Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 122
De rua




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O tempo estava fechado. A luz se esforçava para ultrapassar a barreira criada pelas nuvens cinzas. Teddy não estava mais na cama. Me levantei e Camilla assistia desenho na sala. Perguntei onde estava o Teddy e ela disse que ele tinha ido na padaria, pois não queria que ela se esforçasse. Camilla ainda estava com seu pijama azul. O shorts estava curto demais e a blusa ela levantou, até mostrar toda a barriga. Camilla continuava magra demais, mas a sua barriga estava cada vez maior. Ouvi a porta abrir, era Teddy, com um saco de pão na mão direita. Camilla pegou os pães e os contou. Ela disse que faltava um e acusou Teddy de ter comido. Ele negou e disse que deu para uma mulher que estava dormindo próximo a padaria. Camilla e eu nos olhamos e decidimos acreditar na tal história da mulher. Ele se sentou no sofá e começou a dar características dela. Disse que seu cabelo parecia bem tratado, mas ela estava toda suja. As roupas que usava, eram menores do que ela. Pareciam apertadas demais, mas ela já estava acostumada. Ela dormia sobre jornais antigos. Era caucasiana, e tinha uma postura diferente dos outros moradores de rua. O assunto foi encerrado quando Camilla terminou de arrumar a mesa do café. Teddy conversava com Stu no telefone, enquanto comia seu pão com queijo minas.

A campainha tocou e Joana foi atender. Sara e Pablo entraram com dois sacos grandes. Ela disse que eram presentes que a recepção guardou no camarim da boate.

“Vi uma blusa linda. Você vai ter que me emprestar.” –Disse Sara.

Pablo pegou um pedaço de queijo e os dois saíram. Camilla resolveu contar como decidiu chamar o Teddy.

“Você foi tomar banho e deixou seu celular sobre a mesa de centro da sala. Pensei umas três vezes antes de mexer nele. Até que vi que sua última ligação havia sido para ele. Liguei. Ele achou que era você e me chamou de “Landy”, mas ele logo percebeu que não era sua voz. Disse que queria fazer uma surpresa para você e ele sem saber o que era, aceitou. Anotei o telefone dele e depois conversamos pelo meu celular.” –Ela disse, antes de tomar um gole de seu café com leite.

“Nós conversamos por uns três dias.” –Teddy completou.

Ao terminarmos o café. Teddy teve a ideia de todos andarmos pelo bairro, ele queria conhecer tudo por ali, pois quando eu ligasse para ele e dissesse “estou na farmácia”, ele poderia se lembrar onde era. Camilla se trocou e colocou uma blusa vermelha que abria na parte da barriga. Ela não era mais julgada na rua. Camilla aparentava ser mais velha que eu, as vezes. Falei com Rogério, o novo porteiro, que Teddy poderia subir quando ele quisesse. Fomos em direção oposta a praia e Teddy se espantou com o metrô. A estação não era como as que ele conhece.

“Ali está a mulher.” –Teddy apontou.

Uma senhora estava sentada em um banco de cimento, de costas para a gente. Não fomos até ela. Camilla decidiu parar em uma loja de bebês. Ela não parava de comprar coisas. Joana agora trabalhava nos fins de semana em uma casa de festas e gastava quase todo seu salário com roupas e acessórios para bebê. Camilla não trabalhava mais, porque o cheiro do esmalte a enjoava. Dessa vez, ela comprou um pequeno sapato branco. Era menor que a palma da mão. Era a peça que faltava para o visual especial denominado “saída do hospital”.

Era quase meio dia, acordamos tarde. O sol ainda se escondia por trás das nuvens escuras. Estava calor, mas um vento gelado estava preso entre os prédios altos. Paramos em um restaurante e nos sentamos na janela. Estava na hora do almoço. Teddy pagou a refeição de todo mundo. Como não me sinto bem quando pagam algo pra mim, comi pouco, mas o suficiente para algumas horas. Fui a primeira a terminar e enquanto todos comiam, em observava as pessoas circulando lá fora. Cada um com seu motivo para estar andando de maneira apressada. Cada um com seu motivo para ter a feição triste, ou feliz. Um dia a minha vida pode se chocar com alguém que passou por cinco segundos na janela do restaurante e eu nem ao menos vi o rosto. Poucos passavam pelo vidro da janela e apenas notavam seu reflexo. Se arrumava. Ajeitavam o cabelo e seguiam suas vidas, sem notar que por trás da janela, dezenas de pessoas os observavam. Era estranho, no meio do almoço, pensar nos sentimentos de pessoas que eu nem ao menos conheço. O barulho da rua não penetrava no estabelecimento, a menos que sua porta da frente fosse aberta. Ai era possível ouvir as buzinas dos carros e seus motoristas impacientes com o trânsito. O restaurante em si, era silencioso. As vezes era possível ouvir alguém bater com o garfo no fundo do prato. O barulho das bebidas se abrindo. O caminhar das mulheres sobre seus saltos. O baixo som da televisão que estava presa a uma parede de madeira. Meus olhos encontraram a moradora de rua a qual Teddy ajudou. Ela apenas ficava em seu lugar. Não pedia dinheiro, não olhava para as pessoas e os fazia sentir pena dela. Talvez ainda estivesse encontrando seu caminho e não queria as forças de ninguém. Ainda não vi seu rosto, pois sua cabeça ficava abaixada a maior parte do tempo. Estava muito magra. Seu cabelo brilhava, parecia sedoso, mas o corte estava todo errado. Parece que em um momento de angústia, ela mesmo os cortou. Esbarravam nela e a olhavam com cara feia, pareciam furiosos por eles mesmos terem batidos nela, como se a culpa fosse dela. A sobremesa chegou e me distrai, esquecendo da mulher. Um sundae de chocolate com pedaços de biscoito foi posto a mesa. Era o mesmo pedido de Camilla, pois eu estava indecisa. Estava realmente muito bom. Lá fora, as pessoas se aglomeravam na calçada. Era horário de almoço para algumas empresas que por Copacabana eram situadas. O restaurante estava sem vagas e eu estava incomodada, pois havíamos terminado e apenas estávamos fazendo hora. De tanto eu insistir, demos o lugar para um casal, que não pareciam namorados, mas estavam muito bem vestidos. Fomos para casa. Camilla não agüentava mais o peso de sua barriga e queria se deitar. Ao virarmos a esquina da calçada do prédio, encontrei a mulher novamente, dessa vez, eu que esbarrei nela. Ao contrário dos outros, pedi desculpas. Ela ficou surpresa e levantou seu rosto. Meus olhos estavam perturbados com o que via. A mulher era conhecida em minhas lembranças mais antigas. A moradora de rua não era uma pessoa qualquer. Era a minha mãe.


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Notas finais do capítulo

AVISO AOS QUE ME SEGUEM NO TWITTER, mudei meu user para >>thewalkingteddy
Obrigada por lerem a minha fanfic ♥
curtam a página FANFIC FOLHAS DE OUTONO no facebook, ou então, curtam SHEERANATOR MAFIA ♥
Jenny, thewalkingteddy



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