Rachel P.O.V

Noah estava danado da vida, tentando a todo custo deixar o outro olho de Finn roxo, mas Sam o segurava. Segundos após meu atual marido proferir sua sentença sobre nosso divórcio, meu noivo avançou sobre ele. Alguns gritos depois, Sam segurava Noah, enquanto Quinn examinava o olho de Finn e Santana chorava de rir.

_ Você pode, por favor, nos dizer por que você não quer dar o divórcio a Rachel? – pediu Quinn com um suspiro e ele riu.

_ Simples: eu me recuso a fazer qualquer coisa que essa patricinha mimada queira. – sentenciou ele, colocando a bolsa de gelo que uma das senhoras lhe trouxe – Obrigado Judith.

_ Você não me conhece para dizer isso de mim. – bufei, irritada por Santana rir cada vez mais.

_ Ah não? – perguntou ele rindo – Então uma menina de 18 anos, com um vestido pink Prada, uma bolsa D&G, saltos cheios de brilho e com um maço de notas de 100 na mão, é o que?

_ Poha Rachel, foi pra Vegas de Barbie? – explodiu Santana, quase caindo de tanto rir – Vocês não têm mesmo nenhuma foto desse casamento?

_ Menos Santana, bem menos. – implorou Quinn.

_ Sam, não tem outro jeito? – choraminguei e o loiro negou.

_ Bom Rachel, pelo que você nos disse, o casamento foi consumado. E mesmo que você alegue que não, já se passou muito tempo para provar o contrário. – explicou ele – Então a anulação está fora de cogitação. A única saída é o divórcio.

_ Ah, então você se lembra daquela noite? – provocou Finn, olhando de relance para Noah e com um sorriso sacana – Devo admitir que você tem uma garganta e tanto baixinha,  nunca ouvi alguém alcançar notas como aquelas.

_ Esse cara está implorando para ficar com os dois olhos roxos. – rosnou Noah, cerrando os punhos enquanto eu corava. Puta merda, eu queria muito me lembrar daquela noite.

_ Mamãe, vocês podem parar de brigar logo? – pediu Charlie entrando na sala – Eu to com fome.

Como Finn não sabia a quem ele se referia, ele empalideceu. Às vezes quando eu saia com Charlie, pensavam que ela era minha filha, porque eu e ela somos até que parecidas.

_ Já vamos comer querida. – respondeu Quinn e o grandão respirou aliviado. Qual é, ele acha mesmo que se eu tivesse engravidado não teria o procurado?

_ Mas vocês não conhecem o lugar. – resmungou a pequena – Vamos demorar muito para achar um lugar e vai demorar pra voltar pro hotel.

_ Eu posso ajudar nisso. – propôs Finn – Judith, vou sair mais cedo hoje está bem?

_ E quem disse que aceitamos a ajuda? – perguntei, tentando parecer poderosa e ele riu.

_ Eu. – quem disse foi Charlie, cruzando os braços – Eu to com fome e se ele vai nos levar aonde tem comida, então ele vem junto. E não se fala mais nisso.

Todos olhamos para Quinn de boca aberta, mas ela também parecia surpresa com a atitude da filha. Por fim balançou a cabeça e suspirou.

_ Deve ter herdado do pai. – resmungou – Bom Finn, por favor, ajude-nos a alimentar a Charlie.

_ Vai ser um prazer. – concordou o gigante – Madame. – e se curvou, estendendo a mão para Charlie, que riu enquanto a segurava.

Santana P.O.V

De novo, como um cara como Finn foi parar em Vegas? Essa parecia ser a dúvida geral, enquanto almoçávamos em um pequeno restaurante de beira de estrada, mas que tinha uma comida excelente. Apesar de eu achar que joelho de porco não é muito o estilo de Charlie. Ou melhor, o porco todo.

_ Eu sou judia. – explicou Quinn – Nós não comemos porco.

_ Eu cuido disso. – garantiu Finn e logo voltou – Eles vão cortar e fritar algumas batatas e eles tinham um pouco de frango ai. Eu vi e está bom para consumo. Vocês não têm restrições a batatas né?

Charlie riu, negando com a cabeça e logo conversava com Finn como se fosse seu melhor amigo de infância. Mas bom, ela é uma criança, então isso não faz sentido.

_ Ainda azedo loiro bocudo? – perguntei a Sam, vendo que ele estava encarando seu copo de água, enquanto Quinn conversava com Rachel e Noah observava Charlie atentamente. Dando pinta, oi? – O suco de limão para clarear o cabelo entrou no cérebro?

_ Porque você não vai arranjar o que fazer? – resmungou ele e eu ri.

_ Porque o que eu quero fazer exige quatro paredes e um cara gostoso, não necessariamente nessa ordem de necessidade. – cantarolei e ele me olhou espantado – Não que eu acho que você entenda, já que tem pelo menos dois anos que você ta só na pipa.

Isso pareceu aborrecê-lo ainda mais e quando a comida chegou, ele caiu de boca, sem dizer mais uma palavra. Eu sorri vitoriosa e me deliciei com minhas gordurosas fatias de bacon.

Finn P.O.V

Depois de almoçarmos, eles me deixaram em Weyhe. Charlie, aquela coisinha fofa, quis conhecer minha casa e todos concordaram. Noah a contragosto e Rachel emburrada é claro.

Minha casa é pequena, mas tem seu charme. A menina ficou encantada com algumas bonecas que eu tinha em minha estante e perguntou se eu tinha filhos.

_ Não. Eram de minha irmã. – respondi, com um sorriso triste.

_ E aonde ela tá? – questionou, franzindo a testa.

_ Bom, eu acho que no céu. – respondi francamente e ela não entendeu – Minha irmã morreu a sete anos, num acidente de carro com meus pais. Um caminhão bateu neles.

Vi que todos me olhavam com pena e fiquei constrangido, até ver que Rachel havia ligado os pontos. Pedi licença e fui a cozinha pegar refrescos e como esperado, ouvi passos atrás de mim.

_ Na noite em que nos casamos... Você estava chorando a morte dos seus pais, foi o que você me disse. – disse Rachel e eu me voltei para ela.

_ Desculpe-me se não dei a descrição completa madame. É que você estava com tanta pressa de sair daquele quarto, que sequer tive tempo de dizer um ‘A’ a mais.

_ Porque você me odeia tanto? – perguntou ela frustrada – Foi porque eu te deixei lá? Poha, eu sequer te conhecia.

_ Ah claro, minha vida parou depois que uma patricinha de merda me deixou num quarto depois de um sexo ruim do inferno, realmente, não tenho mais o que me importar da vida. – eu vi seu rosto adquirir um tom vermelho profundo – Eu e você estávamos carentes aquela noite menina, paciência.

_ Então porque não quer me dar o divórcio? – disse ela frustrada e eu ri.

_ Como eu disse antes, eu conheço seu tipo... Mimada, é só estralar os dedos e consegue o que quer. Pois então, eu não vou ser a pessoa que vai obedecer ao seu estralo e te dar o que você quer. Quer o divórcio, conquiste-o.

_ O que? – gritou ela, chocada.

_ É isso mesmo estrelinha. – disse irônico – Você disse que tem 12 dias para o seu casamento. Tem 10 para me convencer de que você merece que eu assine esses papéis e deixe que o coitado do Noah sofra o resto da vida com você. Na verdade, não sei qual dos dois vai sofrer mais.

Ela me encarou irritada por um momento, antes de abrir um sorriso maléfico.

_ Fechado.