Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 67
Tenho cara de que então?




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“Vou comprar água de coco.” –Eu disse me levantando.

Mary me entregou dez reais e fui até o quiosque mais próximo.

“Com licença, bom dia. Gostaria de dois cocos.” –Eu disse.

“O mesmo pedido que o dela.” –Disse um garoto.

Era o mesmo menino que estava sentado atrás de mim na pedra. Fingi que eu não havia notado a sua presença.

“Oi.” –Ele disse se virando para mim.

“Hello?” –Fingi que não entendia o que ele dizia.

“Não vem não. Ouvi você falando em português.” –Ele disse.

Ta, ele era um pouco esperto. Respirei fundo e continuei ignorando ele.

“Sou Pedro.” –Ele disse.

“Que bom pra você.” –Eu disse.

Apoiei meus dois braços sobre o balcão do quiosque.

“Aqui seus cocos!” –Disse a atendente.

“Muito obrigada.” – Eu disse sorrindo.

Peguei os cocos e fui em direção a Mary. Entreguei um a ela e dividi o meu com Camilla. Pedro voltou a se sentar atrás de mim e eu estava me sentindo incomodada.

“Vamos andar pela praia?” –Perguntei.

“OBA!” –Exclamou Camilla.

Nos levantamos e Camilla foi andando enquanto tomava a minha água de coco. Passeamos pela orla e Mary queria ir ao banheiro. Fomos até um posto salva-vidas e lá, Mary e Camilla entraram no banheiro enquanto eu as a aguardava sentada em um banco no calçadão. Vi um homem de terno passar na minha frente, com pressa. Seu rosto era muito familiar, não era meu pai, eu tinha essa certeza. Ele olhou para mim e se espantou, mas continuou sem caminho e toda hora olhava pra trás.

“Fugindo de mim?” –Perguntou Pedro se sentando do meu lado direito.

“O que você quer?” –Perguntei.

“Saber seu nome.” –Ele respondeu.

“Isabel.” –Eu disse.

“Sei que não é esse.” –Ele disse rindo. –“Você não tem cara de Isabel.”

“Ah não? Tenho cara de que então?” –Perguntei.

“De minha futura esposa.” –Ele respondeu rindo.

“Essa cantada costuma funcionar?” –Eu perguntei.

“Funcionou?” –Ele perguntou.

Neguei com a cabeça e fiz uma cara de nojo. Por cima do ombro dele, pude notar que Camilla e Mary estavam saindo do posto.

“Tchau.” –Eu disse me levantando e caminhei até elas.

“Quem era?” –Mary perguntou.

“Um tal de Pedro. Não conheço, ta me perseguindo desde a hora que fui comprar coco.” –Respondi.

Mary e eu conversávamos baixo em inglês e Camilla nada entendia.

“Quero sorvete.” –Disse Camilla.

“Mas você acabou de beber água de coco.” –Eu disse.

“Eu pago o sorvete.” –Disse Pedro atrás de mim.

Não estava acreditando no que estava ouvindo. Meu primeiro dia de passeio no Rio e pessoas já fazem questão de estragá-lo.

“Olha, não te conheço e você está me assustando.” –Eu disse.

“Tudo bem, desculpa.” –Disse Pedro.

Ao contrário dos garotos de Framlingham, Pedro era moreno, queimado do sol. Tinha os olhos verdes que entravam em contraste com sua pele bronzeada. Seu cabelo era um pouco cacheado, mas não era liso. Ele estava sem camisa e apenas vestia uma bermuda azul marinho.

“Me deixa em paz, Pedro.” –Eu disse.

Pedro caminhou em direção oposta a nossa. Ele voltou para a pedra do Arpoador.

“Vamos sair dessa praia.” –Eu disse pegando na mão de Camilla.

Fomos até o ponto de ônibus mais próximo e o homem de terno que possuía uma fisionomia familiar, aparecera novamente.

“Vocês sabem qual ônibus pego para ir até o Aterro do Flamengo?” –Ele me perguntou.

“Não sou daqui.” –Respondi.

O homem me olhou desconfiado e permaneceu ao meu lado. Mary fez sinal para o nosso ônibus e o homem subiu atrás de mim. Nos sentamos próximo a saída e Camilla viajou em meu colo.

“Esse cara é estranho.” –Sussurrei em inglês no ouvido de Mary.

Mary agora não parava de encarar o sujeito, que estava sentado no primeiro banco atrás do motorista. Nosso ponto enfim chegou e descemos. O homem permaneceu no ônibus e não tirava os olhos da gente. O hotel/pousada não era muito distante do ponto e preferi esperar o ônibus sumir e depois enfim, ir para a pousada.

“Tomamos água de coco, vovó!” –Disse Camilla correndo até Ana.

Ambas se abraçaram e fiquei no balcão de atendimento conversando com as duas.

“Fala ae, tia.” –Disse Pedro entrando na pousada.

“Eu não acredito.” – Eu sussurrei..

“Olha só, é a Isabel.” –Ele disse se aproximando. –“Ou melhor, a garota que acha que eu acredito que o nome dela é Isabel.” –Ele completou.

“Por que vocês não me disseram que se conheciam?” –Perguntei para Camilla e me virei para Pedro.

“Você não perguntou.” –Ele respondeu rindo. –“Tudo bem?”

Pedro passou seu braço direito por trás da minha nuca e apoiou seu braço em meu ombro.

“To bem.” –Eu disse tirando o braço dele. –“Agora sai.”

“Estressada demais.” –Ele disse.

“Culpa tua.” –Eu disse.

Me sentei no pequeno sofá branco que tem em frente ao balcão. Cruzei minhas pernas e braços.

“Nervosinha, tu vem de onde?” –Ele perguntou.

“Você não consegue ficar quieto não?” –Perguntei colocando as mãos na cabeça.

“Vou pra praia da Urca.” –Ele disse indo para a porta. –“Fui!”

“Como aguentam ele?” –Perguntei a Ana.

“Ele é um bom rapaz.” –Ana disse organizando uns papéis.

“Você é tia dele?” –Perguntei.

“Sim.” –Ana respondeu. –“Ele foi adotado pela minha irmã.”

“Ado...adotado?” –Gaguejei.

“Sim. Ele é do Cantagalo.” –Disse Ana.

A irmã dela adotou uma criança da favela. Mary adotou uma criança explorada pelos pais. É, de repente, comecei a achar que não deveria odiar tanto ele. Mas continuava sendo um garoto chato.

“E quantos anos ele tem?” –Perguntei.

“Dezesseis.” –Respondeu Ana.

Meu celular apitou. Nova mensagem do Ethan.

Como estão as coisas por ai? Vou te ligar no ano novo. Não esquece do celular. Se cuida. Ethan. x

Sorri ao ver a mensagem.

“Seu namorado?” –Perguntou Camilla.

“O que?” –Perguntei olhando para ela. –“Não, não é meu namorado.” –Respondi.

“Você queria que fosse?” –Ela perguntou.

Eu não sabia o que responder. Estávamos falando sobre Ethan, mas só me vinha Teddy na cabeça, talvez isso significasse algo.

“Parece que Pedro gostou de você!” –Disse Camilla.

Não quero mais problemas, tomara que isso nunca aconteça. Camilla não parecia ser aquele tipo de criança inocente. Em tudo ela estava de olho e entendia muito bem. Quando eu voltar para Framlingham, me separar de Camilla partirá meu coração. Mas, o que é mais uma rachadura para um coração todo despedaçado?



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. *-* Então, a parte que eu tanto disse, enfim começa a tomar seu rumo e espero que não se assustem com o resultado.
eddictedhoran. ♥



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