“Alô?” –Atendi.

“Não quer mudar de ideia não? Ethan não precisa ficar sabendo.” –Ele disse.

“Teddy, sorte sua que estamos conversando por telefone, se não te daria um tapa.” –Eu disse.

Pude ouvir a risada do Teddy, era o suficiente para alegrar meu sábado de manhã.

“Ligou para isso?” –Perguntei.

“É, só pra conversar, estou sem nada pra fazer.” –Ele disse.

“Primeiro, obrigada por dizer subliminarmente que sou uma segunda opção e segundo, estou cheia de coisas pra fazer, terei que desligar.” –Eu disse.

“Tudo bem, nos vemos no baile.” –Disse Teddy sorrindo.

“A última coisa que eu quero ver é você com a April, tchauzinho.” –Eu disse desligando o telefone.

Já eram 3:30 p.m e eu ainda não tinha nem feito o cabelo. Mary colocou uma cadeira no banheiro do segundo andar e me sentei nela. Uma chapinha esquentava sobre a pia enquanto Mary, cuidadosamente, penteava meu cabelo.

“Você vai ficar linda demais para esse Joe.” –Disse Mary.

“Apenas penteie meu cabelo, Mary. Penteie.” –Eu disse.

Mary passou a chapinha por todo ele e separou algumas mechas e as enrolou em pequenos bobs verdes. Eu já estava com meu vestido, para não estragar o cabelo depois.

“Deixa eu terminar de fazer suas unhas.” –Disse Mary pegando minha mão.

Ainda estávamos no banheiro e agora, Mary estava passando um esmalte prateado em minhas unhas. Ela já as havia cortado e lixado. Aquele cheiro de esmalte tomava todo o banheiro, como eu odeio esse cheiro. Poderiam inventar esmalte com cheiro de morango. Mary adorava fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Agora, era hora da maquiagem. Enquanto ela passava sombra branca em meu olho direito, a campainha tocou. Metade do meu rosto estava maquiado e Mary foi atender a porta. Minutos depois, Joe aparece na porta do banheiro, ao lado dela. Ele estava com os cabelos molhados, blusa de manga preta e calça jeans escura e um all star a um passo do lixo.

“Vai assim ao baile?” –Perguntei.

“E como mais eu iria?” –Ele perguntou.

Me levantei e apontei para o meu vestido e minha semi maquiagem.

“Eu vou assim!” –Eu disse.

“Wow! Você está incrível!” –Ele disse.

“Cala a boca, garoto! Vai se arrumar direito!” –Eu disse aumentando meu tom de voz.

“Gata, eu vou assim.” –Ele disse com um sorriso torto em seu rosto.

“Sai da minha frente, Ethan!” –Eu disse.

“Mas sou o Joe.” –Ele disse.

“SAI!” –Eu disse gritando.

Joe desceu as escadas, pude ouvir seus passos. Mary entrou no banheiro.

“Calma, queria, vai estragar todo o nosso trabalho.” –Ela disse com sua doce e calma voz.

“Ele já estragou tudo, Mary.” –Eu disse quase chorando.

“Não fique assim, vamos continuar te arrumando. Nada está perdido.” –Ela disse passando sua mão gelada sobre meu ombro.

Me sentei na cadeira e respirei fundo. Mary terminou a maquiagem e tirou os bobs do meu cabelo. Me levantei e me olhei no espelho, me sentia linda e achava que era impossível. Desci as escadas e Joe estava sentado no sofá, com os pés sobre a mesa de centro. Acelerei meus passos e bati em sua perna.

“Você nãoe está na sua casa.” –Eu disse.

“Relaxa, Yolanda. Vai borrar sua maquiagem.” –Ele disse tirando os pés da mesa.

“Vou borrar é meu esmalte com o tapa que eu vou dar na sua cara.” –Eu disse.

Olhei para o relógio sobre a estante e faltava pouco para as 6 p.m.

“Por que veio tão cedo?” –Perguntei a Joe.

“Tomei meu banho mais cedo, já estava arrumado e por que não vir?” –Ele perguntou.

“Ainda não estou vendo o ‘arrumado’ que você disse.” –Eu disse.

Já era a hora de ir ao baile. O carro de Joe estava parado do outro lado da rua. Mary tirou nossa foto na porta de casa e assim que eu tivesse a chance, queimaria essa foto. Entrei no carro e acenei para Mary, que estava encostada na porta. Joe acelerou com o carro e coloquei o cinto.

“Você poderia ir mais devagar, né?”-Eu disse.

