Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 7
S.O.S Ed


Notas iniciais do capítulo

História triste.
muito triste mesmo.



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Ed estava na porta esperando o ônibus escolar, parei ao lado dele, sem dizer nada. Meu coração doía, incomodado com o fato de eu e Ed parecermos estranhos um para o outro. Senti uma mão encostar no meu ombro direito e ouvi uma voz vindo do lado esquerdo.

“E ai, Yolanda” – Era James.

“Oi” – Eu disse tirando a mão dele do meu ombro.

Olhei para Ed, que não esboçou nenhuma reação com a chegada de James. Dei um passo para o lado, para me afastar de James, e cheguei mais perto do Ed. James se aproximou novamente.

“O que foi? Cadê aquele sorriso que você deu hoje mais cedo?” – Ele disse, colocando a mão na minha nuca.

“Para, James. Não tem sorriso algum!” – Eu disse tirando a mão dele novamente.

“Calma, apanhar dos seus pais deveria doer, não é?” – Ele disse.

Olhei assustada para ele. Ed também olhou. Meus olhos começaram a encher d’agua e meu coração disparava tão rápido, que eu não controlava mais o ar que eu respirava.

“Com licença, acho que está incomodando ela.” – Disse Ed entrando na minha frente.

Eu ainda sentia falta de ar, e coloquei as mãos em meu peito, parecia que meu coração queria fugir dali. Eu não sei o que Ed fez com James, mas parecia que o mundo ao meu redor rodava mais rápido e o chão era meu destino. Senti alguém vindo da minha esquerda, colocando sua mão direita no meu braço direito. Levei um susto, olhei assustada para ver quem era.

“Calma, sou eu.” – Era Ed, que me abraçava.

Ele me conduziu até o ônibus, me sentei na janela e a abri, era tudo o que eu precisava, ar. Eu sentia Ed fazendo carinho na minha cabeça, sabia que ele dizia algo, porém eu estava nervosa demais. Esperei o ônibus andar, e perder a escola de vista. Comecei a chorar descontroladamente, eu tremia, Ed tentava me acalmar e me abraçava apertado. Eu abaixava a cabeça, até que deixei no ombro de Ed, ainda chorando. Eu finalmente retribui o abraço dele. Eu agora segurava a nuca dele com a minha mão esquerda, e meu rosto afundado em seu ombro. Chorei até chegar minha casa.

“Quer que eu desça contigo?” – Perguntou Ed.

“Por favor...” – Eu consegui dizer ao meio do choro.

Descemos e fui agarrada ao braço do Ed até a porta. A porta estava trancada, Ed tocou a campainha e Mary atendeu, assim que ela abriu a porta, eu a abracei.

“Eles sabem de tudo! Não sei como, mas sabem de tudo!” – Eu disse chorando.

Mary convidou Ed para entrar. Ele se sentou no sofá e eu ao seu lado. Mary me trouxe um copo d’agua, que tomei com dificuldade. Quando eu finalmente comecei a me acalmar, me virei para Ed.

“Eu tenho que te contar o que eles já sabem” – Eu disse.

Ed ficou olhando para mim sem entender nada, ele parecia preocupado. Eu enxuguei meu rosto e ele me ajudou, com as sua mão geladas. Respirei fundo.

“Mary não é minha mãe, moro de aluguel aqui e...” – Fui interrompida por Mary.

“Não mais, querida.” – Ela disse sorrindo.

Retribui o sorriso, sussurrei “Obrigada” e voltei a falar para Ed.

“Meus pais não são o que chamamos de pessoas boas e eu nunca os chamei de pais. Desde que me lembro, eu apanhava deles sem motivo algum. Eu ficava horas sem comer, vivia no hospital e tenho marcas até hoje...” – Eu respirei fundo.

“Não precisa contar...” – Disse Ed.

“Não, me sinto melhor contando para você, não quero guardar mais nada pra mim!” – Eu disse.

