Guerras Imortais escrita por Lívia Nunes


Capítulo 5
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

O capítulo está pequeno e sem muita ação, mas aqui veremos mais a relação de Vittore e Ketryn pós... Bem, vocês sabem o que, haha, e a relação dos demônios em grupo, como eles tomam decisões etc. O capítulo foi escrito ao som de The Clash e The Offspring, acredito que foi por isso que o capítulo ficou tão... Leve. Enfim, vamos a leitura!



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Vittore havia ido embora assim que o sol apareceu no horizonte. Minhas roupas esticadas em cima da pedra já estavam completamente secas. Minha mente me traía constantemente, enviando mensagens de que o que eu tinha feito com Vittore tinha sido um erro e eu com a mesma frequência tentava mostrar o contrário, que isso não mudaria nada. Eu não me sentia diferente de maneira nenhuma, ainda tinha meus ideais, nada tinha mudado. Nada.
Deslizo a calça de couro pelo meu corpo sentindo o vento invernal assolar minha pele, ainda assim eu não conseguia sentir frio. Termino de colocar todo o meu traje, passando o sobretudo pelos braços e fincando as duas knife na bolsa em minhas costas.
Ando pelas árvores e logo vejo o pequeno acampamento que havíamos montado na noite anterior, os demônios já estavam se preparando para seguir com a viagem. Vejo Vittore dando ordens a um grupo conspícuo.
Ele olha rapidamente em minha direção e ele me avalia, seus olhos se acendem um pouco e voltam logo ao normal. Ele assente e volta seu olhar para o grupo em sua frente. Suspiro aliviada ao ver que nossa relação continuava a mesma coisa do que era antes.
Alishia estava trocando a água de Mossoli que jazia perto dos outros cavalos. Eles pareciam mais descansados e prontos para a viagem.
— Obrigado, Alishia. — Digo e sorrio. Ela sorri de volta e se distancia, indo cuidar dos outros cavalos.
Aproximo-me de Mossoli que rugi ao meu toque em sua crina.
— Ei, garoto. Você parece bem melhor. — Digo, passando os dedos nos pelos de Mossoli. Ele parecia se inclinar ao meu toque.
Ele balança a enorme cabeça e se inclina para beber a água.
Respiro fundo e vou em direção a Vittore que ajudava outro demônio a limpar uma espada de bronze celestial.
— Vittore.
Ele se vira em minha direção e vejo a surpresa atravessar seu rosto, até que ele sibila um “Volto logo” para o demônio e se aproxima de mim.
— Sim. Ketryn.
— Devemos partir, agora. Você está sentindo isso? — Digo, farejando o ar.
Ele respira fundo e seus olhos se arregalam um pouco.
— Anjos.
O odor inconfundível de Anjos e seu sangue corriam por nós, vindo do oeste, exatamente de onde nós deveríamos ir. Teríamos que recuar, o que nunca era uma boa ideia. Vittore parece pensar o mesmo que eu.
— Nós teremos que recuar e...
— Isso nunca é uma boa ideia. — Completo sua frase e ele olha para mim, assentindo.
Viro-me para o grupo de demônios atrás de mim.
— Irmãos — Grito e todos os demônios param suas atividades e voltam seu olhar para mim. — Anjos estão vindo do oeste, onde nós iriamos seguir viagem. Vocês conseguem sentir?
Os demônios começam a farejar e cochichar entre si.
— Nós temos que decidir aqui e agora: Continuaremos com a viagem para o oeste e, provavelmente, encarar os Anjos ou recuar? — Indago.
Alguns demônios falam que deveríamos recuar e outros dizem que deveríamos seguir viagem, pois seria covardia recuar.
— Primeiro devemos saber que são muitos Anjos que estão vindo em nossa direção. Vocês conseguem sentir isso? São muitos, provavelmente morreríamos em campo de batalha.
 Os demônios farejam longamente e a duvida penetra suas expressões.
Vittore toma a dianteira da situação.
— O que Ketryn disse está correto: São muitos Anjos, mesmo nós sendo experientes acabaríamos por perder para os números. Devemos decidir o que fazer, rápido.
 Os demônios ainda pareciam em duvida, alguns certos de que deveríamos recuar, mas o resto estava em duvida. Nenhum ali tinha medo de ir à luta, mas obviamente tinham receio de perder suas vidas, o que agravava o dilema.
— Mas... Se nós recuarmos, nós não iriamos acabar nos encontrando com os demônios da Potência Central? — Gerald pergunta, a expressão um tanto distante. Todos ouviam suas palavras atentamente. — Acho que estamos em uma emboscada.
Todos permaneceram em silêncio. Cada um pensando em possibilidades do que Gerald acabara de falar ser verdade. Ao que tudo indicava era a única explicação plausível.
Limpo a garganta antes de me pronunciar.
— Se o que Gerald acabou de dizer é verdade, ainda sim seria melhor que nós recuássemos. Nós sabemos lidar com gente da nossa espécie, sabemos até onde iríamos. Lutar com os Anjos seria como dar um tiro no escuro.
Os demônios parecem concordar. Eles assentiam.
— Então o que faremos? Seguiremos ou recuaremos? — Pergunto, dando a cartada final.
Eles se entreolham, mas acabam por falar, relutantemente:
— Recuaremos.
— É a nossa única saída. — Alishia completa.
Todos pareciam concordar com ela.
Engulo a seco e olho o rosto de todos que estavam ali. Eles só haviam chegado ali por minha causa e eu só estava ali por causa deles. Era sempre uma faca de dois gumes, não era? Isso me tornava tão sentimental... E eu simplesmente não entendia o por que. Eu me sentia no direito de protegê-los. Talvez fosse porque eu me sentia como se estivesse em débito com eles. Desde quando demônios eram para ser sentimentais desse modo? Nós erámos como irmãos, e até mesmo demônios, uma raça tão baixa saberia o real significado dessa palavra. Era essa a única explicação do que eu sentia ao memorizar cada rosto que meus olhos passam e cada rosto que permanecia em minha memória dos outros demônios perdidos para a luta.
Era meu dever protegê-los, e eu o faria, seja qual fosse o preço.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? Espero que sim, até o próximo capítulo!



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