Joe acelerou mais ainda o carro. Eu me segurava na porta do carro e no banco. Chegamos na escola, dez minutos antes da hora marcada e já havia bastante gente na porta. Joe estacionou um pouco distante. Não esperei ele desligar o carro e já abri a porta e sai. Arrumei meu vestido, postura reta e caminhei em direção a porta.

“Hey! Hey!” –Disse Joe.

Parei e me virei para ele. Joe acelerou o passo até a mim e me deu seu braço direito.

“A senhorita está acompanhada.” –Ele disse.

Segurei seu braço e fomos juntos. Todos nos olhavam, talvez porque Joe era o único de calça jeans. Fiz Joe parar na porta. Eu ainda não tinha visto Ethan ou Teddy.

“Você está muito linda.” –Comentou Joe.

“Tá, ta bom.” –Eu disse procurando os meninos.

Até que um lindo carro 4x4 para na porta da escola e desce Susan. Com um vestido prateado e uma espécie de pena branca em seu cabelo. Ethan sai pela outra porta e vai em direção a Susan. Ela segura a mão esquerda de Ethan e caminha em direção a gente. Fico de costas para eles e fico de frente para o Joe.

“Você gosta dele!” –Disse Joe.

“Cala a boca.” –Eu disse.

“Hello!” –Disse Susan ao passar por nós.

Quando olhei para a direita, Ethan estava me olhando. Desviei o olhar e voltei a encarar o Joe.

“Eu não me importo. Eu não me importo.” –Eu repetia sussurrando.

“Vamos entrar.” –Disse Joe.

Segurei seu braço novamente e fomos para o ginásio. A arrumação estava linda, toda combinando com o vestido de Susan, nem imagino quem foi do comitê. Me sentei com Joe em uma mesa próxima ao palco. Na mesa redonda tinham oito cadeiras.

“Oi vocês.” –Disse Ethan se sentando em uma cadeira a frente da minha.

“Oi.” –Respondi baixo.

Ethan estava com um smoking e o lenço do bolso combinava com o vestido de Susan. Isso me matava por dentro. Susan estava organizando algumas coisas no palco, enquanto Ethan ainda permanecia conosco. Meia hora depois, surge Teddy de braços dados com a April, que trajava um simples vestido lilás. Os dois tinham uma violeta amarrada no pulso. Todos os casais combinavam em algo, Joe e eu combinávamos em apenas uma coisa, o ódio por estar no baile.

“Boa noite a todos. As apresentações dos grupos de música começam em vinte minutos.” –Disse Susan, que foi aplaudida por todos.

“Vai cantar o que?” –Perguntei a Ethan.

“Nada, vou tocar violino.” –Ele respondeu.

Eu fiz a pergunta para a pessoa errada, eu apenas queria dar um tiro na minha cabeça.

“Ah, você me entendeu, Ethan.” –Eu disse rindo sem graça.

“Não.” –Ele disse.

“Com licença.” –Eu disse me levantando. –‘Vou ao banheiro.”

Eu tinha que dar uma desculpa para sair de lá. Passei próxima a mesa de Teddy e April e ignorei os dois. Ao invés de ir para o banheiro, sai do ginásio. Um vento gelado tocava meus ombros descobertos. A música que tocava dentro do ginásio, pouco sai e eu apenas conseguia identificar a batida.

“Você está bem?” –A voz de Teddy vinha atrás de mim.

Não me virei para vê-lo e o aguardei parar ao meu lado.

“Sim.” –Respondi.

“Ano que vem, você se apresentará também.” –Ele disse.

Olhei para Teddy e deixei escapar um sorriso. Seu smoking era bem parecido com o de Ethan, mas sem o lenço prata. Eu queria abraçar o Teddy, mas meu orgulho me prendia em meu lugar.

“Por que deixou a April sozinha?” –Perguntei.

“Ela está bem.” –Ele respondeu colocando as mãos nos bolsos da calça.

Nós não tínhamos assunto, éramos dois estranhos querendo entender a vida do outro.

“Joe veio muito bem arrumado.” –Disse Teddy quebrando o silêncio.

“E eu vim a toa.” –Eu disse.

“A toa?” –Teddy perguntou.

“É, passei o dia todo me produzindo, pra isso!” –Eu disse apontando para mim. –“E ele vem de qualquer jeito...”

“Landy, você está linda. Não se arrependa de ter se arrumado.” –Disse Teddy. –“Valeu muito a pena.”

Nada respondi e não conseguir desviar os olhos de Teddy. Eram tão gentis. E cada vez mais próximos de mim. Teddy colocou sua mão esquerda em minha cintura.

“Você é linda, Landy.” –Ele disse.

“O que está acontecendo aqui?” –A voz de Joe vinha da porta.