Ed olhou para Mary, que sorriu. Ele voltou a olhar para mim e afirmou com a cabeça.

“Então... eu não só apanhava...eu era alugada para homens mais velhos... eu, me sinto um lixo...” – Voltei a chorar.

Senti os braços de Ed me envolverem, me encostei nele e parecia que, ele absorvia todos os meu problemas e eu não sentia mais nada. Ele se encostou no sofá e eu deitei em seu peito. Ed voltara a fazer o carinho em minha cabeça e me dava um sono, acabei adormecendo sem notar. Eu nunca dormi bem, eu apenas dormia porque cansava de ficar acordada pensando em coisas ruins, mas nesse momento, eu realmente soube como era dormir bem. Passados alguns minutos, abri os olhos. A luz do dia já havia ido embora e eu estava com a cabeça deitada no colo de Ed. Olhei para ele, estava dormindo também. Não consegui evitar e sorri. Levantei devagar, para não acordá-lo. O celular dele começou a tocar, estava em sua mochila, corri para atender, era a mãe dele.

“Oi senhora, tudo bem? É a Yolanda. O Ed está aqui em casa, minha mãe não estava aqui eu não me sentia muito bem e ele ficou aqui comigo.” – Eu disse falando um pouco baixo.

“Ah, tudo bem, querida, melhoras. E fale para Ed não chegar depois das 8.” – Ela disse com a voz mais simpática do mundo.

Desliguei o celular e o guardei na mochila dele. Me virei, e Ed estava acordado, ele me olhava com uma paz, a qual eu sempre quis ter.

“Já está tarde, melhor ir para casa...” – Eu disse me sentando ao lado dele novamente.

“Quero saber se você está bem!” – Ele disse.

“Estou sim, obrigada.” – Eu sorri.

“Mesmo?” – Ele disse sorrindo.

Apenas sorri e Mary apareceu na sala.

“Já ia acordar vocês! Ed, eu te levo em casa.” – Disse Mary parada na porta.

“Não, tudo bem, eu vou andando.” – Ele disse se levantando.

“Nada disso, nós vamos te levar!” – Eu disse segurando o braço dele com minhas duas mãos.

Mary tinha um carro popular, nada luxuoso, apenas arrumado. Ela não é o tipo de pessoa que consideramos rica, mas sabemos que não morre de fome. Ed pegou sua mochila e fomos andando em direção ao carro. Fui no banco de trás com ele e Mary dirigia. Não dissemos nada durante o caminho todo, e rapidamente chegamos até a casa dele. Desci junto com ele e o abracei.

“Obrigada por hoje! Eu achei que, não sei, hoje parecia que estávamos nos afastando!” – Eu disse parando de abraça-lo.

“Nem que você quisesse iria se livrar do chatoed!” – Ele disse.

Nós dois começamos a rir. Mary estava dentro do carro ainda.

“Deixa eu ir! AH...” – Ed disse abrindo a mochila.

Ele pegou um caderno e uma caneta, anotou algo no papel e o rasgou.

“Aqui, se você acordar a noite, me liga!” – Ele disse me dando o papel.

Olhei os números de seu telefone e acima dos números tinha “S.O.S ED”, sorri com o recado e olhei para ele.

“Não se preocupe, deixarei ao lado da minha cama.” – Eu disse.

Entrei no carro, dessa vez no banco de carona. Ed fechou a porta para mim e foi andando em direção a sua casa. Acenei para ele e Mary partiu com o carro. Não preciso nem dizer que, fui o caminho inteiro olhando para o pedaço de papel com o número mais importante da minha vida.



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Notas finais do capítulo

Espero que esse capítulo não tenha feito mal a ninguém,
mas eu chorei haha
Ainda hoje, posto o capítulo 8.
NÃO DEIXEM de comentar o que acharam,
isso me motiva a escrever mais e mais.
ADORO VOCÊS ♥



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