando o céu!” –Ela disse.

“Pensei que gostasse mais do natal, pelo fato de ganhar presentes.” –Eu disse.

“Mas natal não tem fogos brilhantes e enormes!” –Disse Camilla.

Camilla saiu correndo em direção aos quartos e permaneci na recepção, observando o movimento na “loja” da Ana.

“Último dia dessa droga de ano!” –Pedro disse entrando na recepção.

Me virei e para a minha surpresa, Pedro ainda estava de pijamas.

“Confortável?” –Perguntei rindo.

“E a única roupa limpa que eu trouxe!” –Ele disse.

Comecei a rir. Pedro havia dormido na pousada porque ajudaria Ana a arrumar as coisas para mais tarde. Ele estava com uma bermuda de algodão da cor azul marinho e uma camisa vermelha escrito “Carioca”, a blusa não era bem um pijama, era uma camisa velha e o que estava escrito já estava se apagando.

 “Tia Ana, lava minha roupa lá.” –Ele disse.

“Você tem mãos e pode muito bem fazer isso.” –Ela disse.

“Mas sou alérgico ao sabão.” –Disse Pedro.

“Então lave com o sabão que você toma banho.” –Ana respondeu rapidamente.

“Droga!” –Pedro saiu resmungando.

“Cuidado para ele não pedir para que você lave pra ele.” –Disse Ana.

“Ele pode pedir o quanto quiser, não vou lavar.” –Eu disse cruzando os braços.

Conforme os minutos iam passando, a barraca de Ana recebia mais movimento. Ainda faltava muito para a meia noite, mas as pessoas já estavam se organizando para que nada desse errado no minuto mais importante do ano. Eram 10 a.m quando decidi trocar de roupa. Estava sem fome para tomar o café da manhã, já montado na sala. Coloquei uma calça jeans e uma bata branca e decidi ver quais as opções para o café. Mary estava sentada em uma mesa próxima a janela e comia uma salada de frutas. Me servi com um suco de maracujá e me sentei ao lado de Mary e filei sua salada.

“Quais suas superstições para o ano novo?” –Perguntei a Mary.

“Não tenho nenhuma.” –Ela respondeu.

“Nem mesmo pular no pé direito, ou calcinha amarela, ou uma roupa vermelha para trazer amor?” –Perguntei novamente.

“Espera... calcinha amarela?” –Mary perguntou.

“Sim, falam que amarelo traz dinheiro.” –Respondi.

Mary começou a rir e continuou comendo sua salada.

“2004 para 2005, passei de verde e acho que funcionou, não?” –Eu disse.

“Verde?” –Ela perguntou.

“Esperança.” –Respondi.

Mary se engasgou com a sala e tomou do meu suco. Bati em suas costas e ela sorriu. Me levantei e fui ver como Pedro estava se saindo com os preparativos do reveillon. Ele estava vendendo flores na barraca da Ana e detalhe, de pijama. Atraído pela minha risada escandalosa, Pedro me olhou.

“Não piore as coisas.” –Ele disse.

Tapei minha boca e não conseguia prender minha risada. Camilla parou ao meu lado e começou a rir também.

“Do que estamos rindo?” –Ela perguntou.

“Do Pedro.” –Respondi quase chorando.

“Ah, então podemos continuar rindo.” –Ela disse.

Quando finalmente paramos de rir, Camilla começou a me puxar para a saída da pousada.

“Vamos dar uma volta.” –Ela disse.

“Sem avisar a ninguém?” –Perguntei.

“Pedro, vamos sair.” –Ela disse ainda me puxando.

Depois de um tempo de caminhada, chegamos a avenida João Luiz Alves, que dava na praia da Urca.

“Aqui é tão bonito.” –Eu disse.

“Sim, mas eu não agüento mais olhar para essa paisagem.” –Ela disse.

Caminhamos de mãos dadas por longos minutos, até que chegamos na esquina com a rua Roquete Pinto e por lá paramos para descansar. Camilla sentou-se na mureta a sombra e um descuido, a mesma cairia no mar. A abracei por trás e ficamos observando os pequenos barcos por lá ancorados. As vezes, algumas pessoas passavam correndo por trás de nós. Até eu toparia fazer exercícios com uma vista dessas.

“Você poderia ficar aqui pra sempre.” –Disse Camilla.

Eu era uma desconhecida para ela e ainda assim, ela confiava bastante em mim. Sentirei saudade do sorriso sem dente de Camilla e tinha mais um dente para cair. Depois de quinze minutos, tirei Camilla da mureta e a coloquei no chão. Ela pegou uma pequena pedra e a tacou no mar. Me agachei para fazer o mesmo e quando me levantei, senti uma mão gelada tocar meu ombro direito.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e talvez eu poste o 72 ainda hoje. *-*
Obrigada por ainda acompanharem a fanfic, little leaves. ♥
@eddictedhoran



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